Futebol

15 junho 2025, 23h12

Bruno Lage

Bruno Lage

ANTEVISÃO

Na antevisão do Boca Juniors-Benfica desta segunda-feira, 16 de junho, que marca a estreia das águias no Campeonato do Mundo de Clubes, Bruno Lage revelou que a sua equipa terá de estar no seu melhor para cumprir o objetivo traçado para a 1.ª jornada do Grupo C: fazer um grande jogo e conquistar os 3 pontos.

Exaltando a "importância e o prestígio" do torneio organizado pela FIFA, o treinador encarnado destacou a "enorme ambição" da equipa em entrar bem na competição e ultrapassar a fase de grupos, projetando uma partida "muito competitiva" frente a um adversário "aguerrido" e com um forte sentido coletivo, em conferência de Imprensa.

Revelando que Di María será titular no duelo aprazado para as 23h00 (18h00 locais) no Hard Rock Stadium, em Miami, o comandante das águias também alertou para o impacto das condições climatéricas no decorrer do encontro, reforçando que o calor e a humidade representam um grande desafio para ultrapassar.

Bruno Lage

Qual é a importância da presença do Benfica neste Mundial, e a perspetiva para este jogo entre 2 emblemas históricos do futebol mundial?

A perspetiva é nós sentirmos a importância da competição e o prestígio que podemos trazer para o Clube. Por isso, é com enorme prazer que aqui estamos, e a nossa intenção é fazer um grande jogo e vencer o primeiro jogo da competição.

Tem muitos anos a treinar futebol. Álvaro Carreras jogará no Real Madrid depois do Mundial de Clubes, quase com toda a certeza. O que tem de melhor Álvaro Carreras? Está preparado para jogar no Real Madrid?

Primeiro, tem de haver uma proposta em que o Benfica chegue a acordo, esse é o primeiro ponto. Independentemente de quem seja o jogador, os clubes têm de chegar a acordo. E, depois, eu vejo qualquer jogador do Benfica, a partir do momento em que tem um rendimento como o Álvaro, a poder jogar em qualquer equipa do mundo. Por isso, falando em concreto do Álvaro, não será o primeiro jogador que sai do Benfica e que se impõe em qualquer clube europeu. Independentemente de estar aqui, não queria falar do Álvaro, mas posso generalizar: nos últimos 10/15 anos, qualquer jogador que tenha saído do Benfica, quer português, quer estrangeiro, tem tido essa capacidade de se impor em diferentes países e em diferentes clubes.

O Bayern já deu hoje uma mostra de total poderio ao vencer o Auckland City por 10-0. Este jogo com o Boca tem um carácter totalmente decisivo para o Benfica?

É um jogo importante. Estamos numa competição curta, temos de encarar isto da mesma forma... pôr-nos na pele de "selecionador" do Benfica. São 3 jogos, à semelhança do que acontece num Campeonato do Mundo, e sabemos o quanto é importante conquistar pontos. Este jogo é muito importante, conhecemos o adversário, tivemos oportunidade de analisar o Boca e também algumas equipas do atual treinador. Isso é que é o mais importante, nós estarmos preparados para conquistar os 3 pontos.

Bruno Lage

"Nós também temos esse lado positivo de ter adeptos em todo o lado. Acredito que também vão estar imensos adeptos do Benfica a apoiar"

Bruno Lage

Que análise faz do Boca Juniors? Quais são as principais virtudes da equipa de Miguel Ángel Russo, e como lhe parece que pode decorrer o jogo?

Acho que vai ser um jogo muito competitivo. Nós tivemos a oportunidade de analisar o Boca Juniors. Anteriormente, com o outro treinador [Fernando Gago], jogava em 4x4x2 losango. Acreditamos que amanhã [segunda-feira, 16 de junho], a equipa possa jogar em 4x4x2, mas em 4x4x2 tradicional. A nossa questão é tentar perceber se joga com 2 avançados ou 1 homem por trás do avançado. Acredito que o ponto forte do Boca é jogar como equipa. Jogam juntos, jogam compactos, é uma equipa aguerrida, e nós temos de estar no nosso melhor, porque, realmente, vamos jogar contra uma grande equipa. O Boca também sabe que vai jogar contra uma grande equipa, e, aqui, a perspetiva que eu tenho é que se vai realizar um grande jogo.

Já aqui falámos de Carreras, podíamos falar de Nico [Otamendi] e de outros, porque o mercado está a mexer. A verdade é que estamos numa competição importante, como o Mundial de Clubes da FIFA. Como é que se gerem todas estas sensibilidades, porque imagino que mexe com o psicológico dos jogadores a possibilidade de, por exemplo, Carreras poder sair para o Real Madrid. Como é que gere tudo isto para que os jogadores estejam focados para a estreia frente ao Boca?

