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Futebol
13 maio 2020, 01h10
Festejos do Tetracampeonato
No dia 20 de abril de 2014 começava uma narrativa de sonho na centenária história do Clube, na presidência de Luís Filipe Vieira. Os dois golos de Lima diante do Olhanense lapidavam o triunfo e a conquista do primeiro de quatro títulos nacionais seguidos.
Numa viagem de quatro temporadas, recorde o golo que deu a primeira vitória, a importância dos goleadores Óscar Cardozo, Jonas, Lima e de outros avançados incontornáveis deste feito; saiba quem foram os mais utilizados, o número total de golos, vitórias, empates e até derrotas; quem foi o mais jovem e o mais velho a ser utilizado neste hiato, e também os talentos da Formação que brilharam no relvado. Tudo isto e muito mais… num caminho inesquecível!
Na 2.ª jornada da Liga Portuguesa de 2013/14, o Benfica recebia o Gil Vicente no Estádio da Luz. Depois do tropeção nos Barreiros (2-1, com o Marítimo), era fundamental conquistar os três pontos. Porém, os gilistas adiantaram-se no marcador, aos 69’, por Diogo Viana, e dificultaram ainda mais a tarefa dos então comandados por Jorge Jesus. À entrada para os descontos, o resultado era 0-1 e o nervosismo tomava conta das bancadas. No relvado, os jogadores mostraram de que fibra eram feitos! A passe de Djuricic, Markovic empatou (90’+1’) e deu alento antes… da explosão! Bola ao centro, jogada do Benfica e… golo! Sulejmani recebeu na direita, cruzou com o pé canhoto, a régua e esquadro, para a cabeça de Lima. O 2-1 chegava aos 90’+2’ e o Inferno da Luz voltava a entrar em erupção.
Com 172 golos apontados, Cardozo é o melhor marcador estrangeiro da história do Benfica. O paraguaio esteve na caminhada para o Tetra ao conquistar o título de 2013/14 e deixou a sua marca em momentos decisivos da temporada. O primeiro foi na 5.ª jornada. Deslocação sempre complicada a Guimarães para defrontar o Vitória local. Titular e atuando os 90 minutos, Cardozo fez o único tento do jogo – e deu os consequentes três pontos – com um remate certeiro, aos 72’.
Poucas semanas depois, na jornada 7, no Estádio António Coimbra da Mota, diante do Estoril, o Benfica venceu, por 1-2. Cardozo entrou aos 59’, quando o resultado estava 0-1 e apontou o 0-2, aos 71’, que se mostraria decisivo, pois Balboa ainda reduziu para 1-2, aos 74’.
Na 9.ª jornada, frente à Académica, o 7 desbloqueou o marcador aos 34’. Abriu o ativo e desbravou o caminho até ao 0-3 final.
Nos quatro títulos consecutivos, o Benfica disputou 132 jogos na Liga (2013/14 só teve 30 jornadas) e apontou 304 golos, numa média de 2,30 por desafio. No total, 38 futebolistas fizeram o gosto ao pé (ou à cabeça) neste caminho. O Site Oficial recorda-lhe quem são os 10 maiores goleadores deste feito inédito. À cabeça está Jonas, com 65 remates certeiros. O brasileiro chegou em 2014/15 já com a época a decorrer, rapidamente deixou a sua marca, tornou-se um nome indelével da História do Clube e ainda foi a tempo – mesmo sem ter participado em 2013/14 – de ser o melhor marcador dos quatro títulos. Seguem-se Mitroglou (36 golos), Lima (32), Pizzi (20) e Salvio (13).
Depois deste top 5, temos quatro nomes com mais de uma dezena de tentos. Raúl, Talisca e Gaitán têm 12 cada; Rodrigo fecha esta lista, com 11. Jardel, que, tal como Pizzi, ainda está no atual plantel, apontou sete golos. O atual capitão está bem secundado por Garay, com seis, e por quatro jogadores com uma mão-cheia de golos: Cardozo, Markovic, Gonçalo Guedes e Luisão.
Com uma média superior a dois golos por jogo, o Tetracampeão Benfica teve nas temporadas 2014/15 e 2015/16 as mais concretizadoras, com 86 e 88 tentos, respetivamente. Aliás, excluindo 2013/14, as águias superaram sempre a média de dois golos por encontro. Terminou 2015/16 com 2,59 por jogo; apontou 2,53 golos por desafio em 2014/15; e logrou a média de 2,12 por partida em 2016/17. Na primeira época do Tetra – 2013/14 – o Benfica ficou pela média de 1,93 tento por jogo, mas em 30 rondas disputadas.
