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Futebol Formação
02 junho 2025, 19h56
Treino e desenvolvimento
"O Centro de Formação e Treino foi o mecanismo que o Sport Lisboa e Benfica encontrou de proporcionar aos jovens adolescentes que distam da Grande Lisboa a oportunidade de se poderem desenvolver dentro da nossa metodologia. Começámos com o nosso Centro de Formação e Treino [CFT] de Braga, de Aveiro, de Viseu e de Faro, e mais tarde vieram os CFT de Vila Real e também de Leiria", recorda Rodrigo Magalhães sobre as origens de um projeto iniciado em 2008.
A ideia que subjaz aqui é a de, não podendo todos os Maomés irem treinar à montanha do Benfica, levar a montanha encarnada aos Maomés das mais diversas áreas geográficas do país. "O Sport Lisboa e Benfica teve esta ideia pioneira, e invertemos aqui um bocadinho o processo. Ou seja, como é que nós podemos proporcionar aos nossos jovens jogadores de diferentes pontos do nosso Portugal, até porque o talento não tem idade nem tem local de nascimento, a oportunidade de se desenvolverem de acordo com a metodologia do Sport Lisboa e Benfica", explica o diretor técnico da formação do Clube.
"O objetivo dos Centros de Formação e Treino espalhados ao longo do país é mesmo esse, ou seja, é o de distribuir aquilo que é o Sport Lisboa e Benfica por Portugal. E é a nossa forma de termos contacto com aquilo que é o talento, que está em todas as localidades do nosso país, em concordância também com aquilo que é o departamento de prospeção, fazermos esse contacto, essa deteção do talento, para que depois, quando temos estes jogadores do nosso lado, quer seja em Braga, em Aveiro, Viseu, Faro, Leiria ou Vila Real, nós possamos dar-lhes as melhores condições possíveis e, no fundo, que eles procurem e sintam que estão sempre a representar o Sport Lisboa e Benfica, seja em Lisboa, seja em qualquer parte do nosso país", ajunta João Sampaio, coordenador técnico dos CFT de Aveiro, Braga, Leiria, Vila Real e Viseu.
O CFT DE BRAGA
"O CFT de Braga atualmente tem quatro equipas, a de Infantis, a de Benjamins, que se divide em duas, na A e na B, e depois a de Traquinas", dá conta Nuno Rafael, o responsável do polo da capital minhota.
Francisco Neto, avançado da equipa B do Benfica, é também um antigo jogador do CFT de Braga. "Ainda éramos muito jovens e tínhamos a oportunidade de estar a representar o Benfica e também estar com os nossos pais. E depois foi muito importante para mim, também pelas amizades que criei, por tudo o que aconteceu. Também ir a torneios fora, com jogadores diferentes de outros CFT. E acho que foi muito importante mais por isso, o conhecimento, irmos a outros países... Sempre foi muito bom ter essas atividades", recorda o talento da Formação.
Hélder Gonçalves revela o que ensina aos seus pupilos. "O que nós incutimos é que eles vivam o dia a dia, se preocupem com a sua evolução, sintam o prazer e desfrutem de jogar no Benfica e do investimento que o Benfica faz neles", diz o treinador dos Infantis.
"É uma das melhores academias do mundo, e é uma sensação única", resume Afonso Nunes, um dos jovens jogadores que ali treinam.
O CFT DE AVEIRO
Em Aveiro, os objetivos não são diferentes. "O projeto nasceu com esse intuito, que é estar longe da casa-mãe, mas, ao mesmo tempo, estar perto e de forma que os jogadores tenham as mesmas excelentes condições que têm em Lisboa, e nós aqui conseguimos fazer e potenciar os jovens talentos para depois ingressarem na casa-mãe, nomeadamente os Infantis, que é o último ano de projeto, em que, ano após ano, este CFT tem colocado sempre bastantes atletas no Benfica Campus", detalha Simão Rodrigues, o responsável pelo centro aveirense.
Exemplo da excelência das instalações é a adição de dois novos recintos fechados, com tabelas junto ao relvado e redes nas zonas mais elevadas.
"A 'jaula' permite que o tempo útil na tarefa seja rentabilizado ao máximo, quase 100%. A bola bate na tabela, está em jogo; bate na rede, está em jogo, portanto, aumenta o tempo útil de prática, aumenta a intensidade, aumenta a criatividade, a espontaneidade da ação dos nossos jogadores. Temos, à semelhança do futsal, um espaço reduzido com uma relação numérica que também muitas vezes é moldada por nós. O jogador tem de pensar mais rápido, tem de executar mais rápido, a interação entre os diferentes momentos do jogo: o jogador está a atacar, perde a bola, passa para um momento de transição defensiva; está num momento defensivo, recupera a bola, transita, já está novamente a atacar, portanto, mentalmente, a predisposição para poder interagir e interferir ativamente nos diferentes momentos do jogo é muito mais elevada, e, obviamente, com o espaço mais reduzido, o desenvolvimento do nível da execução técnica acaba por ser muito superior", diz Rodrigo Magalhães, explicando os benefícios deste tipo de recintos.
