 |
Superação
|
Existem imagens que valem mais do que mil palavras.
Imagens que falam por si sobre a entrega, a
dedicação, a ambição e espírito de equipa quando se
trabalha para uma vitória.
João Vítor Oliveira voou literalmente para a
vitória. O momento do seu mergulho sobre a linha da
meta que garantiu o triunfo dos 110 metros barreiras
ficará para sempre na memória de quem assistiu. Um
momento icónico e único que importa dar a conhecer e
registar e que expressa bem o que é a mística do
Benfica. A garra, a luta e o poder de superação num
momento mágico de luta entre dois atletas que tudo
deram em prol das suas equipas.
A vencedores e vencidos, o mesmo respeito quando se
defende desta maneira as suas camisolas.
Foi um dos momentos fortes deste fim de semana, em
que a equipa masculina de atletismo do Sport Lisboa
e Benfica conquistou o 9.º título consecutivo no
Campeonato Nacional de Clubes. Aquilo que, à
primeira vista, poderia parecer (para alguns adeptos
da modalidade) um resultado fácil, não o foi porque
também há muita competitividade entre os
adversários. Foi mais um triunfo que se justifica
pela estratégia e organização, espírito de grupo,
elevada atitude competitiva e forte aposta na
qualidade da prata da casa.
O segundo lugar da equipa feminina merece também o
reconhecimento de todos, num grupo em que perto de
80% das atletas são provenientes da formação e em
que Marta Pen foi a referência.
Há um extenso lote de atletas habilitados para
representar o Clube (um grande plantel, se preferir)
e todos se sagraram campeões nacionais. Destaque,
ainda assim, para aqueles que constituíram este ano
a equipa efetiva em pista, garantindo novamente ao
SL Benfica a presença na Taça dos Clubes Campeões
Europeus do próximo ano.
Para eles um justo reconhecimento e o reafirmar de
uma estratégia em que a principal aposta passa pela
formação, ficando o registo de uma equipa com média
de idades a rondar os 24 anos e em que perto de 60%
tem caminho feito nos escalões jovens do Benfica.
É este, também, o sucesso do ecletismo. Um
sentimento comum de competir e de sentir, com
ambição, mas respeito por todos. À Benfica! Uma
mística especial que, também no Atletismo, há muito
é vivenciada numa modalidade que veste de águia ao
peito há 112 anos.
Apesar do bom nível competitivo da prova e da
melhoria substancial que se tem notado, por exemplo,
na divulgação dos resultados, com actualização quase
imediata na página da Federação Portuguesa de
Atletismo, nota final para a necessidade de rever e
melhorar alguns aspetos. Estes campeonatos, até pelo
nível dos atletas em pista, merecem mais promoção e
atração do público para assistir ao vivo.
São os próprios atletas mais habituados à elite
internacional a alertar: em provas deste nível,
exige-se naturalmente maior rigor técnico no registo
de marcas e no ajuizamento.
Uma aposta ainda mais forte na formação de juízes,
não apenas no aspeto técnico, levará a uma maior
credibilização da modalidade e do espetáculo que
esta é capaz de proporcionar. Neste como noutros
desportos, não pode haver decisões por estatuto ou
cor de camisola: ou é nulo ou não é nulo, ou é linha
ou não é linha, ou se marcha ou se corre...
Sendo certo que os responsáveis desta Federação têm
feito um esforço no desenvolvimento da modalidade —
sempre uma das mais carismáticas dos Jogos Olímpicos
—, sem nunca esquecer o trabalho e o investimento
que é feito pelos clubes, espera-se também que seja
reequacionada, por exemplo, a opção deste ano, por
uma sessão noturna que levou a primeira jornada de
uma primeira divisão a terminar bem perto das 23h00.
|