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Clube
25 setembro 2025, 21h30
Manuel de Brito, vice-presidente do Clube e administrador executivo da SAD encarnada
Em entrevista à BTV, o dirigente convidou os sócios e adeptos a inteirarem-se da "verdadeira dimensão social, ambiental e de governança do Sport Lisboa e Benfica" explanada neste documento.
"Temos vindo a desenvolver uma estratégia de sustentabilidade", lembrou Manuel de Brito, acrescentando a importância de todos os contributos. "Este projeto não é feito só para os sócios, é feito com os sócios, para os sócios, para os adeptos, para os nossos parceiros, fornecedores, entidades com as quais nos relacionamos", enfatizou.
"A nossa estratégia de sustentabilidade chama-se Redy – Ganhar em Todos os Campos. Porque ganhar em todos os campos é a definição do que é o Benfica, que é ganhar", vincou.
Manuel de Brito deu ainda conta de uma "ótima notícia". "Somos o primeiro clube associado ao Instituto Português de Corporate Governance. Isto é mais uma afirmação de que as boas práticas de governança estão para ficar no Benfica", enalteceu.
Este tema tem vindo a ganhar cada vez mais visibilidade, tem sido cada vez mais falado, e o Benfica apresentou a sua visão no início deste ano. O que tem sido feito internamente nas áreas ambientais, sociais e também da governança?
Efetivamente, hoje é um dia importante, é o Dia Nacional da Sustentabilidade e é o dia em que vamos apresentar o nosso primeiro relatório de sustentabilidade. É um relatório muito completo, é um relatório exaustivo. Os nossos sócios e adeptos nunca viram, de alguma forma – sem ser a dimensão desportiva –, a verdadeira dimensão social, ambiental e de governança do Sport Lisboa e Benfica. Hoje, pela primeira vez, vão ter a oportunidade de ler. Há três documentos, há o relatório, há uma brochura e há um AS IS – já irei explicar mais à frente a diferença entre os 3 –, mas pela primeira vez vão ter a oportunidade de ver verdadeiramente a dimensão do nosso enorme clube. O que temos vindo a fazer? Temos vindo a desenvolver uma estratégia de sustentabilidade. Eu diria que andamos a trabalhar neste projeto há perto de 2 anos. Começámos por fazer um levantamento de todas estas iniciativas, um pouco porque temos de obedecer a um certo número de reguladores que afetam o mundo do desporto, o qual nós temos de cumprir, nomeadamente uma diretiva europeia, e também as exigências cada vez maiores da UEFA no que diz respeito à sustentabilidade dentro dos clubes. Começámos por fazer esse levantamento e deparámo-nos com uma situação extraordinária. Temos já em curso, existentes pela própria iniciativa, pelo próprio ADN do Benfica, mais de 80 iniciativas, mais de 50 do âmbito social, através da Fundação – que tem feito um trabalho extraordinário –, muitas também no âmbito ambiental, até de economia circular, e muitas outras nesta Direção e nesta administração no âmbito da governança. Por isso temos vindo a desenvolver um projeto. O que nós quisemos fazer, de alguma forma, foi alavancar estas 80 iniciativas. Elas estavam todas isoladas, são iniciativas que não tinham por objetivo uma estratégia, mas eram iniciativas um bocadinho avulso, com o seu propósito, obviamente, mas no seu conjunto não criavam valor. Fizemos uma reflexão, e quisemos criar, de alguma forma, um projeto que agregasse as 80, mas que a soma destas 80 iniciativas e de muitas outras fosse maior do que o individual de cada uma.
E é daí que nasce este projeto Redy, que, no fundo, é a congregação destas iniciativas que estavam um bocadinho espalhadas. O que é que nos pode dizer sobre este projeto?
O Redy é precisamente isso. É a nossa identidade, é o nosso projeto de sustentabilidade, que de alguma forma junta estas iniciativas todas, mas que lhes dá uma direção, um propósito, uma coesão que não tinham antigamente. O que faz com que tenham em conjunto e com uma estratégia definida uma criação de valor adicional que não existia.
Quando pensamos de uma forma um bocadinho mais tradicional, conservadora, como queira, num clube desportivo, ainda por cima muito ligado à alta competição, falar de sustentabilidade não é propriamente o raciocínio mais imediato, isto nos últimos anos. Por que razão passou a ser este tema da sustentabilidade uma prioridade, e já agora que contributos é que os sócios deram para essas metas?
