Futebol
26 novembro 2020, 22h50
Pizzi, Gabriel e Diogo Gonçalves festejam o segundo golo do Benfica
Três semanas depois, o Benfica retomou a discussão do Grupo D da Liga Europa com algumas novidades no onze. Helton Leite, na baliza, estreou-se na competição, tendo à sua frente um quarteto defensivo composto por Gilberto, Jardel, Vertonghen e Grimaldo. No meio-campo, Gabriel teve Chiquinho a acompanhá-lo no coração do sector, enquanto Rafa e Everton se posicionaram sobre os flancos. No ataque, dois internacionais, o alemão Waldschmidt e o suíço Seferovic.
Querendo impor o seu futebol no Ibrox Stadium, a equipa benfiquista deu sinais dessa predisposição logo no arranque do encontro, mas a verdade é que o primeiro golo caiu para o lado do anfitrião, naquela que foi também a primeira oportunidade de golo. Pela esquerda, Barisic cruzou com perigo, Roofe cabeceou e Helton Leite rebateu a tentativa com uma excelente defesa. Tavernier estava no apoio ao ataque e conseguiu a recarga, de cabeça, acertando na barra. À terceira, Arfield chutou e marcou. 1-0 ao minuto 7.
Em busca da igualdade, com clarividência, o Benfica desenhou um lance de envolvimento vistoso pela esquerda, com Grimaldo a entender-se com Everton e a servir o internacional brasileiro no momento-chave da ação. Na área, o camisola 7 das águias tirou um adversário do caminho e disparou, mas por cima da trave. Esta jogada pedia (e merecia) golo! Estávamos no minuto 13. E logo a seguir, na sequência de um cruzamento feito sobre o lado canhoto do ataque, a bola pingou à frente da baliza do Rangers, mas Seferovic ficou a centímetros da emenda mais desejada (14').
Debaixo de chuva intensa, o Benfica dominava na posse de bola à passagem da meia hora (54%), mas não conseguia ser incisivo nos últimos metros para forçar espaços, poder romper a cortina adversária e visar a baliza guardada por McGregor. Contundência na zona de finalização: era isto que faltava ao conjunto encarnado. E também não se viu ao minuto 39, quando Gabriel, descaído para a direita, arrancou um belo cruzamento de pé esquerdo, à procura de Everton sobre a zona do segundo poste, mas o extremo não conseguiu atirar de primeira e aproveitar a nesga.
Com a posse de bola já a bater nos 58%, espelhando o ascendente no relvado, o Benfica rasgou a linha recuada escocesa aos 45', num passe de Everton para a desmarcação de Rafa. Na área, mais sobre a esquerda, o internacional português fugiu a Balogun, mas o central ainda conseguiu recuperar e, de carrinho, impedir que a bola chutada pelo camisola 27 das águias pudesse bater McGregor e beijar as redes. Estávamos em cima do intervalo. Pouco depois o árbitro romeno Radu Petrescu apitou para dar por terminada a primeira parte.
Ao ataque, o Benfica iniciou o segundo tempo da mesma forma que terminou o primeiro, a criar e a desperdiçar uma possibilidade de golo. Num esquema tático, Gilberto fez o lançamento de linha lateral à direita, Seferovic deu sequência de cabeça na área e Waldschmidt, na conclusão, apareceu a rematar de pé direito, mas a falhar o alvo aos 48'.
Jorge Jesus reconfigurou o figurino da equipa encarnada ao minuto 56 com uma dupla substituição: saíram Chiquinho e Waldschmidt, entraram Pizzi e Diogo Gonçalves. Com esta alteração, Gabriel passou a ter Pizzi a seu lado na manobra do meio-campo, Diogo Gonçalves e Everton tomaram conta dos flancos e Rafa colocou-se como segundo avançado, perto de Seferovic. Pertenceria ao dianteiro suíço o segundo remate perigoso das águias nesta fase da partida, mas a bola saiu por baixo, ao lado da baliza.
O cariz do jogo mantinha-se, o Benfica não conseguia desbloquear os lances na zona ofensiva, perante um adversário muito bem arrumado e agressivo a defender. Era fundamental procurar soluções para abrir caminhos na direção da baliza do Rangers, e Jorge Jesus decidiu mexer de novo na equipa. Gonçalo Ramos estava perto da linha divisória, pronto para entrar... quando a equipa escocesa foi ao ataque e, num pontapé de meia distância de Roofe, apontou o 2-0.
As águias avançaram para a última vintena de minutos com Gonçalo Ramos (rendeu Gilberto) e Seferovic no eixo do ataque, posicionando-se então Diogo Gonçalves como lateral-direito. Carregando sobre a área do Rangers com sucessivos cruzamentos, o Benfica chegou ao golo aos 78'. Gabriel levantou o esférico, Everton entrou num duelo aéreo, a bola ficou à mercê de Seferovic, que não acertou em cheio, e depois, numa rápida segunda vaga, Gonçalo Ramos surgiu como uma flecha a tocar para as redes (2-1). Porque o esférico ainda tocou no corpo de Tavernier, a UEFA, na sua página oficial, considerou... autogolo.
O Benfica queria outro resultado, acreditava, estendia-se, expunha-se... Num contragolpe, o Rangers colocou a bola em Morelos, que chutou para defesa incompleta de Helton, que depois teve a ajuda da barra (79'). O jogo estava elétrico, as águias começavam a criar desequilíbrios e buracos na teia escocesa. E o 2-2 aconteceu! Rafa, Pizzi, Gonçalo Ramos... notável lance de entendimento a alta velocidade e curtas trocas de bola, cabendo a finalização a Pizzi de pé esquerdo, na área, batendo McGregor aos 81'.
Melhor fisicamente, o Benfica conseguiu dar expressão à superioridade na posse de bola (60%) com os dois golos anotados. Ainda antes do fim da partida, no período de compensação, Seferovic saiu para a entrada de Ferro. O resultado estava feito: 2-2 no Ibrox Stadium.
Na próxima quinta-feira, as águias, agora com oito pontos, os mesmo que o Rangers, no topo do Grupo D, recebem o Lech Poznan no Estádio da Luz na 5.ª jornada, podendo nessa altura lacrar a qualificação para os 16 avos de final da competição. Antes, porém, os encarnados jogam na Madeira, diante do Marítimo, já na segunda-feira (30 de novembro), na 8.ª jornada da Liga NOS.
Texto: João Sanches
Fotos: João Paulo Trindade / SL Benfica