Futebol

11 outubro 2017, 18h21

Rui Vitória

Sérgio Godinho, intérprete de ontem e de hoje, vaticinara na canção o que sucederia na manhã de quarta-feira, no Complexo Social Sagrada Família, na Amadora, com a presença de Rui Vitória no espaço pertencente à Santa Casa e que foi inaugurado em 1995. Sob a chancela da Fundação Benfica, as cerca de 200 pessoas que diariamente estão no complexo viveram uma experiência inolvidável, tal como Rui Vitória, homem de causas e sensível a estas iniciativas.

A juntar ao técnico, é de elevar a presença de Jorge Miranda, diretor da Fundação, de Constantino Fragoso Pinto e de Manuel Girão, respetivamente provedor e administrador da Santa Casa da Misericórdia da Amadora.

Pontual, Rui Vitória chegou às 11h00 e a visita teve início minutos depois no infantário com crianças “à Benfica”, que sentem a Mística desde sempre. No rosto de cada pedaço de futuro estava estampada aquela ansiedade e felicidade típicas de quem recebe o primeiro brinquedo. Pé ante pé, o treinador entrou e houve quem exclamasse: “É o Rui Vitória!” O conhecimento terno de uma criança mereceu resposta a preceito do técnico: “Que belo cachecol que têm.”

A sala, banhada a luz natural, ganhou uma aura distinta, enfatizada pelo riso e brilho nos olhos de dezenas de crianças. O treinador cumprimentou os meninos e meninas, um por um, até que foi interpelado. “É o Benfica!”, disse um dos petizes com um gesto em simultâneo que destacava a camisola do Clube. Da felicidade ao êxtase foi um pulo, como daqueles que dávamos nos parques infantis, com a pergunta: “Querem tirar uma fotografia com o míster?” Assim terminou a passagem pelo infantário. Seguiu-se o lar/centro de dia.

Valeria a pena acrescentar uma pitada de benfiquismo a um dia já por si especial? Como diria Fernando Pessoa, “tudo vale a pena quando a alma não é pequena”. E assim foi! Rui Vitória entrou sob o som do hino do Sport Lisboa e Benfica, entoado em uníssono pelos vários idosos, revestindo de esperança um dia a dia que teima em querer arrastar-se. Naquele momento, como acontece no futebol, deu-se a “renovação de contrato” de alguém que já tanto lutou e que insiste, através da letra do “Ser Benfiquista”, do saudoso Luís Piçarra, a não virar as costas à vida. Rui Vitória, homem que perdeu os pais num acidente de automóvel, emocionou-se ao ver ali personificado o que poderiam ser hoje os seus entes mais queridos.

O mercado está fechado, mas a transferência daquele brilhozinho nos olhos de Rui Vitória foi selada numa assinatura emocional que fica. Agradecido, agraciou os mais idosos com uma “palestra” à treinador… da vida. “Estou de coração cheio. Tenho uma felicidade imensa e é com muito gosto que estou presente. Agora força, porque a vida não pára”, assinalou quem, naquele pedaço de vida, fez vários amigos. É mesmo caso para dizer: “Hoje soube-me a tanto!”

Diretor da Fundação Benfica elogia

Jorge Miranda, diretor da Fundação Benfica, elevou a importância da presença de uma pessoa como Rui Vitória num espaço como o Complexo Social Sagrada Família. “Estas pessoas sentem-se especiais. Há alguém, que só veem na televisão, que lhes dá atenção. Esse Benfica, que por norma está mais distante, está perto do público através de Rui Vitória, que mostrou aos idosos e às crianças que o Clube é muito mais do que futebol. É uma mão amiga”, considerou, em palavras dirigidas ao Site Oficial do Benfica e à BTV.  Presente na freguesia da Buraca, o espaço de cariz social desempenha um papel fundamental na Amadora. “Este é um complexo empreendido pela Santa Casa da Amadora, uma organização bastante antiga, com muitas responsabilidades sociais no município e que é um parceiro especial da Fundação Benfica. Tem um lar, atividades com crianças; tem um projeto intergeracional”, elogiou.

Texto: Marco Rebelo

Fotos: Tânia Paulo / SL Benfica

Última atualização: 21 de março de 2024

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