Olhe, é realmente uma pergunta muito interessante. A nossa forma de encarar este troféu tem de ser muito semelhante àquilo que é o estado de espírito que os jogadores também têm quando estão ao serviço da seleção. Por isso, para nós, não é um final de época e também não é o início da próxima época. É, sim, nós encararmos isto como uma competição, não é de seleções, é de clubes. E é essa a mensagem que eu tenho transmitido aos jogadores, e que os jogadores estejam completamente concentrados naquilo que podemos fazer. Esta equipa, ao longo da época, tem jogado como uma equipa, tem jogado como uma família. Sentem que, quando olham uns para os outros, sabem que cada um corre pela equipa, cada um corre pelo colega. E, por isso, não vai deixar de o fazer, independentemente de termos algumas situações que ainda estão em aberto, por causa do mercado.

Vão defrontar uma das equipas mais acompanhadas e apoiadas pelos adeptos. Analisaram isso? O que conhece do Boca Juniors? O que é que sabe da história do clube? O que pensa sobre a possibilidade de enfrentar uma equipa tão apoiada pelo público?

Nós também temos esse lado positivo de ter adeptos em todo o lado. Acredito que amanhã também vão estar imensos adeptos do Benfica a apoiar. A questão tática é o que já referi: a nossa perspetiva é de encontrar o Boca Juniors a jogar em 4x4x2, uma equipa sólida, compacta, muito aguerrida, com muita velocidade nas alas, com dinâmicas interessantes com os dois homens da frente. Acredito que vai ser um grande jogo, mas há um fator que temos de ter em consideração: as condições climatéricas. Essa é a grande questão do jogo para amanhã, perspetivo que as duas equipas estão a encarar este Mundial como uma oportunidade de se mostrarem ao mundo, de mostrarem o seu futebol, de os jogadores também poderem mostrar e representar o clube ao mais alto nível. Para além do jogo, vamos ter esse desafio de jogar às 6 da tarde com calor e humidade.

Bruno Lage

"Perspetivo que as duas equipas estão a encarar este Mundial como uma oportunidade de se mostrarem ao mundo, de mostrarem o seu futebol, de os jogadores também poderem mostrar e representar o clube ao mais alto nível"

Amanhã [segunda-feira] vai ter o apoio dos adeptos, e entre eles vai estar João Félix. Se o encontrasse, acha que o conseguia convencer a ir para o Benfica?

O João [Félix] já tem falado sobre essa situação. Todos eles gostam de voltar ao Benfica. Agora, nós temos de criar a oportunidade e eles demonstrarem a vontade de vir para o Benfica. Têm de se juntar, no momento, essas duas vontades: a nossa oportunidade e a questão financeira, que é muito importante. Não nos podemos esquecer que o João, há 5 anos, saiu por 120 milhões [de euros], e agora, claro, tem de ter um custo, ou de empréstimo, ou de compra de alguma percentagem do passe. E, depois, do outro lado, é o salário do jogador, por isso é que eu lhe digo que tem de haver a vontade. A vontade há muita e o lado financeiro também tem de haver dos dois lados.

Em primeiro lugar, queria perguntar-lhe se Di María vai jogar de início, e, depois, não sei se faz esta análise, de que há uma equipa muito poderosa no grupo, que hoje [domingo] ganhou 10-0, que é o Bayern Munique, uma mais débil, que é o Auckland City, e depois há duas equipas com uma enorme história, Boca e Benfica, num nível intermédio. Para si, o jogo de amanhã [segunda-feira] pode começar a definir o grupo? Os golos serão importantes para definir quem se apura em 1.º e em 2.º?

Vou repetir aquilo que disse anteriormente, porque a pergunta já foi feita. É uma competição curta, 3 jogos, 9 pontos é o máximo possível, por isso os 3 pontos de amanhã são muito importantes. É nesse sentido que nós estamos encarar o jogo. Sabemos que vamos jogar contra uma grande equipa, mas o Boca também sabe que vai jogar contra uma grande equipa. Temos jogadores argentinos que venceram o Campeonato do Mundo, conhecem também muito bem o Boca, já nos passaram informações que foram preciosas. E, sobre a primeira questão, posso dizer-lhe que o Di María começa o jogo amanhã.

Temos acompanhado os treinos do Benfica ao longo da semana, e o discurso dos jogadores tem sido muito jogo a jogo, passar a fase de grupos. Enquanto técnico, com o que é que ficaria satisfeito, o que seria uma missão cumprida?

Temos de ter a preocupação de entrar com uma enorme ambição nesta competição. Tem acompanhado os treinos e também tem sentido o que nós temos sentido, que é o enorme calor. Esse tem de ser o fator de adaptação da nossa equipa à competição. Há vários pontos em que este Mundial é diferente de um Mundial de seleções. A última vez que estive junto com a equipa foi há cerca de 2/3 semanas. Estou com os jogadores há 2/3 dias, alguns deles chegaram das seleções. Temos de olhar para eles e, numa competição curta, perceber muito bem aqueles que nos podem dar uma energia imediata, e que nos podem trazer rendimento mais próximo daquele que tivemos há três semanas. Esse tem de ser um ponto muito interessante. A nossa abordagem ao jogo, enquanto treinador e equipa técnica, é a de sentirmos que podemos ser o treinador e o selecionador, e encarar a competição dessa forma, como realmente um Mundial de seleções. Temos uma ambição enorme de passar a fase de grupos. Condições climatéricas como estas, a nossa forma de jogar... Se passarmos esse primeiro objetivo, com jogos a eliminar, apenas um jogo e não a duas mãos, temos de ser determinados e ter um compromisso muito grande, porque podemos fazer uma boa campanha. O jogo de amanhã será muito interessante, um teste ao que deixámos há três semanas. Juntámos agora a equipa, sermos competitivos amanhã, perante uma grande equipa, perante estas condições, e depois a partir daí podermos fazer a nossa caminhada.

