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Futebol
23 maio 2019, 15h27
Rui Costa com Bruno Lage, Luís Filipe Vieira e Pietra
"Já estamos num misto. A voz ainda indica que ainda festejamos um bem-merecido 37, mas, como este clube não pára, já preparamos a próxima época e o grande objetivo, que é o 38", assegurou Rui Costa na abertura de uma entrevista abrangente.
"Foi uma enorme chave entre muitas outras num ano extraordinariamente difícil. Bruno Lage trouxe o que a equipa precisava e os resultados mostram a importância efetiva que teve no Campeonato. Conhecíamos o Bruno, é um homem da casa, tínhamos muita confiança que pudesse ser um bom líder para esta equipa, mas, mesmo acreditando que pudesse vir a fazer um bom trabalho, ele superou todas as expectativas. É um treinador de excelência, um homem com enorme capacidade de liderança. De uma forma muito simples, agarrou o plantel e chamou-o a si, responsabilizando-o e, ao mesmo tempo, dando liberdade a todos para que se expressassem da melhor forma em campo. Surpreendeu-me como ele entrou no grupo de trabalho, com humildade e pulso necessário para liderar uma equipa como a do Benfica."
"Arrependidos por não termos apostado mais cedo em Bruno Lage? O ano correu como correu, não podemos estar arrependidos. No futebol não há 'ses'. Uma vez que toca no nome de Rui Vitória, só posso agradecer o trabalho, também de excelência, que teve no Benfica. Um enorme profissional, inserido nos ideais do Clube. Estaremos sempre gratos ao que representou para nós. É também um dos pilares da aparição dos nossos jovens na primeira equipa."
"Tínhamos confiança no Bruno Lage. Quando entendemos que estava na hora de trocar e que a opção recaía no Bruno, foi com confiança no seu trabalho, com a intenção de ele terminar a época, de darmos tempo para que fizesse o seu trabalho. Tínhamos confiança, mas ele superou todas as expectativas, foi ainda muito mais do que esperávamos. Era a sua primeira vez como treinador principal, e com as responsabilidades do Benfica. Ao fim de pouco tempo a ideia que nos dava é que parecia que estava há uma vida com estas responsabilidades. Foi muito positivo para ele e para a equipa, que sentiu que o seu novo líder estava muito pronto para agarrar este Campeonato e seguiu-o. Foi a grande chave para o sucesso."
"O Presidente – e bem –, à sua maneira, decidiu apostar no treinador da casa, que é uma das coisas que temos feito neste projeto, que é valorizar o produto da casa. Desde sempre, o Presidente olha para dentro de casa e leva-nos a fazer o mesmo. Avaliámos o que tínhamos de avaliar até percebermos que em casa teríamos a peça ideal para continuar este projeto, independentemente de como corresse a época, mas sempre com o objetivo de lutar ainda. É proibido, dentro desta casa, abandonar um objetivo a meio, e mesmo naquela fase, com os pontos que tínhamos de atraso, a nenhum de nós passava pela cabeça que o Campeonato estivesse perdido. Foi difícil, estava longe…"
"Queremos todos! É uma peça importantíssima. Independentemente de como acabasse a época, ele já tinha dado mostras da sua capacidade. É uma aposta do Clube, do Presidente, de toda a estrutura do futebol. Fala-se muito dos jogadores Made in Seixal, mas o Benfica tem vivido isso em várias áreas. O Bruno é um homem da casa, que sobe da B para a principal e que tem um futuro enorme.
"Há aqui outra peça que tem de ser realçada, e que decorre de olhar para dentro de casa e ver os profissionais que temos e valorizá-los. Tiago Pinto, diretor-geral para o futebol, fez um extraordinário trabalho, juntamente com Ricardo Lemos, Bruno Sá, Duarte Beirolas e todo o staff que temos à nossa volta... Também eles são grandes obreiros deste título, olhando para dentro de casa e escolhendo o que cá temos para seguir os projetos do clube. Assim como foi com Lourenço Coelho, que fez um extraordinário trabalho e continua a fazê-lo."
