Crescer em contexto internacional

Única equipa portuguesa participante na 1.ª edição do World Sevens Football, torneio de futebol de 7 que reúne alguns dos melhores emblemas mundiais, a equipa feminina de futebol do Benfica concluiu a sua participação com um jogo bem disputado ante a Roma, no Estádio António Coimbra da Mota.

Nesta quinta-feira, 22 de maio, no 2.º desafio do dia para as águias, válido para o Grupo 2, o desfecho foi desfavorável. Depois da igualdade a 2 golos no tempo regulamentar e no prolongamento, no desempate por grandes penalidades a Roma teve mais fortuna e venceu por 0-1.

Foi o fecho de 2 dias intensos com os duelos ante PSG (2-1) e Manchester United (3-1; ver abaixo). No formato de 7 contra 7, sem foras de jogo e com substituições ilimitadas, as Inspiradoras foram superiores às italianas na fase inicial, acercando-se sempre com mais perigo da baliza rival.

Aos 3', Andreia Norton deixou a primeira ameaça com um remate ao lado. Dado o ritmo frenético e consequente desgaste, aos 7', Filipa Patão fez 6 alterações, pedindo "intensidade e qualidade com bola".

Catarina Amado, aos 9', abriu o ativo numa recarga, depois de ter disparado para defesa de Liliana Merolla.

Claramente por cima, o Benfica chegou ao intervalo a vencer por 1-0.

Ao longo das duas partes de 15 minutos, a música foi uma constante, e durante o intervalo houve tempo para pequenos passos de dança nas bancadas, até por parte das árbitras, face ao registo muito mais descontraído da prova.

No banco, Cristina Prieto pedia aplausos ao público, enquanto bailava durante curtos instantes, antes do reatar do jogo.

Thaís Lima foi lançada na baliza na segunda metade (a jovem de 17 anos estreou-se neste torneio), efetuou uma boa defesa, antes do empate, aos 28', após Alayah Pilgrim ter convertido uma grande penalidade.

Evelyne Viens operou a reviravolta aos 29', e, logo de seguida, Jody Brown igualou. Nos últimos instantes, Andreia Faria teve nos pés o golo do triunfo, mas errou o alvo (2-2, após os 30 minutos).

Seguiu-se o prolongamento de 5 minutos no qual quem marcasse vencia de imediato, dada a regra do golo de ouro. Ninguém faturou, e o duelo decidiu-se nas grandes penalidades nas quais existia o critério de morte súbita. Andreia Faria não concretizou como desejado o primeiro castigo máximo e Emilie Haavi converteu: o encontro terminou com o triunfo da Roma, 3.ª classificada na Liga italiana.

Apesar do desfecho, que não possibilitou avançar às meia-finais, o Benfica deixou uma boa imagem.

DECLARAÇÕES

Filipa Patão (treinadora do Benfica): "Independentemente dos resultados, nós retiramos coisas muito positivas deste torneio, principalmente o modelo feito. Acho que é muito bom para estimular as jogadoras a crescerem e desenvolverem-se, e, depois, estamos a jogar contra as melhores. Agora, este último jogo não caiu para o nosso lado, e acho que fizemos pela vitória e fizemos para que caísse, mas o futebol é assim e este tipo de jogos de futebol de 7 são inesperados. Até a equipa que está melhor, ou que até queria mais, não é necessariamente a equipa que sai vencedora, e nós, lá está, não fomos competentes nos penáltis e acabámos por não conseguir uma vitória no grupo, que era o que pretendíamos. Mas ficamos muito felizes por estar entre as melhores e, acima de tudo, por conseguirmos competir, porque independentemente de tudo foi um Benfica que, contra três grandes equipas, conseguiu competir sempre. Conseguimos marcar, conseguimos dificultar, e isso também faz parte do nosso crescimento e da nossa caminhada naquilo que são os jogos internacionais e naquilo que é a missão do Benfica para o futuro. [Tempo de jogo para as atletas menos utilizadas] Têm o seu tempo e estão a fazer a sua caminhada, e nós também temos de aguardar e desenvolvê-las da melhor forma possível para isto, para quando elas forem lançadas e quando tiverem menos minutos estarem o mais bem preparadas possível. Foi isso que elas fizeram aqui neste torneio. [PSG, Manchester United, Roma e contexto de Liga dos Campeões] Sim, sem dúvida, e nós precisávamos disso. Nota-se que precisamos disso, porque, com menos estímulos competitivos, vamos perdendo um bocadinho o andamento deste tipo de jogos e deste tipo de intensidade. O que diferiu muito no jogo do [Manchester] United foi precisamente isso, o Manchester [United] na Liga inglesa tem este tipo de intensidade e de jogos, não de futebol 7, mas de futebol 11, todos os fins de semana, e isto obriga a crescer e obriga a ser mais intenso, mais forte e mais exigente. Precisamos deste tipo de jogos, portanto é muito bom para nós para o ano estarmos novamente na fase de grupos da Liga dos Campeões, e tenho a certeza absoluta de que estas jogadoras se vão preparar da melhor forma possível para conseguirmos fazer ainda melhor do que o que fizemos aqui. Ainda assim, fomos uma equipa muito competitiva, mas nós somos o Benfica e temos de procurar sempre a vitória, por mais que sejam jogos internacionais, e é para isso que vamos trabalhar."

