Onde a mesa se cruza com o desporto

REPORTAGEM BTV

Em Abrantes, o Benfica sente-se de muitas formas: à mesa, no convívio, na prática desportiva e na partilha de momentos que vão muito além de clubismos. A Casa Benfica local é o reflexo disso mesmo. Aberta a todos, com portas que nunca se fecham (funciona de segunda a segunda!) e com um espírito de acolhimento que se tornou marca desta embaixada encarnada.

Às quartas-feiras, a Casa n.º 38 do Sport Lisboa e Benfica ganha um sabor especial. O ritual já está enraizado: serve-se um prato típico da região – sopa de couve com feijão acompanhada de bacalhau assado –, e a sala enche-se de convívio e partilha. Nesse dia, chegam a servir-se cerca de 150 refeições, o momento mais forte da semana, sinal de que ali, à mesa, também se constrói comunidade.

E não há barreiras para esse convívio. Um adepto de outro clube, frequentador assíduo, resume-o de forma perfeita.

"Eu sou o verdadeiro exemplo de que a amizade não interfere com o clubismo, porque o Benfica não é o meu clube. Mas eu adoro esta Casa, tenho grandes amigos, simpatizo bastante em vir aqui, porque é uma Casa realmente acolhedora. Venho com frequência, acho que quase todos os dias, apesar de não ser o meu clube. Mas realmente é uma Casa que eu admiro. Tem atividade desportiva e cultural, e isso deixa-nos orgulhosos, acima de tudo, por sermos abrantinos e por a Casa estar em Abrantes", salientou em declarações ao programa Pelas Casas do Benfica, da BTV.

No entanto, Abrantes não é só boa mesa. É também desporto, em grande escala e com resultados de destaque. Atletismo, triatlo, futebol, trail, pentatlo, laser run… as modalidades multiplicam-se e tornam esta Casa Benfica um verdadeiro estandarte do desporto na região. A embaixada encarnada no Ribatejo tem acumulado prémios a nível nacional e, entre tantas conquistas, destaca-se até um campeão mundial de laser run, símbolo maior de um trabalho que é motivo de orgulho para todos.

Esse espírito de conquista e união não nasceu por acaso. Foi sendo construído, passo a passo, por pessoas que dedicaram tempo, energia e paixão à Casa Benfica Abrantes, deixando nela uma marca que permanece até hoje. Entre essas vozes, destaca-se a de Jorge Batista, presidente da Casa, que recorda as raízes de um percurso que começou no atletismo e que, entretanto, se expandiu a tantas outras modalidades.

"Nós começámos com o atletismo, com uma pessoa que foi essencial, que, infelizmente, já cá não está, que era o Carlos Alfaiate. Foi ele que começou com isto, a pouco e pouco. E neste momento, entre as modalidades todas, temos cerca de 200 atletas. Temos prémios, temos campeões nacionais, temos muitos, muitos campeões distritais, e percorremos o país de norte a sul", salientou o dirigente.

E, mesmo com tanto alcançado, o lema mantém-se simples: "Há sempre vaga para mais um."

Porque a Casa Benfica Abrantes é isso: lugar de encontro, orgulho de uma cidade, símbolo de amizade e de união. Uma Casa que vive da paixão pelo Benfica, mas que se abre muito para lá das cores. Como diz Jorge Batista: "Esta é uma Casa para sócios, mas não é exclusivamente para sócios. É uma Casa aberta para toda a gente que gosta de comer bem, gosta de conviver. A Casa está aberta para toda a comunidade. Inclusive, temos muita gente, aqui de Abrantes, muitas pessoas que não são do Benfica e que são sócios da Casa do Benfica."

Depois de um almoço repleto de sabores tradicionais, o atletismo mostrou-se como grande bandeira da Casa. Modalidade de família, reúne pais e filhos e continua a dar cartas a nível regional e nacional.

Manuel Gonçalves, treinador de atletismo, sublinha um dado surpreendente: "Há uma coisa que a maior parte das pessoas neste país não sabe, mas o distrito de Santarém tem neste momento 53% dos recordes masculinos em Portugal. É uma coisa impressionante. Alguns não estão cá, estão no Benfica, no Sporting. Daqui têm sido grandes campeões. Não só dos meus atletas, mas também de outros treinadores."

E porque a história desta Casa é inesgotável, o Pelas Casas do Benfica continua, na próxima semana, a revelar o que torna este espaço único.