"Fome de títulos é natural nesta casa"

O defesa direito do Sport Lisboa e Benfica, Nélson Semedo, concedeu uma entrevista conjunta à BTV e ao jornal “O Jogo” onde aborda vários temas da atualidade desportiva e do Universo Benfiquista.

A conquista do Tetracampeonato é inédito no Benfica e vai deixar na história quem faz parte dele, mas o lateral coloca os dois campeonatos ganhos ao mesmo nível.

“Ficámos radiantes por ter contribuído e dado o inédito Tetra ao Clube, fazendo parte da sua história. Mas os dois anos foram bastante bons. Não vou dar mais importância a um ou a outro”, referiu, acabando por considerar “o do ano passado mais difícil”.

As águias têm dominado o panorama futebolístico nacional nas últimas épocas, com 11 títulos em 15 possíveis, e Nélson Semedo explicou porquê: “Muito trabalho, muito esforço, muita união, muita qualidade do grupo. Esses fatores foram determinantes para o sucesso que alcançámos.”

Na frente da classificação desde a jornada cinco, o Benfica chegou a ter uma vantagem pontual confortável para os mais diretos adversários e viu, depois, o FC Porto aproximar-se. A maturidade competitiva foi fundamental para não se perder o norte. “Procurámos focar-nos em nós e pensar apenas no nosso grupo, isto é, não perder tempo ou distrair-nos com os outros. Estávamos em primeiro e, se fizéssemos o nosso trabalho, não valeria a pena pensar em quem vinha atrás”, frisou.

O jogo decisivo foi a 13 de maio – 33.ª jornada – com o V. Guimarães e a equipa não vacilou. “No Seixal e à chegada ao estádio, vimo-nos rodeados de adeptos. Saímos do balneário com um só pensamento: vencer. Fizemos um grande jogo”, considerou.

Concentração para vencer a Taça

Passadas as celebrações do Tetra, era preciso apontar baterias para a Taça de Portugal. Uma vez mais, o Benfica mostrou vontade de vencer. “Ganhar nunca é demasiado. O Triplete foi difícil, mas, com qualidade e união, conseguimos o que queríamos. Vencemos três troféus, mas queríamos quatro. Faltou a Taça da Liga. Essa ambição tem de existir sempre, porque o Benfica está habituado a isso. A fome de títulos é natural nesta casa”, apontou.

A final da Taça de Portugal ficou, ainda, marcada por ser o jogo escolhido para a estreia do videoárbitro. O jogador sublinhou que a equipa estava preparada, pois teve “uma formação durante a semana anterior à final”. “O jogador tem de manter uma atitude equilibrada, sem se distrair ou pensar em coisas que só os árbitros podem controlar”, advertiu.

Lateral de eleição

Chegou ao Benfica do Sintrense como extremo. Na equipa B, Hélder Cristóvão viu nele valências para ser defesa direito e estava certo. Hoje é um dos melhores da Europa na sua posição e já mereceu elogios de Rui Vitória.

“Na equipa B, o mister Hélder [Cristóvão] convidou-me para ser defesa-direito, porque na altura só tínhamos um lateral e tínhamos médios de grande qualidade. A equipa precisava de um lateral. Como o mister viu que eu tinha características de lateral, convidou-me a ficar na equipa nesse lugar”, revelou.

Hoje, Nélson Semedo agradece a visão de Hélder Cristóvão e é nesta posição quer continuar a crescer como futebolista. “Se hoje sou como sou, também tenho de lhe agradecer. A partir dali, comecei a mentalizar-me que ia ser lateral-direito. As coisas correram-me muito bem, consegui adaptar-me muito rapidamente à posição. Passados alguns meses, não tive a mais pequena dúvida: era nesta posição que eu queria jogar”, realçou.

Instado a comentar se seria já um defesa direito de nível mundial, o camisola 50 refutou: “Não! Ainda tenho de aprender muito, tenho muito que evoluir. Com o passar dos anos, vamos aprendendo e ficando mais fortes. Nunca é de mais aprender e ambicionar sermos melhores.”

Luisão, Rui Vitória e Luís Filipe Vieira

Há nomes que Nélson Semedo não esquece. Para além de Hélder Cristóvão e dos companheiros de equipa (B e principal), o internacional português fala de outros igualmente importantes. “Luisão foi um pilar para mim”, considerou, e acrescentou: “Todas as equipas deviam ter alguém como ele.”

“O mister Rui foi das pessoas mais importantes no meu desenvolvimento”, disse Nélson Semedo sobre Rui Vitória, e “o presidente também, pela confiança que sempre depositou em mim”, reconheceu ao falar de Luís Filipe Vieira.

MR