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Clube
20 maio 2020, 18h37
Domingos Almeida Lima
Em entrevista à BTV, o vice-presidente Domingos Almeida Lima revelou que os orçamentos terão de ser ajustados à nova realidade, mas assegurou que o ecletismo e a competitividade das equipas não estão em causa.
"Houve todo um trabalho que teve de ser feito. Tivemos de reagrupar todas as ideias que tínhamos relativamente a esta época e dar-lhes uma finalidade. Com a época terminada, tínhamos de começar a preparar a época seguinte, ainda que num cenário extremamente difícil. Ninguém sabe quando é que as competições vão começar, nem em que condições vão começar."
"Como sabem, as modalidades de pavilhão praticamente não têm receitas, vivem muito daquilo que o futebol pode disponibilizar e da quotização dos nossos associados. Num momento de total paralisação, o clube sem receitas de bilhética, com a quotização afetada, os patrocinadores com muitas dúvidas em avançar com patrocínios, havia que equacionar o mundo em que estávamos a viver e equacionar as condições em que podia haver uma retoma. É esse trabalho que estamos a fazer. Ainda não sabemos exatamente a disponibilidade que vamos ter em termos orçamentais, mas será seguramente muito reduzida em relação ao que tínhamos nas épocas transatas. Há uma série de dúvidas e incertezas que nos levam a ter muita prudência naquilo que serão as linhas mestras que irão presidir aos orçamentos das modalidades. Primeiro porque não sabemos quando é que as competições começam, segundo porque não sabemos as condições económicas do país e do mundo, e o Clube não está alheio a isso, tem de reajustar as suas políticas económicas e orçamentais e é nesse contexto que estamos a trabalhar."
"O Clube tem de reajustar as suas políticas económicas e orçamentais"
"Quero deixar algo bem claro: as cinco modalidades de pavilhão não estão em causa. O nosso ecletismo estatutariamente previsto é para manter, ainda que, temos de ser completamente realistas e sinceros, as condições desse ecletismo em termos de pujança financeira vão ser muito diferentes daquilo que era o cenário anterior. É um trabalho bastante difícil, tem de ser feito com muita ponderação porque o clube quer cumprir com todos os seus compromissos, mas não podemos ser irrealistas. A realidade das modalidades de pavilhão é completamente diferente de uma modalidade ao ar livre, não só relativamente à presença de público, mas também às condições logísticas. 80% dos clubes não tem grandes condições para acolher equipas num cenário de forte contenção na disciplina de saúde e não sabemos muito bem o que ainda vai acontecer por isso é que enviamos às federações uma exposição para que as mesmas, junto das autoridades de saúde, nos possam indicar quando é que as modalidades começam e se começam nos calendários que já estão previstos. O Clube quer manter níveis de competitividade consideráveis de acordo com o seu historial, ainda que o cenário, para nós e para todos os nossos concorrentes, seja completamente diferente. Ao nível das cinco modalidades de pavilhão, não sei se todos os clubes têm condições para continuar. É por essas incertezas que estamos sem pressas e com muito cuidado, a reorganizar o nosso orçamento porque o amanhã não vai ser igual ao ontem e temos de nos adaptar a essa realidade. Temos de ser competentes para lhe fazer face e sem correr riscos de amanhã podermos entrar em situações que o Clube não quer, seja de falta de pagamento aos atletas, aos técnicos, etc. Tudo isso tem de ser bem pensado para que o amanhã seja realizado com muita segurança e estejamos todos em igualdade de circunstâncias, esperemos bem, a encetar e a renovar as nossas ambições relativamente às cinco modalidades de pavilhão."
"Clube quer manter níveis competitivos consideráveis"
"As saídas têm a ver com duas situações que ocorrem todas as épocas, não são por causa da pandemia. Concretamente no andebol, o professor Resende não vai continuar, ele próprio já manifestou a tristeza de não ter atingido o principal objetivo que todos tínhamos por diante, que era a conquista do Campeonato Nacional, ainda que tenha feito um excelente trabalho pelo qual o Benfica lhe está muito grato e reconhece todas as suas competências. Mas o desporto tem estas vicissitudes, nem sempre podemos ganhar quando esperamos fazer grandes resultados, às vezes acontecem imprevistos e é com base nesses imprevistos que nós chegámos à conclusão, e o professor Resende também, que não seria bom renovarmos contrato e portanto vamos ter uma nova realidade no andebol ao nível do treinador e da equipa técnica. Chema, um dos melhores praticantes de andebol do mundo, será um dos nossos treinadores. Está a trabalhar também com a seleção da Hungria, já fez um excelente trabalho no Europeu. Relativamente ao plantel que tínhamos disponível e às opções do próprio treinador havia atletas que, ou pelo custo da sua remuneração, ou pela opção do técnico, entendemos que não deviam continuar, ainda que com reconhecimento da parte do SL Benfica por todo o trabalho realizado nas épocas que envergaram a nossa camisola. Estas saídas são naturais. O que aconteceu de anormal é que as épocas costumam acabar em junho e estas saídas foram comunicadas em maio. Às vezes há fugas de informação que nós não controlamos e num caso ou noutro aconteceu exatamente isso, assim como ao contrário, há muitas notícias que dizem que determinados atletas vêm para o SL Benfica e não está nada concretizado."
