Futebol feminino

15 maio 2025, 21h23

Conferência de Imprensa conjunta, equipas do Torreense e do Benfica

Carole Costa e Filipa Patão protagonizaram conferência conjunta com o Torreense

Conquistar a Taça de Portugal pelo segundo ano consecutivo é o objetivo da equipa feminina de futebol do Benfica, que parte para a final com o Torreense, neste sábado, 17 de maio, às 15h00, no Estádio Nacional, com grande ambição.

Ao perspetivar o duelo, em conferência de Imprensa no Jamor, Filipa Patão recusou falar em percentagens quanto a favoritismos, até por se tratar de um rival "competente".

"Eu costumo dizer que os jogos ganham-se no campo, e o que está para trás não influencia nada daquilo que vai ocorrer no futuro. Portanto, não podemos aqui falar de favoritos, podemos falar de duas muito boas equipas que merecem ambas estar neste palco e nesta final. Tenho a certeza absoluta de que a equipa mais concentrada, mais competente e no seu melhor dia será a que vai conseguir conquistar este troféu", começou por referir a treinadora encarnada, numa conferência de Imprensa conjunta, em que teve a seu lado Carole Costa, uma das capitãs das águias, e Gonçalo Nunes e Carolina Correia, técnico e capitã do Torreense, respetivamente.

A complementar a sua resposta, Filipa Patão considerou que "uma final é feita de momentos e é feita de competência nesses mesmos momentos". "Portanto, não gosto de falar de favoritos, gosto de falar de jogo e daquilo que vamos ter com toda a certeza, que é um ótimo espetáculo", vincou.

Carole Costa

Ouça Carole Costa

Carole Costa também assumiu que o emblema de Torres Vedras, que concluiu a Liga BPI no 4.º lugar, "é uma grande equipa".

"Sabemos da sua qualidade. Obviamente que nós temos mais experiência, também queremos ganhar, tal como o Torreense, e vai ser um grande jogo", sublinhou a defesa-central, que admitiu estar talvez no "melhor momento da carreira". "Sinto-me bem no Benfica, ganho muitos títulos, e a Taça de Portugal é diferente. Só quem a ganhou consegue perceber o sentimento de subir as escadas [da bancada do Estádio Nacional], e, obviamente, queremos voltar a sentir isso", frisou a internacional portuguesa.

Ao referir-se aos 4 duelos anteriores nesta época entre ambas as formações, a treinadora pentacampeã nacional lembrou que o Benfica teve de "suar muito e ser muito competente" para conseguir ultrapassar este oponente.

"Cada jogo é um jogo, e eu sei perfeitamente que o treinador que está aqui ao meu lado [Gonçalo Nunes] é extremamente competente na forma como olha para o jogo, como o prepara e como prepara as jogadoras para conseguirem dar o seu melhor. Não é por acaso que conseguiram um empate [frente ao Benfica, em Torres Vedras]", prosseguiu Filipa Patão, que espera algo de diferente do Torreense.

"Há sempre margem para surpreender, ainda por cima em finais, há sempre a margem para estrategicamente e taticamente conseguir surpreender o adversário. Ainda assim, eu acredito numa identidade muito próxima daquilo que tem sido o Torreense ao longo da época, tal como um Benfica também muito próximo da sua identidade", admitiu Filipa Patão, explicando que eventuais surpresas poderão estar mais relacionadas com "nuances de dinâmicas e nuances do próprio jogo".

Filipa Patão

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Para Filipa Patão, o Torreense vai apresentar-se "pressionante e confiante". "Sabem muito bem os timings de pressão, e depois é uma equipa que, em posse, tem comportamentos muito bem assimilados, tanto a jogar no apoio do apoio para depois procurar a profundidade, com os movimentos das jogadoras que têm na frente, e criando sempre uma falsa 10 entre linhas. Acho que é uma equipa que vai procurar ferir-nos tanto em posse como em ataque à profundidade, e acho que é uma equipa que vai ter muito carácter na forma como vai abordar o jogo sem bola, e nós estamos preparados para isso", vincou.