"Jogámos fora contra os primeiros sete classificados. Sabíamos das dificuldades que íamos ter e não arriscaríamos num treinador jovem e da casa para o mandar para a fogueira. Acreditámos plenamente que o Bruno pudesse agarrar a equipa. Sabíamos que poderia ter futuro enquanto treinador da equipa principal. Os jogadores começaram a acreditar cada vez mais que poderíamos estar no caminho certo outra vez para chegar ao título. O Bruno estreou-se em casa, num jogo em que começámos a perder contra o Rio Ave por 0-2. Mesmo nessa adversidade, a tranquilidade que mostrou no jogo, e mesmo a maneira como falou aos jogadores no intervalo, deu-nos a certeza de que ele sabia o que estava a fazer. Foi o primeiro passo para começarmos a acreditar que tinha estaleca e estofo para agarrar na equipa. O Benfica teve muita força neste segunda volta e é com todo o mérito que chega ao fim como Campeão Nacional. Criámos um grupo muito unido. Independentemente dos que jogavam, estiveram sempre unidos, assim como esteve o Clube. Esta foi a grande força! Há a chave Lage, a chave João Félix, a chave jovens da formação, mas o grande pilar deste ano é que todo o Clube esteve unido. Todos estiveram numa união perfeita e constante, mesmo nas adversidades."
"É natural. Portugal não passa despercebido ao mundo do futebol. Eu teria receio se tivesse treinadores que não fossem cobiçados. Seria sinal de que não estaríamos a escolher bem e que não teríamos jogadores ou treinadores de qualidade. Temos jogadores e treinadores de excelência. É natural que tenhamos de aceitar, e que seja até um orgulho para nós, que meia Europa esteja interessada em elementos que estejam ao serviço do Benfica. Compete-nos – como o Presidente também tem dito, e é o lema da casa – fazer de tudo para segurar as nossas pérolas, e entre elas está Bruno Lage."
"Qual é o Campeonato em Portugal em que a equipa que perde não se lamenta de tudo e mais alguma coisa? Da nossa parte, continuaremos a olhar para dentro de casa e a perceber o que estamos a fazer bem e mal. Enquanto os nossos adversários continuarem a olhar para o Benfica, pode ser que se esqueçam daquilo que têm de melhorar. Os números desta época são bem claros: na segunda volta jogámos no campo dos sete primeiros classificados e ganhámos. Uma vitória em Alvalade com uma exibição magnífica, depois chegámos ao Dragão em segundo e saímos de lá em primeiro lugar. Os números são claríssimos: 103 golos marcados no Campeonato."
"Portugal, infelizmente, valoriza muito pouco o que é feito dentro de campo e valoriza muito mais os programas que falam das polémicas. Como eu me considero um homem do futebol – porque vivi lá dentro muitos anos e vivo-o com a mesma paixão de quando jogava –, continuo a valorizar o que é feito pelos jogadores, pelos treinadores, mesmo dos meus adversários. Este campeonato é explicado dessa maneira: por uma excelente primeira volta do FC Porto e uma excelente segunda volta do Benfica, que se superiorizou na reta final."
"Tem uma qualidade enorme, fez um campeonato extraordinário. Não é fácil para um jogador de 19 anos ter os números que ele teve. É natural que seja cobiçado por essa Europa fora. Temos outros talentos na mesma situação, como Rúben [Dias], Gedson, Ferro, Florentino, e já com outros a serem formados, como é o caso do Jota. Felizmente temos uma qualidade de jogadores em casa que nos permite pensar num futuro mais do que risonho. Tiago Dantas? Há muitos na grelha de partida. Sabemos da possibilidade de cobiça, mas o que posso transmitir aos nossos Sócios e adeptos é que da nossa parte não há nenhuma intenção de anular o objetivo do Presidente e da SAD, que é manter todos os talentos o máximo tempo possível em casa. Estamos a preparar o próximo Campeonato e o João faz parte do plantel."
"O Benfica europeu? Está em construção, e isso ficou bem presente nesta época. Acabámos o Campeonato com oito jogadores saídos dos Juniores do Benfica e podemos juntar a estes o André Almeida, que, no seu tempo, também passou da equipa B para a equipa A. Devemos juntar todo o trabalho desenvolvido pelos mais velhos, porque não há equipa que ganhe só com miúdos de 19 anos, por mais talento que tenham. Os jogadores mais experientes receberam da melhor forma os jovens e ajudaram-nos a crescer, e continuam a ajudar. Esta simbiose acabou por resultar num êxito tremendo e assim continuará o processo de crescimento desta equipa. Apontamos muito aos Campeonatos Nacionais, é o nosso principal objetivo, mas não entramos nas competições europeias só por entrar, o nome do Benfica é demasiado grande para não termos objetivos enormes em termos Europeus. Esse é um dos nossos objetivos: consolidar o nosso território nacional e depois apontar à Europa com grande crença e determinação. Estaremos mais uma vez Liga dos Campeões e com o objetivo de melhorar a nossa performance dos últimos anos."
