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Futebol
Ex-central entrou na Luz em 2003/04 e, arrumar as chuteiras até 2018/19, conquistou 20 títulos – seis Campeonatos Nacionais, três Taças de Portugal, sete Taças da Liga e quatro Supertaças. A entrevista ao programa E Pluribus Unum, da BTV, revive o percurso de um campeão.
10 fevereiro 2019, 13h00
Luisão
“Quando dizem Ânderson eu já nem olho. Ficou Luisão. Em casa e tudo, ninguém me chama Ânderson. Quando saí de Amparo para ingressar na Juventus SP, em São Paulo, havia vários jogadores com o mesmo nome, eu teria de mudar porque cheguei mais tarde. Ainda tentaram ‘Amparo’, mas não deu certo. A primeira vez que toquei na bola disseram ‘Boa, Amparo’ e vimos logo que não ia resultar [risos]. O treinador na época disse: 'Vamos chamar-te Luís'. Fui crescendo, criando amizade e intimidade e ficou Luisão até hoje.”
“No final da época passada recebi uma notícia e comecei a ponderar. Comecei esta época com o intuito de chegar ao final e coloquei alguns objetivos para mudar a opinião até do treinador, para que eu fizesse parte das contas para esta temporada. Depois da pré-época, eu vi que não tinha conseguido atingir os objetivos a que me tinha proposto: participar em jogos da pré-temporada – participei oito minutos –, ser inscrito na Champions... Comecei a refletir sobre tudo o que eu já tinha feito e sobre tudo o que poderia influenciar o grupo. Tive de ponderar, conversar com a minha esposa e filhas… Tomei a decisão de um dia, no Seixal, conversar com o Presidente, explicar aqueles que foram os meus objetivos, e ele concordou. Naquela altura foi a decisão certa até porque não poderia estender mais isso perante o grupo. O grupo tinha de continuar, tinha de resistir e chegar à reconquista.”
“Acho que esses sinais são mais visíveis na recuperação dos jogos. Diz-se muito – e eu já parei para avaliar – que já estava lento, mas eu, ao longo da carreira, sempre procurei ser rápido no raciocínio para antecipar muita coisa. Quando se fala de um central rápido ou lento, eu acho que não adianta tomar 50 metros de uma bola nas costas por exemplo, dar um sprint excecional, ir lá e recuperar a bola. Os adeptos vão dizer ‘Uau, este jogador é rápido’. Mas ele tomou a bola nas costas. Há outros que, quando a bola chega lá, o jogador já lá está. Acho que rápido é esse que pensou antes. Sempre fui um jogador que tentou ter uma leitura tática do jogo e não descansar o cérebro durante o jogo.”
“Da primeira vez que fui chamado estava a haver uma guerrilha na Colômbia e eu fui no lugar do Mauro Silva, em 2001. O Felipão [Luiz Felipe Scolari], que me tinha subido para a equipa profissional, fez a convocatória e ligou-me. Claro que quando eu recebi a notícia as pernas tremeram. Era Cafu, Roberto Carlos, Dida, Ronaldinho, e eu era só um jogador que tinha começado. Para mim foi uma alegria imensa. A primeira coisa que pensei foi: ‘O Brasil tem 180/200 milhões de habitantes e eu, vindo de Amparo com uma bronquite, às vezes com condições de vida sem perspetiva, estou mesmo a chegar aqui? Será que isto está mesmo a acontecer?’ E como titular então foi espetacular. A minha passagem pela seleção foi muito boa, não tive tantos jogos como titular, mas ficava na reserva para Lúcio e Juan, que revolucionaram a seleção brasileira. Só tenho a agradecer.”
“Para mim é um orgulho. A história do Benfica é tão rica, com jogadores tão talentosos, que conseguir ser o mais titulado até ao dia de hoje – porque quero que outros alcancem e ultrapassem essa marca – é bom sinal para o Benfica, é sinal de que tudo foi feito da maneira certa. Eu cobro-me porque – analisando a minha carreira e, apesar de reconhecer as dificuldades de transição pelas quais o Benfica passou – acho que precisava de me ter preparado mais para levar o Benfica para mais títulos nacionais. Mas também entendo que a transição demorou algum tempo até o Benfica se afirmar novamente como candidato ao título. Sinto-me de dever cumprido e orgulhoso.”