Carole Costa

Também no entender de Carole Costa, o Torreense, "equipa com muita qualidade, individual", fez "uma bonita caminhada na Liga BPI". "Sabemos do seu valor, mas obviamente que nós também temos a nossa qualidade, e com as nossas dinâmicas certamente que as coisas nos vão correr bem. Uma final pode cair para os dois lados, espero que caia para nós", afirmou, reconhecendo que quem enfrenta o Benfica quer vencer.

"Por isso, nós sabemos que temos de estar sempre no nosso melhor. A verdade é que esta equipa é muito humilde, trabalha muito para ganhar os jogos. E felizmente tem caído para nós. Mas também é com muito trabalho, como eu disse. A cada ano, a exigência no Benfica aumenta. E não é com sorte, é com trabalho que conseguimos estes títulos", destacou a central.

Invicto na Liga BPI 2024/25, na qual manteve o seu domínio com a conquista de mais um título nacional, o Benfica ultrapassou Amora, Racing Power, Sporting e Valadares Gaia para garantir um lugar no Jamor.

Apesar da valia dos oponentes que eliminou, Filipa Patão realçou que o trajeto não está finalizado.

"Quem faz uma caminhada destas tem de perceber que vai ter de lutar ainda mais a seguir para poder vencer a Taça, porque não vai ser nada dado. Tudo o que nós temos até agora tem sido conquistado com muito pulso. É fácil as pessoas dizerem que é fácil o Benfica ganhar. Eu costumo dizer que as pessoas não têm noção do quão difícil é, não ganhar uma vez, mas ganhar muitas vezes e ter essa consistência. Não é fácil, principalmente para as jogadoras, manterem-se sempre lá em cima; não é fácil continuar a ganhar quando temos tido – principalmente do ano passado para este ano – bastantes saídas e entradas; e não é fácil continuar neste contexto de exigência. Eu acho que isto é o maior mérito que eu posso dar às jogadoras do Benfica", disse, recusando nervosismo das atletas nas eliminatórias anteriores.

Filipa Patão

Ouça Filipa Patão

"Eu procuro eficiência, não procuro eficácia, mas principalmente temos de ter a noção que os jogos de Taça têm um carácter sempre, sempre diferente. As equipas têm sempre uma estratégia diferente para abordar esses jogos, às vezes perdem a própria vergonha, e ainda bem, é bom, é bom para o futebol e é bom para nós que as equipas por vezes percam essa vergonha e nos obriguem a ter uma abordagem diferente ao jogo, e isso é bom também para o nosso desenvolvimento. É bom para o desenvolvimento do futebol feminino", justificou Filipa Patão.

"Nas eliminatórias que passámos, defrontámos quase todas as equipas do topo da tabela da Liga BPI, exceto o Braga, que foi eliminado pelo Torreense. Jogámos contra o Racing [Power], um excelente jogo, tivemos um momento menos bom, conseguimos dar a volta, não é sinónimo de nervosismo. Tivemos o jogo contra o Sporting, em pleno Estádio da Luz. Vamos para o intervalo a perder, conseguimos dar a volta, não é nervosismo. Temos o jogo contra o Valadares [em casa], em que estamos a perder por uma diferença de dois golos, conseguimos dar a volta, não é nervosismo. E temos um jogo em Valadares, campo muito difícil, onde vamos a penáltis e conseguimos apurar-nos – não é nervosismo, é caráter", respondeu.

Filipa Patão e Carole Costa

Questionada acerca dos ensinamentos e possíveis reflexões da final em 2023/24, Filipa Patão vincou a importância do momento.

"Já cá ter estado, permite-me saber o que é subir aquelas escadas, e chegar ao campo, vendo o espetáculo, e saber o que é que as jogadoras estão a sentir quando passamos aquele momento, o que é o próprio jogo com o público à volta e o estádio mítico que é, mas volto a repetir: eu acho que é aquilo que nós temos vivenciado ao longo desta época, com a própria equipa, que nos vai dando os sinais, as reflexões e a preparação para chegarmos a este momento no melhor possível. Apesar de já termos vencido o Campeonato, eu acredito que estas jogadoras continuam muito sedentas de vitórias, e isso é demonstrado ao longo da semana. Acredito que elas vão chegar a este momento competitivo muito bem preparadas", enfatizou a treinadora.

