Reportagem

06 agosto 2023, 15h30

Reportagem família Mimoso

A família Mimoso unida em prol da prática desportiva e do Clube

A atividade física corre-lhes nas veias, como constatou a reportagem do jornal O Benfica, publicada na edição de 4 de agosto. O destino parecia traçado, tal a ligação dos pais ao desporto. São seis e chegam ao Estádio da Luz. Renato Mimoso ainda vai treinar natação, tal como Ricardo Mimoso, que pisa o tatâmi de judo ao final da tarde.

Rafael Mimoso, Romeu Mimoso e Roberto Mimoso têm maior disponibilidade neste dia, além de Rodrigo, o mais velho (17 anos), que já vestiu a camisola do Benfica, mas decidiu afastar-se das lides competitivas. Para esta família, as rotinas entre treinos, escola e tarefas domésticas, repartidas entre todos (lá em casa há uma escala para ser cumprida), é um modo de vida!

"Há dias em que começamos às 5h20 e acabamos às 22h00. Primeiro, venho trazer o Rafael ao estádio e, depois, venho buscar o Ricardo, ao final do dia. É um projeto que exige prioridades, mas há uma componente engraçada, pois ao fim de uns anos os meus amigos passaram a ser daqui", diz ao jornal O Benfica o pai, Rui Mimoso, que praticou natação, basquetebol (entre outros emblemas, jogou no Estrelas da Avenida com Sérgio Ramos, ex-SLB) e hoje é aficionado do ciclismo e aventura-se no BTT.

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"Há dias em que começamos às 5h20 e acabamos às 22h00. É um projeto que exige prioridades, mas há uma componente engraçada, pois ao fim de uns anos os meus amigos passaram a ser daqui"

Rui Mimoso, pai

Até aos 10 anos, todos conciliam ou conciliaram judo e natação, naquela que foi uma opção da família. Também a mãe, Raquel Ferreira Mimoso, acompanha os filhos na chegada à Catedral. Diante de todos, diz ser a maior benfiquista lá de casa, afirmação que gera alguns sorrisos. Esteve ligada ao desporto desde cedo, praticou natação no Benfica e também basquetebol. "Cresci no Benfica, no antigo estádio, na piscina antiga", conta-nos a filha de Miranda Ferreira, médico da equipa de natação encarnada durante alguns anos.

"São a melhor família de todas", diz Felipe Quadros, treinador de judo do Clube, que passa por perto e percebe que se trata da reportagem para o jornal O Benfica. "Obrigada! Depois, passamos o cheque", responde Raquel, em tom de brincadeira.

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NA CALHA PARA PARIS 2024 AO LADO DE ROCHELE

Atentos, os irmãos escutam-se uns aos outros. Há ano e meio no Benfica, Ricardo sempre se direcionou para as artes marciais. "Gostava de judo e experimentei, mas antes estive aqui na natação", diz o atual vice-campeão nacional de cadetes, cuja categoria é +90 kg. A presença da multimedalhada Telma Monteiro é um incentivo extra para este parceiro de treino de Rochele Nunes. Aliás, a judoca encarnada já disse a Ricardo que será uma das opções para training partner em Paris 2024, o que deixa lisonjeado o atleta de 14 anos.

"Quando estuda, é um excelente aluno, mas não faz metade do que poderia fazer", aponta o pai. "Faço os mínimos", contrapõe Ricardo, que se entusiasma quando perguntamos o que significa o Benfica. "Responde o que dizes lá em casa. Agora é que vai ser…", puxam os irmãos. Ricardo aceita o repto. "É das coisas mais importantes da minha vida! Apoio todas as modalidades. Adoro o Benfica! Venho a todos os jogos de futebol e das modalidades", admite, com orgulho.

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Ricardo Mimoso (judo) é parceiro de treino de Rochele Nunes e poderá estar em Paris 2024 ao lado da olímpica encarnada, também nessa condição

Roberto, 8 anos, está mais envergonhado. É o pai quem ajuda o filho a responder. Está no nível de pré-competição, prepara-se para ser nadador. “Gosto de judo e natação. Sou do Benfica, porque tem jogadores muito bons”, afirma o filho mais novo, que deverá enveredar pelo judo em breve, tal o talento para a modalidade. "O Roberto é quem mais grita pelos irmãos nas provas", conta Rui Mimoso.

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PICARDIAS SALUTARES: "SÓ GOZO COM ELES"

As provocações e picardias salutares também fazem parte do convívio entre os irmãos. "Gosto muito da piscina. Por vezes, vejo os meus irmãos a nadar", diz Romeu, 10 anos. Rafael Mimoso é a referência e, por isso, quando tiver mais uns aninhos, ambiciona bater os recordes do mano, que acaba de arrecadar o ouro nos 200 metros bruços, no FOJE, em Maribor.