MAIS UM ENSAIO NUMA REALIDADE DISTINTA

Menos de 24 horas após a estreia, ante o PSG (2-1), as águias apresentaram-se frente ao Manchester United, 25.º do ranking da UEFA, com a ambição de vencer, a meio da tarde desta quinta-feira, 22 de maio.

Realizado o aquecimento, paredes-meias com o recinto de jogo, cujas dimensões são metade de um campo tradicional, as jogadoras foram chamadas uma a uma, sempre com música a acompanhar o momento.

O grito Sport Lisboa e Benfica, efetuado por toda a estrutura encarnada, foi bem audível, antes do apito inicial.

Numa partida de futebol de 7, com dinâmicas totalmente distintas das do futebol de 11, as inglesas adiantaram-se no marcador no minuto inicial, por Celin Bizet Ildhusoy (1-0).

Em reação ao golo sofrido, os Benfiquistas apoiaram a equipa, entoando "Allez, Benfica, allez".

Em face da intensidade colocada em cada lance deste torneio internacional de futebol de 7, aos 6', Filipa Patão lançou Andreia Faria, Christy Ucheibe, Jody Brown, Laís Araújo, Neide Guedes e Beatriz Cameirão, mantendo apenas Rute Costa na baliza, em relação às titulares.

Aos 8', a internacional lusa defendeu a dois tempos o remate de Maya Le Tessier. Num certame no qual o relógio não pára, a exceção foi mesmo o momento em que Andreia Faria recebeu assistência médica, pois ficou caída no relvado com queixas na cabeça.

O Benfica reagiu por Laís Araújo, que recuperou uma bola e progrediu até à área contrária, rematando para defesa da guarda-redes do United. E as inglesas, ripostando, aumentariam o score por Simi Awujo, aos 12'. Depois, aos 14', Melvine Malard atirou à trave.

Ao intervalo, as Inspiradoras, pentacampeãs nacionais, perdiam por 2-0. No recomeço, Lena Pauels assumiu a baliza e, em algumas ocasiões, jogou subida no terreno, recorrendo ao bom jogo de pés para tentar causar desequilíbrios e abrir espaços.

No entanto, do lado oposto, em contragolpe, o 3-0 nasceu, mais uma vez, dos pés de Simi Awujo, que bisou aos 18'. Sem deixar de lutar, o Benfica reduziu por Andreia Norton, que, ao segundo poste, após incursão de Catarina Amado pelo flanco direito, empurrou para o fundo da baliza (3-1, aos 21').

Num jogo com duas partes de 15 minutos, ainda faltavam 9 para o término e era possível reverter o resultado. O Benfica procurou pressionar, mas não conseguiu faturar numa fase em que as inglesas tornaram a atirar aos ferros, e Lena Pauels fez um par de excelentes intervenções.

Perto dos 30 minutos regulamentares, os adeptos encarnados entoaram "Eu amo o Benfica", mantendo acesa a paixão incondicional ao Clube.

As águias cederam por 3-1, e ainda nesta quinta-feira, às 20h30, enfrentariam a Roma, derrotada pelo PSG no prolongamento, por 2-1, no duelo que precedeu o Manchester United-Benfica.

DECLARAÇÕES

Christy Ucheibe (média do Benfica): "Foi um jogo duro contra uma das melhores equipas do mundo. Tentámos dar o nosso melhor. É futebol, podemos ganhar ou perder. Em termos coletivos, estivemos mais confortáveis. Penso que este é um bom torneio, e quero agradecer a quem decidiu torná-lo realidade. Fizeram um ótimo trabalho."