Fôlego para recuperar e carimbar a final

RESUMO DO JOGO

No primeiro jogo oficial da nova época, o triunfo da equipa feminina de futebol do Benfica na meia-final da Supertaça, ante o SC Braga, só chegou no desempate por grandes penalidades, após igualdade (3-3) no final dos 90 minutos, mas a vitória é justa, tendo em conta o caudal ofensivo e as oportunidades criadas pelas tricampeãs nacionais.

No Benfica Campus (Campo n.º 1), perante cerca de 1200 espectadores, as encarnadas tiveram uma entrada fulgurante. Logo aos 2', Lúcia Alves, que iniciou a partida no corredor direito, vislumbrou Marie Alidou em boa posição, entregou-lhe a bola, esta sofreu um desvio em Dolores Silva, e a camisola 2 aplicou um forte remate com o pé direito – o esférico só parou no fundo da baliza das visitantes. Estava feito o 1-0!

Grande estreia da média canadiana pelo Benfica. Com um ataque móvel, as Inspiradoras remeteram as minhotas para o seu reduto defensivo. Aos 10', após canto, Carole Costa, que capitaneou a equipa, desviou de calcanhar para a baliza do SC Braga, mas Patrícia Morais agarrou o esférico.

Sem nada fazer para o justificar, as arsenalistas empataram. Num lance muito, muito discutível, aos 20', a árbitra Filipa Cunha entendeu que Catarina Amado derrubou Caroline Kehrer na área de rigor. Assinalada a grande penalidade, Sissi bateu Lena Pauels (1-1, aos 21'), que também efetuou o primeiro jogo de águia ao peito.

Com a igualdade no marcador, aos 22', Caroline Kehrer, de fora área, testou a atenção da guarda-redes alemã, que defendeu para canto.

Dois minutos depois, a avançada do SC Braga surgiu isolada, mas Catarina Amado conseguiu realizar um grande corte, que Lena Pauels completou, resolvendo a situação.

Inseguro no processo defensivo, o Benfica permitiu a reviravolta. Num canto para o Braga, Lena Pauels deixou escapar o esférico e Caroline Kehrer fez o 1-2, aos 25'.

A reação das comandadas de Filipa Patão não demorou. Aos 27', Nycole Raysla, pelo corredor esquerdo ofensivo, ganhou em velocidade a Sissi, serviu Marta Cintra, que perdeu o duelo com a guarda-redes do SC Braga.

Disposto a igualar, o Benfica acelerou. Sucederam-se as ocasiões de golo. Francisca Nazareth endossou a bola para Marie Alidou, que viu o golo negado por Patrícia Morais, aos 32'. Na insistência, Lúcia Alves atirou ao lado.

Aos 34' a lateral ganhou a linha de fundo, tentou assistir Francisca Nazareth, cujo remate foi travado por Patrícia Morais.

Na busca incessante pelo golo, aos 35' foi a vez de Ana Seiça atirar de fora da área, para defesa da guarda-redes contrária.

Seguiu-se a tentativa de Catarina Amado, que picou a bola sobre Patrícia Morais. A guarda-redes rival defendeu (41'). O Braga ainda ripostou aos 45', mas Lena Pauels não facilitou.

Mais uma vez contra a corrente de jogo, aos 45'+2', Peace Efih aproveitou um cruzamento de Kehrer para cabecear com êxito (1-3), resultado com que se chegou ao intervalo.

Com muito apoio desde as bancadas [Jéssica Silva, lesionada, foi aplaudida], o Benfica debutou a segunda metade com ímpeto para reverter a situação.

Catarina Amado deu logo o mote com um remate que passou por cima da baliza do SC Braga.

A carregar no pedal, aos 58', Francisca Nazareth atirou rasteiro para defesa de Patrícia Morais. Até que, no minuto seguinte, a camisola 10 encarnada foi abalroada por Melisa Hasanbegovic na área arsenalista. Assinalado o pontapé de penálti, a criativa internacional portuguesa encarregou-se de marcar o castigo máximo, mas Patrícia Morais defendeu.

