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06 junho 2018, 22h43

Ferreyra

Ferreyra

Nascido a 14 de março de 1991 em Lomas de Zamora, na Argentina, Facundo Ferreyra, novo avançado do Benfica, iniciou-se no futebol aos seis anos nas Escolinhas do Banfield.

Ainda passou pelo Club Olimpia, mas logo regressou às origens e foi no Banfield que percorreu todos os escalões até atingir o patamar sénior, estreando-se na equipa principal a 5 de dezembro de 2008. E foi uma estreia de sonho!

Jorge Burruchaga, então técnico do Banfield, apostou no avançado, colocando-o em campo no decorrer da segunda parte. No empate a duas bolas frente ao Argentinos Juniors, Ferreyra fez aquilo que mais gosta: marcou golo. Tinha apenas 17 anos.

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Das ovações no Banfield a campeão no Vélez foi um passito

Conta o “El Gráfico”, num artigo de 2011, que o jovem viveria outro momento para recordar: “Ferreyra nunca se esquecerá da sua estreia na Primeira, mas também ficou marcado na sua memória o que sucedeu quatro dias depois, quando foi recebido na escola secundária com uma forte ovação dos seus colegas, na Aula Magna da Faculdade de Lomas de Zamora. Hoje, recebe outro tipo de ovações”, escreveu Alejandra Altamirano Halle.

Passo a passo, sem queimar etapas, Ferreyra foi desenhando o caminho. Uma grande temporada no Banfield e o destaque que teve nos Sub-20 da Argentina valeram-lhe a mudança para o Vélez Sarsfield em 2012/13.

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Ano de sonho e… olá, Shakhtar!

No emblema de Buenos Aires, sob o comando técnico de Ricardo Gareca, Ferreyra alinhou em 26 partidas e anotou 17 golos, números que ajudaram o emblema nascido em 1910 a ser campeão nacional. “Foi um ano de sonho”, confessou o jogador à televisão oficial do clube, claramente emocionado.

Ferreyra começou a dar que falar e a primeira aventura fora do seu país natal não tardou, com a Ucrânia a ser o destino do jovem.

Em 2013/14, ingressou no Shakhtar Donetsk, onde foi treinado pelo conceituado Mircea Lucescu. Foi também ali que se estreou na Liga dos Campeões, alinhando a 2 de outubro de 2013 no empate a uma bola na receção ao Manchester United. Ferreyra disputou cinco desafios da fase de grupos, mas o emblema ucraniano não conseguiu o apuramento para os oitavos de final.

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Convulsão e instabilidade política: um problema em Donetsk

Apesar de ter sido campeão da Ucrânia logo na primeira temporada, o clima de instabilidade vivido no país foi determinante para a mudança (temporária) de ares. Donetsk, recorde-se, foi uma das regiões mais atingidas pelo conflito entre russos e ucranianos, o que chegou mesmo a provocar o bombardeamento do estádio do Shakhtar, o Donbass Arena, e do centro de treinos. A gota de água seria a invasão da sede do clube por parte de um grupo de homens armados.

Sem sentir condições de segurança para jogar na Ucrânia, receando pela família, pois viviam-se tempos de tensão e terror, a 3 de agosto de 2014, na altura com 23 anos, Ferreyra foi anunciado como jogador do Newscastle, cedido por empréstimo pelo Shakhtar. Mas não foram tempos fáceis. “Lutei muito para me adaptar. A inatividade na Ucrânia prejudicou-me. Aqui, se não estiveres bem fisicamente, não podes jogar”, comentou em março de 2015.

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Golo e vitória europeia em Braga

O retorno à Ucrânia aconteceu de forma natural, ajudado pelo suavizar da convulsão. E que regresso! Foram três temporadas fortes, de elevado nível, com mais de 50 golos marcados, os quais muito contribuíram para a conquista de mais dois Campeonatos e três Taças, além de ter sido absolutamente decisivo numa Supertaça (2017/18). Os adeptos deliciavam-se e aplaudiam “uma máquina de golos”.

Em 2015/16, ainda com Mircea Lucescu no comando técnico da equipa, Ferreyra marcou um golo… em Portugal! Foi a 7 de abril de 2016, na primeira mão dos quartos de final da Liga Europa: em Braga, rematou para o triunfo (1-2) perante os arsenalistas, que tinham Mattheus entre os postes.

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Goleador da liga ucraniana e destaque na Champions

Na época seguinte, com a chegada do treinador luso Paulo Fonseca, o argentino aproveitou todo o potencial de luxo. Ferreyra marcou 16 golos em 2016/17 e evidenciou um apetite pelas balizas que acentuaria em 2017/18: logo a abrir, em 15 de julho, construiu com dois golos o triunfo do Shakhtar sobre o Dínamo de Kiev na Supertaça (2-0).