A sustentabilidade, eu diria que se tem tornado uma exigência e uma prioridade, ou deveria ser em todas as organizações. Eu acho que num clube desportivo essa prioridade é maior, como maior é essa responsabilidade. Isto porquê? Porque o desporto em geral – já volto aqui a falar do Benfica – impacta milhões de pessoas, e tem acesso e pode influenciar, digamos, milhões de pessoas. E o Benfica, aqui, pela sua dimensão, como a maior instituição desportiva do país, uma das maiores do mundo, não só de sócios, mas em termos de modalidades – temos mais de 30 modalidades diferentes, masculinas, femininas, dos pavilhões, de polo aquático, râguebi, artes marciais, enfim, são inúmeras, tanto masculinas como femininas –, o que só por si também nos dá uma responsabilidade adicional pelo número de pessoas que nós impactamos. Por isso, aqui, sim, nós, quando olhámos para este projeto, para estas iniciativas, escolhemos assumir a responsabilidade de querer ser o clube mais sustentável do país e um dos mais sustentáveis da Europa. E vai no sentido do que estava a perguntar dos sócios. Este projeto não é feito só para os sócios, é feito com os sócios, para os sócios, para os adeptos, para os nossos parceiros, fornecedores, entidades com as quais nos relacionamos, mas é feito com eles. Este projeto é feito da auscultação – nós estivemos a auscultar tanto os sócios como os adeptos, como os nossos patrocinadores, os nossos fornecedores, todas as entidades com as quais nos relacionamos. Ao ouvi-los, eles é que nos definiram quais eram os temas relevantes, em termos de sustentabilidade, nos quais o Benfica deveria focar-se.
Estes planos, obviamente, vão ao encontro daquilo que são as preocupações que cada vez mais fazem parte do nosso dia a dia, nas mais variadas gerações. No entanto, há que estabelecer metas temporais. Até 2030, é um momento importante na persecução de vários projetos. O que é que o projeto Redy procura fazer em termos de etapas para chegar a 2030 com algumas metas alcançadas?
Essa é um bocadinho, digamos, a vantagem que temos, de alguma forma, das imposições da diretiva europeia, porque obriga-nos a ter métricas, a ter KPI (key performance indicators) que possam ser comparados com outras organizações, com outros clubes de futebol, e que a sustentabilidade deixe de dizer simplesmente "nós fazemos isto ou fazemos aquilo". Temos a obrigação de, efetivamente, produzir relatórios completos, algo técnicos, bastante técnicos até, não vou falar aqui dessa vertente, mas que define métricas concretas. Neste ano, este nosso primeiro relatório está completamente conforme o que exige essa diretiva. Não somos obrigados a fazer o reporte neste ano, mas quisemos fazer como se fôssemos. A partir do ano que vem, efetivamente, esse reporte tem de ser avaliado e pode vir a ser auditado, para conferir, efetivamente, que todas essas métricas e esses objetivos estão a ser cumpridos. Nesse sentido, efetivamente, nós para este ano tínhamos um objetivo de fazer este levantamento, que foi feito. Tínhamos um objetivo de calcular a nossa primeira pegada – já vou falar desse número –, o que nos vai permitir, de alguma forma, para o ano que vem, finalizar a visão 25 de 2030, definir as métricas para 2030, que serão reduzir a nossa pegada em 50%, e quais são as iniciativas, em função dos temas relevantes que os nossos parceiros, os nossos sócios, definiram. Quais são os temas relevantes, em termos de iniciativas sociais e ambientais, nas quais vamos ter de atuar para atingir essas métricas.
Falou na relação com os parceiros, que tipo de feedback é que os parceiros deram ao Clube para que este tema ganhe outro tipo de visibilidade e de factualidade no Sport Lisboa e Benfica? Ou seja, não ser um tema que é conversado, mas que seja, de facto, aplicado na realidade e no dia a dia.
Os nossos parceiros e os nossos fornecedores são um pilar fundamental na nossa estratégia. O Redy, de que já falámos há pouco, está assente numa estratégia baseada em 4 eixos. A nossa estratégia de sustentabilidade chama-se Redy – Ganhar em Todos os Campos. Porque ganhar em todos os campos é a definição do que é o Benfica, que é ganhar. E nós quisemos ganhar em 4 eixos muito específicos. O eixo transversal de toda a estrutura, que é o Ganhar Bem. O Ganhar Bem, em poucas palavras, é ganhar com transparência e com boas práticas de governança. Depois, é Ganhar em Casa. O Ganhar em Casa é com os nossos atletas, com os nossos colaboradores, as nossas infraestruturas. Darmos os meios para que possam desempenhar as suas funções da melhor maneira possível e em toda a segurança. No que diz respeito às infraestruturas, também de alguma forma conseguimos reduzir a pegada da nossa operação, das nossas infraestruturas, otimizando, por exemplo, a redução do consumo de energia, otimizando o consumo da água. São dois exemplos. Poderei, mais à frente, dar-lhe dois/três exemplos. Depois entramos, efetivamente, na pergunta que me fez, que é o Ganhar Fora. O Ganhar Fora é um eixo, é um pilar fundamental, e foi por isso que no dia 28 de maio nós organizámos aqui um evento no estádio que foi um sucesso tremendo, não só pela qualidade da organização, pela qualidade do painel, mas pelo feedback. Tivemos aqui mais de 250 representantes de fornecedores e patrocinadores que ficaram, de facto, espantados não só com a nossa estratégia, que se enquadra dentro dos princípios e valores que eles também têm, mas o que nós quisemos fazer foi chamar esses parceiros para dentro do Benfica. Nenhuma organização, por muito grande que seja, consegue sozinha atingir os seus objetivos. A sustentabilidade é feita de pessoas para pessoas e de organizações para organizações, para que em conjunto conseguíssemos alavancar, de alguma forma, todos esses benefícios para uma criação de valor, e essa criação de valor depois é repartida precisamente entre os sócios, os adeptos e as comunidades locais.
