Minutos finais decisivos

RESUMO DO JOGO

As equipas femininas de futebol do Benfica e do Torreense discutiram, neste sábado, 17 de maio, a conquista da Taça de Portugal, no Estádio Nacional do Jamor. Após igualdade no tempo regulamentar (1-1), o desfecho foi desfavorável para as águias no prolongamento – o 1-2 aconteceu no 120.º e último minuto do encontro.

Sempre presentes no apoio ao Benfica, desde cedo os adeptos pintaram de vermelho e branco a mítica mata do Estádio Nacional. A pouco menos de três horas do pontapé de saída – marcado para as 15h00 –, já muitos Benfiquistas tratavam de matar a fome, a sede, e, acima de tudo, de aquecer bem alto as vozes.

Músicas, cânticos e, um pouco por todo o lado, gritos de "Benfica" faziam a banda sonora de um dia de calor, propício para o famoso churrasco do Jamor, numa tarde de verdadeira festa da Taça de Portugal.

Perto das 13h30 chegou o autocarro do Sport Lisboa e Benfica, recebido com muito entusiasmo e um potente "Glorioso, SLB!". Saudado o veículo que transportava as Inspiradoras, todos os caminhos iam dar às bancadas do Estádio Nacional.

Uma das imagens mais bonitas do futebol português é o Jamor pintado de vermelho e branco. Com o passar do tempo, milhares de Benfiquistas pincelaram as cadeiras do histórico anfiteatro com as cores do Glorioso, criando um cenário único no recinto, que mais dinâmico ficava à medida que os cachecóis se agitavam.

Guarda-redes no aquecimento, primeiro, jogadoras de campo, depois. Todas as atletas foram, igualmente, saudadas.

Lena Pauels, Marit Lund, Cristina Prieto, Andreia Norton, Nycole Raysla, Andreia Faria, Carole Costa, Christy Ucheibe, Anna Gasper, Chandra Davidson e Laís Araújo. Foi este o onze escalado por Filipa Patão para um dos jogos mais especiais da época.

Lado a lado, Torreense e Benfica entraram em campo. Os Benfiquistas receberam as suas pentacampeãs com uma forte ovação. Cantado o hino nacional, estava tudo pronto para que a bola começasse a rolar.

Após uma roda de união, as Inspiradoras tomaram os seus lugares no relvado, que realçava ainda mais o vermelho do seu equipamento. Um vermelho tão vivo como a sua ambição.

Aos 5', lançada por Chandra Davidson, Cristina Prieto colocou a bola no fundo da baliza, mas, no momento em que o esférico lhe foi endossado, encontrava-se em posição irregular.

Dez minutos volvidos, novamente a avançada internacional espanhola em evidência, ao surgir no lado esquerdo do ataque, e a rematar cruzado, mas junto ao poste (15').

Para lá do minuto 20, foi a vez de Lena Pauels impor-se bem a remate de Janaina Weimer na pequena área, cedendo canto (21').

Até que surgiu o primeiro golo da tarde. Aproveitando uma falha de comunicação entre a guarda-redes e a sua defesa, em posição frontal, Cristina Prieto apanhou uma bola a jeito e, cheia de classe, fez um chapéu a Janny Belém. Estava inaugurado o marcador (0-1, aos 24'). A assistência foi de Marit Lund.

Um momento que criou grande frisson nas bancadas foi a chegada de Angélica Alves, Ana Catarina, Sara Ferreira e Bruna Carolina, jogadoras da equipa feminina de futsal das águias, que foram efusivamente saudadas pelos Benfiquistas.

Infortunada, Chandra Davidson foi obrigada a sair por lesão aos 41', tomando o seu lugar Jody Brown. Na hora da saída, a jogadora canadiana foi confortada pelo carinho dos adeptos.

Quando se ouviu o apito para o intervalo, era o Benfica quem ia na frente (0-1).

Cinco minutos volvidos do reatamento, Cristina Prieto voltou a isolar-se, mas foi apanhada em posição irregular.

Em desvantagem, o Torreense entrou mais aguerrido para o 2.º tempo. Aos 57', a formação de Torres Vedras esteve perto do empate, mas valeram as ações decisivas de Carole Costa, numa primeira fase, e de Anna Gasper, numa segunda.

O minuto 64 foi de nova alteração nas águias, com a entrada de Beatriz Cameirão e a saída de Andreia Faria.

Amarrado taticamente, o duelo desenrolava-se muito no meio-campo, com as águias a tentarem explorar a subida das adversárias no terreno. Aos 68', a defensiva encarnada voltou a estar em ação, com Christy Ucheibe a desviar para canto um remate de Janaina Weimer.

Cristina Prieto, aos 72', surgiu no cara a cara com Janny Belém, rematou, mas a guarda-redes conseguiu a defesa. Ainda assim, foi assinalado fora de jogo.

