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Atletismo
Após brilhar nos Europeus, com um 5.º lugar nos 60 metros, a velocista Arialis Martínez aponta já baterias para os Mundiais e Jogos Olímpicos de Paris, em 2024, como confessa em entrevista ao programa Protagonista, em que também falou da sua adaptação a Portugal.
17 julho 2023, 12h10
Arialis Martínez
Chegou a Portugal, com vinte e dois anos, carregada de sonhos, ambição e com uma menina no ventre, vinda do seu país natal, onde escasseavam as oportunidades e as condições para concretizar o seu incrível potencial de velocista. A verdade é que Arialis Martínez foi uma das vítimas do desinvestimento da Escola Nacional de Atletismo, em Cuba, na velocidade.
Através de Ana Oliveira, encontrou, em Lisboa e no Benfica, um novo abrigo onde podia desenvolver as suas características de uma atleta veloz, mas à qual faltava quase tudo para se afirmar no contexto internacional. Passou pelos Jogos Olímpicos de 2016 de uma forma fugaz e também pelos Jogos Ibero-Americanos, mas a sua juventude e a forma como era ignorada pela federação cubana, fê-la sonhar em sair do país.
Há quase seis anos, o Benfica e a sua coordenadora do projeto olímpico, Ana Oliveira, tornaram possível que Arialis pudesse cruzar o Atlântico. Esta semana, no programa Protagonista, a atleta luso-cubana relembrou esses momentos e fixou a sua memória no dia em que pisou solo português.
Há seis anos, chegou a Lisboa, mas as coisas, durante todo este tempo, não correram exatamente da forma que esperava?
O dia em que cheguei a Portugal foi um dia feliz, que vou recordar para sempre.
Cheguei grávida da minha filha e isso, claro, condicionou a minha carreira nos anos seguintes. Nunca deixei de treinar, mas durante três anos, competi muito pouco. A minha filha ocupava-me o tempo todo, passei um pouco mal, nessa altura, foi um período muito difícil da minha vida. Valeram os meus amigos, a minha treinadora, a Ana Oliveira e o Benfica. Este clube é grandioso…
Durante esses anos, chegou a pensar em desistir?
Nunca. Vim para Portugal atrás de um sonho. E era muito nova. E, nos momentos mais difíceis, percebi que estava no sítio certo para alcançar aquilo com que sonhei. As condições que o Benfica oferece, o cuidado que tem com os seus atletas, a nossa treinadora, nossa amiga e nossa mãe, nunca deixaram que desistisse.
"Nunca deixei de treinar, mas durante três anos, competi muito pouco. A minha filha ocupava-me o tempo todo, passei um pouco mal, nessa altura, foi um período muito difícil da minha vida"
Arialis Martínez
E há um ano, a chegada da sua mãe, também foi determinante?
Foi o momento de viragem. Era o apoio que me faltava. A minha filha estava também mais crescida e fiquei mais disponível para o treino, para a competição. Agora, se tiver de me ausentar dez dias para participar numa competição, consigo fazê-lo, porque a minha filha está com a minha mãe. E, com cinco anos, a minha filha é muito compreensiva, tem sido educada assim. Sabe que a mãe está a trabalhar e já começa a ter noção dessa responsabilidade.
O ANO DA MUDANÇA
O ano de 2023, tem sido um ano de mudança. Estreou-se pela seleção portuguesa, nos Europeus de pista coberta, em março e logo com um resultado histórico...
Foi notável. Pela primeira vez, uma atleta portuguesa conseguiu o apuramento para a final dos 60 metros. Essa foi a primeira vitória. Ganhei a primeira eliminatória, depois, na meia-final, estava muito nervosa, arranquei mal. As partidas são um problema para mim, e fiquei no último lugar que dava apuramento para a final. Mas, depois, aconteceu aquilo que não estava à espera: parti muito bem na final e apercebi-me que poderia alcançar um bom resultado. Antes, a minha treinadora disse-me que o importante era terminar, porque estar na final já era um grande resultado. Mas consegui superar-me e terminei em quinto. E aconteceu algo que não é normal em mim, quebrei um pouco na parte final.
Ou seja, depois de quatro anos sem competir a um nível alto, em poucos meses de preparação mais exigente e completa, consegue este resultado inédito em Portu gal… O que sentiu nessa altura?
Senti uma alegria imensa, senti que todos os sacrifícios valeram a pena, senti uma gratidão enorme ao Benfica, que foi o clube que me acolheu, que teve paciência comigo, que me deu todas as condições para nunca desistir. Senti uma admiração profunda pela minha treinadora, pelos meus amigos, os meus companheiros. E senti que, finalmente, começo a dar razões a quem confiou tanto em mim, para continuar a acreditar. E sinto, cada vez mais que, aos 28 anos, vou muito a tempo de me tornar uma das melhores do mundo.
