Futebol

25 junho 2025, 00h57

Bruno Lage

Bruno Lage

PÓS-JOGO

Orgulhoso pelo trabalho, pelo compromisso e pelo espírito que a equipa do Benfica exibiu nesta terça-feira, 24 de junho, frente ao Bayern Munique, Bruno Lage salientou a justiça e o mérito do histórico triunfo (1-0) na 3.ª e derradeira jornada do Grupo C, que colocou as águias no 1.º lugar rumo à presença nos oitavos de final do Campeonato do Mundo de Clubes.

Antes da conferência de Imprensa, em declarações à BTV e à DAZN na zona de entrevistas rápidas, o comandante das águias salientou a justiça do triunfo num duelo disputado em "condições climatéricas difíceis", onde os "jogadores interpretaram na perfeição" a estratégia desenhada para garantir um grande objetivo: o 1.º lugar do grupo.

"Acho que é tempo de as pessoas acreditarem mais no trabalho que temos vindo a fazer. Estamos a falar do trabalho do nosso Presidente, do nosso diretor-desportivo, do meu, enquanto treinador, e dos meus jogadores. Passámos os jogos anteriores a falar que tínhamos de ganhar ao Boca [Juniors], que tínhamos de marcar muitos golos ao Auckland para garantir o 2.º lugar, e esqueceram-se deste jogo. Eu nunca me esqueci. No final, conseguimos conquistar esta vitória", adiantou, agradecendo o "enorme apoio" dos Benfiquistas, quer o recebido in loco, em Charlotte, quer o que tem chegado desde Portugal.

Bruno Lage falou, ainda, da crença que existia no seio do grupo na véspera do embate com o campeão alemão, lançando as bases para a fase seguinte do Campeonato do Mundo de Clubes.

"Ontem [segunda-feira], fomos falando dentro do grupo, os jogadores foram falando entre eles, e tenho de lhes dar os parabéns, porque começámos a ganhar ontem. Porque, entre eles, estavam com a expetativa de vencer 1-0, vencer 1-0, vencer 1-0. Começámos a acreditar, chegámos aqui e vencemos. Agora, temos de continuar humildes, recuperar, descansar o melhor possível, olhar em frente, perceber qual será o nosso adversário e partir para esse jogo com as mesmas ambições", completou.

Benfica-Bayern

ESTRATÉGIA BEM INTERPRETADA

"[Renato Sanches foi dos melhores enquanto esteve em campo. Queria saber como ele está, após ter saído?] O Renato [Sanches] fez um grande jogo, à semelhança daquilo que também tinha feito com o Bayern [4.ª jornada da fase de liga da Liga dos Campeões]. Parte da estratégia foi voltar a recordar esse jogo em termos defensivos, mas, depois, ter o outro lado do momento do jogo, que era aquilo que não fizemos tão bem em termos ofensivos no primeiro jogo. Vou falar primeiro do jogo. Acho que fizemos uma 1.ª parte muito boa, em condições climatéricas muito difíceis. Foi com muito mérito que marcámos o primeiro golo. Já marcámos vários golos desta forma, a sair pela esquerda, ir ao corredor direito, envolver, cruzamento e chegar à entrada da área e marcar golo. É uma jogada que praticamos muito e que fazemos muito bem. Parte da estratégia era essa e, depois, aproveitar os duelos individuais e fazer movimentos e contramovimentos, como foi a oportunidade do Pavlidis. Acredito que, em outro momento da época, com mais frescura, podia ter feito esse segundo golo. Depois, uma 2.ª parte em que o Bayern faz logo alterações e vem com jogadores mais frescos, tentar a mesma dinâmica. E nós fomos substituindo, mantendo também sempre os olhos na baliza, temos uma boa oportunidade pelo Kökcü. O Bayern também vai tendo oportunidade de empatar o jogo, mas chegou o momento em que fechámos o jogo com 3 [centrais]. Estávamos a ver que os cruzamentos iam sendo consecutivos, os 2 centrais precisavam de ajuda, e fechámos o jogo com a entrada do Adrian [Bajrami], que fez muito bem. Quando olho para o resultado e para o jogo, acho que é uma vitória justa, importante e histórica. Chegámos a este ponto da época em que, com este golo, acho que ultrapassámos o número de golos que tínhamos feito em 2018/19."

