Casa Benfica Gross-Umstadt: onde o longe se torna perto

REPORTAGEM BTV

Longe da vista, porque se situa na Alemanha, mas perto do coração, porque vive intensamente a Mística Benfiquista. A embaixada do Clube em Gross-Umstadt é o Benfica no seu país e uma zona de conforto para todos os portugueses que quiserem matar saudades de casa.

Nasceu em 1994, concretamente a 16 de abril, para aproximar do Sport Lisboa e Benfica os adeptos daquela zona do globo, num ímpeto de um grupo de fervorosos Benfiquistas que, em excursão a Leverkusen, engendraram a criação de uma Casa Benfica em Gross-Umstadt. Tudo isto, e mais, desvendado no episódio desta semana do programa "Pelas Casas do Benfica", da BTV.

"Fomos a Leverkusen em 1994, o famoso jogo que ficou 4-4. No caminho para casa começámos a falar da ideia de termos uma Casa Benfica e ficou. Houve fases menos boas da nossa equipa, e nós queríamos um espaço onde pudéssemos desabafar e falar do Benfica. A cidade é pequena e conhecida por ter o maior número de portugueses entre as cidades da Alemanha. O Benfica está longe, mas perto. Quando conseguimos ir ver jogos aqui nas redondezas, vamos", explicou o presidente da embaixada, Abílio Carneiro.

Sócio da Casa há 14 anos, António José Antunes, vice-presidente do braço armado do Clube, realçou o sentimento "especial" de ser Benfiquista e de o ser à distância, e relembrou os momentos mais marcantes que viveu na embaixada encarnada.

"Ser Benfiquista aqui é especial. Vivemos mais intensamente o Benfica do que se estivéssemos em Portugal. É um amor incondicional, nasce connosco. Quando fomos campeões em 2004/05, foi muito especial. Tinha 12 anos na última vez que o Benfica tinha sido campeão, e quando o voltou a ser já era um homem. Foi realmente muito especial. Outra grande festa foi no ano da Reconquista [2018/19]", recordou António José Antunes.

"Tentamos sempre organizar excursões quando o Benfica joga pela Europa e deixo um agradecimento ao grande Departamento das Casas que temos, consegue dar todas as ferramentas para que possamos realizar estes acontecimentos", acrescentou.

Também afetada pela pandemia, foi através do bar, merchandising e das quotas dos Sócios que a embaixada, num tempo "complicado de gerir", superou as dificuldades. Uma ajuda foi a culinária tradicional portuguesa, chamariz de multidões, como notou Marco Nunes, diretor do Conselho Fiscal da Casa.

"Nesta altura, e dada a pandemia, foi difícil para tudo. Foi complicado de gerir, a Casa esteve fechada duas vezes. Conseguimos manter-nos através do bar, das quotas dos Sócios e da venda de artigos desportivos, porque não temos modalidades. Vendemos muita comida portuguesa, tirando em ocasiões especiais aqui na Alemanha. Quando se faz o Cozido à portuguesa, é uma romaria à Casa, parece que o Benfica joga", disse, em tom de brincadeira.

"A Casa tem muita importância no aspeto de juntar os amigos e os Benfiquistas, não é só a questão de ver os jogos, mas da união. A vida de um emigrante muitas vezes não deixa tempo para outras coisas, e nós aproveitamos a Casa e o Benfica para socializar e sair da rotina", partilhou.

O braço armado do Clube em Gross-Umstadt cumpre o seu objetivo, aproxima a comunidade Benfiquista e portuguesa e faz-se sentir como casa. Atualmente, com 112 Sócios, o desejo para o futuro é só um: a nova imagem, para atrair mais visitantes.

"Ia ser muito difícil se não tivéssemos aqui a Casa Benfica. Mesmo tendo os canais desportivos em casa, venho sempre aqui, porque me sinto como se estivesse no Estádio da Luz. Sentimo-nos mais seguros a ver aqui o futebol. Até já fico na dúvida se esta é a minha primeira ou segunda casa. Gostávamos muito de ter a nova imagem na Casa, talvez trouxesse mais visitantes e Sócios. O nosso espaço é pequenino, mas podia trazer mais pessoas assim", finalizou José Mirra, tesoureiro da Casa Benfica.