"Parti muito bem na final e apercebi-me que poderia alcançar um bom resultado. Antes, a minha treinadora disse-me que o importante era terminar, porque estar na final já era um grande resultado, mas consegui superar-me e terminei em quinto"
TRÊS CICLOS OLÍMPICOS
Melhorando tanto, em tão pouco tempo, fica a sensação de que os seus sonhos se podem mesmo concretizar...
Espero que sim e a forma como estou agora a treinar vai ajudar-me. Preciso de melhorar muito nas partidas, sobretudo nos 60 metros em pista coberta e nos 100 metros ao ar livre, porque nessas disciplinas, o arranque é fundamental. Nos 200 metros, há mais distância para recuperar. Mas, para baixar dos onze segundos nos cem metros, que é o meu grande objetivo, em termos de marca, tenho de melhorar. Neste momento, já estou entre as 28 atletas mais rápidas do Mundo, mas não chega. Fui quinta, no europeu de pista coberta e vou estar nos Mundiais, em agosto. Claro que não estou a pensar, ainda, em repetir esse resultado, porque vão estar lá as melhores atletas do Mundo. O meu objetivo é chegar a uma meia-final. Depois, logo se verá.
Este ano é o Mundial e para o ano os Jogos Olímpicos. A continuar a evoluir dessa forma, até onde é que vai o sonho?
O sonho, desde logo, vai até daqui a uns anos, porque gostaria de completar três ciclos olímpicos. Em Paris e depois nos próximos dois Jogos. Tenho 28 anos e terei 36 daqui a oito, o que é perfeitamente possível, já que está demonstrado que as principais velocistas do mundo atingem o seu ponto máximo aos 34, 35, 36 anos. Portanto, espero estar, nessa altura, no meu melhor momento…
Quem está de fora, acha sempre que nessa idade se perde velocidade…
Está demonstrado que não é assim, mas temos de perceber que as pequenas distâncias como os 60 metros ou os 100 metros, não se trata apenas de velocidade pura. São disciplinas muito técnicas e é natural que aos 33, 34 anos, sejamos melhores atletas, mais preparadas e a dominar todos os segredos da corrida. Porque há outras coisas para além da velocidade, como a potência, a forma como se arranca…
E é exatamente isso que pensa melhorar nos próximos anos. Todos os dias treina as partidas?
Não. São treinos muito intensos, movimentos muito bruscos, de potência. Não posso treinar as partidas, todos os dias. Nos treinos, alterno entre as várias distâncias que corro, mas o arranque não é uma coisa que possa treinar todos os dias. Mas tenho uma treinadora que é top. O que a Ana Oliveira tem feito comigo e com outros atletas que vieram de Cuba, como eu, é incrível. O que nós temos conseguido evoluir com ela. Porque, a professora, além de nossa treinadora, é nossa amiga e quase nossa mãe. Mas, no treino, é muito exigente, como tem de ser. Sem ela, não seria possível atingirmos os resultados que temos atingido e nem poderíamos sonhar com os resultados que temos tido e que ainda queremos ter.
"Preciso de melhorar muito nas partidas, sobretudo nos 60 metros em pista coberta e nos 100 metros ao ar livre, porque nessas disciplinas, o arranque é fundamental. Nos 200 metros, há mais distância para recuperar"
O HINO PORTUGUÊS
Já se imaginou, numa grande competição internacional, subir ao pódio e ouvir o hino de Portugal?
Sinceramente é algo com que sonho. É para isso que trabalho, para devolver a Portugal, ao Benfica e às pessoas que tornaram possível a minha vinda, um pouco do que já recebi. Adoro este país, adoro as pessoas, são muito gentis e sinceramente acredito que vou lá chegar. Sou, neste momento, a 28.ª mais rápida do mundo nos cem metros. Com a preparação que tenho, acredito cada vez mais que vou conseguir baixar dos onze segundos e, quando o conseguir, vou estar na luta, nas grandes competições.
A fechar, ao fim de seis anos em Portugal, o que é que conhece do nosso país?
Na verdade, conheço muito pouco, além de Lisboa e dos seus arredores. Porque sou muito caseira, tenho de descansar e ainda de dar atenção à minha filha. Gosto muito de estar em casa, a ver a Netflix. E gosto da comida portuguesa. Só não consigo gostar de bacalhau (risos) embora coma bacalhau na brasa. Gosto de feijoada. Em casa, comemos muito à base de comida cubana, mas a minha mãe está a aprender a cozinhar outras coisas, típicas de Portugal. Como disse, adoro este país e as pessoas.
Texto: José Marinho
Fotos: Arquivo / SL Benfica
Última atualização: 21 de março de 2024