A vocação ofensiva dos encarnados estava ainda evidenciada nos executantes para além do coletivo. Só em 2013/14, o Benfica não colocou um jogador entre os três melhores marcadores do Campeonato. Em 2014/15, Jonas (20) e Lima (19) foram, respetivamente, 2.º e 3.º goleador; em 2015/16, Jonas venceu a Bola de Prata, com 32 tentos e Mitroglou ficou no 3.º posto, com 20; na época 2016/17, o grego foi o 3.º goleador, com 16 remates certeiros.
As entradas em jogo do Benfica, principalmente, no Estádio da Luz são feitas, não raras vezes, a todo o gás. Naturalmente, o golo aparece. E no Tetra apareceu em 140 ocasiões. A temporada 2014/15 foi onde se registaram mais golos nos primeiros 45 minutos: 40. Seguiram-se as épocas 2015/16 com 39 e 2016/17 com 32. Com menos rondas disputadas, 2013/14 trouxe 29 tentos nas primeiras partes.
Se bem que o jogo era muitas vezes desbloqueado na primeira metade, também não é mentira que a águia aproveitava o segundo tempo para dar a bicada final no adversário. Nos segundos 45 minutos foram apontados 164 golos, com o destaque maior a ter de ser dado a 2015/16: 49. Bem perto ficou a temporada anterior (2014/15), em que a bola beijou as redes contrárias por 46 vezes. Em 2016/17, o Benfica apontou 40 tentos na segunda parte, deixando a época 2013/14 com 29 remates para o golo.
O Tetra foi construído por 70 jogadores, mas, naturalmente, há sempre uns mais utilizados do que outros. O Site Oficial reuniu o top 15 de utilização e mostra-lhe quem somou mais minutos nas pernas. Na pole position está o antigo capitão Luisão. O defesa-central, entretanto retirado, chegou ao Clube em 2003/04 e saiu 538 jogos e 20 títulos depois. No período do Tetra foi fundamental, atuou em 95 encontros e contabilizou 8341 minutos.
O antigo 4 está destacado, mas dentro dos 6000 minutos aparecem três futebolistas: Pizzi (6516’), Jonas (6412’) e Gaitán (6224’). Curiosamente, Eliseu e Jardel somam os mesmos minutos de utilização no Tetra: 5941’. Mais distantes, mas ainda dentro dos 5000 minutos estão André Almeida (5157’), Lima (5147’), Salvio (5093’), Maxi Pereira (5038’) e Fejsa (5007’). O top 15 fecha com Samaris, Júlio César, Mitroglou e Lindelöf.
Jogava-se a 11.ª jornada do Campeonato de 2013/14 quando o Benfica apontou o primeiro golo de livre direto no caminho até ao Tetracampeonato. Em Vila do Conde, diante do Rio Ave, Rodrigo inaugurou o marcador aos 38’. Todavia, Ukra empatou aos 57’ e complicou as contas dos benfiquistas. O caminho para os três pontos foi desbravado à bomba. A cerca de 20 metros da baliza, Lima rematou ao canto superior direito da baliza do Rio Ave e fazia o 1-2. O mesmo avançado fecharia a contagem aos 82’. Curiosidade? A defender as redes dos vila-condenses estava Ederson.
Jogada estudada no primeiro tento encarnado através de um livre indireto. Garay foi ao autor aos 23’. Jornada 4 de 2013/14, Benfica-Paços de Ferreira, com Cardozo a bater o livre de forma trabalhada para Enzo Perez; o argentino deixou para Markovic na área, e este assistiu Garay, que encostou, na altura, para o 2-0.
O mesmo jogo e outra vez… Garay. Na segunda parte do Benfica-Paços de Ferreira (2013/14), já depois de os castores terem reduzido para 2-1, o Benfica voltou a colocar o resultado em dois golos de diferença, aos 52’. Pontapé de canto do lado direito apontado por Enzo Perez, e Garay, no terceiro andar, a fazer o 3-1 final.
Em 2013/14, em época de estreia no principal escalão do futebol nacional, o Arouca foi à Luz empatar a dois golos. Na 12.ª jornada, David Simão – jogador formado no Benfica – bateu Artur num livre direto. Rodrigo empatou ainda na primeira parte e pensou-se que a vitória encarnada era uma questão de tempo. Não foi assim. Serginho voltou a gelar as bancadas da Luz, mas Lima, aos 83’, empatou. O árbitro Rui Costa assinalou falta de Balliu sobre Sulejmani dentro da grande área e o camisola 11 não perdoou.