Antes, também no mês de julho, ficou em 6.º lugar na final dos 200 metros bruços no Europeu de Juniores, que decorreu em Belgrado. Era o mais jovem atleta em competição e, com 2.17,43 minutos, superou a marca de Alexandre Yokochi (2.17,87 minutos, registada nos Jogos Olímpicos de Seul, em 1988), tornando-se assim no atleta encarnado mais rápido de sempre nesta prova, batendo também o recorde nacional de juvenis A, que já lhe pertencia (2.18,32 minutos). O registo seria posteriormente pulverizado no FOJE (2.15,98 minutos).

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"O Romeu é excelente em todos os estilos e está sempre a dizer que vai ganhar ao irmão", comenta o pai. Rafael ri-se. "Eu só gozo com eles… Preciso de ver isso, até lá não acredito. O Renato acha que o tamanho é tudo na natação, anda a medir a envergadura. Acha que me consegue ganhar. Pode ser que até venha a conseguir, mas ainda não consegue, e o Romeu, para a sua idade, faz melhor do que eu fazia. Mas eu levava aquilo na brincadeira, e o Romeu já dá tudo", reage.

Antes de rumar à piscina do Benfica, Renato intervém: "Eles estão sempre a picar-me, a dizer que tenho de melhorar isto e aquilo." Tem 13 anos, esteve no basquetebol, que praticou em simultâneo com o judo e a natação. Optou pelo mundo das piscinas e sente-se feliz. "Torna-me mais descontraído, até para aliviar o stress", completa. Diz ter boas notas e considera que estar no Benfica "é uma grande motivação". "Sinto-me privilegiado por ter estas condições. O Benfica ajuda-me muito, gosto muito", enfatiza.

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APOIO E ORGANIZAÇÃO COMO CHAVE

A organização e a capacidade para gerir a logística por parte dos pais facilitam tudo. "Sabemos o que é treinar às 6h00, e existem sacrifícios a fazer", desabafa a mãe, Raquel. Quando as provas coincidem, os pais dividem-se para acompanhar os filhos. "Não há pressão para ganhar, são eles que a colocam uns aos outros. Para nós, é uma questão de atitude", assume o pai, Rui.

Ricardo decide meter-se na conversa. "Os nossos pais são muito competentes, são muito bons no que fazem e no apoio que nos dão. Estão sempre lá para ajudar." É algo já estabelecido. "Já levamos muitos anos nisto, e aos fins de semana temos as provas", completa Rui. Neste modo de viver, a convivência com as demais famílias de outros atletas é chave, e muitas passaram e cumprimentaram o clã Mimoso no estádio.

AMOR INCONDICIONAL PELA NATAÇÃO

Rafael Mimoso dá cartas na natação. Debutou aos 8 meses. Também experimentou judo e basquetebol. "Era bom jogador, mas não era para mim", afirma, enquanto o pai sorri. "Havia dois ou três que queriam ser futebolistas, mas achámos que não deveria ser o desporto de eleição lá em casa. Cria-se um ambiente competitivo desde muito cedo, e alguns pais levam aquilo demasiado a sério", expõe.

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"Não sou tão fanático como o Ricardo, mas também vou aos jogos de futebol e de basquetebol"

Rafael Mimoso

Rafael, 16 anos, vive o 4.º ano no Clube e não pára de evoluir com vários recordes em bruços. Hoje, diz-se habituado ao ritmo frenético do seu dia: "Não me faz muita confusão. Quando treino no Benfica às 6h00, acordo às 5h00. Saio do treino às 7h30, e vou para a escola. Ao início custava-me muito." Os pais dizem que Rafael nunca se queixa, é muito disciplinado, e, se necessário, às 21h00 está na cama.

Ainda sem querer pensar em grandes voos, como os Jogos Olímpicos, Rafael Mimoso elogia a estrutura encarnada e, tal como os irmãos, também adora o Clube. "Não sou tão fanático como o Ricardo, mas também vou aos jogos de futebol e de basquetebol. Abdiquei do meu Red Pass para o senhor Ricardo", conta, enquanto o judoca lá de casa agradece. "O Benfica é como se fosse oxigénio para ele", atira Rafael, cujos dotes culinários fazem furor. O bolo de iogurte com leite condensado e frutas é uma especialidade.

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UM ADEUS PREMATURO PELO PRAGMATISMO

Hoje, Rodrigo, 17 anos e 1,90 m, já não compete. Praticou natação, foi campeão nacional de bruços em infantis e esteve a um passo de integrar o basquetebol do Clube. "Não volto a competir, mas gosto muito de acompanhar os meus irmãos nas provas", diz. "O Rodrigo é muito pragmático. Sabe o que é preciso investir para se praticar desporto a nível federado. É muito para o retorno que dá", explica o pai. "Segue os desportos todos, sabe tudo sobre basquetebol e vê todos os jogos da NBA", acrescenta a mãe sobre a "enciclopédia lá de casa". "Também tenho Red Pass e venho aos jogos no estádio e nos pavilhões", atira Rodrigo.

Artigo publicado na edição de 4 de agosto do jornal O Benfica

Texto: Paulo Nunes Teixeira
Fotos: Tânia Paulo / SL Benfica
Última atualização: 21 de março de 2024

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