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27 maio 2025, 20h05

Nuno Catarino

Nuno Catarino

Nuno Catarino, CFO do Benfica e vice-presidente do Conselho de Administração da SAD, esteve nesta terça-feira, 27 de maio, na 3.ª edição da Conferência Bola Branca, organizada pela Rádio Renascença, onde abordou diversos temas da atualidade do Clube e do futebol português.

Questionado sobre o comunicado divulgado pelo Benfica na segunda-feira, 26 de maio, relativo aos graves acontecimentos nas últimas jornadas da Liga Portugal Betclic e na final da Taça de Portugal, Nuno Catarino defendeu um consenso em torno da valorização do espetáculo e alertou para a urgência de se traçar um novo rumo.

"Como maior instituição do futebol nacional, temos adotado uma visão institucional. Vamos valorizar o produto, promover consensos, tentar que todos caminhemos para uma valorização de um espetáculo e de um produto que queremos no futuro comercializar melhor e que queremos manter no topo do futebol europeu. A grande questão que temos aqui, que é, aliás, a natureza do comunicado de ontem [segunda-feira, 26 de maio], é que nos parece que nem todas as instituições estão preparadas e que há quem não queira, de facto, avançar para melhorar o produto a nível nacional. Ou seja, queremos, claramente, novos rumos para o futebol português. É esse o nosso princípio, é essa a nossa forma de estar e foi por isso que colaborámos, mas têm de haver alterações. O comunicado fala por si, foi pensado e foi ponderado", sublinhou.

A respeito da participação disciplinar da equipa de arbitragem e de VAR do jogo da final da Taça, Nuno Catarino salientou que os intervenientes "têm de ser chamados à sua responsabilidade" sobre um conjunto de falhas "totalmente inexplicáveis".

"A participação tem os seus objetivos, que é chamar as pessoas à sua responsabilidade. Falhou a equipa de arbitragem como um todo. O chefe, que é o árbitro principal, e o VAR, de uma forma totalmente inexplicável. Acho que há coisas que acontecem à vista de todos e vistas por todos. Cada um pode responder por si próprio. Toda a gente já viu o vídeo, até pessoas que não gostam de futebol. Também são só 33 câmaras e uma equipa inteira a ver. As coisas são inexplicáveis, as pessoas têm de se explicar, têm de se divulgar as notas dos árbitros, as notas do VAR, os áudios, como pedimos", disse.

A indisponibilidade do Benfica para receber jogos da Seleção Nacional, citada no mesmo comunicado, também mereceu um comentário de Nuno Catarino: "Vamos esperar até que haja, de facto, algumas mudanças. Nós, do lado do Benfica, temos coragem. Não sei se há coragem de outros lados."

Reforçando que não existem, neste momento, condições para avançar com o processo de centralização dos direitos televisivos, Nuno Catarino afirmou que qualquer negociação nesse sentido terá de considerar o valor que o Benfica já tem hoje em dia.

"O Benfica tem as condições comerciais que tem, que as construiu. Correu riscos que mais nenhum outro clube correu na altura. A criação de um canal de subscrição, tem investimentos de monta feitos nesta área. Nós estamos disponíveis para participar num projeto que valorize o futebol português e que comece com o valor que o Benfica tem hoje, e que vai ter no futuro. A partir daí, se for para melhorar e para distribuir melhor para outros, tudo bem. Mas temos de começar pelo valor que os clubes já têm hoje em dia", frisou.

O dirigente insistiu que os números desejáveis para todos os envolvidos só podem ser atingidos com mais "inovação, coragem e determinação".

"As coisas valem o que pagam por elas. Podemos ir longe nesse número, podemos não ir longe. A ambição é possível, é desejável. Vai requerer inovação a nível do produto, coragem e determinação, o que não tem acontecido. Na altura em que se criou a Benfica TV, foi-se buscar os direitos da Liga inglesa, havia a Benfica TV 1, a Benfica TV 2. Foi criado um projeto que os operadores de televisões diziam que era uma loucura, que nunca ia funcionar, e o que é certo é que funcionou. Mas se não tivermos o arrojo de pensar diferente, e estivermos dias e dias a discutir chaves de distribuição de uma coisa que não está criada, vai correr inevitavelmente mal. E o Benfica não está muito disposto a contribuir para discussões estéreis nesse sentido", vincou, lembrando que tem de ser valorizado o facto de os 17 jogos do Benfica em casa, para a Liga Betclic, integrarem o lote dos 20 com mais audiência.

O responsável por toda a área financeira do Clube defendeu a qualidade do produto Made In Benfica para atingir a meta dos 500 milhões de euros de receita consolidada nos próximos 5 anos, objetivo estratégico revelado no dia da divulgação do exercício do primeiro semestre de 2024/25.

"Acreditamos que temos um bom produto. Temos um estádio grande para a realidade nacional e temos muita procura pelo nosso produto. Estamos a fazer um projeto de expansão do Estádio para passar para mais 5 mil lugares [total de 70 mil]. Haverá outras novidades em relação ao Estádio, que estamos a trabalhar e que vão ser implementadas nos próximos anos. Diríamos que chegar aos 500 milhões tem várias lógicas e substância por trás. Esse é o número que acreditamos que vão ter os clubes entre o 10.º e o 20.º lugar em termos de receitas na Europa, daqui a 5 anos. E achamos que, para ser competitivos e conseguirmos resultados ainda melhores, temos de, pelo menos, ter uma base de receita substantiva nessa dimensão. Subjacente a esse número, e eu acho que isso também é muito importante, o plano é crescer substancialmente as receitas recorrentes e de operação para reduzir dependência. O facto é que é uma dependência estrutural do mercado português, e é igual para todos os clubes, de vender jogadores, ou seja, temos de ganhar capacidade para reter mais tempo os nossos jogadores. O Benfica não está, de facto, vendedor nesta altura, não está pressionado para vender. Teremos sempre de fazer alguns ajustes no plantel, mas acho que são os pequenos ajustes que vão ter de se fazer e ter-se sempre de fazer", referiu, garantindo que o foco está para aí direcionado, independentemente da realização das eleições agendadas para outubro.

Abordando a participação no próximo Mundial de Clubes da FIFA, Nuno Catarino falou de uma competição fulcral na missão de "projetar o Benfica e o futebol português para o importantíssimo mercado dos Estados Unidos da América", apontando, porém, que serão necessárias algumas adaptações a nível desportivo e da abordagem ao mercado para lidar com uma "época atípica".

"Temos de ter um plantel mais alargado, porque há mais contingências. Não vai haver férias, estamos a fazer uma experiência nova. Porque, se é verdade que há mundiais e europeus de seleções, isto afeta os clubes de uma forma mais homogénea. Vamos levar uma equipa inteira para os Estados Unidos, volta-se quase sem férias, passando umas semanas está-se a jogar a Supertaça, que é logo o troféu a seguir. Depois estaremos a jogar a pré-eliminatória da Liga dos Campeões e o início do Campeonato. É uma época muito atípica. Acho que, também, vai afetar bastante o mercado do Benfica, não em particular, mas o mercado de uma forma global vai ser afetado por isto", rematou.

Texto: Redação
Fotos: Arquivo / SL Benfica
Última atualização: 28 de maio de 2025

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