Entre os 70 atletas campeões durante o Tetracampeonato, há cinco que deixaram a sua marca em todas as épocas. Luisão, Jardel, André Almeida, Salvio e Fejsa ficam, para sempre, ligados à história centenária do Benfica como os primeiros Tetracampeões (plenos) no Clube.
Capitão de equipa e líder do sector defensivo, ninguém foi tão utilizado como LUISÃO. O 4 jogou 95 partidas e 8341 minutos, e apontou cinco golos. Em 2014/15 alinhou em 30 jogos e apontou quatro golos. Noutras jogou menos, mas, ainda assim, foi sempre uma peça fundamental, dentro e fora do relvado, para a conquista do Tetra.
No centro da defesa, JARDEL jogou 68 encontros e fez sete golos nos anos do Tetra. Ao todo, foram 5941 minutos. Nas temporadas 2014/15 e 2015/16 assumiu-se como titular na equipa. Uma lesão grave não o deixou dar o contributo que queria em 2016/17.
Polivalente à chegada à Luz, ANDRÉ ALMEIDA tornou-se numa peça importante no lado direito do xadrez montado, ora por Jorge Jesus, ora por Rui Vitória. Nem sempre titular, o camisola 34 cumpria quando chamado. Em 2015/16, com a lesão de Nélson Semedo, assumiu a lateral direita e realizou 26 partidas. No total, atuou em 70 jogos, marcou um golo e contabilizou 5157 minutos.
O extremo-direito SALVIO chegou ao Benfica em 2010/11 por empréstimo do Atlético de Madrid. Regressou a casa, mas por pouco tempo. Deixara saudades na Luz e voltou a Lisboa em 2012/13 para ficar e se assumir no lado direito do ataque. De propensão ofensiva e com vocação goleadora, fez 13 golos no período do Tetra. Jogou 78 partidas e somou 5093 minutos. A época 2014/15 foi a mais frutífera com nove tentos em 29 jogos.
Para além do Tetra no Benfica, FEJSA junta-lhe o Tri no Partizan e no Olympiacos. Tudo junto, o sérvio conquistou 10 (!) campeonatos seguidos. Nas águias, nestes quatro títulos, realizou 65 desafios, marcou um golo e somou 5007 minutos.
O dia 9 de setembro de 2016 vai ficar para sempre marcado na carreira de José Gomes. O jovem avançado formado no Benfica Campus fazia a estreia pela principal equipa das águias. Em Arouca, entrou para o lugar do também futebolista da cantera encarnada, Gonçalo Guedes. Atuou um minuto e tornou-se no jogador mais jovem a estrear-se no ciclo do Tetra. Tinha 17 anos, 5 meses e 1 dia.
O atual treinador dos guarda-redes dos Sub-23 do Benfica foi formado no Clube e cumpriu o sonho de… ser Campeão Nacional pelo Benfica. Entre os campeões do Tetra, Paulo Lopes é o mais velho. Quando jogou com o Boavista (2-2), na última ronda de 2016/17 tinha 38 anos, 11 meses e 21 dias.
No atual formato da Liga NOS, um Tetracampeão terá de fazer 136 jogos. Benfica fê-lo em 132, porque a primeira temporada – 2013/14 – teve apenas 30 jornadas. No total, os encarnados venceram por 104 vezes, o que perfaz uma taxa de aproveitamento de 79 por cento. Neste caminho, as águias cederam 17 empates e 11 derrotas.
No Estádio da Luz, em 66 jogos, o Benfica conseguiu 56 vitórias (85 por cento), concedeu oito empates e duas derrotas; fora de portas, nos mesmos 66 encontros, venceu 48 vezes, cedeu nove empates e o mesmo número de desaires.
Ao todo, as águias somaram 329 pontos, o que perfaz a impressionante média de 2,49 pontos por jogo. Para esta média em muito contribuiu a temporada 2015/16. Com o recorde de 88 pontos alcançados em 34 rondas, o Benfica terminou com 2,59 pontos por jogo. Em 2014/15 logrou 2,5 pontos por jogo ao encerrar a época com 86. As épocas 2013/14 e 2016/17 foram um pouco mais modestas, mas, ainda assim, com números… de Campeão! 2013/14 terminou com 2,47 pontos de média e 2016/17 com 2,41.
