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Razões de um apelo
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Sejamos muito claros. Fazemos o apelo para que a Liga
Portugal e a FPF ponderem recorrer à nomeação de
árbitros estrangeiros para os jogos do Benfica e FC
Porto até final desta época porque existe um clima de
coação e ameaça sobre os árbitros portugueses e as suas
famílias que está em crescendo.
Basta ver as declarações constantes de pressão e
insinuações de dirigentes do FC Porto mesmo já após o
jogo deste fim de semana.
Aquela imagem de insufláveis gigantes, não só do
Benfica, mas sobretudo do árbitro, pendurados no
viaduto, diz tudo e expressa bem a hipocrisia de quem
depois fala em ofensas a árbitros portugueses.
E não, não vamos falar de um qualquer país de terceiro
mundo. Vamos agora falar do que vimos em Portugal ao
longo desta semana, num espetáculo indigno que se repete
há vários anos.
Vimos sucessivas declarações de responsáveis do FC Porto
a condicionarem e a ameaçarem as equipas de arbitragem e
em especial a que fosse ao seu estádio.
Vimos diversas Casas do Benfica a serem vandalizadas em
diversas localidades apenas porque nessa semana havia um
FC Porto-Benfica.
Vimos adeptos de um clube que pacificamente foram
festejar a chegada da sua equipa, serem atacados por uma
espécie de gangues ou milícias organizadas que
previamente usaram as redes sociais para ameaçarem a
integridade física desses mesmos adeptos.
Vimos ser lançado, durante a madrugada, fogo de
artifício junto do hotel da equipa do Benfica como forma
de prejudicar o normal descanso dos jogadores, numa
prática tradicional de uma espécie de boas-vindas à sua
imaginária “Sicília”.
Vimos, no dia do jogo, faixas com insultos e ameaças, e
num espetáculo dantesco e degradante numa tradicional
imagem de estados de narcotráfico, pendurados sob um
viaduto como que enforcados, insufláveis gigantes
equipados à Benfica e à equipa de arbitragem, numa
espécie de mensagem de morte e condicionamento sobre
tudo e todos, de quem se sente impune e gozando de um
estatuto de intocável.
O estatuto de que beneficiam há anos face ao silêncio
medroso e cúmplice de muitos que fingem que tudo isto é
normal, ou de outros que apenas querem preservar as suas
famílias e bens destas espécies de milícias às quais
tudo é permitido.
Quando a cada dia se torna mais visível o desvario
financeiro, a desorganização e a ausência de projeto, há
quem jogue tudo neste Campeonato, para preservar a
sobrevivência de um modelo de poder que tem vindo a
definhar, ano após ano.
Por isso o momento é particularmente perigoso.
E é em nome da defesa da integridade dos árbitros e das
suas famílias que apelamos a uma reflexão séria da nossa
proposta, inclusive prevista nos regulamentos desde
2016.
O resto é fingir que nada se passa e fingir que o que se
passou é normal.
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