Um viçoso quarto de século

REPORTAGEM BTV

Vila Viçosa, no distrito de Évora, já bem perto de Espanha, fica numa área geográfica onde historicamente o Benfica não costuma jogar. Pois muito bem, desengane-se quem pensar que isso retira viço ao benfiquismo na região. A prová-lo estão os 25 anos de atividade da embaixada encarnada, comemorados da maneira que a reportagem do Pelas Casas do Benfica documentou.

As cerimónias da festiva data iniciaram-se com uma receção nos Paços do Concelho. À porta da Câmara Municipal, o presidente da Casa Benfica Vila Viçosa dava conta do que sentia neste dia especial.

"Estou muito emocionado e estou muito contente de ver à roda de mim pessoas tão importantes, incluindo o nosso vice-presidente [Domingos Almeida Lima], Carlos Manuel e todo o pessoal do Departamento [das Casas do Benfica] aqui presente", começou por dizer José Galhardas, antes de formular um desejo para o futuro: "Tenho muito orgulho nesta data dos 25 anos. Mas gostaria muito, onde eu estivesse, de ouvir dizer que alguém tinha celebrado os 50 anos de existência desta Casa."

O anfitrião – Inácio Esperança, presidente da Câmara Municipal de Vila Viçosa – explicou a importância de ter uma embaixada benfiquista no seu concelho.

"As Casas do Benfica são instituições, quanto a mim, de grande utilidade pública. Não é apenas de utilidade pública, porque representam muita atividade nestes concelhos do interior desertificado, territórios de baixa densidade, onde cada vez há menos instituições, dirigentes e atividades. As Casas do Benfica têm desenvolvido, por esse território fora, muitas atividades. São responsáveis, certamente, pela participação e pelo incremento da participação desportiva de milhares e milhares de jovens por esse país fora. E no interior, onde não há localidades, por vezes, onde não há clubes, é essencial. E é a única instituição que promove o desporto", justificou genericamente, e depois passou ao caso particular.

"A Casa Benfica Vila Viçosa, para além disso, tem desenvolvido modalidades que não existem nas outras associações, como o futsal, como outras modalidades, como jogos tradicionais, jogos de mesa, como cartas, etc. Têm feito grandes torneios, dinamizam culturalmente a nossa vila e o nosso concelho e têm uma grande facilidade em angariar sócios, porque obviamente temos muitos Benfiquistas, como quase em todos os concelhos do país. Portanto, esta Casa de Vila Viçosa, em suma, desenvolve muitas atividades que são competências do município. Vão ao encontro das competências do município. Dinamização social, cultural, ocupação de tempos livres de maiores, ocupação de tempos livres de jovens, e isso é muito importante. Por isso, estou muito grato à Casa Benfica, também às outras instituições de Vila Viçosa, como é evidente, mas hoje trata-se da Casa Benfica, faz 25 anos, são 25 anos de muita atividade, 25 anos também de muito esforço de muitos dirigentes de Vila Viçosa, a quem agradeço. E 25 anos de uma instituição mostram que a instituição não é inútil, que a instituição tem interesse, prevalece, e é isso mesmo que as instituições são. Enquanto têm interesse, prevalecem e são úteis, as pessoas aderem e apoiam, e o município apoiará sempre", elaborou o autarca.

O líder da representação do SLB nesta efeméride, Domingos Almeida Lima, salientou o significado do que se comemorava ali: "Reflete 25 anos de muito trabalho, reflete 25 anos de muita dedicação ao Benfica, ao esforço do Benfica, e, portanto, assume esse relevo, quer seja no Alentejo, quer seja na Madeira ou em qualquer outra parte do mundo. Mas aqui em Vila Viçosa é um grande gosto e um grande prazer para nós estarmos aqui hoje a comemorar os 25 anos, numa Casa que está a funcionar bem, muito bem, e que pode melhorar, obviamente."

"Aproveito também para, neste momento em que estamos a comemorar os 25 anos, saudar os atuais dirigentes e os dirigentes que fundaram a Casa e que lhe deram continuidade. O que eu preconizo e o que eu desejo é que os próximos 25 anos possam ser festejados ainda, se possível, com maior brilhantismo, com um maior saldo positivo da Casa Benfica em relação aos contributos que dá para a comunidade, sobretudo para a juventude local, e acima de tudo para o desenvolvimento da mística do Benfica aqui em Vila Viçosa e do amor desta gente ao Sport Lisboa e Benfica", expressou ainda o vice-presidente encarnado com o pelouro das Casas do Clube.

Seguiu-se um banquete que, como é da praxe, foi antecedido dos discursos das altas individualidades presentes, e até Carlos Manuel subiu ao púlpito, proferindo palavras que ressoaram em quem jogava em casa: "Mais do que um simples ponto de encontro, esta é a Casa de todos os que vivem e sentem a paixão pelo Benfica. Aqui cultiva-se a amizade e o desportivismo."

A glória encarnada teve oportunidade de explicitar por que motivo nunca recusa uma convocatória para estes clássicos. "Nas Casas, normalmente, quando venho, o que eu sinto é que há uma amizade enorme, há uma solidariedade enorme também, e não podemos esquecer, e isto é que é a grande realidade, que estas pessoas, sócios, adeptos, são elas que são a alma do Clube. Portanto, é com satisfação que vemos estas coisas, quando podemos, a porta está sempre aberta também para nós, e ficamos contentes", rematou (como se tivesse sido com aquele pé direito).

Quem recusa rematar esta história é Luís Sapatinha: "Pronto, os 25 anos da Casa Benfica são uma mostra de que o Benfica e as Casas estão vivos, e é bom conseguirmos manter durante 25 anos a atividade na Casa Benfica Vila Viçosa. Eu faço parte de uma ínfima parte desta história, e pretendo continuar a construir o futuro."

"Trabalhamos todos os dias para conseguir manter a Casa, e os projetos que têm vindo sendo feitos na CB Vila Viçosa têm sido nesse sentido. Não só consolidar o trabalho que tem sido feito como pensar no futuro com novas atividades e novos objetivos", nota o vice-presidente da Mesa da Assembleia Geral.

A terminar, o diretor do Departamento das Casas do Benfica enalteceu o esforço de todos os que, numa região tão afastada da rota desportiva do Clube, têm, ano após ano, "regado as papoilas" naquela terra: "Em Vila Viçosa, que é um território de um Alentejo mais interior, onde o Benfica não joga, nem sempre as pessoas conseguem ter o Benfica aqui, portanto têm de se deslocar a Lisboa. E isso é de saudar. Acho que é de darmos os parabéns a todos, porque hoje está a equipa do Sr. Galhardas, que fez um trabalho muito importante para a Casa Benfica hoje ter as portas abertas e termos aqui uma festa muito bonita, mas depois também há que realçar todas as pessoas que estiveram até hoje na Casa Benfica Vila Viçosa."

"Vila Viçosa é uma terra que precisa de atividade, como todas, mas qualquer atividade que se faz em Vila Viçosa tem uma preponderância, tem uma evidência muito maior do que em grandes cidades, onde as ofertas são muitas. Portanto, fazer 25 anos em Vila Viçosa é de facto extraordinário, e estas pessoas estão de parabéns, porque continuam a apoiar consecutivamente a Casa Benfica", concluiu Jorge Jacinto.