Enorme vontade de erguer a Supertaça e retificar o passado

A época de andebol feminino abre com a Supertaça, e em campo estarão duas equipas habituadas a discutir títulos – Benfica e Madeira SAD. Para as encarnadas, que venceram tudo a nível interno na última temporada, exceto precisamente esta prova, a final é encarada como a oportunidade perfeita para acertar contas com o passado e iniciar 2025/26 da forma mais desejada: erguendo um troféu.

Antes do primeiro duelo oficial das tetracampeãs nacionais na nova temporada, agendado para as 11h00 de sábado, 23 de agosto, no Pavilhão Multiusos de Sines, Luís Monteiro falou com confiança, explicando que a consistência e a estabilidade do grupo foram chaves para chegar a este momento em boas condições.

"O grande trabalho foi feito antes do dia 28 de julho, ou seja, em manter o núcleo duro desta equipa que, de alguma forma, dominou o panorama do andebol nacional na época 2024/25, como já tinha vindo a fazer nas épocas anteriores. Manter o núcleo duro foi um aspeto fundamental para o trabalho ser mais tranquilo e mais fácil de efetivar. Penso que ganhámos bastante tempo nesta pré-temporada, nestas três para quatro semanas, por esse facto. Reforçámo-nos bem, pontualmente e bem. Fomos buscar a Nora Leitner, que é uma pivô de nível internacional, que vai estar presente, seguramente, no Mundial a disputar entre novembro e dezembro. Fomos buscar a Maddalena Cabrini para a baliza, uma guarda-redes italiana de grande envergadura, muito jovem e com uma margem de evolução muito grande. E o trabalho tem corrido muitíssimo bem. Tivemos, na semana passada, uma semana um pouco dura para as atletas, com quatro jogos de preparação em cinco dias, contra adversários muito interessantes, e demos boas indicações no sentido da disputa deste primeiro troféu desta temporada", afirmou Luís Monteiro em declarações à BTV.

Ouça Luís Monteiro

Quando questionado sobre o estado da equipa a nível físico e mental, o treinador das tetracampeãs foi perentório: a confiança é total.

"Temos ali uma ou outra lesão, um ou outro pequeno problema, o que é normal nesta altura. E eu sinto-as muito confiantes, muito concentradas no trabalho, a querer retificar esta Supertaça, retificar o resultado da época passada, em que foi o único troféu interno que nos escapou, a única competição, e por pouco. Querem muito ganhar esta competição para retificar esse aspeto, e eu sinto-as completamente focadas para este início de temporada", explicou.

Sobre o adversário, o treinador alertou para a competitividade do Madeira SAD, que considera ter sabido reforçar-se com qualidade, apesar de algumas saídas relevantes.

"O Madeira SAD perdeu principalmente duas jogadoras que fizeram uma época muito interessante no ano passado, nomeadamente a Sheila [Langa], uma jogadora que joga como lateral-direita e lateral-esquerda, e a pivô, a Emiliana [Heilmann]. Mas foi buscar duas jogadoras de grande qualidade: uma lateral-direita canhota norueguesa e uma pivô sérvia, de origem brasileira, muito boa, defensora, e mantém um nível altíssimo. Além disso, reforçou-se internamente com a Bárbara, uma pivô do Alavarium com muita experiência, uma jogadora muito boa, nomeadamente nas tarefas ofensivas; e a Joana, uma lateral-esquerda do SIR 1.º de Maio, que é uma jogadora de grande iniciativa individual. Ou seja, não espero um Madeira SAD inferior ao da época passada, e o Madeira SAD da época passada causou-nos bastantes problemas, nomeadamente nesta competição da Supertaça. Portanto, numa competição a decidir num jogo, tudo pode acontecer", sublinhou, projetando um encontro equilibrado e intenso.

O técnico não escondeu também a motivação pessoal em jogo, já que este é o troféu que lhe falta erguer pelo Benfica.