O guarda-redes é uma posição solitária, muito específica e, por vezes, algo injustiçada no futebol. Historicamente, o Benfica sempre teve monstros na baliza e o Tetracampeonato não é exceção. Dos cinco guardiões utilizados, três fazem objetivamente parte da galeria dos melhores do mundo: Oblak, Júlio César (já retirado) e Ederson.
Júlio César, com 55 jogos e 4887 minutos, foi o mais utilizado. Venceu três dos quatro títulos, dando continuidade à aura de sucesso demonstrada no Flamengo, Inter de Milão e seleção do Brasil; Ederson é o senhor que se segue. Atuou em 37 partidas (3272 minutos) e ajudou a conquistar dois títulos. Hoje é titular indiscutível do Manchester City orientado por Pep Guardiola, já somou a Premier League aos títulos em Portugal e está sempre nas convocatórias da canarinha; Artur Moraes venceu dois títulos, alinhou em 26 jogos e somou 2168 minutos. Deu seguimento na Luz à qualidade apresentada em Braga; Oblak alinhou em 16 jogos (1351 minutos) e saiu Campeão Nacional com a impressionante marca de apenas três tentos concedidos. O esloveno está no Atlético de Madrid desde 2014/15, já venceu o Prémio Zamora para Melhor Guarda-redes da La Liga e é amplamente considerado um dos melhores na sua posição; Paulo Lopes foi, entre os guardiões, o menos utilizado nos plantéis do Tetra: participou em quatro jogos e contabilizou 202 minutos.
Ao todo há 21 nacionalidades entre os Tetracampeões. Entre as mais representadas está Portugal com 19 jogadores. Seguem-se o Brasil com 16 futebolistas, a Argentina com oito e a Sérvia com sete. Há, ainda, dois gregos, dois uruguaios, dois espanhóis, um sueco, um mexicano, um esloveno, um holandês, um marroquino, um paraguaio, um peruano, um italiano, um suíço, um croata, um canadiano, um moçambicano, um colombiano e um alemão.
Um campeão é feito de vitórias. O Benfica trilhou vários caminhos que resultaram numa série longa de triunfos. A maior sequência de vitórias do Tetra aconteceu em 2015/16. Começou na 23.ª jornada (Paços de Ferreira) e só terminou na derradeira ronda da liga (Nacional). No total: 12 vitórias seguidas; em 2013/14, entre a 18.ª e 28.ª jornada, o Benfica só soube vencer. Foram 11 triunfos seguidos, que começaram num dérbi com o Sporting e terminaram na conquista do título frente ao Olhanense; a temporada 2014/15 tem a terceira maior sequência. São nove vitórias consecutivas entre a 9.ª e a 17.ª jornada, começando com o Rio Ave e terminando na Madeira, com o Marítimo; para acabar como começou, regressamos a 2015/16. Nessa época, entre as 14.ª e 21.ª rondas, as águias venceram sempre. Começou com o Rio Ave e terminou com o Belenenses.
Seja na Luz ou fora de portas, o Tetracampeão colecionou uma série de goleadas. As mais expressivas foram o 6-0 (três vezes) e o 5-0 (em quatro ocasiões). Os seis golos sem resposta aconteceram sempre em casa. Em 2014/15, diante do Estoril, Jonas (2), Luisão, Pizzi, Salvio e Lima fizeram os golos. Em 2015/16, frente ao Belenenses, Mitroglou (2), Jonas (2), Gaitán e Talisca foram os marcadores; na mesma época, mas com o Marítimo, Pizzi (2), Jonas (2), Raúl e Talisca marcaram.
As goleadas de mão-cheia, curiosamente, aconteceram mais vezes fora de portas do que no Estádio da Luz. Na temporada 2014/15, o V. Setúbal perdeu por 0-5, com golos de Talisca (3), Salvio e Ola John; ainda nessa época, ante o Gil Vicente, Maxi Pereira (2), Jonas, Luisão e Lima faturaram no Estádio Cidade de Barcelos. Em 2015/16, no Estádio do Restelo, o Belenenses perdeu 0-5, com os remates certeiros de Mitroglou (3) e Jonas (2). O único 5-0 na Luz foi com o V. Guimarães, no jogo do Tetra, em 2016/17. Jonas (2), Cervi, Raúl e Pizzi foram os autores dos golos.