"Há um cenário que para nós pode não ser tão mau como era há um mês. Todos nós sabemos que as competições em recintos fechados vão ter mais condicionalismos por parte da DGS. Se em relação ao futebol há um protocolo extremamente rigoroso, em relação às modalidades não tenho dúvidas de que se vai verificar muito mais ainda e com um cenário que afetará a presença de público nos nossos pavilhões, pelo menos numa primeira fase. Não há certezas quando é que as competições começam, embora a federação de voleibol e de hóquei em patins já tenham anunciado o início das competições, mas sempre mediante autorização da DGS. É bom que as federações façam o seu trabalho, mas estão sempre condicionadas à situação da pandemia e da própria evolução do vírus no nosso país. Pode haver um cenário pior, se a nova vaga que se prevê no outono, e se até lá não existir vacina ou um medicamento que mitigue o vírus, a próxima época também estará muito condicionada. A realidade é que o desporto em espaços fechados tem muito mais contingências do que em espaços abertos. Ninguém tem certezas absolutas do que vai acontecer na próxima época, mas temos de estar a trabalhar como se as competições começassem em setembro (...) Seria impensável suportar todo o encargo remuneratório de todos os contratos se não houvesse competições. Tudo isto tem de ser salvaguardado, com todos os “ses” que pairam sobre a nossa sociedade. Não controlamos em absoluto esta pandemia, mas enquanto houver esta ameaça, o cenário de ausência de competições mantém-se e no nosso caso estamos a analisar junto do nosso departamento jurídico qual a melhor forma de fazer face a essa eventualidade."
"Seria impensável suportar o encargo remuneratório de todos os contratos se não houvesse competições"
"Nos últimos anos estávamos a viver nas modalidades acima daquilo que é a nossa realidade e daquilo que são as nossas possibilidades. Há uma certeza que já temos: temos de ter os pés bem assentes no chão, ser mais realistas naquilo que é a construção dos nossos orçamentos, eliminar muitas despesas que fazíamos, talvez desnecessárias, e viver com aquilo que são as nossas possibilidades de momento e no futuro também, tendo sempre em consideração que as modalidades não são autossustentáveis."
"Há uns anos houve uma grande aposta na formação, não só no futebol, em que os resultados dessa aposta estão à vista, mas também nas modalidades. Inclusivamente, quando iniciei o meu primeiro mandato, para cada modalidade tínhamos uma percentagem de integração dos planteis para atletas da formação. Em algumas ocasiões, não foi possível manter esses níveis que ambicionávamos porque entrámos numa espiral de alta competitividade que correspondia a despesas com os plantéis megalómanas e esta pandemia veio colocar-nos no ponto onde devemos estar e onde temos possibilidades de estar. A formação vai ser um objetivo fundamental nos próximos anos. Agora, de um dia para outro a formação não pode ser a salvação disto tudo. Temos de ser profissionais a trabalhar melhor as formações das nossas modalidades, há umas em que é mais fácil, há outras em que é mais difícil, mas temos de ter esse objetivo por diante. Temos de continuar a trabalhar e a ser cada vez mais exigentes nos níveis das nossas formações e sobretudo dar esperança aos atletas que o seu trabalho quotidiano vai ter um fim: a integração nos plantéis principais daqueles que forem melhores."
"A formação vai ser um objetivo fundamental nos próximos anos"
"Tínhamos expectativas de ter alguns êxitos desportivos nesta época. Mas não é como começa, é como acaba, não havendo a possibilidade de terminar as competições temos todos de nos conformar e de não fazer cenários idílicos sobre o que aconteceria."
"Espero que estejam com saúde e que sigam escrupulosamente as regras que nos são indicadas. Relativamente ao panorama das cinco modalidades de pavilhão, gostaria de garantir a todos os associados que o ecletismo não está em causa, é para continuar, aliás, de acordo com os estatutos do clube, e dizer-lhes que, ainda que numa realidade diferente, os índices e os objetivos de competitividade mantêm-se."
Fotos: SL Benfica / Arquivo