"Ficou demonstrado que temos a melhor equipa"

O Hexacampeonato não satisfaz as jogadoras da equipa feminina de futsal do Benfica. Acabaram de conquistar o sexto título nacional consecutivo, mas a primeira coisa em que pensaram, logo a seguir, foi em vencer o sétimo. Depois, sim, pensaram nas férias. Foi isso que explicou Fifó, que, tal como toda a estrutura da equipa feminina de futsal, tem o sonho da Champions.

Regressou à Luz no início da época, após um ano em Itália, em representação do Città di Falconara, e fechou a época com chave de ouro, ou seja, mais uma vez, fundamental na conquista do título do Benfica, o qual foi o 6.º seguido, o 5.º em que participou.

Numa entrevista ao programa Protagonista, na BTV, a jogadora de 22 anos sublinhou a justiça deste Hexacampeonato, sem, no entanto, deixar de destacar a qualidade do adversário.

"Poderíamos ter fechado a final com a vitória em três jogos, mas, nesse jogo, de facto, fomos muito ineficazes e acabámos por perder. Mas é importante reconhecer que o Nun'Álvares tem uma grande equipa, composta por muitas jogadoras da seleção, como nós, e disputou este campeonato até ao fim. Foi uma conquista difícil, muito valorizada pela forma como os jogos decorreram, mas ficou demonstrado que temos a melhor equipa, temos o melhor plantel. E fomos para jogo 4 com essa responsabilidade, mas também com a motivação de o demonstrar."

Além da festa do título, o jogo 4 da final do play-off da Liga Feminina Placard ficou marcado por um golo do outro mundo de Fifó, que a própria fez questão de descrever. "Tomei a decisão de rematar ainda antes de receber a bola da Inês. Vi que a guarda-redes estava adiantada, porque ela costuma estar uns passos à frente da baliza, e percebi que tinha ali uma nova oportunidade para conseguir o golo. E, assim que a bola chegou até mim, não hesitei. Rematei com a intenção de fazer o golo. Felizmente que, desta vez, resultou."

O tento da ala teve o condão de "mudar a partida", pois recolocou a igualdade no marcador. "Foi um golo que mudou o jogo, porque estávamos a perder, e disse-nos, a todas, que o jogo não ia ser igual ao anterior, disputado em Fafe, onde perdemos, mas desaproveitámos imensas oportunidades de marcar. Aquele golo foi o clique de que precisávamos."

AS IDEIAS DE ALEX PINTO

As conquistas do Benfica, durante a temporada, ganham uma relevância ainda maior quando recuamos, na linha do tempo, até meio da época, quando foi tomada a decisão de mudar de treinador, saindo Pedro Estrela e entrando, para o seu lugar, Alex Pinto. Novas ideias que se juntaram a velhas dinâmicas.

"Foi uma alteração, e isso provoca sempre mudança, e é sempre uma incógnita, saber como as coisas vão correr. Mas o novo treinador chegou e aproveitou muito do que estava feito, até porque nós jogamos juntas há muito tempo, e isso tem de ser uma vantagem para a equipa, e foi acrescentando algumas das suas ideias, o que nos ajudou ainda a melhorar mais. No entanto, não é um processo que esteja acabado, e é por isso que digo que temos ainda margem para crescer e tornarmo-nos ainda melhores, porque, com o tempo, a identificação entre treinador e jogadoras será mais aperfeiçoada. A nossa equipa tem um potencial incrível de crescimento, individual e coletivo", reconheceu Fifó.

O SONHO DA CHAMPIONS

Depois de uma temporada que terminou com uma avalancha de troféus conquistados – Campeonato, Taça de Portugal, Taça da Liga e Supertaça –, ainda assim, a perda da única taça, que escapou na final a esta faminta equipa do Benfica é sentida com amargura e até revolta interior.

"A Liga dos Campeões, mesmo que sendo uma prova oficiosa, escapou-nos mais uma vez. É algo que todas temos o sonho de conquistar, estivemos perto, neste ano, mas cometemos erros que nos tiraram essa possibilidade. Mas vamos voltar e sempre com a mesma intenção, que é a de ganhar esse troféu. Todas temos a esperança de que a UEFA, mais tarde ou mais cedo, organize esta competição, porque quero muito ganhá-la, principalmente tendo ao meu lado algumas jogadoras do Benfica que merecem tanto ou mais do que eu essa conquista. A Ana Catarina, a Inês e a Sara são jogadoras que perseguem esse objetivo há mais tempo do que nós, as mais novas, e seria lindo que conseguíssemos conquistar esse troféu todas juntas. Vai ter de acontecer, temos qualidade para o conseguir, e para o Clube seria também magnífico. Além de que os nossos adeptos também esperam por essa conquista há muito tempo, porque confiam em nós para ganhar a Champions", confessou.

Mas não é apenas no Benfica que falta uma conquista internacional. Também ao serviço da seleção nacional portuguesa tem faltado uma pontinha de sorte para sair do "quase".

"Eu acredito que vamos conseguir, e espero estar no próximo Europeu. Portugal merece esse título. Somos uma das maiores potências do futsal feminino, mas não queremos ficar por finais perdidas. Merecemos e queremos mais. A nossa liga está cada vez mais competitiva, e isso ajuda-nos a chegar a estas competições mais preparadas para o desafio de as conquistar. É algo que as jogadoras querem muito, e acredito muito que vamos chegar lá. Esteve quase, no último Europeu, e saímos frustradas, mas convencidas de que é possível sermos campeãs da Europa", frisou. 

ADEPTOS INCOMPARÁVEIS

A massa benfiquista que segue todas as equipas do Clube um pouco para todo o mundo mereceu palavras de reconhecimento de Fifó.

"Um agradecimento muito especial aos nossos adeptos. Em casa ou fora, eles estão sempre lá. No nosso pavilhão, têm sido incríveis, e há cinco ou seis anos seria impossível pensar em ter tanta gente a acompanhar a nossa equipa. Somos uma das equipas do Benfica que levam mais adeptos aos pavilhões, e isso é um reflexo do interesse que o nosso jogo, a nossa qualidade, suscita nos adeptos. Mas, em todos os jogos, levamos esses adeptos no coração e temos por eles uma gratidão imensa. E, claro, isso é motivador para nós e para as outras equipas, está a fazer o futsal evoluir", rematou.