A entrada de Andrea Falcón, aos 65', foi determinante para mudar o jogo. Aos 69', a avançada espanhola contratada nesta temporada teve a primeira chance: atirou cruzado de pé esquerdo para nova intervenção de Patrícia Morais.

Uma grande abertura de Francisca Nazareth para o corredor canhoto originou o 2-3, aos 77'. Falcón controlou o esférico e voltou a rematar cruzado, desta vez com sucesso!

Só faltava um golo para a anular a vantagem bracarense. E esse mesmo golo foi construído pelas mesmas protagonistas. Passe de Francisca para Falcón, que ultrapassou Tânia Rodrigues pelo flanco canhoto, e cruzou para o cabeceamento da camisola 10 para o fundo da baliza das minhotas (3-3, aos 81').

Até ao final, o desafio poderia ter ficado sentenciado. Aos 87', o remate de Marie Alidou passou por cima do alvo. Aos 90', a canadiana, isolada por Anna Gasper, não conseguiu bater Patrícia Morais, que voltou a defender para canto. Ao 7.º minuto do tempo de compensação, o ambicionado tento esteve perto de acontecer, pois Melisa Hasanbegovic desviou o cruzamento de Andreia Norton para a trave...

Sem tempo para mais, a decisão do encontro foi adiada para o desempate por grandes penalidades. Lena Pauels defendeu as duas primeiras tentativas do SC Braga, por intermédio de Caroline Kehrer e de Vitória Almeida, enquanto o Benfica não vacilou. Carole Costa, Marie Alidou, Laís Araújo, outra das estreantes, e Christy Ucheibe converteram os castigos máximos e deram o triunfo às águias (4-2).

O Benfica garantiu assim presença na final da Supertaça, agendada para 13 de setembro, no Estádio Municipal de Aveiro, duelo em que medirá forças com o vencedor da outra meia-final, entre Famalicão e Sporting, a realizar-se neste domingo, 3 de setembro.

Antes disso, o foco está na Liga dos Campeões. Na quarta-feira, 6 de setembro, as encarnadas iniciam o caminho rumo à desejada fase de grupos. No Benfica Campus, as tricampeãs recebem o Cliftonville Ladies (Irlanda do Norte), às 20h00.

DECLARAÇÕES

Filipa Patão (treinadora do Benfica): "Jogo de nervos por culpa própria. Na primeira parte, começámos a desconfiar de nós próprias, por descontrolo emocional devido ao penálti assinalado. Centrámo-nos no que não conseguimos controlar, que são as decisões da árbitra, e não nos centrámos no que conseguimos controlar. Cometemos muitos erros no posicionamento e na transição defensiva, o que não é habitual. Ao intervalo, retificámos, voltámos a encontrar-nos. Na segunda parte só houve uma equipa a querer ganhar, e fez-se justiça no final. Poderia ter sido no tempo regulamentar, foi nos penáltis. Aí, a mensagem passada foi de que temos capacidade para bater penáltis e há que manter a calma. Só posso agradecer a presença destes enormes adeptos que nos puxaram para a frente, e peço que nos acompanhem cada vez mais, porque estas jogadoras merecem. Não é qualquer equipa que consegue dar a volta, a perder por 1-3."

Carole Costa (defesa-central do Benfica): "Foi um jogo em que poderíamos ter tido mais paciência, mas com a ajuda destes adeptos fantásticos arrancámos a vitória. Estivemos sempre por cima, não é qualquer equipa que consegue chegar ao empate com uma desvantagem de 1-3, e levar o jogo para os penáltis. Estamos confiantes e mais fortes que nunca. Conseguimos assimilar o que a treinadora nos disse ao intervalo, tivemos mais paciência com bola e definimos melhor o último passe. Vencemos nos penáltis, faz parte do jogo, e estamos contentes com isso. Estávamos preparadas para esse momento, a equipa não tremeu, a Lena [Pauels] defendeu dois penáltis, foi um momento fantástico da nossa equipa e estamos muito unidas. O ambiente estava incrível. Os adeptos identificam-se connosco e esta massa adepta deixa-me cada vez mais orgulhosa. Estamos muito contentes com o nosso trabalho e certamente daremos muitas alegrias a estes adeptos."