Em busca do triplete, depois de ter vencido o Campeonato pela 5.ª vez consecutiva e a Taça da Liga, o Benfica visa mais um troféu, embora Filipa Patão tenha reconhecido que "não foi uma época extraordinária".

"Não foi, porque a exigência do nosso Clube pede para ganharmos Campeonatos, e no início tivemos um começo atribulado. Perdemos a Supertaça, não nos apurámos para a Liga dos Campeões, portanto não podemos dizer que é uma época magnífica. Temos a consciência disso. Ganhámos o Pentacampeonato e ganhámos a Taça da Liga, é a nossa obrigação. Agora, estamos à beira de poder conquistar outro troféu. Está dentro das nossas obrigações ter de fazê-lo, e eu acho que é isso que nos tem de caracterizar", salientou.

Taça de Portugal Feminina – troféu

O técnico do Torreense trouxe à baila a questão da marcação da final para 17 de maio, dia em que também haverá o desfecho do Campeonato masculino, e, convidada a opinar sobre o calendário, Filipa Patão referiu que "a verdadeira realidade do futebol está a começar a ser massacrante em termos de calendários competitivos".

"E não é um problema só de Portugal, nós sabemos isso porque também vimos da Champions e sabemos a carga a que as jogadoras estão sujeitas, seja em Europeus, Mundiais, Champions, calendários de clubes, Taça da Liga, Taça de Portugal, Liga BPI... Portanto, isto é um problema do masculino, é um problema do feminino, é um problema da nossa Liga, é um problema da UEFA, é um problema da FIFA", disse, sublinhado também "o risco de lesão enorme" para as jogadoras.

"Nós não estamos a proteger os maiores protagonistas deste jogo, que são os jogadores e as jogadoras. Portanto, acho que acima da data da Taça de Portugal estão os calendários, estão a forma como eles são feitos, e é normal que, chegando a esta fase, com eleições no domingo [18 de maio], com a Liga masculina a chegar ao fim e com a nossa [Liga] já terminada, seja muito difícil arranjar um dia e um calendário vantajoso. Portanto, é um problema cultural, mas também é um problema do futebol mundial. Culpados, somos todos. Queremos muito, e estamos a destruir a beleza e o espetáculo que temos à nossa frente", explicitou.

Conferência de Imprensa conjunta, equipas do Torreense e do Benfica

À margem da Taça de Portugal, Filipa Patão foi confrontada com possíveis reforços para a nova temporada. A comunicação social referiu-lhe os nomes de Diana Silva, Diana Gomes e Ana Borges, e se gostaria de contar com o trio.

"Não me querendo adiantar muito, e não vos deixando sem qualquer resposta, são jogadoras da nossa Seleção, portanto, mal de mim se não apreciasse as jogadoras da minha Seleção, tal como aprecio a Carolina Correia que está aqui ao lado, e aprecio muito as jogadoras da nossa Liga BPI. Estamos recheados de talento. Para o Sport Lisboa e Benfica, eu aceito qualidade. São nomes que surgem, o Clube toma a sua decisão. Agora, vamos centrar-nos no excelente grupo de trabalho que eu tenho aqui à minha disposição", disse.

Indisponíveis para esta final estão Catarina Amado (1 jogo de castigo), Lúcia Alves, Pauleta e Andrea Falcón (lesionadas).

CONVOCADAS

Andreia Faria, Anna Gasper, Andreia Norton, Ana Clara Oliveira, Beatriz Cameirão, Carole Costa, Cristina Prieto, Chandra Davidson, Christy Ucheibe, Joana Silva, Jody Brown, Laís Araújo, Lara Martins, Lena Pauels, Letícia Almeida, Marit Lund, Nycole Raysla, Neide Guedes, Rakel Engesvik e Rute Costa.

Texto: Redação
Fotos: FPF
Última atualização: 16 de maio de 2025

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