O Marítimo, com 15 golos sofridos, foi a maior vítima do Tetracampeão. Na primeira época – 2013/14 – perdeu por 2-0 (golos de Rodrigo). Seguiram-se um 4-1 (bis de Jonas e de Lima), um 6-0 em 2015/16 e um 3-0, com tentos de Jonas (2) e um autogolo de Luís Martins.
Também é madeirense o opositor que mais sofreu com o Benfica na condição de visitado. O Nacional sofreu 13 golos nos jogos do Tetra, no Estádio da Madeira. Em 2013/14, o resultado foi 2-4, com um bis de Garay, e golos de Lima e Rodrigo; em 2014/15, a vitória foi por 1-2, com tentos de Salvio e Jonas; em 2015/16, Jonas fez um hat-trick e Mitroglou fechou a contagem. Resultado? 1-4! Na temporada 2016/17, 1-3 para os da Luz, com tentos de Carrillo, Raúl e autogolo de Aly Ghazal.
2013/14: BENFICA-OLHANENSE, 2-0
A 20 de abril de 2014, no Estádio da Luz, foi dia de festa. Na 28.ª jornada (a duas do fim), o Benfica recebeu o Olhanense e confirmou o estatuto de Campeão Nacional, o primeiro de quatro que completariam este ciclo. Com uma Luz a transbordar – em adeptos, alegria e… ansiedade –, o Benfica entrou a todo o gás, mas os algarvios aguentaram toda a primeira metade sem sofrer golos. O primeiro surgiu aos 57’. Recuperação de bola no meio campo defensivo, jogada pela esquerda, Gaitán rematou para defesa de Belec, mas, na recarga, Lima inaugurou o marcador. Volvidos três minutos, o 2-0! Lima foi lançado em profundidade desde a linha divisória, sprintou cerca de 50 metros e atirou para a… loucura. Já não ninguém conseguia ficar sentado. O Benfica conquistava o 33.º título da sua história.
2014/15: V. GUIMARÃES-BENFICA, 0-0
O Bicampeonato foi desenhado no Castelo onde nasceu Portugal. Em Guimarães, na 33.ª e penúltima ronda, o Benfica empatou a zero, mas aproveitou a escorregadela do FC Porto no Restelo para celebrar o 34.º Campeonato Nacional do palmarés. No Estádio D. Afonso Henriques, as bancadas lotadas e com elevada presença benfiquista apoiaram incessantemente as águias até ao apito final e à libertação das emoções pela celebração do título. Os festejos começaram no Minho, percorreram todo o País, com dois epicentros épicos: no Aeroporto Sá Carneiro, no Porto, onde a equipa foi recebida em apoteose, e na Praça Marquês de Pombal.
2015/16: BENFICA-NACIONAL, 4-1
A vitória nesta partida resultava no 35.º título de Campeão, com o Benfica a regressar aos Tricampeonatos, décadas depois. Sob o comando de Rui Vitória, os encarnados entraram com tudo e aos 23’, por Gaitán, após jogada de insistência, inaugurou o marcador. Festa nas bancadas numa simbiose perfeita entre jogadores e adeptos. Este título tinha sido muito difícil de conseguir e todos o sabiam. O mais difícil estava feito, mas a águia estava insaciável e queria mais. Aos 39’, Jonas foi lançado em profundidade por Gaitán e, só com Gottardi pela frente, fez o 2-0. Na segunda parte veio a confirmação. Aos 65’, Gaitán, de cabeça, fez o 3-0 após recuperação de bola em zona adiantada. O 4-0 surgiu aos 84’ através de um remate de primeira de Pizzi. Os insulares ainda reduziram antes do apito final, mas o Marquês já estava reservado e engalanado para nova festa encarnada.
2016/17: BENFICA-V. GUIMARÃES, 5-0
O inédito Tetra do Benfica foi conseguido a 13 de maio de 2017. No Estádio da Luz, na 33.ª jornada da Liga Portuguesa, Benfica e Vitória de Guimarães mediam forças. A jogarem em casa e “empurradas” por um público fervoroso, as águias demoraram apenas 11 minutos a fazer a festa. Remate de Jonas para defesa de Douglas, e Cervi, na recarga, a fazer o 1-0. Cinco minutos depois, aos 16’, Ederson fez mais de meio golo. O guarda-redes isolou Raúl com um pontapé de baliza e o mexicano fez o 2-0. Que lance! Aos 37’, o 3-0. Jogada coletiva de envolvimento, com Jonas a deixar Pizzi na cara do golo. O 21 não se fez rogado e o jogo parecia resolvido. Ainda na primeira parte, o Benfica fez o 4-0. E que golo! Recuperação de bola... e Jonas, com um chapéu, bateu Douglas (44’). Na etapa complementar, o resultado final de 5-0... e o Tetracampeonato era uma realidade! O tento surgiu aos 67’, por Jonas, através de uma grande penalidade.
