O plano para criar mais valor

REPORTAGEM BTV

O Sport Lisboa e Benfica apresentou, no dia 28 de maio, a sua Estratégia de Sustentabilidade no de­curso do encontro "Benfica e a Sustentabilidade – Ganhar em todos os campos", que decorreu na Tribuna Presidencial do Estádio da Luz e juntou especialistas da área para refletir sobre desafios e oportunidades de futuro.

Pela voz de Manuel de Brito, vice-presidente do Sport Lisboa e Benfica e administrador executivo da SAD, os mais de 250 participantes ficaram a conhecer as linhas-mestras de um projeto, que tem vindo a ser implementado, o qual, no contexto atual de constantes desafios e mutações na sociedade e no ecossistema empresarial, apresenta-se como uma resposta firme na procura de uma sustentabilidade am­biental, social e de governança.

Com o lema "We're Redy" e pretendendo "ganhar em todos os campos", o Benfica procura agir, liderar como exemplo e mudar comportamentos nos referidos campos. Assim, ao nível ambiental – alinhando com os objetivos climáticos globais –, o Clube propôs-se continuar a agir na gestão de resíduos e reciclagem, na economia circular, na gestão de energia e descarbonização, na gestão da água e promover outras medidas de sustentabilidade ambiental.

Em termos sociais, o projeto intervém em dois vetores distintos. Na responsabilidade social externa, através de: Fundação Benfica, Cultural Heritage, Ecletismo e Dimensão, e Casas Benfica. No que concerne à responsabilidade social interna, através da política de Recursos Humanos, Health & Performance e no Benfica Campus.

Na governança, através do modelo de governação corporativa, da comissão de controlo interno e partes relacionadas, na gestão de risco, no código de conduta, a utilização do canal de denúncia, o questionário de partes relacionadas e a auditoria interna.

"Temos um alcance de mais de 50 milhões de pessoas, e, com a nossa dimensão, o Benfica quer sempre mais, quer ganhar e crescer. Também somos a instituição que maior pegada ecológica tem. Passam mais de um 1,6 milhões de pessoas neste estádio por ano. Como somos o clube que tem mais equipas, também é aquele que se desloca mais. Também temos uma forte presença a nível europeu, normalmente em várias modalidades, por isso, também aí temos um impacto. Temos mais de um milhão de pessoas que já visitaram o museu... temos uma grande responsabilidade de fazer mais e ir mais longe", referiu Manuel de Brito, concretizando: "Tendo em conta tudo o que fazemos, quisemos dar-lhe mais estrutura, transformar este alcance que nós temos em impacto e fazer mais e melhor."

Manuel de Brito identificou os grandes pilares da estratégia. "Em primeiro lugar, o Benfica quer ganhar em todo o lado. E ganhar em todo o lado começa por ganhar bem. Ganhar bem, ganhar fora, ganhar por muitos e ganhar em casa. Mas o que é efetivamente transversal a toda a estrutura e a todo o projeto é ganhar bem. E ganhar bem tem ética e transparência. É a parte da governança. É transversal, da administração até todos os níveis de todos os departamentos. Depois, ganhar em casa com as nossas pessoas, com os nossos atletas, com as nossas infraestruturas. É cuidar dos nossos, dos nossos ativos, dos nossos recursos humanos e das nossas infraestruturas. Ganhar fora é com os nossos fornecedores, com os nossos parceiros, com os municípios e com todos os stakeholders que têm uma relação direta com o Benfica. Ganhar por muitos é a consequência disto tudo. É transformar este valor que é criado em benefícios para a sociedade, para as comunidades, para as pessoas e para o ambiente", frisou.

A PARTILHA DE VISÕES E DE PRÁTICAS NO JOGO DA VIDA

O sol ganhava altura sobre o Estádio da Luz, onde, a partir das 9h00, começaram a chegar os primeiros participantes no encontro dedicado à sustentabilidade, nas suas múltiplas vertentes, associada às boas práticas ambientais, sociais e de governança das instituições e empresas. O Benfica, na Tribuna Presidencial da Catedral, acolheu ilustres convidados, representantes de parceiros e de fornecedores da sua atividade diária, sempre carregada de paixão, rigor e transparência.

Coube a Roberta Medina, responsável pela organização do Rock in Rio, abordar o tema da Sustentabilidade como fator de criação de valor. A empresária lembrou que "sustentabilidade e um mundo melhor são a mesma coisa", revelando os desafios que a sua organização enfrentou ao longo dos anos, desde 1985, para ir de encontro à necessidade de ter "parceiros felizes". "Temos a responsabilidade pela satisfação do outro", atirou, considerando: "O Benfica e o Rock in Rio têm a força de fazer e de mudar opiniões."