Bruno Lage

"Temos de olhar para eles [jogadores] e, numa competição curta, perceber muito bem aqueles que nos podem dar uma energia imediata, e que nos podem trazer rendimento mais próximo daquele que tivemos há três semanas"

Considera que neste torneio vai existir um predomínio europeu, ou que as equipas sul-americanas, as argentinas e as brasileiras podem fazer boa figura? Fala-se muito da diferença entre europeus e sul-americanos. Como vê isso?

Essa é a pergunta que vocês discutem há 20 ou 30 anos e eu não sei responder ao dia de hoje. Daqui a 1 mês vamos saber responder. Já tive experiências em diferentes continentes, e aquilo que lhe posso dizer é que as condições climatéricas mudam o jogo. O jogo fica outro. É o mesmo futebol, é o mesmo jogo, tem a bola, tem a relva, tem as balizas, são 11 contra 11, mas as condições climatéricas e o horário do jogo transformam o jogo. Será muito interessante acompanhar, porque são muitas equipas, muitas culturas. Não é questão de seleção [nacional], porque até mesmo nós temos o sangue quente argentino, temos também o sangue quente turco. Por isso, vai ser muito interessante perceber isso durante a competição. Portanto, será um jogo muito interessante por causa mesmo disso. É uma grande equipa, que joga como uma equipa, nós também somos uma grande equipa, que joga como uma equipa. Ambas as equipas cheias de individualidades, muitas já com um histórico muito grande, como é o nosso caso, de termos campeões do mundo, ou os portugueses que recentemente venceram a Liga das Nações... Por isso, vai ser um dos jogos interessantes ao longo deste Mundial, e essa questão vai ser respondida mais à frente.

É inevitável, nesta altura, falar de mercado. Falámos de saídas, e eu gostava de lhe perguntar se o facto de Belotti e Renato Sanches estarem aqui pode ser um sinal de que vão ficar para a nova época.

Nós estamos a encarar esta competição neste sentido: o passado ficou para trás, a próxima época não está incluída neste momento. Aquilo que eu lhe posso garantir é que, só por si, pela saída do Di María, que está confirmada, o grupo vai ser diferente na próxima época. Por isso, neste momento, o passado está fechado, e este não é o momento para falar do futuro. Aquilo que eu lhe posso garantir é que o futuro está a ser preparado, e nós temos perfeitamente identificado aquilo que temos de preencher na nossa equipa para apresentarmos uma equipa e um plantel de enorme qualidade. É isso que eu tenho a dizer sobre o mercado de transferências.

Bruno Lage

"É o mesmo futebol, é o mesmo jogo, tem a bola, tem a relva, tem as balizas, são 11 contra 11, mas as condições climatéricas e o horário transformam o jogo"

Durante a época utilizou sobretudo Tomás Araújo como lateral-direito. Conta receber um reforço para essa posição durante esta competição, ou, pelo contrário, este é um espaço para testar outras soluções para a nova temporada?

Por isso é que viemos mais cedo. Tínhamos um grupo de 10/11 jogadores que normalmente treinava connosco enquanto os outros jogadores estavam na seleção. Tivemos oportunidade de chamar alguns jogadores que estiveram na equipa B e na equipa de Juniores para os conhecermos melhor. Esse foi o primeiro grande objetivo que atingimos desde que estamos cá. Ter a oportunidade de conhecer ainda melhor alguns dos nossos jogadores. Sobre a questão do mercado, sabemos o que queremos, sabemos qual é a qualidade e a exigência que temos de ter ao serviço do Benfica e não nos quisemos precipitar. Há vagas no plantel que têm de ser preenchidas, lateral-direito tem de ser uma delas. Não nos quisemos precipitar e escolher para ter apenas no Mundial de Clubes. Quem entrar, terá de ser, seguramente, um jogador de qualidade. Há que ter um onze de qualidade, mas melhor que o onze é o plantel. Nós, daqui a pouco mais de 5 semanas, teremos de estar a competir, e a competir de 3 em 3 dias para atingir objetivos que são muito importantes para a nossa equipa: a Supertaça, o acesso à Liga dos Campeões, e depois, claro, as primeiras jornadas do Campeonato, e temos de ter uma entrada completamente diferente no Campeonato daquela que tivemos na época passada. Sabemos o que queremos, não basta ter apenas um onze, temos de ter um plantel de enorme qualidade, soluções que nos permitam a todo o momento poder corresponder à exigência do Benfica de jogar de 3 em 3 dias.

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Texto: Redação
Fotos: Tânia Paulo / SL Benfica
Última atualização: 16 de junho de 2025

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