"Nós, aqui no Benfica, procuramos ganhar todas as competições que disputamos a nível interno e ir cada vez mais longe nas competições internacionais, quer na Supertaça Ibérica, quer na European League. E, efetivamente, para fechar o currículo, falta-me esta Supertaça. Eu também tenho muitas expectativas em relação a este troféu, e os indicadores são muito positivos. Vamos ver se correspondemos. Eu penso que sim, que iremos corresponder. Depois, depende daquilo que o jogo nos traz. Mas até agora as coisas têm corrido muitíssimo bem em termos de trabalho", assegurou.

A escolha do local da final também foi tema. Luís Monteiro relembrou a edição anterior e espera que neste ano o contexto seja mais equilibrado.

"No ano passado – já carregámos muitas vezes nesta tecla –, a Supertaça acabou por ser remarcada para uma data muito complexa em termos de gestão para nós. Foi dia 21 de dezembro, depois de um mês sem ter praticamente atletas a treinar no Benfica. E, além disso, foi remarcada para a casa do Madeira SAD. Uma decisão muito difícil de compreender. Neste ano vamos jogar em campo neutro, a bola está um pouco do nosso lado, mas fica tudo em aberto. Esperamos o apoio dos nossos adeptos em Sines, relativamente perto de Lisboa. Não é assim tão longe. E sabemos que o Benfica tem adeptos em todo o lado. E, tal como aconteceu no passado em Matosinhos, no final da época, para a Taça de Portugal, penso que teremos muitos adeptos do Benfica para nos apoiar", rematou.

Ouça Mihaela Minciuna

No balneário, a ambição é partilhada pelas jogadoras. A capitã Mihaela Minciuna descreveu uma pré-temporada intensa e produtiva, marcada pela continuidade da base da equipa.

"Acho que, acima de tudo, a equipa está preparada. Tivemos uma boa pré-época, uma pré-época intensa, com jogos de preparação também, para vermos em que contexto estávamos a nível de jogo. Também referir que a equipa acabou por não sofrer grandes alterações, isso também, obviamente, tem impacto no trabalho que é feito. Ou seja, muitas das bases já acabam por estar consolidadas desde a época passada, então dá para trabalhar ali aspetos mais específicos, que às vezes também é importante. Mas, acima de tudo, foi um ótimo trabalho, acho que a equipa se encontra preparada para este primeiro desafio da época", destacou.

Sobre as novas companheiras, a internacional portuguesa sublinhou o papel do grupo na sua integração, que, garante, tem sido positiva, apesar das naturais adaptações.

"A equipa acolheu-as muito bem e notou-se logo ali uma diferença do primeiro para o segundo jogo, jogaram mais livres, estiveram mais soltas, e acho que se integraram muito bem, porque também temos uma equipa que é bastante acolhedora, o que acaba por ser importante também, sendo duas atletas que vêm do estrangeiro, um novo país, uma nova cultura. Têm sido muito bem recebidas nesse sentido, e acho que se têm sentido muito bem na equipa", considerou.

O Madeira SAD é encarado com respeito, mas a vontade de conquistar o troféu é maior do que qualquer incógnita. Mihaela Minciuna assumiu que o fator surpresa pode ser um trunfo do adversário, mas não retira ambição às encarnadas.

"Não há grande coisa a ver, porque ainda não há jogos, ainda não há vídeos, e a equipa acabou por sofrer bastantes alterações. Isto é um ponto que pode jogar a favor delas, que é o fator surpresa, que é não sabermos como é que esta equipa se vai apresentar, tendo em conta os seus reforços. Relativamente a este jogo, nós encaramos com grande seriedade, com grande motivação, acima de tudo tendo sido o único título que nos escapou na época passada. Portanto, obviamente, há aqui um sentimento acrescido e uma vontade enorme e maior de querer conquistar este primeiro título da época", sublinhou.

Se há nervosismo? Minciuna foi incisiva na resposta: "Acho que não é tanto o nervosismo, mas, sim, a responsabilidade. A responsabilidade de representar este clube, a responsabilidade de trazer este título aos adeptos, quer àqueles que nos vão lá apoiar presencialmente, quer àqueles que nos vão estar a assistir através do conforto da sua casa, ou estejam eles noutro sítio qualquer. Portanto, a palavra-chave é responsabilidade: carregar o peso não só desta camisola, mas desta instituição, desta família que é o Benfica."