Na presença de vários elementos dos órgãos sociais do Benfica e colaboradores, seguiu-se o amplo debate subordinado ao tema "Beyond Victories". Manuel Mota, partner da EY Portugal, defendeu que "a sustentabilidade não é uma questão de crença", pois tal "torna os negócios mais resilientes", enquanto Mariana Ribeiro Ferreira, vice-presidente do GRACE – Empresas Responsáveis, asseverou que a "sustentabilidade é uma forma de criar valor e uma questão de sobrevivência."

Oferecendo uma perspetiva jurídica, Assunção Cristas, sócia da VdA, vincou que a "estrutura legislativa na área assenta nas grandes empresas, como o Benfica, e no setor bancário e financeiro". "São os dois motores de arranque da sustentabilidade", acrescentou. Já Mariana Fontes da Costa, diretora executiva do CEAM, advogou a necessidade de "equilíbrio entre a sustentabilidade e o lucro", enaltecendo o papel da governance nas empresas e as suas boas práticas, associadas à transparência. "Es­tamos a evoluir para uma governance 360º."

Antes do encerramento efetuado por Margarida Couto, sócia da VdA, Manuel de Brito, vice-presidente do Sport Lisboa e Benfica e administrador executivo da Benfica SAD, apresentou a Estratégia de Sustentabilidade do Benfica. "Tivemos aqui um painel de luxo a falar de todas as implicações legais, estratégicas, de oportunidades, que é a sustentabilidade. O Benfica, pela sua grandeza, pela sua dimensão, tem uma dimensão desportiva, e uma dimensão ambiental e social enorme. Temos mais de 70 iniciativas em curso. O Benfica não é sustentável hoje. O Benfica já tinha iniciativas do âmbito social e do âmbito ambiental há muitos anos. Vamos agora dar um passo em frente, vamos fazê-lo crescer, vamos criar valor com parcerias, e é para isso que estamos aqui. É um projeto estruturante e estratégico para o Benfica. Qualquer Direção tem de ter na sua agenda, no seu programa, a sustentabilidade. É inquestionável, como vimos aqui hoje, é incontornável, é irreversível", afiançou.

Manuel Mota, partner da EY – uma das empresas da comissão organizadora do evento, a par do GRACE, da VdA e, naturalmente, do Benfica –, elogiou a iniciativa. "Traz para o público muito daquilo que o Benfica já faz nas dimensões sociais, das comunidades, das suas pessoas, dos seus atletas, mas também do ponto de vista ambiental, que são temas também muito falados. Acho que isso ajuda a inspirar entidades que operem no mesmo setor, mas também outras. E, no fundo, criar aqui uma lógica até quase de desafio em muitos dos seus parceiros e fornecedores, e novos, eventualmente, como uma forma de... juntem-se a nós para tornarmos o mundo melhor, de alguma forma", sublinhou.

Roberta Medina abordou igualmente o papel do Benfica no contexto da sustentabilidade. "O Benfica tem uma potência... hoje começa uma jornada mais ousada. O Benfica é um canal potente para passar informação e consciencializar, faz as pessoas moverem mais rápido as suas decisões e escolhas. O Clube está a abraçar a responsabilidade de levar essa mensagem e de ser um acelerador da mudança que queremos ver no mundo", frisou.

Já Henrique Conceição, head of sustainability do Benfica, fez um balanço positivo da partilha vivida na Catedral. "Superou as expectativas! O nível de pessoas que confirmaram e que marcaram presença foi elevadíssimo. Ouvimos pessoas interessantíssimas, com um discurso absolutamente inspirador e que de facto nos leva e nos remete para aquilo que é a verdadeira essência deste projeto. Nós temos de saber, do lado do Benfica, atuar, porque se não atuarmos não estamos a cumprir com aquilo que é a nossa obrigação. Temos de conseguir liderar pelo exemplo nas iniciativas que desenvolvemos. Como costumo muitas vezes dizer, temos de ser os melhores da turma, não nos podemos apenas contentar em ser o aluno da média, porque essa não é a forma de estar do Benfica, não é esse o ADN, não é essa a cultura do Benfica. O ADN do Benfica é de vencer e também aqui, nesta área da sustentabilidade, temos de vencer", enalteceu, concluindo: "Além de atuar e de liderar pelo exemplo, a responsabilidade que o Benfica tem, enquanto instituição de liberdade pública, é de olhar e perceber que de facto temos uma capacidade de alcance absolutamente extraordinária. Temos de ter a capacidade de conseguir comunicar muito bem para que efetivamente nós consigamos levar todos os nossos stakeholders, também eles, em conjunto connosco, a mudar o seu comportamento."