"Temos o melhor plantel do mundo"

O regresso de João Rodrigues ao Benfica demorou seis anos a concretizar-se, mas era algo que estava escrito nas estrelas, primeiro, e, há poucos meses, no contrato que voltou a ligar as duas partes. Para trás fica uma história de sucesso desportivo no Barcelona, cunhada com os golos e o talento de um dos melhores jogadores de hóquei em patins do mundo. 

O retorno de João Rodrigues já tinha sido tentado anteriormente, mas uma renovação de contrato com o Barcelona impediu que ele se efetivasse mais cedo. Em entrevista ao programa da BTV Protagonista, o avançado da equipa de hóquei em patins foi muito revelador nas suas opiniões. Sobre o Benfica, o plantel e as competições que pretende conquistar.

PREPARAR O REGRESSO

"O regresso ao Benfica estava na minha cabeça desde o dia em que saí. Quando fui para Barcelona, disse aos responsáveis do Benfica que iria voltar ao Clube, porque é o meu clube. Tive essa conversa com as pessoas do Benfica, e desde essa altura ficou claro, para mim, que, um dia, ia regressar ao Benfica, a não ser que as pessoas não me quisessem. E foi o que aconteceu, por isso, não foi surpreendente o convite para voltar, porque o desejava muito e sabia o que tinha falado com os responsáveis do Benfica quando saí."

ACORDO COM ANTECEDÊNCIA

"As coisas ficaram definidas entre mim e o Benfica com muita antecedência. Há meses que tinha tudo acordado com o Clube, até porque a parte financeira nunca seria um obstáculo. Nessa altura, comuniquei a minha decisão ao Barcelona, que sairia no final do contrato e que iria regressar ao Benfica. Os dirigentes compreenderam a minha decisão, sabiam que era, talvez, a minha derradeira oportunidade de voltar. O Benfica já me tinha procurado anteriormente, mas, nessa altura, acabei por renovar com o Barcelona. Agora, estava na altura de voltar ao meu clube. E as coisas fizeram-se com muita antecedência, com muita lisura de todas as partes, e todos saímos bem na fotografia. Eu deixei a minha história no Barcelona, o clube e os adeptos reconhecem isso, e agora vou dar continuidade à minha história no Benfica, que foi interrompida há seis anos."

A COMPANHIA DE BARGALLÓ

"Tornei-me muito amigo do Pau, as nossas famílias tornaram-se muito chegadas, em Barcelona íamos jantar muitas vezes a casa de Bargalló, e claro que foi uma das primeiras pessoas a saber que eu ia regressar ao Benfica. E fui uma das primeiras pessoas a saber que o Benfica o pretendia contratar. Estamos a falar do melhor jogador do mundo, na minha opinião. É o único jogador que faz toda uma equipa jogar, é incrível como ele vê coisas que mais nenhum outro vê. Claro que fiquei entusiasmado com a ideia de ele vir para o Benfica, e passei-lhe muita informação sobre o Clube. Mas o trabalho que o Benfica fez, pelo Miguel Campos, pelo Valter Neves e pelo vice-presidente, Fernando Tavares, foi decisivo para convencer o Bargalló. Eu só fiz aquilo que costumo fazer em campo, foi só encostar e fazer o golo. Mas o Clube está a trabalhar muito bem, na forma como tem conseguido atrair alguns dos melhores jogadores do mundo. É uma estrutura que trabalha a dois, três anos de distância, e a forma como tratou do meu regresso e da contratação do Bargalló é sintomática do trabalho que o Benfica está a fazer."

UM BENFICA MAIS FORTE

"Encontrei, agora, um Benfica diferente e ainda melhor. Um Benfica com mais equipas, que está a investir bastante nas suas equipas femininas. Isso sente-se nas modalidades, com as equipas a entrar e a sair, é um ambiente excelente, de muito benfiquismo, mas também de muita exigência. É uma estrutura que não deixa que falte nada às equipas e aos atletas. Nesse aspeto, o Benfica e o Barcelona são muito parecidos, na sua grandeza, na sua exigência e na forma como a cultura de vitória marca o dia a dia das pessoas. E isso não se sente só nas quadras, nota-se nas pessoas que trabalham no apoio às equipas e aos atletas. As vitórias, no Benfica, são a dividir por muita gente, e é isso, também, que faz os clubes serem grandes. O Benfica não mudou, nestes seis anos em que estive fora, mas evoluiu e tornou-se mais forte. É a diferença que saliento mais."

