"Sinto que podíamos ter vencido o jogo"

PÓS-JOGO

Bruno Lage considerou que o Benfica merecia mais do que o empate (2-2) diante do Boca Juniors, no jogo de estreia no Grupo C do Campeonato do Mundo de Clubes, disputado na noite desta segunda-feira, 16 de junho.

Em declarações à BTV e à DAZN, antes da conferência de Imprensa, o treinador do Benfica agradeceu o apoio dos Benfiquistas que marcaram presença no Hard Rock Stadium, em Miami, e considerou que a sua equipa construiu oportunidades suficientes para vencer a partida.

"Sinto que podíamos ter vencido o jogo. Acho que entrámos muito bem no jogo, permitimos 2 golos, mas a equipa teve a capacidade de poder empatar e sinto que podíamos ter vencido. Tivemos várias oportunidades para o fazer", adiantou, lamentando o tempo de compensação [5 minutos] que não refletiu as paragens da 2.ª parte e que acabou por "penalizar" o Benfica.

Bruno Lage também explicou que a entrada de Belotti para o lugar de Dahl ao intervalo tinha como objetivo ter mais homens na área e considerou que, apesar da expulsão do avançado italiano, a equipa continuou a controlar o jogo e a aproximar-se da área do emblema argentino.

"Sentíamos que tínhamos capacidade e competência para vencer o jogo. Foi nesse sentido que tentámos, com a entrada do Belotti ao intervalo, ter mais um homem perto da área, mais um homem entre linhas. A expulsão ocorreu, ficámos com menos um homem, mas não se notou a diferença, a equipa continuou a controlar o jogo e é pena não termos feito os golos que merecíamos", vincou.

O técnico revelou, ainda, que o compromisso e a capacidade de luta da equipa o deixaram satisfeito: "Tenho de valorizar isso da parte dos jogadores. O calor que se fez sentir, as alterações, os jogadores que entraram... toda a gente mobilizada para ajudar a equipa a vencer. E isso é uma coisa que está na equipa, sente-se na equipa. É a nossa exigência. Dar sempre tudo por tudo para proporcionar alegrias aos nossos adeptos."

MELHOR EQUIPA EM CAMPO

"Fico com a sensação de que fomos a melhor equipa em campo. Tivemos uma entrada muito boa em campo, tivemos uma oportunidade muito boa do Renato [Sanches]. Depois, infelizmente, sofremos dois golos que nos penalizaram imenso. Conseguimos marcar um golo ainda na 1.ª parte, e a nossa alteração ao intervalo era meter mais um homem perto do Pavlidis, meter mais gente entre linhas, ir à procura dos movimentos que nós pretendíamos: diagonais curtas dentro da área. Infelizmente, com a expulsão, ficámos condicionados. No entanto, mesmo com 10, penso que fomos a melhor equipa em campo. Chegámos com muito mérito ao empate, e sinto que podíamos ter vencido o jogo. Por isso, temos 1 ponto, queríamos ter 3, faltam-nos 2 jogos, e temos de fazer o número possível de pontos para seguir para a fase seguinte, que é o nosso objetivo."

FUTURO, DETERMINAÇÃO E GESTÃO

"O segundo jogo... Primeiro, temos de o vencer e ter isso [número de golos] em equação, e depois também temos o jogo com o Bayern. Aquilo que eu sinto é que a equipa tem sempre esta atitude, tem esta determinação, não desiste, e leva o jogo sempre até ao fim. Isso é um fator muito importante para nós. Jogamos em equipa, e isso deixa-me realmente muito satisfeito. Sobre o Aktürkoğlu e o Kökcü, gestão. E gestão tem que ver com energia. Olhar para o jogo e sentir aquilo que foi uma época enorme. Aquilo que eu lhe disse ontem [domingo]: fazer este Campeonato, esta competição, com mentalidade de selecionador. Olhar para aquilo que foi a época muito desgastante dos dois. O Kökcü, no jogo da final da Taça, saiu com lesão. Vocês viram hoje, tem uma ligadura do meio da perna quase até ao tornozelo. Sentimos que podia entrar na 2.ª parte, até mesmo com a temperatura mais fresca, e dar a energia e o andamento que nós queríamos ao jogo. E também pelo Aktürkoğlu, foi uma época muito desgastante para eles. Sentimos que quer o Renato [Sanches], quer o Bruma se adaptaram muito bem ao clima e vieram com energia muito boa para a equipa, e senti que podia começar com eles no jogo."