"É um exemplo da persistência e do companheirismo desta equipa. Esteve muito tempo sem jogar, mas, quando foi chamado, estava pronto e mostrou-se sempre num patamar elevadíssimo. Este exemplo é o de todo o plantel. Sempre que foram chamados, mostraram-se presentes, com um espírito de equipa tremendo. Posso falar também do caso do Jonas, que foi dos mais importantes mesmo sem jogar. Envaidece-me dizer isto porque este foi o grupo com quem trabalhámos o ano inteiro. Esta coesão, que nos fez chegar ao título nacional, acaba por envaidecer todos os que trabalham nesta casa."
"É um daqueles jogadores que gostaríamos que jogasse até aos 50 anos, pela qualidade que tem. Passou muito este ano, pela lesão que teve nas costas. Nunca deixou de estar presente, mas viveu um ano de grande sacrifício, de grande dificuldade. Julgo que agora vai ter o tempo necessário para pensar no seu futuro, sendo que, por tudo o que fez neste Clube, é sem dúvida nenhuma dos melhores jogadores que o Benfica teve nos últimos larguíssimos anos. É uma decisão que cabe ao Jonas, com todo o apoio do Benfica por tudo o que ele já deu."
"Cillessen? Não vou falar em nomes nem em posições. Estamos a avaliar variadíssimas situações de mercado, com é natural. Oportunamente falaremos sobre isso. Uma coisa eu posso garantir: o objetivo é conseguirmos jogadores de grande nível. Jogadores mais jovens temo-los em casa, a menos que apareça no mercado um jovem com um talento ou numa posição que não tenhamos em casa. Caso contrário, queremos cada vez mais apostar em menos contratações, mas mais valiosas, que tragam aquilo de que precisamos para dar o salto de qualidade da equipa. Três ou quatro contratações cirúrgicas, é isso que queremos, a menos que saiam jogadores que não estejamos a contar neste momento."
"Chiquinho e Cádiz? São avaliações que temos de fazer. Pode haver contratações que façamos, mas que não sejam para incluir já no plantel. O Chiquinho é um jogador que fez uma época extraordinária, num clube [Moreirense] que também fez uma época extraordinária. É muito mais isto que eu gosto de analisar no futebol português do que propriamente todas as polémicas que andam à volta do desporto. Sendo um jogador que já tinha passado por aqui, vamos ver qual é o futuro do Chiquinho, que, pela época excelente que fez, merece a nossa melhor atenção."
"Zivkovic é um talento tremendo, tem uma qualidade enorme, assim como quase todos os jovens que temos dentro de casa. O imenso crescimento de Rafa foi um dos responsáveis pela menor utilização de Zivko. Muitas vezes um jogador não perde terreno por baixar de forma, mas, sim, porque alguém na posição dele ganha forma e começa a elevar-se. Também sabíamos que, mais cedo ou mais tarde, o talento de Rafa saltaria cá para fora. Saltou na melhor altura para a equipa."
"Estamos muito bem liderados, e depois cada um de nós, na sua posição, auxilia a liderança. A minha obrigação é fazer a ponte entre a SAD e a equipa de futebol. No futebol temos o diretor-geral, que coordena todo o dia a dia da equipa, e de quem estou muito perto para auxiliar em tudo o que necessitem, e também para estar perto do treinador e dos jogadores. Por outro lado, estou perto do Presidente nas decisões que toma. A nossa relação é de uma união tremenda. Como acontece em todas as famílias, nem sempre estamos todos de acordo, nunca fui um yes man, transmito as minhas opiniões, mas sempre respeitando quem lidera o clube e da maneira como o faz, e bem. O meu sonho é que o Benfica ganhe títulos a todo o instante."
Texto: Filipa Fernandes Garcia, João Sanches e Sónia Antunes
Fotos: SL Benfica