NÃO CHORES POR MIM, BARCELONA

"Foram seis anos marcantes, no Barcelona e na cidade. Adaptámo-nos bem à cidade, e o meu filho nasceu em Barcelona. Mas não haja dúvidas, ele é Benfiquista. Nem o avô permitiria que fosse diferente. Mas aprendemos a gostar do clube e da cidade, que é maravilhosa. Fomos sempre muito bem tratados, os adeptos são muito carinhosos e adoram as suas equipas. Lá está, as semelhanças com o Benfica são imensas, e, quando se diz que o Barcelona é mais do que um clube, é mesmo verdade. As vitórias do clube nunca são apenas desportivas, representam sempre mais qualquer coisa. Acho que fiz a minha história no clube, as pessoas gostaram do que acrescentei à equipa, os adeptos reconhecem o meu valor, e isso deixa-me muito satisfeito. Quando chegar o final da minha carreira, vou poder dizer que representei dois dos maiores e melhores clubes do mundo, que, em muitos aspetos, são semelhantes."

MELHOR EQUIPA DO MUNDO

"Eu tenho a opinião que o Benfica tem o melhor plantel do mundo. Agora, temos de transformar isso na melhor equipa do mundo. Não serve de nada ter os melhores jogadores se, depois, não tens a melhor equipa. E o nosso trabalho tem de ser esse, de procurar colocar em campo uma equipa que potencie o valor dos seus jogadores. Esse é o nosso maior desafio. Temos um excelente treinador, com o qual eu já trabalho há seis anos e que é alguém com quem dá gosto trabalhar. Temos objetivos muito definidos, um deles um grande objetivo, que é ganhar o Campeonato, e um sonho, que é ganhar a Liga dos Campeões. São competições diferentes. Para ganhar o Campeonato, teremos de disputar a fase regular e depois o play-off. São muitos jogos. Na Liga dos Campeões são menos jogos, se a vencermos, teremos disputado 13 partidas, e isso é uma volta da fase regular do Campeonato. Por isso é que digo: o grande objetivo é o Campeonato, e o sonho é a Liga dos Campeões. E queremos ganhar tudo. É o mínimo que podemos exigir ao melhor plantel do mundo. Estamos cientes disso."

OS CANDIDATOS AO TÍTULO

"O campeonato vai ser muito disputado, e qualquer candidato pode perder pontos em qualquer deslocação ou jogo. Por isso é que é muito difícil vencer o Campeonato em Portugal, mas é difícil para todos. Eu acho que o Benfica tem o melhor plantel, mas em campo terá de provar que é a melhor equipa. O FC Porto, depois do Benfica, acredito que terá o melhor plantel. Será um adversário fortíssimo. Depois, temos o Sporting e a Oliveirense, que mudaram de treinadores. O Sporting terá um estilo mais defensivo, mais de acordo com o seu novo treinador. Os dérbis vão ser batalhas intensas neste ano porque, a juntar aos jogadores, que gostam muito dos jogos com o Benfica, agora têm um treinador para o qual os jogos contra nós são sempre especiais. Se calhar, não serão jogos sempre bem jogados, mas vão ser batalhas intensas e que nós tentaremos vencer. Mas o objetivo é ganhar o Campeonato, e, para isso, também é importante ganhar a fase regular para beneficiar do fator casa no play-off, onde se decide o campeão. Vai ser um campeonato muito duro, mas temos um plantel que foi preparado para o enfrentar."

VITÓRIA NA ELITE CUP

"Foi a primeira das provas que queríamos conquistar, mas é importante que se diga que a Elite Cup se trata de uma prova de início de época. É uma prova oficial, mas é uma prova onde os clubes ainda se estão a testar e a preparar para uma época longa e difícil. Contra o Sporting, conseguimos uma grande vitória, goleámos, mas foi um jogo muito equilibrado e que só nos minutos finais é que atingiu aqueles números um pouco exagerados. Mas é uma vitória, uma goleada, e está registada. E que nos deu moral para o início da época. Mas o Sporting continua numa fase inicial da preparação, como nós, não teve o seu melhor jogador disponível, e, por isso, ficamos felizes pela vitória, mas temos de perceber que os próximos jogos com eles deverão ser mais equilibrados."

Artigo publicado na edição de 25 de outubro do jornal O Benfica