Basquetebol Feminino

29 setembro 2023, 13h22

Trabalho jornal

Eugénio Rodrigues orienta o treino

Inicia-se, neste fim de semana de 30 de setembro e 1 de outubro, mais uma edição da liga portuguesa de basquetebol feminino. Uma época em que, estranhamente, a equipa do Benfica não defenderá o título de campeão.

Depois da traumática perda do título, na final da temporada passada, o Benfica decidiu dar um rumo diferente a grande parte das jogadoras que compunham o plantel, e dará começo a um novo ciclo. Ao leme, Eugénio Rodrigues, que, depois de ter construído uma equipa que foi bicampeã, agora terá de mostrar quão bom é a reconstruir.

E esse é o signo em que a época decorrerá para a equipa benfiquista. Restam poucas jogadoras que foram bicampeãs, e apenas uma delas, Marta Martins, jogou de forma regular nessas duas brilhantes temporadas. O primeiro pressentimento de que estávamos perante um novo ciclo deu-se quando os Benfiquistas foram sacudidos pela notícia da saída de Joana Soeiro, a ex-capitã e uma jogadora que era a extensão do treinador em campo.

E essa é, desde já, a primeira interrogação em torno da equipa. Depois de Joana Soeiro, quem será o prolongamento do treinador em campo? Inês Viana, contratada para liderar a equipa, com a sua experiência e visão, lesionou-se gravemente e abriu essa corrida interna por um papel de ascendência anímica e comportamental, a que Eugénio Rodrigues dá muito valor.

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MUITA JUVENTUDE NO GRUPO

A lesão de Inês Viana vai acentuar o peso da juventude no plantel, um peso que contrasta com alguma experiência que é assegurada por jogadoras com perfil de maior preparação para uma liga que se apresenta cada vez mais competitiva. A juventude das atletas, algumas das quais saídas da formação do Clube, pode ser um sinal de voluntarismo, compromisso e disponibilidade para a competição, mas comporta riscos que o Clube conhece e o treinador saberá contornar.

Entre as jogadoras, existe um caso sintomático que é a síntese perfeita do que o Benfica procura. Chama-se Marta Martins, jogadora ainda jovem, mas com uma experiência já acumulada na equipa principal que a torna imprescindível neste novo ciclo da equipa feminina de basquetebol. Mesmo assim, falhará também a fase inicial do campeonato, devido a uma lesão que atrasará a sua afirmação como uma das jogadoras que Eugénio Rodrigues procurará que sejam a âncora da equipa. Benfiquista, cómoda em situações comportamentais, nas quais se pretende especializar, na área dos seus estudos, Marta Martins pode ser o farol cuja luz as jogadoras procurarão em situações de maior neblina competitiva. Muito dificilmente, se for Marta Martins a guiar comportamentalmente a equipa, ela seguirá rotas que a levem ao encalhamento desportivo.

Brilhante no seu talento, mas com um potencial ainda inacabado, Marta Martins levará a sua energia positiva para uma equipa que vai precisar desse alimento espiritual para superar os desafios de uma época longa e com os solavancos próprios de uma liga competitiva e muito disputada.

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ADAPTAÇÃO À EXIGÊNCIA

A Marta, vai juntar-se outra jovem, formada no Benfica e regressada ao Clube na época passada. Trata-se de Carolina Cruz, uma poste com capacidades físicas extraordinárias, que combina com um tiro exterior que não é habitual em basquetebolistas com o seu perfil. É mais uma jogadora que conhece o treinador, a sua exigência, a sua textura competitiva e o compromisso que é uma das características irrenunciáveis para jogar numa equipa orientada por Eugénio Rodrigues.

Este conhecimento mútuo, entre o treinador e algumas das suas jogadoras, será ainda mais determinante nesta temporada, devido a uma mudança de ciclo e com uma remodelação de plantel tão profunda. Essas jogadoras permitirão que a transição se faça sem grandes sobressaltos e constituirão uma espécie de manual de instruções para as jogadoras que chegam, mesmo que algumas delas tenham experiência em ambientes mais competitivos que a liga portuguesa.