Guilherme Peixoto, defesa da primeira equipa de Sub-23 a conquistar um troféu para o Benfica neste escalão, é alguém que veio do CFT de Aveiro e dá o seu testemunho dessa experiência.
"Começar desde novo já a ter a ideia do que é jogar à Benfica, as ideias do que é passado neste clube, a mística. E, no fim, é o nosso desenvolvimento que está em prática para, quando tivermos 12 anos, virmos aqui para Lisboa e, se tudo correr bem, continuarmos por aí acima até chegar à equipa A", conta o lateral.
O CFT DE VISEU
Este é um dos centros que funcionam desde o início do projeto, em 2008. "Lidamos aqui com potenciais novos craques, novos jogadores da equipa A do Sport Lisboa e do Benfica, e, portanto, temos esta missão de os formar e de desenvolver e potenciar o que de melhor eles têm para poderem um dia ingressar no Benfica Campus e, quem sabe?, posteriormente, na equipa A do Sport Lisboa e Benfica." São palavras de Rui Cordeiro, treinador de um CFT responsável pela deteção de talentos como António Silva.
"Inspiro-me muito neles porque um dia também quero chegar à equipa A como eles chegaram", confidencia Diogo Crespo, um jovem pupilo que tenta seguir as pegadas dos seus famosos conterrâneos. São exemplos concretos que mostram a estes miúdos que não é por morarem longe do Estádio da Luz que o sonho não é possível.
"O CFT de Viseu foi o início do Benfica para mim, foram os primeiros treinos, os primeiros jogos com a camisola do Benfica. Foi o sentir fazer parte das equipas do Benfica, espalhadas por todo o país nesses CFT. E foi o início de algo bonito que foi muito bom na minha vida e continua a ser", recorda Hugo Félix, o rei das assistências da Liga 2, que já experimentou as sensações de vestir a camisola principal num jogo da Taça de Portugal, frente ao Tirsense.
O CFT DE FARO
Outro CFT com provas dadas é o de Faro. Ainda por estes dias viu dois dos seus meninos sagrarem-se campeões da Europa. Duas referências para o pequeno Lourenço Silva. "É uma paixão, eu gosto de ver o Benfica a jogar, sabe jogar muito bem. Sempre vi o João Neves, o Gonçalo Ramos e esses todos a jogarem, e disse 'Eu vou jogar lá, eu quero jogar lá'", conta à reportagem o futuro craque.
Pelo menos, o responsável do CFT Faro não tem dúvidas: "Acredito que o trabalho que a prospeção está a fazer é excelente, e acredito que temos os potenciais craques do Algarve da próxima década", diz Miguel Fernandes. E não está sozinho.
Cláudio Fernandes, o responsável por esse departamento de prospeção, revela a fórmula do sucesso: "É ter os melhores talentos do Algarve, é ter os melhores treinadores do Algarve e trabalhar como o Benfica deseja, no máximo, com o melhor profissionalismo e com a melhor categoria."
Faro tem passado, como Neves e Ramos, tem futuro, como acreditam Lourenço e os atuais responsáveis, mas também tem presente, como é exemplo Nuno Félix, jogador da equipa B que em 2024/25 vestiu por 3 vezes a camisola da equipa principal e que explica a importância dos CFT.
"Para mim, está o Benfica a ter os melhores jogadores em idades mais novas, que ainda não possam estar aqui [no Benfica Campus], dando-lhes logo um primeiro impacto do que é estar no Benfica e do que é representar o Benfica. Acho que esse é o principal objetivo do CFT, e tem ajudado muitos jogadores a alcançar os objetivos pessoais", considera o médio.
O CFT DE VILA REAL
Embora com uma história mais curta nestas paragens, este projeto das águias chega já há algum tempo a Trás-os-Montes. "Esta é a 7.ª época em funcionamento do CFT de Vila Real. Nestas 6 épocas completas, tivemos 5 atletas a transitar para o Benfica Campus, e eu acho que, uma vez que o CFT era novo, o balanço é francamente positivo", considera Amílcar Ferreira, o responsável local.
"A mística é uma das essências deste projeto, eles são muito novos, mas tentamos passar-lhes sempre aquilo que é a mística do Benfica e da instituição", completa, dando exemplos.
"Neste ano, temos o hino nos jogos em casa, iniciamos sempre a entrada em campo com o hino do SLB, temos o equipar à Benfica, temos as regras de vestir, o comportamento, há um conjunto de regras transversais que a gente não facilita aqui em Vila Real", detalha.
Joel Jarrete é pai de um jovem talento do CFT e só tem bem a dizer. "Balanço muito positivo, sem dúvida alguma. Ele cresceu imenso como pessoa, como jogador. Gosta muito de cá estar, gosta muito dos amigos, dos conhecimentos que fez, do ambiente e, claro, de vestir o Manto Sagrado, que é uma coisa que para um Benfiquista é sempre um orgulho muito grande", testemunha.