Os quatro Campeonatos Nacionais foram divididos irmãmente por treinadores. Jorge Jesus conquistou dois, Rui Vitória outros dois.
JORGE JESUS chegou à Luz oriundo do SC Braga em 2009/10. Foi logo Campeão Nacional, mas depois esteve três anos sem conseguir conquistar de novo o título, apesar de ter ficado perto em duas ocasiões. Os festejos regressariam em 2013/14, com a época do Triplete (Liga, Taça de Portugal e Taça da Liga) e a final da Liga Europa (frente ao Sevilha em Turim). Na temporada seguinte começou como acabou: a festejar! Juntou a Supertaça Cândido de Oliveira e saiu do Benfica com a Taça da Liga e o título de Campeão em 2014/15.
RUI VITÓRIA sobressaiu no V. Guimarães e ingressou no Benfica em 2015/16, regressando a um clube que representara anos antes nos Juniores. O início foi periclitante, com a derrota na Supertaça, mas quando encontrou o rumo certo não mais parou. Bateu o recorde de pontos num campeonato a 34 jornadas (88), foi ao Marquês de Pombal celebrar o Tri e ainda venceu a Taça da Liga. Na época seguinte confirmou que a anterior não haveria sido obra do acaso. Ao inédito Tetracampeonato juntou a Supertaça no início da temporada e a Taça de Portugal a fechar.
Apesar de as épocas 2013/14 e 2014/15 terem permitido que alguns jovens formados e desenvolvidos no Sport Lisboa e Benfica se sagrassem Campeões Nacionais, a verdade é que a mudança de paradigma viu-se a partir de 2015/16. O lançamento de jogadores como Nélson Semedo, Ederson, Renato Sanches, Lindelöf, André Horta, Pedro Pereira, Nuno Santos e José Gomes foi prova da aposta do Clube e do treinador Rui Vitória no talento que gravitava no Seixal, e que só precisava de uma oportunidade. Mesmo Gonçalo Guedes, que fora lançado em 2014/15, só teve reais hipóteses de ser titular a partir de 2015/16. Antes desta mudança no paradigma competitivo da equipa, Oblak, André Gomes e Ivan Cavaleiro foram utilizados com alguma frequência, mas só o esloveno foi titular indiscutível. João Cancelo e Bernardo Silva também foram Campeões Nacionais em 2014/15, mas pouco depois saíram para o estrangeiro e hoje ambos brilham no Manchester City.
Para a conquista do Tetra, para além do que era produzido dentro das quatro linhas, também foi muito importante o apoio provindo das bancadas. Os Benfiquistas foram um verdadeiro 12.º jogador e responderam "presente" nos momentos em que a equipa mais precisava.
A média de assistências no Estádio da Luz ao longo do período do Tetra foi de 49 602 espectadores. Decompondo esse número por época, a 2016/17 foi a que teve maior afluência, com 55 952. Seguem-se 2015/16 com 50 322 e 2014/15 com 48 520. A temporada 2013/14 teve apenas 15 desafios na casa do Benfica e a média registou o valor de 43 613 espectadores.
No acumulado, 2016/17 (Campeonato) teve quase 1 milhão de espectadores (951 184); 2015/16 e 2014/15 estão distantes por pouco, com 855 474 e 824 845 adeptos, respetivamente. A época de 2013/14 (com apenas 30 jornadas de Liga) teve um acumulado de 654 194 espectadores. O total dos quatro anos é este: 3 282 697 espectadores.
No topo das assistências no Estádio da Luz durante o ciclo do Tetra, curiosamente, nenhum dos três jogos mais compostos foi com o FC Porto ou Sporting, habituais rivais das águias. As maiores enchentes coincidem com os jogos dos títulos conquistados em casa. V. Guimarães (2016/17), com 64 591; Nacional (2015/16), com 64 235 e Olhanense (2013/14), com 63 982.
Texto: Marco Rebelo
Fotos: Arquivo / SL Benfica