DEFESA-DIREITO E JOÃO FÉLIX

"[Conta com Aursnes para o lado direito da defesa?] Não, olhe, o Freddy [Aursnes] é um jogador fantástico, faz diversas posições, mas eu conto com ele noutra posição. Eventualmente, no decorrer do jogo, como foi hoje, pode jogar ali e ajudar-nos, não há problema nenhum, mas a começar de início, não. Precisamos de um defesa-direito. Sobre o João [Félix], é aquilo que eu digo, tem de haver as duas vontades e também o aspeto financeiro. Há vontade, e nós sentimos que há vontade dos dois lados, mas tem de haver o aspeto financeiro, que negócio, e quanto é que nós temos para gastar no João. E depois também, do lado do João, entender que o Benfica neste momento não pode suportar o seu salário. Isto é para ser claro, porque nós sabemos muito a vontade que o João tem de regressar ao Benfica, sabemos muito que há muitos jogadores que gostam de voltar ao Benfica, e depois, quando as propostas chegam, em termos de ordenado, é curto. Por isso, tem de haver essas duas vontades e essas duas capacidades, de um lado, de oferecer e de concretizar uma proposta; do outro lado, eventualmente perceber que em Portugal não se pagam os ordenados que se pagam nos outros clubes."

O FANTÁSTICO AMBIENTE

"Foi fantástico, foi, realmente, um ambiente fantástico. O jogo teve muita energia dentro do campo e fora do campo. Na 2.ª parte, sinto que o jogo teve muitas paragens, podia ter mais ritmo e, infelizmente, não teve. Nós somos uma equipa que tem ritmo, e eu senti que o Boca não ia suportar o nosso ritmo se nós mantivéssemos o ritmo. O apontamento que eu faço é que 5 minutos de compensação é realmente curto. Mas também foi um jogo com muita energia fora de campo. Sentimos que estávamos a jogar fora, porque os adeptos do Boca Juniors encheram grande parte do estádio, mas, também, um orgulho enorme porque os nossos adeptos se fizeram ouvir e apoiaram a equipa quando mais precisávamos. Por isso, foi um jogo muito interessante de acompanhar. Agora, é uma corrida para pontos. Aquilo que é mais importante é nós vencermos o próximo jogo, registar 3 pontos e, depois, vamos jogar com o Bayern Munique com essa ambição de ganhar pontos."

ANTERIOR VISITA AOS EUA E ANÁLISE DO JOGO

"Eu só tenho um jogador dessa época [2019, nos Estados Unidos], então há muitas mudanças. Sobre o jogo, acho que começámos bem. Fomos a melhor equipa, tivemos uma boa chance com o Renato [Sanches], mas depois sofremos dois golos. Especialmente o primeiro, mesmo agora, ainda é difícil de aceitar. Mas, depois, tivemos a força e a crença de que poderíamos ganhar o jogo. Por isso, foi importante o nosso primeiro golo e a mudança que fizemos com o Belotti, para que tivéssemos mais jogadores entre as linhas, mais desmarcações na área, para criar as nossas chances. Então, no final, levamos apenas 1 ponto, mas acho que perdemos uma boa oportunidade para ganhar este jogo. Sobre a equipa, como disse, é uma equipa diferente, mas, para mim, é sempre um prazer trabalhar no Benfica, e estou muito orgulhoso de trabalhar com estes jogadores, porque eles nunca desistem, acreditam até ao fim. Provámos isso durante a temporada, e, mais uma vez, eles acreditaram que poderiam ganhar o jogo."

A EXIBIÇÃO DE ÁLVARO CARRERAS

"Foi uma partida a crescer. Começou intermitente, mas depois acho que cresceu, e acaba por ter uma boa oportunidade já na 2.ª parte para marcar golo. Estamos muito felizes com o Álvaro, o Álvaro está muito feliz em estar no Benfica, e continua a ser um prazer enorme trabalhar com ele."

O EXEMPLO DE OTAMENDI

"[Impacto de Otamendi e dos lances de bola parada] É muito importante, e aproveito a sua pergunta para, uma vez mais, valorizar o trabalho da equipa técnica. Com certeza, somos uma das equipas da Europa, e falamos da Europa porque são as estatísticas que temos de bola parada... Mérito e criatividade do nosso staff em idealizar sempre movimentações para criar essas oportunidades. Temos um registo de golos muito bom, e o Nico [Otamendi] está a fazer uma época fantástica. As informações que tínhamos é que ele já tinha superado os golos de bola parada na época, fez mais um. É um jogador muito importante para nós nesse momento, quer a atacar, assim como a defender. Uma experiência enorme, liderança e um exemplo no profissionalismo e no trabalho."

VALIA PROFISSIONAL E PESSOAL DE DI MARÍA

"O Di [María] é um excelente profissional, e, para além de um excelente profissional, é um grande ser humano. Aquilo que eu lhe posso dizer é que vou ter realmente muitas saudades dele, de trabalhar com ele, porque, para além de ser um grande jogador, respeitou sempre todas as minhas decisões, e isso é muito importante para mim. Por isso, é um enorme orgulho trabalhar com ele, por aquilo que ele é como jogador, mas, acima de tudo, aquilo que ele é como homem, e o exemplo que ele dá aos atletas. E, ao longo da época, aceitou sempre muito bem todas as minhas decisões."