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Clube
"A Carrinha do Bento" é o novo programa da BTV em que o antigo jogador Carlos Manuel e o jornalista João Martins percorrem o país para falarem da história e da mística do Glorioso.
25 dezembro 2022, 18h59
Manuel Bento
Conforme afirmou o presidente Rui Costa na recente apresentação do livro "Talento e Superação", que evoca a magnífica conquista benfiquista das duas Taças dos Clubes Campeões Europeus no início da década de 60 do século passado, os jogadores são os grandes pilares da grandeza desportiva do Benfica.
Sem eles, no campo, a defenderem as cores e o emblema do Clube, a lutarem arduamente pelas conquistas, não haveria feitos inolvidáveis para celebrar. E é na renovação destes exímios futebolistas que reside o segredo do sucesso continuado, mantendo-se elevados níveis competitivos e perpetuando a mística por sucessivas gerações.
No final dos anos 1970 e na década de 1980, deu-se a circunstância de, naquele tempo, se juntarem no balneário benfiquista muitos jogadores provenientes do Barreiro e arredores, seja pela naturalidade ou por terem representado, anteriormente, clubes dessa zona a sul do Tejo. A extraordinária qualidade, bem como o irresistível carisma, de alguns desses futebolistas levou a que surgisse, no domínio público, o denominado "grupo do Barreiro".
"É na renovação destes exímios futebolistas que reside o segredo do sucesso continuado"
No quotidiano benfiquista, a existência deste grupo cingiu-se à esfera pessoal, mas com vincadas repercussões no seio do plantel nos domínios da motivação e da solidariedade, em particular o espírito e competitividade coletivos, sem haver, que se saiba, qualquer espécie de divisão no balneário entre os membros do Barreiro e os restantes. Pelo contrário, sempre que a mentalidade competitiva dessas grandes equipas do Benfica é referida, logo são igualmente nomeados Álvaro, Bastos Lopes, Humberto Coelho, Nené, Pietra, Shéu ou Veloso, entre outros, que nada têm que ver com o Barreiro.
Só em 1986, e no âmbito da Seleção aquando do Campeonato do Mundo realizado nesse ano, no México, foi do conhecimento público uma ação destes jogadores enquanto grupo, para mais tratada com enorme exagero, pois as reivindicações foram da responsabilidade de todos os selecionados, e os líderes, em Saltillo, não se resumiam a Bento, Carlos Manuel e Diamantino (oriundo da Moita, mas "do Barreiro").
O grupo do Barreiro revela, sobretudo, uma história de amizade e companheirismo entre jogadores residentes naquela cidade (ou próximo dela), focados em darem o melhor de si pelo sucesso nas suas carreiras e do clube que representaram, numa dinâmica que se irradiava pelo resto do plantel.
"O grupo do Barreiro revela, sobretudo, uma história de amizade e companheirismo"
A história é sobejamente conhecida. Bento, o mais velho, tinha uma carrinha que utilizava para transportar, de madrugada, o peixe que a sua esposa vendia numa banca e, ainda no começo da manhã, para se deslocar para o Estádio da Luz para as sessões de treino. A carrinha tinha vários lugares, e logo se percebe que os jovens jogadores vizinhos de Bento, ainda com parcos recursos económicos, aproveitassem a disponibilidade do guarda-redes para lhes dar boleias, formando-se um núcleo forte assente em respeito mútuo e amizade.
Ao longo dos anos foram vários os que beneficiaram da generosidade de Bento. Araújo, Carlos Manuel, Chalana, Diamantino, Frederico, Jorge Silva, José Luís, Neno, Nunes e Oliveira são os mais referidos, mas outros houve, impressionando a quantidade de futebolistas do Barreiro (em sentido lato) que representaram o Benfica nesses anos.
Ao longo do século XX, o desenvolvimento industrial naquela área da margem sul do Tejo motivou acentuados fluxos migratórios para a região, em particular do Sul do país. O rápido crescimento demográfico do concelho, cuja população quase quadruplicou entre 1930 e 1980, transformou a vila (tornada cidade em 1984), repleta de jovens, parte significativa deles apaixonados por futebol e que, com o muito espaço ao ar livre disponível para improvisar campos, tinham no jogo da bola o seu principal passatempo. A forte dinâmica associativa fez o resto; chegar a um dos muitos clubes locais existentes era o sonho de qualquer desses miúdos, bastas vezes encontrados nas ruas por gente associada às coletividades e logo convidados a tentarem a sua sorte em treinos de captação.
Não surpreende, portanto, que o Barreiro se tenha tornado numa fonte de recrutamento privilegiada dos grandes clubes de Lisboa. Alguns dos mais conhecidos jogadores da história do Benfica cresceram no Barreiro e nas vilas mais próximas, outros tiveram a sua primeira experiência no futebol de alto nível no Barreirense ou na CUF.
Antes de Bento, Chalana ou Carlos Manuel, foram vários os grandes nomes do Benfica com raízes no Barreiro. Só para citar os mais proeminentes, logo surgem à cabeça José Augusto e Mário João, dois bicampeões europeus. E Adolfo chegaria à Luz poucos anos mais tarde. Mas há que recuar ao primeiro grande feito internacional do Benfica para se encontrar a embaixada do Barreiro original, não obstante os muitos naturais daquela zona que já haviam alinhado de águia ao peito (por exemplo, António Vieira, Francisco Eloy, Raul Baptista ou Manuel Jordão).
"Há que recuar ao primeiro grande feito internacional para se encontrar a embaixada do Barreiro original"
Na final interminável que resultou no primeiro e único triunfo de um clube português na Taça Latina, a prova oficial, organizada pelas federações de Portugal, Espanha, França e Itália, considerada precursora da Taça dos Clubes Campeões Europeus, o onze do Benfica incluiu os barreirenses Arsénio, Corona, Félix e Moreira, quatro dos futebolistas (identificados na foto acima) mais admirados do Benfica até aos anos 1960. De fora ficou Contreiras, um alentejano criado no Barreiro, titular nas duas épocas anteriores e que perdeu o lugar na baliza para o então muito jovem José Bastos.
Hoje, o maior embaixador do Barreiro no futebol é João Cancelo, formado no Benfica desde tenra idade, mas longe vão os tempos em que a cidade foi um dos mais notáveis alforges de futebolistas do país.
Nas últimas décadas pertencem ao basquetebol as maiores figuras do desporto do Barreiro, e o Benfica soube tirar proveito disso mesmo. António Tavares, Diogo Carreira, João "Betinho" Gomes (oriundo de Cabo Verde e descoberto pelo Barreirense) e Miguel Minhava são os nomes mais sonantes de águia ao peito neste século, sem esquecer Neemias Queta, cuja passagem curta pela Luz na fase final do seu processo formativo foi essencial para que se tenha tornado no primeiro português na NBA.
Artigo publicado no jornal O Benfica
Texto: João Tomaz
Fotos: Centro de Documentação e Informação do SL Benfica
Última atualização: 12 de agosto de 2024