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Hóquei em Patins
Glória do hóquei encarnado concedeu entrevista aos meios de comunicação do Clube.
13 junho 2020, 06h57
Panchito Velázquez
Agora, com 45 anos, Panchito prepara-se para assistir à continuação do legado Velázquez na Luz com a chegada do seu sobrinho, Danilo Rampulla. A Glória do hóquei encarnado concedeu uma grande entrevista aos meios de comunicação do Clube.
"Assinei com o Barcelona na temporada 1997/98. Acabámos a temporada e tive algumas divergências com o clube, mas nada de grave. Acabei por ficar na Argentina e, como tinha o passe em Barcelona, não me deixaram jogar hóquei. Comecei a jogar futebol no San Juan, em agosto, na liga local, devagarinho. Em dezembro já estava a jogar na Segunda Divisão. Na minha estreia estávamos empatados e fiz o golo da vitória. Estava a correr bem. Estava a começar a segunda época e no último treino antes de um jogo magoei-me num joelho."
"O Benfica é uma religião"
"Maradona é apenas um adjetivo, acho engraçado. Não foi uma responsabilidade maior. És lindo, jogas bem, tens a magia, técnica, é por aí. É um adjetivo. Havia coisas mais importantes, como uma criança que te dizia na tua frente que eras o seu ídolo, ou alguém que te dizia que admirava a jogar. Isso colocava-me mais pressão do que alguém me chamar Maradona."
"Ligou-me um responsável da direção, o António Mascarenhas. Fizemos um acordo de seis meses com o Barcelona. Fui a Portugal dois dias para verem como estava fisicamente, penso que em fins de novembro. Foram seis meses, o clube não estava bem. Pedi para trazer mais um jogador e deu-se a vinda do meu irmão [Mariano Velázquez]."
"Jogámos o primeiro jogo com o Paço de Arcos e o pavilhão estava cheio. No sábado a mesma coisa. Fomos jogar a Paço de Arcos e a maioria dos adeptos era do Benfica. Lembro-me de um jogo que fizemos em Saint-Omer, em França. Quando lá chegámos quase todos os adeptos eram do Benfica. Joguei no Barcelona e nunca enchemos o pavilhão. Jogar em Saint-Omer, num dia escuro, com frio, era janeiro, o pavilhão repleto de camisolas encarnadas, aí comecei a sentir o que era o Benfica e o sentimento que envolvia as pessoas do Clube. Quando fazes parte do clube e começas a ver estes pequenos pormenores… Por isso digo que o Benfica é uma religião."
"Chamava-lhe o sótão. Era impressionante. Fazia lembrar o estádio do Boca Juniors a tremer. Aquele pavilhão tremia. Era o nosso sexto jogador. Era muito difícil jogar lá, havia muita pressão. Quando as pessoas começavam a vibrar mexia tudo."
"No clube que mais adorei jogar não tive os títulos que tive a vida inteira"
"Eu e o Mariano nunca íamos apenas jogar um jogo, íamos para a guerra. Na primeira época deram-me três carros e bati com os três. A partir daí nunca mais me deram um carro. A maluquice para ir jogar era tanta, não podíamos perder, não podíamos empatar. Não íamos jogar, íamos para a guerra e começava no carro depois de sairmos de casa."
"Não era o que Clube que é agora. Tínhamos uma equipa de 4/5 jogadores, eu não estava a 100% dos meus joelhos, fui operado muitas vezes. Nós começávamos as pré-épocas em agosto e chegávamos a março e abril completamente cansados, isso era um fator importante. Cheguei a nem jogar finais da Taça de Portugal porque estava no hospital a ser operado. Muitas vezes tinha de ir de manhã para o ginásio, à tarde para fazer a ligadura funcional, não foi fácil aquela época. Não havia fisioterapeutas, não havia nada. Chegávamos a março e abril e sentíamos muito o desgaste acumulado ao longo do ano."
"Eu sentia muitas dores e não sabiam de onde vinham. O Carlos Dantas pediu ao Dr. António Martins, que estava no futebol, para me ver. Foi num dia que jogámos com o FC Porto, fomos lá os dois e o médico ficou impressionado como é que eu conseguia jogar porque não tinha musculação nenhuma no joelho. Disse-me para ir jogar, mas que me operava na segunda-feira. Trouxe a minha mãe para me fazer companhia. Sabia que estava mal e tinha medo que, depois de me abrirem o joelho na operação, dissessem-me que não podia jogar mais. Tinha 25 anos, era muito duro. Deus colocou-me à frente do grande médico António Martins, se não fosse ele não voltaria a jogar."
"Não há melhor prémio do que eu estar em Lisboa e sentir o carinho dos adeptos"
"Foi um momento difícil. Com 20 anos já era campeão do mundo. No clube que mais adorei jogar não tive os títulos que tive a vida inteira. Sinto-me mal quando penso nisso, fico incomodado, ficaram coisas por fazer."
