Benfica Residential Academy Inauguração Reportagem

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REPORTAGEM BTV

Na estrada principal já se via Benfica, já se sentia Benfica... Ao virar à esquerda, respeitando a preciosa ajuda do GPS, na 33701 County Road 52, em Saint Leo, na sexta-feira, 13 de junho, encontrámos sinais de um momento histórico para um clube, uma universidade, uma região e um país.

As lonas distintivas com as marcas do Glorioso, da melhor Formação do mundo, já tinham sido avistadas, e as três Benfiquistas, equipadas a rigor, que na primeira rotunda da faculdade davam as boas-vindas a quem chegava com simpáticos hello guys, embrulhados em pedidos para tocar na buzina do carro, prontamente correspondidos para gáudio das próprias, serviam um "aperitivo" para o que se veria nas horas seguintes.

A tarde estava quente, como é típico na região de Tampa (Florida) nesta fase do ano – ainda que a ameaça de chuva tropical pairasse ao longe, à semelhança dos dias anteriores (chegou mais tarde, ao fim do dia) –, e, às 14h30 locais, duas águias pousadas num braço dos respetivos tratadores eram borrifadas com água para que pudessem suportar uma tarde de convívio e de festa na entrada do recinto com campo sintético que é a casa dos Saint Leo Lions, e no qual mais de duas dezenas de atletas da Benfica Residential Academy se mostravam, com o novíssimo Manto Sagrado.

"Approach", "Come on" e "Good job, guys" foram palavras transmitidas aos petizes a cada exercício desafiador colocado num sintético que entusiasmava. As 7 jogadoras batiam-se galhardamente para imporem os seus atributos perante os treinadores liderados por Adriano Laaber. Os três guarda-redes de serviço entre os jovens de 14 a 15 anos eram os derradeiros obstáculos, enquanto nas bancadas os familiares aguardavam pelo final do treino e a chegada da comitiva benfiquista liderada pelo Presidente Rui Costa.

As cerca de 150 pessoas presentes ostentavam o Manto Sagrado e as cores do Benfica. Os mais de 30 graus não retiravam o foco no treino. Os aprendizes, esses, terminaram o seu apronto sensivelmente 15 minutos antes da chegada do antigo craque dos relvados mundiais, ladeado por três crias do Benfica Campus. Florentino, Renato Sanches e Joshua Wynder passaram pelas águias e rapidamente a atenção se centrou nos ilustres convidados.

Os pontos vermelhos na bancada ganharam vida, saltaram como papoilas, erguendo os telemóveis para registar os momentos que se seguiriam. No sintético, no centro, Rui Costa e os três "soldados" à disposição de Bruno Lage para o Mundial de Clubes de 2025 cumprimentaram um a um os jovens atletas, incentivando-os, em particular Ariana dos Santos, atleta de 14 anos da academia, a qual, magoada no joelho direito, foi confortada pelo líder das águias, ouvindo algumas palavras de carinho perante o olhar atento dos craques do presente.

A fotografia de família foi uma agradável formalidade, entre a boa-disposição e a atenção geradas quando Florentino, Renato Sanches e Joshua Wynder deram os primeiros toques na bola. Os "flashes" na bancada dispararam – o sol escondia-se – e os momentos eram guardados nas múltiplas memórias físicas e mentais dos presentes.

Mário Vítor, de 22 anos, e o irmão Benjamim, de 6 anos, olhavam com particular atenção, devidamente equipados com a águia ao peito. Filhos do treinador principal, Adriano Laaber, confessaram-se Benfiquistas, pese o coração ter espaço para os brasileiros da Ponte Preta, onde o progenitor foi jogador. "Fico muito feliz por abrir uma escola deste nível aqui em Tampa. É uma coisa que na Florida dá oportunidade para muitas crianças crescerem no futebol. Um clube como o Benfica pode abrir essa oportunidade para as pessoas", atirou o fã de Di María, paixão que partilha com o irmão mais novo: "No FIFA só joga com o Benfica, e diz 'É o meu Benfica! É o meu Benfica!'"

Com inveja dos mais novos, Mário Vítor, recém-formado na Universidade do Maine, lamenta não ter idade para jogar onde espera ver o seu irmão, e enalteceu o conhecimento que as gerações norte-americanas mais novas têm do Benfica. "Está a comentar-se muito na universidade. É uma ótima oportunidade para toda a gente, numa região que está a crescer. Atrai muitos jovens, é uma coisa nova. O Benfica é conhecido mundialmente", reforçou.

Florentino já tinha dado dois toques de calcanhar pela equipa contrária à de Joshua Wynder, enquanto Renato Sanches se movimentava entre os atletas, e as filas de pretendentes a fotografias e autógrafos começavam a ganhar forma.