Benfica-Bayern

EQUILÍBRIO NA ANÁLISE DO TRABALHO

[No flash, disse que as pessoas deviam acreditar mais em si, no trabalho do Presidente, do diretor-desportivo, dos jogadores. Quem é que não dá valor a si e a todos, no Benfica?] "É só olhar para aquilo que foram as nossas últimas conferências [de Imprensa] e flashes. Porque, à partida, ninguém acreditava que vencêssemos o Bayern Munique. Estivemos aqui 4 vezes, antes e depois dos jogos, em que a conversa era: é uma final contra o Boca [Juniors], a seguir temos de marcar o maior número de golos contra o Auckland e, curiosamente, nunca se falou da possibilidade de o Benfica vencer o Bayern Munique. E vencemos o Bayern Munique. Nós sabemos o que é a grandeza do Benfica, sabemos que jogando de 3 em 3 dias, quando vencemos somos os melhores e está tudo bem, quando perdemos nem tudo está mal, nem somos os piores. Tem de haver um equilíbrio naquilo que é a análise do trabalho das pessoas que cá estão. Porque, e eu já tenho alguma experiência disto, já tenho 49 anos e é a segunda vez que treino o Benfica, mas eu vou-vos abrir o coração. Para alguns jogadores não é fácil. Por vezes, marcarem 2 golos é porque têm de marcar 3; se marcam só 1, é porque têm de marcar 2; se as coisas não correm bem, é o A, o B ou o C que são apontados. Nós somos um grupo, aquilo que se passou no último jogo reflete muito bem aquilo que é o nosso espírito. Nós resolvemos as nossas questões em família, partimos para este jogo, e tudo aquilo que eu pedi aos jogadores, eles fizeram na plenitude, inclusive sermos mais agressivos, e temos de ser mais agressivos. Acho que fomos uma equipa com essa agressividade necessária para vencer este jogo. Mérito dos jogadores, que foram, uma vez mais, fantásticos a implementarem a nossa estratégia para o jogo."

Benfica-Bayern

APOSTA EM PRESTIANNI E SCHJELDERUP

"Era quase em jeito de brincadeira – eles [Bayern] vão com os grandes, e nós vamos com os pequeninos. Mas com os pequeninos atrevidos que tiram homens da frente, e depois aproveitar a capacidade do Pavlidis de vir para o jogo e ter homens a fazer os contramovimentos. E aí, o bom exemplo foi aquilo que aconteceu naquela oportunidade do Pavlidis. Por isso, na direita, os movimentos e contramovimentos entre Pavlidis, Prestiani e o Di [María], bem aberto na direita, para depois poder solicitar esses movimentos. E, na esquerda, trocas posicionais entre o Andreas [Schjelderup] e o Barreiro. Defensivamente, e jogando com a linha de 4, trabalho fantástico, quer do Barreiro, quer do Andreas [Schjelderup], quer do Prestiani, quer do Di María, a juntar-se, a estarmos sólidos e depois, por trás deles, o Renato [Sanches], que realmente fez uma grande exibição. O Renato [Sanches] é um grande jogador. Todos nós sabemos disso. Estamos muito felizes com o desempenho que ele tem tido neste Campeonato do Mundo. É um jogador com experiência, pode jogar em várias posições e saiu sem qualquer problema. Sentiu um pequeno toque, e neste momento ainda não sabemos se tem alguma lesão ou não, mas não parece que seja nada daquilo que o tem impossibilitado de jogar no passado."