Mas não fala só como encarregado de educação, fala também como adepto. "Fico orgulhoso de ver que o Benfica está em todos os cantos de Portugal, está a trabalhar muito bem, estão em cima de qualquer miúdo interessante, perdido numa aldeia ou não, estão sempre atentos. É uma coisa muito boa que o Benfica está a fazer", justifica.
O CFT DE LEIRIA
O outro centro mais jovem é o de Leiria, que cobre uma vasta zona. "Aqui o CFT de Leiria serve uma grande área geográfica. Nós estamos muito perto de Coimbra, servimos Leiria e temos um acesso privilegiado à região interior, de Castelo Branco, da Sertã, da Guarda, ou seja, a nossa localização é estratégica", diz Milton Branco, o responsável. "É essa a grande vantagem de poder servir a região centro de Portugal e servir o Benfica, estando aqui no norte do distrito de Leiria", conclui.
"Foi nessa ótica que surgiu aqui o CFT, de forma a conseguirmos chegar aos atletas de elevado potencial da zona de Leiria, Coimbra e norte de Santarém, mantendo-os no conforto de poder estar com a família e de poder continuar a desenvolver-se nas diversas dimensões e nas diversas vertentes escolar e familiar. Ou seja, no fundo, podermos chegar aqui a esta zona, não provocando aquilo que são os constrangimentos e a logística envolvida em ter de ir até Lisboa e em ter de estar próximo da casa-mãe", justifica Rui Silva, responsável da prospeção.
Esta comodidade foi sentida pela família Pereira. "Tem sido uma experiência boa, ele está a gostar, nós também. Ele já vai para o 3.º ano, nós começámos em Lisboa, e depois, quando abriu aqui o CFT de Leiria, perguntaram se queríamos mudar para cá, e decidimos arriscar e estamos a gostar. Ele adaptou-se facilmente, criou aqui amizades, nós também, e tem corrido muito bem", conta o pai de um pequeno jogador.
EM LISBOA
Em Lisboa, as coisas não são diferentes. "A área de iniciação do futebol de formação do Clube integra os jogadores e as estruturas técnicas desde os 6 anos de idade até ao escalão dos Sub-13. Tanto aqui na estrutura central, as equipas aqui de Lisboa, como também os nossos Centros de Formação e Treino espalhados pelo país em 6 pontos distintos. A nossa metodologia de treino, a implementação dessa metodologia em cada um dos escalões, é exatamente a mesma aqui nas equipas em Lisboa da estrutura central e também exatamente a mesma nos Centros de Formação e Treino", indica Pedro Simona, coordenador técnico de iniciação de Traquinas e Petizes.
Diogo Abreu, treinador dos Infantis B, reforça a ideia. "Temos a noção de que todos os CFT são importantes, o bom jogador não vem só de Lisboa, vem de toda a parte do país, e o Benfica, com esta questão dos CFT, consegue abranger muito mais talento", sublinha, explicando o que sucede quando os jogadores atingem a idade para a fase seguinte.
"A transição pós-Sub-13 é quando eles vêm todos cá para baixo, portanto é um ano muito importante porque recolhemos todos os jogadores de todo o país aqui connosco, mas eles, como já disse, já dormem no Benfica Campus, portanto para o ano apenas vão só jogar no Benfica Campus, tudo o resto é igual", descreve Diogo Abreu.
MISSÃO
A reportagem BTV segue com testemunhos de miúdos que fizeram esse percurso dos CFT mais próximos da sua área de residência até ao Benfica Campus, contando as dificuldades que tiveram de superar mas que têm valido a pena desde o primeiro dia, mostrando-se gratos por poderem usufruir desta formação, ainda para mais permitindo-lhes, mesmo longe da Luz, representar o clube de que são adeptos.
Nuno Félix, Hugo Félix, Francisco Neto e Guilherme Peixoto, que hoje trabalham todos os dias no Seixal, tornam a recordar a emoção que sentiam quando a programação dos CFT os trazia ao Benfica Campus para "momentos de observação e fidelização", como lhes chama Pedro Torrado, que junta um dado impressionante.
"Já constam mais de 150 jogadores oriundos dos nossos Centros de Formação e Treino a transitar para o Benfica Campus, e alguns deles já integraram a equipa principal, o que acaba por ser, obviamente, a nossa missão", revela o coordenador técnico dos Benjamins, dos Infantis e do CFT de Faro.
E esta missão tem sido tão bem desempenhada, que o Clube reconheceu institucionalmente os méritos dos CFT atribuindo-lhes um Galardão Cosme Damião na gala do 121.º aniversário, como Projeto do Ano. Na receção da distinção, Rodrigo Magalhães subiu ao palco e usou da palavra: "Não vejo um Galardão, vejo o maior projeto descentralizado a nível nacional e um dos maiores projetos mundiais."