Ariana dos Santos e Luana Pierce, ambas de 14 anos, jogadoras da Benfica Residential Academy, enquanto acompanhavam os colegas no terreno de jogo, exibiram em palavras o orgulho por fazerem parte de "uma família" que procura crescer no futebol. "É muito bom trazerem o que fazem no futebol europeu para os Estados Unidos da América, para que as pessoas que não podem ir para a Europa vejam como é em Portugal. Assim, os jovens não têm de sair do país para conseguir aprender o que se faz no futebol europeu", disse a média-ofensiva, conhecida como "camisola 10", enquanto se recompõe de um pequeno acidente. A amiga corrobora e afirma que jogar entre rapazes não amedronta. "São diferentes estilos de jogo, aprendemos um pouco de tudo. Jogar com rapazes? São mais fortes e mais rápidos, mas não nos podemos enganar por isso", frisou, com um discernimento próprio de uma assumida média-defensiva.

Ao lado, Rui Costa, Florentino, Renato Sanches, e Joshua Wynder receberam inúmeras solicitações, todas elas acedidas com simpatia, antes de mais um momento protocolar.

INAUGURAÇÃO E VISITA À SEDE

De autocarro, de carro ou a pé, entre jornalistas, dirigentes, jogadores da Benfica Residential Academy e os seus familiares, os caminhos foram então dar à sede da infraestrutura, ao lado de um campo de futebol relvado, visitada pelo Presidente Rui Costa e por Florentino, Renato Sanches e Joshua Wynder, os quais, recorrendo a uma tesoura de grandes dimensões, inauguraram os dois campos que a ladeiam.

O corte a direito verificou-se depois de Edwin Narain, presidente da comissão executiva da faculdade, e o Presidente Rui Costa terem simbolicamente "plantado" uma oliveira, colocada em frente aos escritórios da Benfica Residential Academy, enquanto símbolo da portugalidade, traduzindo a "paz e harmonia" entre os presentes. Estes, aplaudiram entusiasticamente, antes de Ruy Castelo Branco, enquanto diretor da academia, explicar ao Presidente do Sport Lisboa e Benfica qual o plano de utilização da infraestrutura.

"É o início de algo muito lindo que estamos a fazer nos Estados Unidos, trazendo uma das melhores, ou a melhor metodologia de futebol do mundo para um país onde a educação pode estar aliada ao desporto e, principalmente, em equipamentos. O nosso plano é chegar a algo entre 70 e 100 alunos no primeiro ano. Tivemos quase 3 mil aplicações! Temos 89 jogadores com contratos assinados e mais em negociações, pois queremos chegar às 100 vagas. Há uma possibilidade de aumentar, mas nós não queremos só crescer de qualquer jeito, nós queremos crescer estruturalmente, de forma sustentável", afirmou Ruy Castelo Branco, em declarações ao site oficial do SL Benfica.

A curiosidade com a presença das duas águias transferiu-se para o Wellness Center, onde a comitiva encarnada visitou os equipamentos que constam na parte de cima do ginásio. E foi nesta área, na parte inferior, que Edwin Narain sublinhou a "honra" e o "privilégio" pela parceria entre duas entidades centenárias. "É a primeira Benfica Residential Academy nos Estados Unidos. Estamos a assistir à história. Estamos a combinar forças para que os alunos se tornem melhores seres humanos", disse.

"UMA GRANDE HONRA"

Perante uma sala praticamente cheia de convidados, no último ato da tarde, o Presidente Rui Costa explicou o que norteia a ação das águias, assegurando que este é apenas o primeiro exemplo no universo encarnado. "É para nós, Sport Lisboa e Benfica, uma grande honra poder estar aqui hoje, em presença, para inaugurar esta academia", referiu na sua intervenção no final da cerimónia.

"Hoje, para além de vir a Direção do Clube, trouxemos três jogadores nascidos na academia do Benfica, para dar um pouco o exemplo daquilo que é o nosso trabalho em termos de academia. Somos conhecidos, além-fronteiras, também pelo excelente trabalho que nós fazemos na formação, e poder fazer esta parceria com a Universidade de Saint Leo, estando aqui nos Estados Unidos, que é o nosso primeiro projeto nos Estados Unidos, enche-nos de orgulho, enche-nos de honra, sobretudo porque é um modelo que nós defendemos, em que podemos ter os nossos jogadores entre a parte desportiva e a parte académica", realçou.

"O nosso objetivo é começar, no dia 15 de agosto, numa altura em que se inicia o ano letivo, com 100 atletas, mas tivemos 3 mil procuras para este projeto, o que nos enche também de orgulho, de honra, não só a nós, Benfica, mas creio que também a toda a gente que idealizou este projeto, como é o caso da Universidade de Saint Leo", salientou, antes de conviver com os presentes no final dos três momentos à Benfica.