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Suprema ironia
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Primeiro – e durante longos meses – foram as ameaças
e toda a pressão sobre os mais diversos agentes
desportivos.
Nas duas últimas semanas, o registo de agressividade
e intimidação foi inclusivamente utilizado sobre a
sua própria equipa técnica e jogadores.
Tudo isto a acontecer na ponta final de um
campeonato onde até os mais insuspeitos comentadores
e todos os analistas independentes reconhecem que o
FC Porto beneficiou de um conjunto de erros de
arbitragem que lhe permite estar com mais 10 pontos
do que realmente deveria ter.
Ou seja, só existe mesmo uma leitura possível sobre
as insinuações do presidente do clube relativamente
à influência das arbitragens nesta edição da Liga:
ridículas, ineficazes e absolutamente artificiais.
É provável que tenha sido um ataque súbito de
saudades. De muita coisa: do tempo em que decidia as
nomeações junto do presidente do Conselho de
Arbitragem. Ou saudades dos tempos em que os
árbitros eram premiados com férias. Ou até mesmo
saudades do tempo em que esses mesmos árbitros o
visitavam em casa. Ou, por fim, uma saudade mais
recente: de arbitragens como a que aconteceu na
meia-final da Taça da Liga, em Braga.
Compreende-se a revolta: apesar de tanta pressão,
apesar de tanta coação, apesar de tanta gritaria,
apesar de tanto benefício, o (justíssimo!) líder do
campeonato é o Benfica quando faltam disputar duas
jornadas.
Assim, em desespero, lá vem mais intimidação em
forma de insinuações sobre a arbitragem. É toda uma
forma de estar e uma cultura de sobrevivência que
têm beneficiado de total impunidade.
E não deixa de ser curioso verificar que – tal como
no passado recente, em que foram feitas ameaças
concretas de descida a árbitros, por parte de
dirigentes daquele clube – estejamos de novo a
assistir ao total silêncio do Conselho de Disciplina
perante estas últimas declarações do presidente do
FC Porto.
Sempre tão célere a atuar quando se trata de alguém
do Sport Lisboa e Benfica (como se viu na reação
imediata aos protestos do clube sobre o castigo
aplicado ao nosso Presidente), desta vez… zero! Até
ao momento, silêncio total.
Qual é a parte que ainda não perceberam?
A referência aos adversários que vestem de preto e
têm um apito na boca? Ou os nomes dos árbitros lá
citados?
Dali já se assistiu a tudo, até ao arquivamento de
um processo em que um responsável portista
reconheceu ter feito declarações lesivas e que,
mesmo assim, foi perdoado.
Da nossa parte, com a humildade reforçada e a total
consciência de que nada está ganho, resta-nos manter
a linha de sempre: lutar pela vitória e procurar,
apenas com o mérito do trabalho, dar uma imensa
alegria aos milhões de benfiquistas.
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