Orgulho algarvio e alma formadora

REPORTAGEM BTV

Com 5 centenas de associados e cerca de 100 jovens futebolistas, a Casa Benfica Lagos afirma-se como uma referência desportiva e social no concelho. Situada na Rua de Ceuta, é o reflexo da força do benfiquismo no Algarve e da vontade de fazer crescer o Clube através da formação e do convívio.

A Casa n.º 242 é hoje um dos polos associativos mais dinâmicos da região, visitada por milhares de pessoas e repleta de vida dentro e fora de portas.

O presidente, Raul Barros, fala com orgulho da história e do impacto da Casa, um espaço que sente como parte da cidade e da comunidade.

"A Casa Benfica Lagos é um orgulho para nós Benfiquistas, aqui de Lagos e não só, também para a cidade de Lagos. Esta Casa para nós tem sido um orgulho, é uma Casa que tem funcionado muito bem, é visitada por milhares de pessoas, e eu sinto muito orgulho nisso", disse ao programa Pelas Casas do Benfica, da BTV.

Com vários anos de dedicação à frente da instituição, Raul Barros destaca o que mais prazer lhe dá neste projeto coletivo e afetivo.

"O maior gosto que eu tenho é termos aqui a formação dos miúdos – que eu gosto muito –, o convívio, ver o futebol, isto aqui é o nosso Estádio da Luz", afirmou.

Na Casa Benfica Lagos, o benfiquismo vive-se à mesa com o mesmo entusiasmo com que se vibra com o Clube. O espaço é conhecido pelas suas especialidades gastronómicas, que fazem da hora de almoço um momento de encontro e partilha. O bacalhau à minhota é uma das referências da ementa, a que se juntam pratos tradicionais como o ensopado de cabrito, a comida caseira e o marisco fresco. O sucesso deve-se à dedicação do cozinheiro e à qualidade dos produtos, servidos sempre com uma sopa fresca e caseira. É um dos segredos da Casa, que diariamente enche para provar o melhor da cozinha portuguesa.

Mas se há algo que distingue a Casa Benfica Lagos é a sua vertente formativa. São cerca de uma centena de jovens atletas que vestem o Manto Sagrado e aprendem a jogar futebol, conviver e crescer com os valores do Clube.

"O nosso coordenador ainda está a formar as equipas, ainda está a inscrever as equipas, mas vale a pena. Estávamos à espera que, mais ano, menos ano, os nossos miúdos jogassem aqui na cidade, no campo municipal, porque é muito trabalho, todos os dias, termos de os transportar, é um transtorno muito grande", lamentou.

A história da Casa tem raízes profundas. O sócio fundador Carlos Ribeiro recorda com emoção o momento em que tudo começou, fruto da união de um grupo de benfiquistas determinados em criar um espaço próprio.

"Parece que foi ontem. Eu e um conjunto de amigos convocámos os associados para um jantar. Nesse jantar estávamos 280 pessoas e toda a gente achou que era a altura de termos uma Casa nossa em Lagos, e foi nesse movimento, na sequência desse movimento, que preparámos as coisas para avançar para a Casa", contou.

Com o tempo, o projeto cresceu e consolidou-se, graças à entrega de uma Direção empenhada. O vice-presidente Henrique Duarte destaca o papel inspirador do líder e o espírito de equipa que mantém viva a chama benfiquista.

"Neste momento é um motivo de grande orgulho, especialmente tendo um presidente como o Sr. Raul. O Sr. Raul é um homem que se entrega diariamente. Nós, como vice-presidentes, tentamos dar o máximo apoio possível, apesar de as nossas vidas às vezes não serem compatíveis, mas damos o nosso apoio possível. Temos total confiança no presidente e no resto da Direção, claro. Especialmente após estes anos em que temos estado envolvidos, chegarmos à situação em que estamos, à situação da Casa como está neste momento. Para todos os Benfiquistas de Lagos, não tenham dúvidas: a Casa funciona muito bem", garantiu.

A dedicação da Direção é acompanhada por resiliência e espírito de sacrifício, valores que mantêm a Casa Benfica Lagos forte e unida.

"É sempre com grande vontade, com grande espírito de sacrifício. É acreditar até ao fim, remar sempre contra a maré", salientou.

O trabalho formativo é apoiado por protocolos com clubes locais, como o Estrela Desportiva de Bensafrim, permitindo que os jovens continuem a evoluir após a formação inicial. O presidente do clube, Carlos Figueiredo, explica a importância desta colaboração.

"Temos o protocolo também com a Casa Benfica. Além dos escalões de formação de iniciados, juvenis e seniores, temos o protocolo que é válido por dois anos, desde o início da fundação desta Casa Benfica Lagos. É um privilégio estar, ao fim e ao cabo, nos dois clubes, nas duas instituições", destacou.

O protocolo fortalece a ligação entre os clubes e garante que os jovens atletas cresçam com acompanhamento próximo de treinadores e coordenadores, mantendo a essência do Benfica viva no Algarve.

"Há um bom relacionamento entre as duas entidades, porque tanto os treinadores da Casa Benfica como os do Bensafrim trabalham em conjunto. Ou seja, há um protocolo que exige mesmo que se trabalhe em conjunto. O presidente da Casa Benfica é uma pessoa que também está sempre presente quando é necessário fazer alguns ajustes nas nossas instalações. E o coordenador, por exemplo, da Casa Benfica é um dos nossos treinadores de formação. Portanto, estamos superligados", referiu.

O coordenador de futebol, José Alexandre, reforça que a paixão e a qualidade da equipa são determinantes para o sucesso da formação.

"Eu posso dizer que fui atleta e treinador em todos os clubes do concelho de Lagos. Inclusive fui treinador também na Casa Benfica. No Bensafrim, por exemplo, fui treinador, atleta, coordenador, dirigente e agora presidente. É um privilégio enorme ver os atletas da vila onde resido a praticar desporto. É um objetivo conseguido", assegurou.

A Casa Benfica Lagos cumpre, assim, a sua missão: ensinar, formar e transmitir os valores do Benfica às novas gerações.

"O coordenador tem de ter muita paixão por isto, ter um grupo de trabalho incrível também – que nós temos, selecionamos muito bem quem nos ajuda –, e depois as coisas funcionam. Ninguém funciona sozinho. A equipa é bestial", disse.

Mais do que resultados ou talento precoce, o projeto formativo da Casa Benfica Lagos valoriza a inclusão e o prazer de jogar.

"O que eu digo é sempre que não interessa a qualidade. O que eu digo sempre é: primeiro, experimente. Se gostar, fica. Não interessa a qualidade. Nós estamos aqui para ensinar", acrescentou.