JOGADORES QUE NÃO SAEM E JOGADORES QUE NÃO CHEGAM

"[Álvaro Carreras já está de saída? Pareceu, numa das conferências de Imprensa, que quase falou dele no passado, que tinha gostado de o treinar] Todos os jogadores que estão cá, falando do Álvaro, continuam em prova. Aquilo que eu falei do Álvaro – numa pergunta do seu colega espanhol – foi olhar um pouco para trás e perceber aquilo que foi a evolução dele, mas fundamentalmente o rendimento. Como disse, há pessoas que estão a tratar desse assunto. Nós gostávamos de continuar com o Álvaro, mas também entendemos que, se houver uma proposta para ele prosseguir a carreira, e em função da cláusula, essas pessoas vão tratar desse assunto. [Na próxima fase da competição, vai contar com reforços para posições carenciadas?] Sobre qualquer posição, neste momento não tenho nenhuma informação de algum jogador a chegar e poder integrar o Mundial."

Benfica-Bayern

EQUIPAS BRASILEIRAS A MOSTRAREM O SEU VALOR

"Aqui a questão tem que ver com estarem a meio da competição, porque as equipas brasileiras também têm um campeonato muito difícil, com muitos jogos e muitas viagens. Aquilo que nós fazemos agora, de uma viagem para jogar o mesmo grupo, fazemos 2 horas de avião, e qualquer equipa brasileira, por vezes, tem de fazer 3/4/5 horas de avião, e muitas delas não têm avião particular, como era o meu caso no tempo do Botafogo, e perdíamos muitas horas no aeroporto. Se chegam com o momento em que estão a preparar a época, e as equipas europeias não tiveram isso. Eu tive os jogadores praticamente 15 dias fora, nas seleções, e, depois, regressaram para jogar o Mundial de Clubes. Por isso, quando falei em vantagem, foi nisso: de a equipa estar em trabalho, parar a competição e entrar nesta competição. Estão completamente habituadas, e acho que estão a fazer um trabalho muito bom. O Botafogo já seguiu em frente na prova com um grupo muito difícil, o Flamengo está também numa posição muito boa, o Palmeiras saiu de um resultado de estar a perder 0-2 e empatar 2-2. Todas elas têm feito uma campanha muito boa e, sem dúvida nenhuma, estão a aproveitar muito bem este Mundial de Clubes para darem a conhecer ao mundo o que são como equipas, a forma de jogar, de trabalhar, porque grande parte destes jogos, que fazemos a esta temperatura, também se faz no Brasil. E nós também viemos com este espírito de mostrar ainda mais aquilo que é o nosso valor, e também estamos a aproveitar a oportunidade. Por isso, aquilo que nós temos de fazer, e esse tem de ser sempre o nosso trabalho, e voltando a falar de expetativas ou promessas, a nossa promessa é de trabalho. Não vamos vencer os jogos todos, mas temos de entrar em campo, temos de jogar bem, temos de ser agressivos, temos de ter os olhos na baliza do adversário, temos de perceber que tipo de adversário é que temos pela frente, e dar tudo por esta camisola, por este grande clube."

IMPORTÂNCIA DESTE TRIUNFO HISTÓRICO

"Significa muito, principalmente porque o Benfica nunca tinha vencido o Bayern Munique. Vencemos, ainda por cima numa competição tão importante, o que nos permite liderar e terminar em 1.º do grupo. Estes jogadores já tiveram bons momentos com boas vitórias ao longo da época, mas aquilo que é o mais importante foi uma vez mais a forma como eles encararam o jogo, implementaram a estratégia que nós idealizámos para o jogo. Isso é que é o mais importante e é aquilo que de melhor nós temos como treinadores, perceber que os homens que lideramos morrem por nós e morrem pelas nossas ideias. Isto significa muito."

clubworldcup-dazn-benfica

Texto: Redação
Fotos: Tânia Paulo / SL Benfica
Última atualização: 25 de junho de 2025

Patrocinadores principais do Futebol


Relacionadas