Clube

20 novembro 2017, 16h43

Relvado

O diretor de Comunicação do Sport Lisboa e Benfica marcou presença no noticiário das 14h00 da BTV. Luís Bernardo explicou os contornos do programa Chama Imensa que, tal como anunciado no domingo, irá revelar factos do novo Apito Dourado.

"Para ficar muito claro, o Chama Imensa já vem de trás, não foi criado propositadamente para a divulgação desta informação. O programa tem um painel e vai manter-se: Luís Costa Branco a apresentar e três comentadores, José Marinho, António Bernardo e o ex-árbitro António Rola. Será José Marinho, enquanto elemento da equipa da Comunicação, que irá divulgar a informação que é do conhecimento do Benfica e que está nas instâncias judiciais", anunciou Luís Bernardo.

Quais são, no fundo, os objetivos?

"Queremos marcar uma diferença clara. Não haverá julgamento público, teremos todo o cuidado e seremos rigorosos na informação que divulgamos, pois entendemos que há um local próprio para essas questões serem analisadas, ou seja, nas instâncias judiciais", explicou Luís Bernardo, indo de imediato ao cerne da questão.

"O que faremos é explicar quem é quem na estrutura que está montada e que foi operacionalizada a partir do momento da invasão do centro de treinos de árbitros na Maia, criada pelo FC Porto e que visa objetivamente condicionar os árbitros", disse.

"Vamos tornar do conhecimento do grande público um conjunto de diversas queixas que estão sobre investigação. Ainda recentemente o presidente da Federação Portuguesa de Futebol chegou à Assembleia da República e tornou públicas algumas ameaças que chegam aos árbitros. O próprio presidente da APAF, Luciano Gonçalves, tornou público que existiam diversas ameaças sobre os árbitros. Muito se discute, mas ninguém coloca a questão: quem faz essas ameaças? Quem está por detrás das mesmas?"

São muitas as queixas, muitas as situações e muitas delas desconhecidas do público.

"Temos conhecimento de diversas situações que não são do conhecimento público, inclusive telefonemas a familiares dos árbitros poucas horas antes de estes entrarem em campo, criando todo um clima de intimidação e coação que tem de acabar de uma vez por todas", acentuou Luís Bernardo.

"Objetivamente, o propósito principal deste nosso trabalho tem a ver com tornar público tudo o que se está a passar na sombra da divulgação dos emails, e que tem vindo desde o ano passado, e também ser uma chamada de atenção em relação àqueles que são os mais frágeis no meio disto tudo, que são as equipas de arbitragem e seus familiares", afirmou Luís Bernardo.

O Sport Lisboa e Benfica anunciou também que será criada uma linha telefónica para que as pessoas possam denunciar situações que conheçam.

Luís Bernardo explicou que percebe claramente por que tentaram "minimizar esta linha, pois será um incómodo". E recordou situações até bem recentes que só se tornaram públicas, apesar de "toda a gente saber o que se passava", através de denúncias e de imagens gravadas, como foi o “Caso Canelas” e de “uma discoteca em Lisboa”.

"Criámos esta Linha para as pessoas se sentirem à vontade para nos contar o que passa. Obviamente que nós transmitiremos logo a quem de direito – às forças de segurança e às entidades judiciais – porque a verdade é que existe um clima de coação e medo", desvendou, dando outro exemplo claro: "Veja-se os Facebooks dos SuperDragões! Está lá. Antes dos jogos há ameaças a árbitros a indicar os números de telefone e as respetivas moradas. Ninguém quer ver isto?", questionou.

"Apesar de isto tudo, entendemos que a justiça já está a fazer o seu trabalho, e o Benfica só entende tornar pública alguma desta informação a partir do momento em que ela está na Justiça a ser analisada. Não divulgaremos nada que não esteja no conhecimento da Justiça e das autoridades", explicou o diretor de Comunicação do Clube.

“É fundamentalmente um dever que nós temos. Foi criada uma cortina de fumo em torno do caso dos emails o que permitiu que se voltasse a velhas práticas. Muitos jovens não têm presente, mas a geração mais velha sabe perfeitamente o que se passou no Apito Dourado. Há gravações, não é possível dizer que aquilo não existia; há depoimentos… e é esse ambiente que se está a procurar de alguma forma ressurja. É importante denunciar, porque isto é grave e é o pior que pode acontecer ao futebol português”, esclareceu Luís Bernardo.

Sobre o momento de difusão do assunto, foi claro: "Uma das normas que existem é que não se deve comentar publicamente a estratégia. Agora, que fique claro que isto não é uma resposta aos emails", atirou de forma taxativa.

"Muita gente não percebe por que motivo o Benfica foi tão moderado na resposta aos emails. O Benfica deu a resposta que considerou conveniente e adequada, porque entende que a explicação pormenorizada deve ser dada nas instâncias próprias, na Justiça. Ora, se o Benfica acusa o FC Porto de devassa da vida privada com a divulgação daqueles emails, não poderia o Clube responder a um crime que acusa com outro crime", explicou.

"O que é muito claro com o conjunto de insinuações relativas aos emails é que aquilo, tudo espremido, é uma mão-cheia de nada”, disse.

"O Benfica está muito ciente e tranquilo. Fez uma coisa importante: desde a primeira hora disponibilizou-se para estar de portas abertas e dar toda a informação que fosse necessária. As autoridades vieram ao Estádio da Luz, tiveram acesso a toda a informação, e também seria útil para quem nos acusa, e tendo em conta todo o conjunto de situações que atualmente existem em relação ao FC Porto e ao Sporting, que ambos dessem o mesmo exemplo", afirmou.

"Este é o momento de divulgarmos este conjunto de informações que foram recolhidas porque só o faríamos a partir do momento em que soubéssemos que esta informação estava já no conhecimento das autoridades", concluiu Luís Bernardo.

Texto: Sónia Antunes

Fotos: SL Benfica

Última atualização: 21 de março de 2024