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Aliás, uma coisa se percebe que se vai manter inalterada na equipa do Benfica: a capacidade que a mesma terá de enfrentar adversidades, através do caráter das suas jogadoras. Na composição do seu plantel, Eugénio Rodrigues escolhe talento, escolhe potencial, mas nunca deixa de fora o caráter. Sem isso, não teria conseguido conquistar tantos títulos em tão poucos anos, ao serviço do Benfica.

E esse é, desde já, o laço visível que vai unir as jogadoras a uma ideia de jogo e, mais do que isso, a uma ideia de clube, que o treinador impõe às suas jogadoras. Uma espécie de mandamento que segrega positivamente os comportamentos das suas jogadoras, numa espécie de "dar a vida" pelo Benfica.

Em campo, as jogadoras de Eugénio Rodrigues são guerreiras, e este plantel, desde a mais nova à mais experiente, consegue dar essa garantia de entendimento das regras e de cumprimento das quotas exigidas de bravura e de entrega. 

PLANTEL A DEIXAR (BOAS) PISTAS

Uma aposta marcante na juventude, tornando a equipa mais vulnerável a picos de ansiedade competitiva, mas a recente vitória na Taça Vítor Hugo deu pistas ao treinador de que, apesar das mudanças profundas, a capacidade de resposta foi animadora. Um plantel que aposta em jogadoras jovens, formadas no Clube, e mescla isso com a contratação de atletas com experiência internacional.

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ANÁLISE UMA A UMA

Inês Viana

Jogadora internacional em todas as camadas jovens e seleção sénior. Regressa ao SL Benfica após passagem por vários clubes estrangeiros. Boa visão de jogo e com grande capacidade de liderança.

Sara Iparragirre

Internacional espanhola pelas seleções jovens, faz a sua estreia além-fronteiras. Posição 2, com boa capacidade defensiva e desequilibradora em 1×1. Lançadora razoável de 3 pontos.

Marta Martins

Base portuguesa, internacional nas seleções nacionais jovens e internacional A já. Boa lançadora e desequilibradora.

Diana Baptista

É uma atleta muito jovem ainda, dotada de uma rapidez acima da média que faz dela uma defensora interessante.

Marcy Gonçalves

É internacional nas camadas jovens e na seleção sénior. Rápida, ágil e com boa capacidade de jogar 1 contra 1.

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Artémis Afonso

Jogadora internacional angolana, é experiente, possante nos ressaltos e com bom tiro exterior.

Catarina Frederico

Internacional portuguesa nas seleções nacionais jovens, temível no 1×1 e muito rápida. Abnegada na defesa e na entrega ao jogo.

Madalena Marques

É muito jovem ainda, está no primeiro ano no escalão sénior e tem um trajeto longo na formação do Benfica. Espírito de equipa que faz dela uma jogadora bem considerada no grupo.

Ema Karim

Primeira época no Benfica, também muito nova ainda e com um trajeto já nas seleções jovens portuguesas. Boa atiradora e interessante no 1×1.

Magda Silva

Jogadora jovem e internacional Sub-16 e Sub-18. Fisicamente muito forte, capacidade defensiva e com boa margem de progressão.

Carolina Cruz

Vai na sua 2.ª época no Benfica e tem progredido bastante. Jogadora fisicamente acima da média, capaz de desequilibrar nos ressaltos e no tiro exterior.

Sydney Clayton

Jogadora norte-americana de posição 4, eficaz na luta das tabelas e com um tiro curto interessante.

Sarah Shematsi

É uma atleta francesa, é o seu primeiro ano como profissional após sair do college norte-americano. Posição 4, capaz de desequilibrar na luta das tabelas e no tiro exterior.

Artigo publicado na edição de 29 de setembro do jornal O Benfica

Texto: José Marinho
Fotos: Arquivo / SL Benfica
Última atualização: 21 de março de 2024

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