"Fiquei com uma família no Benfica. Eu e o Carlos Dantas, com a Paula, com a Ana, com o Miguel, agora com os seus netos também. Nós vamos a Lisboa e eu vou à casa dele, ele também tem vindo cá ter comigo. É muito forte a relação com que ficámos. Eu sei que eles têm saudades minhas e eu tenho saudades deles. Tinha tudo combinado para ir a Lisboa em agosto. Nas contas do ano está sempre incluída a ida a Lisboa."
"Todos diziam que eu e o Carlos Dantas não nos íamos dar bem. E no início parecíamos dois cães que não se conhecem. Mas o Carlos era mais do que treinador. Era dirigente, amigo, psicólogo. Ele foi lá dentro e disse ao senhor Armando para me dar os patins número 45 – eu calço o 42 –, mas como lá o material era melhor, tinha experiência e não foi um problema para mim. Correu muito bem esse treino, por acaso."
"Arrepio-me só de pensar... Continuem com a paixão que têm pelo Clube, a paixão que eu também tenho"
"Não há melhor prémio que eu estar em Lisboa e sentir o carinho e o afeto dos adeptos. Dizem-me que sou mais um, e sou verdadeiramente mais um e agradeço. Foram momentos difíceis. O Benfica não estava bem no futebol, não estava bem no basquetebol, o Benfica não estava bem. Imagina ter ganhado algo mais importante, a história teria sido diferente. Não se pode voltar atrás, mas isso magoa-me bastante."
"Ele tem de superar-me e ao Mariano. De fora, sinto a responsabilidade de que ele tem de superar-nos. Vai usar uma camisola que não tem meio-termo. É sim ou não, ganha ou perde. Não é uma camisola que te dê uma segunda oportunidade, é muito pesada e não é para todos. Mas acho que ele tem todas as hipóteses de singrar e superar-nos. É mais parecido comigo, mas ainda pede muita permissão. Ainda é novo, tem muito para melhorar, mas tem de pedir mais desculpa no fim e menos permissão no início. Com dois anos já patinava bem. Sempre olhou para nós e começou a adorar o hóquei, mas começou sozinho."
"Tenho uma excelente relação com o Carlos Nicolía. Também estamos muitas vezes em família. Com o Lucas [Ordoñez] nem tanto, mas admiro-o muito como jogador. No mercado que há, o Benfica tem dos melhores argentinos. No fim vai ser o resultado que ditará, oxalá que corra bem."
"É um caso único no mundo. Não há uma explicação para o hóquei ser tão popular em San Juan. Em qualquer lado perguntam-te em que ano da escola vais, aqui em San Juan perguntam em que escalão estás, porque todos jogam hóquei. O hóquei é muito importante aqui."
"Não é muito difícil deixar o hóquei, mas sim reorganizar a vida, deixar de ser profissional. O profissional recebe bem, não tem muito sacrifício. Sair à rua para trabalhar, enfrentar o mundo, é difícil. Às vezes pode faltar dinheiro para comprar um carro, depois falta dinheiro para levar leite para casa. Inserir-te na selva é difícil, custou-me muito, mas já aprendi e já estamos muito bem."
"É uma pequena homenagem minha, toda a gente já sabe onde fica La Gloriosa"
"Os treinadores necessitam de muito tempo e eu preciso desse tempo para o meu trabalho. A única coisa em que me sinto útil é a resolver muitos dos problemas que tinha enquanto jogador, agora que estou fora. Aquela coisa que fazia de determinada maneira e penso que se possa fazer de maneira diferente. Penso que posso ajudar os jogadores a resolver problemas que eu também tinha quando jogava."
"Comprei a quinta e chamava-se Las Maris, porque a mulher e as filhas do antigo dono tinham todas Maria no primeiro nome. Passado um tempo estava com a minha mulher a pensar num nome para dar à quinta e queríamos um nome associado ao Benfica porque é graças ao Benfica que eu a tenho. É uma pequena homenagem minha e toda a gente já sabe onde fica La Gloriosa. O negócio está dividido em três partes. Na construção de lotes para vender, porque a quinta é grande. Depois na casa grande fiz um espaço de aluguer para todo o tipo de eventos, festas de anos, casamentos… e a terceira parte é a produção de uva. Fazemos uva para consumo e fazemos passas de uva. Agora também estamos a produzir cebola. Estamos a otimizar o sistema e está a correr tudo bem."
"Todos os hoquistas desejam jogar um Mundial em San Juan e ter adeptos do Benfica. É o único clube que, onde quer que se vá jogar, o pavilhão é do Benfica. É impressionante. Sentes-te valorizado, com gosto. Nesse sentido, o Benfica é o maior clube de todos. Não mudem, continuem com a mesma paixão. Fizeram um grande clube. O Benfica tem crescido muito nos últimos anos e os adeptos é que fazem um clube grande. Se há jogo de futebol às 17h, às 10h, 11h, o Colombo já começa a mexer… Arrepia-me a pele só de pensar, impressionante. Continuem com a paixão que sentem pelo Clube, a paixão que eu também tenho."
Fotos: SL Benfica
Última atualização: 13 de junho de 2020