No início, falei das metas ambientais, das sociais, mas também falei de metas a alcançar na área da governança. O que é que nos pode dizer sobre aquilo que esta Direção, neste mandato, tem feito nesse âmbito?
O eixo de que falei há pouco, o eixo Ganhar Bem, é transversal a toda a estrutura do Benfica. Esta Direção, esta administração, desde o primeiro dia, deu uma viragem de 180 graus na abordagem do que são as boas práticas e de governança. Desde o primeiro dia começámos a pôr em prática as recomendações do Código de Governo das Sociedades. O próprio funcionamento do Conselho de Administração, hoje da SAD, segue as regras e as recomendações. Temos um Conselho de Administração com 9 administradores, 4 executivos, 5 não executivos. Temos, neste momento, 4 administradores independentes, 3 dos quais constituíram uma comissão de controlo interna em partes correlacionadas, que fez vários inquéritos internos, nomeadamente sobre as partes relacionadas e os conflitos de interesses, e que fiscaliza, precisamente, essa situação da Comissão Executiva, como Conselho de Administração, que tem como missão fiscalizar a Comissão Executiva. Os regulamentos de funcionamento, tanto do Conselho de Administração, tanto da Comissão Executiva, tanto da Comissão de Controlo Interno, estão publicados no Site. Constituímos um canal de denúncias. Constituímos um departamento de auditoria interna, que não existia. Esse departamento de auditoria interna reporta funcionalmente ao Conselho Fiscal do Clube e funcionalmente ao Conselho Fiscal da SAD. Acabámos, neste momento, de aprovar o plano de auditoria para 2025/26, internamente. Por isso temos aqui inúmeras medidas que vão ao encontro. Uma ótima notícia que guardei agora para o fim: somos o primeiro clube associado ao Instituto Português de Corporate Governance. Isto é mais uma afirmação de que as boas práticas de governança estão para ficar no Benfica. É uma afirmação que queremos implementar. Ainda há melhorias para fazer e contamos precisamente com esta associação, com esta parceria que temos com o IPCG agora, para nos ajudar a melhorar ainda mais as boas práticas de governança.
Este compromisso do Sport Lisboa e Benfica com a sustentabilidade, no futuro, a sua transversalidade, pode chegar a que setores?
Como lhe disse, a consequência imediata do evento que tivemos... A recetividade ao projeto, à estratégia, teve um impacto imediato. Nós, neste momento, já estamos a trabalhar com 10 grupos, 10 empresas, além da Câmara – que também estava presente no evento –, um certo número de iniciativas, seja para apoiar o desenvolvimento e o crescimento da Fundação Benfica, em certas áreas, seja nos temas da mobilidade, seja nos temas do bem-estar, por isso temos aqui inúmeras áreas em que efetivamente já conseguimos convencer um certo número de parceiros de que estar associados ao Benfica nos seus princípios, nos seus valores e no seu alcance, é benéfico para todos. Vamos criar valor, e esse valor vai ser repartido, vai ser em benefício dos sócios, dos adeptos e das comunidades.
Beneficiando, obviamente, daquilo que é a capacidade de comunicação do Sport Lisboa e Benfica para veicular esses temas.
Exatamente. Temos um palco mediático muito grande, e esse palco vai estar ao serviço, obviamente. Nós temos um alcance até 50 milhões de pessoas, e é óbvio que esse palco vai estar ao serviço da sustentabilidade. Uma última palavra para os nossos sócios. Recomendo vivamente que vão ao nosso Site hoje para dar uma leitura, seja no relatório, seja na brochura, que acaba por ser um condensado do relatório. Não tem a vertente tão técnica, é dirigida de alguma forma mais simples, mais condensada, e temos também um terceiro documento, que é o AS IS, que são as 80 iniciativas iniciais com as quais começámos o projeto. Por isso, recomendo vivamente aos sócios, porque eu acho que vão ficar orgulhosos de pertencer a um clube que tem já esta dimensão neste âmbito.