Mas houve muito mais: com 21 golos em 30 jornadas, foi o goleador da liga ucraniana e teve um desempenho determinante na conquista do título nacional e também na campanha da equipa na Champions, prova onde faturou por três vezes, uma das quais nos oitavos de final – o golo marcado à Roma seria, no entanto, insuficiente para seguir em frente (2-2 no agregado, com os italianos a beneficiarem do golo apontado fora de casa).

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“Arma mortífera” e “9 completo” num oceano de golos e elogios

Com o primeiro golo na Champions 2017/18, Ferreyra contribuiu para o triunfo por 2-1 sobre o Nápoles, na ronda inaugural da fase de grupos 2017/18. Uma assistência para o primeiro, mais o tento da vitória, numa exibição portentosa, com a edição online do diário “Olé” a escrever: “Foi tudo dele! Uma grande atuação.” A 1 de novembro de 2017, mais um golo, desta feita frente ao Feyenoord, na vitória caseira por 3-1.

As performances de Ferreyra dentro das quatro linhas correram o mundo e os elogios foram consequências naturais. “Arma mortífera”, apelidou o jornalista Dahbia Hattabi, a 22 de fevereiro de 2018, no site “Foot Mercato”, salientando a preponderância do jogo do avançado argentino na caminhada do clube ucraniano. E o “Olé” também se mostrou atento: “Ferreyra está numa temporada estupenda.” E o diário espanhol “Marca” corroborou: “Vive um grande momento de forma.”

Um dos maiores elogios foi proferido por quem sabe mesmo, quem esteve lá dentro. Para o ex-internacional uruguaio Jorge Da Silva, antigo treinador do avançado no Banfield, não há dúvidas: “Ferreyra é um 9 completo.”

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ALGUNS NÚMEROS DE FERREYRA

CLUBE GOLOS
Shakhtar (Ucrânia)  59
Vélez Sarsfield (Argentina) 17
Banfield (Argentina) 15

 

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“Atenção, Ferreyra é argentino”, lembraram ao selecionador em ano de Mundial

A rubricar uma temporada excecional em ano de Mundial, Ferreyra foi nome badalado na Argentina e houve até quem enviasse recados diretamente ao selecionador: “Sampaoli, Facundo Ferreyra é argentino!”, lembrava o site “Popular” em fevereiro de 2018. E fundamentava o alerta: “Ferreyra está a passar o melhor momento a nível futebolístico desde a sua chegada ao Velho Continente. E por que não sonhar com um lugar nos 23 eleitos para o Mundial da Rússia 2018 ou, pelo menos, despertar a atenção de Jorge Sampaoli?”

Quem vai estar no Mundial é Ricardo Gareca. Agora selecionador do Peru, orientou o avançado argentino no Vélez Sarsfield: “Ferreyra encanta-me”, declarou o técnico ainda antes de o receber no afamado emblema da capital Buenos Aires.

Em 2011, nos Sub-20, Ferreyra brilhou com a camisola da seleção argentina. Foi determinante na caminhada até e durante o Mundial da categoria realizado Colômbia. Na fase de apuramento, marcou quatro golos nas sete partidas disputadas no Sul-Americano realizado no Peru.

Depois, na competição que se disputou entre 29 de julho a 20 de agosto na Colômbia, apontou um golo e contribuiu com boas atuações para o sucesso do coletivo na fase de grupos, onde deixou para trás México, Inglaterra e Coreia do Norte. A Argentina ultrapassou o Egito nos oitavos de final (2-1), mas tombou nos “quartos” precisamente frente à seleção portuguesa, após marcação de grandes penalidades (5-4).

Ferreyra

Admirador do estilo de Batistuta

O pé preferido de Ferreyra é o direito, mas o avançado marca golos de todas as maneiras e feitios. Tem como principais características o jogo aéreo e o bom posicionamento no ataque. Admirador do compatriota Gabriel Batistuta, famoso goleador da seleção da Argentina e antigo companheiro de Rui Costa na Fiorentina, Ferreyra é possuidor de boa técnica e drible. Corajoso na área, é um verdadeiro matador, colocando muitas vezes a cabeça onde nem outros arriscam colocar os pés.

A nova aventura de Chucky – é apelidado assim desde pequenino por ser traquinas e parecido com o boneco da saga de terror com o mesmo nome, como confessou ao jornalista Guillermo Tagliaferri do “Clarín Deportes” – chama-se Sport Lisboa e Benfica. É o 20.º argentino a jogar de águia ao peito e o desejo é que a partir de agora faça muitas maldades nas balizas adversárias.

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PRINCIPAIS TÍTULOS

  • 1 Torneio Abertura
  • 1 Superliga Argentina
  • 3 Campeonatos da Ucrânia
  • 3 Taças da Ucrânia
  • 4 Supertaças da Ucrânia

 

Texto: Sónia Antunes

Fotos: João Paulo Trindade / SL Benfica / Arquivo

Última atualização: 21 de março de 2024

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