“Eu cheguei um Luisão e saí, com toda a certeza, anos-luz à frente daquilo que era quando cheguei ao Benfica. Foi muito crescimento, muitos anos a ter de lidar com as dificuldades até ao nível da estrutura onde o Benfica estava a evoluir, a saber lidar com as pressões que os adeptos colocam e da forma como os rivais tentam colocar essa pressão dentro do Benfica. Foram muitos anos de aprendizagem. Sai um Luisão totalmente diferente.”
“O Benfica, ao longo dos anos, vai ser ainda mais conhecido no Brasil. Noto um crescimento nos últimos anos. Eu ouvia falar do Benfica de Eusébio, da estrutura, daquilo que o Benfica representava em Portugal e na Europa, mas quando cheguei aqui vi que a diferença era absurda.”
“O Cruzeiro já tinha uma estrutura exemplar, era referência no Brasil. Quando cheguei ao Benfica, estavam alguns adeptos no aeroporto e eu pensei: ‘Estou a chegar a um gigante’. Depois, para treinar, confesso que fiquei um pouco preocupado, fiquei um pouco assustado e pensei ‘Onde e que eu estou a chegar?’. Saí de um clube que tinha tudo e aqui, como as condições não condiziam com aquilo que era a grandeza do Clube, conversei com o Presidente e ele mostrou-me naquilo em que o Benfica se ia tornar ao longo dos anos. Eu apostei porque a principal virtude de um líder é conseguir convencer as pessoas de uma visão que ele tem, e o Presidente passou-me uma visão tão clara que eu fiquei seguro daquilo que teria pela frente nos anos seguintes.”
“Acho que dentro de campo o jogador de futebol consegue ter ações que fazem com que o adepto se engane – falando de um jogador em geral, no Benfica não temos isso. Mas pode fazer-se coisas que iludam o adepto, podemos disfarçar. Eu costumo olhar mais para a disciplina do dia a dia: realizar as pequenas tarefas com perfeição. Desde a forma como entra no clube, à forma como trata as pessoas, como treina, como cumpre os horários, como tenta camuflar os erros dentro de campo – porque toda a gente tem falhas. Costumo olhar para todos esses detalhes de um jogador para saber se ele tem a capacidade de ser um líder ou não. O comportamento dentro de campo é o reflexo de todas estas ações.”
“Esse foi o segredo. Se eu não me conhecer, não vou ter condições para melhorar. É óbvio que ninguém é perfeito em todas as áreas, mas tem de ter o sentimento de querer evoluir. Como fiz quando cheguei, de olhar para o comportamento que tinham por exemplo o Hélder, o Simão ou o Nuno Gomes. Até dentro do Benfica temos de colocar cultura. Se os jogadores falharem nestas coisas, podem mudar a cultura de um clube. Um clube rigoroso pode tornar-se um clube com jogadores não tão rigorosos e não é o que queremos para o nosso.”
“Fiquei contente com as declarações deles [referência a Nélson Semedo, Victor Lindelöf e Rúben Dias] quando terminei a carreira. É sinal que o que tentei fazer resultou e assimilaram da melhor forma possível. Nunca fui um jogador de ficar na zona de conforto, pelo contrário. Falava o tempo inteiro, cobrava o tempo inteiro, no intervalo dos jogos, antes, no final… Eles sabem. Eu acho que, para evoluir, um jogador tem de sair da zona de conforto. Na zona de conforto não vai chegar a lugar nenhum. Algumas pessoas até poderão elogiar, poderá marcar alguma época, mas nas outras já não vai estar assim tão bem. Eu tentava tirá-los da zona de conforto com os conhecimentos que tinha.”
“Talvez até sejamos mais próximos hoje do que quando eu jogava. Ele é o líder, o Benfica chegou onde está depois de Luís Filipe Vieira ter tomado o comando do Clube. Enquanto jogador, ficamos com receio de estarmos tão próximos do Presidente porque pode haver outros jogadores ou outras pessoas que o interpretem de outra forma. O Presidente é superacessível, muitas vezes treinávamos e ele estava no Seixal, é um Presidente que vemos muito no dia a dia, muito presente. Aí já tínhamos uma relação próxima, um respeito muito grande e, da minha parte, uma gratidão enorme.”
Texto: Filipa Fernandes Garcia
Fotos: Arquivo / SL Benfica
Última atualização: 21 de março de 2024