Aos 74', foi Marit Lund a estar muito perto do 0-2, mas o seu remate em balão encontrou a mão da guardiã Janny Belém.

Com 15 minutos para se jogar, as bancadas animavam-se, e os Benfiquistas gritavam "Benfica!" e cantavam "Eu amo o Benfica".

Dentro dos últimos 5 minutos do tempo regulamentar, na sequência de um canto batido do lado direito por Marit Lund, Christy Ucheibe cabeceou às malhas laterais, ainda que tenha dado a sensação de golo. Esteve perto...

Também às malhas laterais foi o remate Salomé Prat, mas desta feita embateu nas da baliza à guarda de Lena Pauels.

Por falar na guarda-redes alemã do Benfica, já dentro do período de compensação, um tiro forte e colocado de Salomé Prat só não resultou em golo devido uma enorme estirada de Lena Pauels.

Porém, no último minuto do tempo de compensação, o Torreense havia mesmo de conseguir chegar ao empate. Bola colocada na área, onde, ao segundo poste, após um corte incompleto das encarnadas, apareceu Janaina Weimer a cabecear para o interior das redes (1-1, aos 90'+6'), obrigando a mais 30 minutos de jogo.

Seis minutos após o arranque do prolongamento, Nycole Raysla surgiu no lado esquerdo do ataque, rematando cheia de intenção, mas viu o seu disparo ser desviado por Carolina Correia, dando canto (96').

Aos 103', lance polémico na área do Torreense, com Carolina Correia a derrubar Nycole Raysla, e a árbitra a nada assinalar.

O intervalo do prolongamento chegou com as duas equipas empatadas a um golo.

As bancadas faziam o seu papel, com muito incentivo, tentando empurrar a equipa  do Benfica para o 1-2, mas o Torreense tinha uma organização defensiva muito bem montada, que foi sempre muito complicada de furar.

Um mau corte de uma jogadora adversária originou um pontapé de canto, e as bancadas animaram-se ainda mais. E só não aumentaram o grau de entusiasmo porque o cabeceamento de Cristina Prieto passou, ligeiramente, por cima (120').

Contudo, no lance imediatamente a seguir, o Torreense, num contra-ataque, fez o 2-1, por intermédio de Salomé Prat.

Pouco depois, o jogo terminou com score desfavorável às águias, e o Torreense ergueu a Taça de Portugal.

Desiludidos pelo desfecho, mas reconhecendo a boa temporada da equipa, os Benfiquistas fizeram questão de aplaudir as suas jogadoras, que, como forma de agradecimento aos adeptos, deram as mãos e fizeram-lhes uma vénia.

Minutos depois, as atletas do Sport Lisboa e Benfica subiram a escadaria do Jamor, onde foram confortadas pelos Benfiquistas, que nem por um instante deixaram de aplaudir as jogadoras num momento sempre complicado.

Em demonstração de fair play, as jogadoras fizeram guarda de honra às futebolistas do Torreense.

As Inspiradoras dizem, assim, adeus a uma época que fica marcada pela conquista do Pentacampeonato e da Taça da Liga.

DECLARAÇÕES

Filipa Patão (treinadora do Benfica): "O Torreense foi mais competente que nós, foi o que não correu bem. A 1.ª parte foi nossa. Na 2.ª parte, claramente entrámos mal, mas depois conseguimos equilibrar um bocadinho as coisas e criámos até a oportunidade para fazer o 0-2, e não o fizemos. E o futebol é isso. Não fazemos o 0-2, e acabamos por sofrer o golo do empate mesmo a acabar o jogo. No prolongamento foi sempre o Benfica a procurar a baliza adversária, a tentar atacar. Claro que as pernas nesta fase da época não são as mesmas do que há uns jogos, sentimos isso. Depois fomos perdendo cada vez mais critério. Ainda assim, o futebol, volto a repetir, é feito de momentos. Tivemos a oportunidade de fazer o 1-2 num canto, e logo a seguir somos nós que sofremos o 2-1. Portanto, eu só posso dar os parabéns ao Torreense, foram mais competentes nos momentos decisivos. [Falhar o triplete deixa amargo de boca?] Sim, porque o Benfica obriga a ganhar sempre, e, não ganhando sempre, deixa sempre um amargo de boca, e é sempre triste para nós. Não conseguimos dar [o triplete] aos nossos adeptos e a esta moldura humana que esteve aqui presente a apoiar-nos o tempo todo. Portanto, não nos sentimos felizes, obviamente, mas eu sei que as jogadoras trabalharam e lutaram. Não foi um bom dia nosso, não foi um dia feliz e não fomos competentes nos momentos do jogo em que deveríamos ter sido."