Sensação de dever cumprido

ENTREVISTA BTV

Em entrevista à BTV, Pedro Marques, diretor técnico do futebol de formação do Benfica, traçou um balanço da época 2022/23, coroada pela conquista de quatro troféus: a Taça Intercontinental Sub-20, os Campeonatos Nacionais de Juvenis e Iniciados e o Campeonato Distrital de Juvenis C. O sucesso da promoção de jovens formados no Benfica Campus ao plantel profissional, com óbvios resultados desportivos, também foi relevado.

"Mais do que os troféus, que são a cereja no topo do bolo, esta foi uma época muito especial. Não só pelo que foi conquistado na equipa A, mas também por ter sido exigente ao nível do trabalho do dia a dia, que culminou no desenvolvimento de jogadores e promoções ao plantel profissional com resultados desportivos. Todas as equipas tiveram bons estímulos competitivos, desde a base, nos Centros de Formação e Treino, até à equipa B, que faz a transição para o profissional", destacou Pedro Marques, entre outros temas abordados.

A SURPREENDENTE ASCENSÃO DE ANTÓNIO SILVA E JOÃO NEVES

"São dois jogadores oriundos de Centros de Formação e Treino e foram os expoentes máximos da formação à boleia de uma transição que não era esperada ao nível da preponderância tão marcada no rendimento da equipa principal, tanto no Campeonato como na Liga dos Campeões. São miúdos fantásticos, com famílias que os ajudaram a gerir este processo. São boas surpresas. Todos vimos como o António entrou e se afirmou na equipa A. Tínhamos uma perspetiva de que poderia chegar lá e, depois, tudo dependeria da qualidade e da mentalidade dele para singrar num balneário de homens que lutam por títulos. Ele fez tudo isso de forma muito rápida, pois esperávamos que ele ainda tivesse de se consolidar com seis meses ou um ano na equipa B. O processo do João foi um pouco diferente. Integrou o plantel da equipa B e até começou no banco, mas demonstrou, sempre, mentalidade e foco no dia a dia. Trabalhou, primeiro nos bês e, depois, na equipa principal, com uma alegria enorme à procura de oportunidades. Foi essa mesma alegria que ele transmitiu e acrescentou ao plantel principal, numa fase difícil em termos de resultados. Confirmaram que conseguem chegar, ver e vencer."

RUI COSTA E ROGER SCHMIDT ATENTOS À FORMAÇÃO

"Na sua primeira temporada completa, o Presidente Rui Costa demonstrou de forma clara o carinho especial pela formação. Os jogadores ficam motivados pelo passado dele, que integrou a formação e a equipa principal, antes de um trajeto de sucesso lá fora e do regresso ao Benfica. Também é de salientar o trabalho do míster Roger Schmidt, que criou espaços para os jogadores da formação chegarem ao plantel profissional. Logo na pré-época chamou 14 jogadores das equipas jovens e, com isso, reconheceu o trabalho feito na formação ao longo de muitas gerações. A porta da formação principal não está escancarada, mas está entreaberta e temos de ajudar os jogadores a chegarem lá nas melhores condições possíveis. O míster já deu todos os indicadores de que está atento ao que se faz na formação e, depois, depende dos jogadores mostrarem o que valem."

APOSTA ARRISCADA E FRUTUOSA NOS SUB-19

"Na equipa B tivemos uma época complicada em termos de resultados, mas a maior conquista foi ver os jogadores que transitaram para a equipa principal. Nos Sub-23 fizemos uma 1.ª fase muito boa, com futebol positivo e muitos golos, mas na 2.ª fase tivemos mais dificuldades à conta de alguns ajustes e lesões. Também falhámos o objetivo da UEFA Youth League. Ficámos aquém do que se esperava e é algo que temos de melhorar para apontar a uma boa edição em 2023/24. Nos Juniores não ganhámos o Campeonato. Tomámos uma decisão arriscada, que foi, pela primeira vez na história, jogar uma competição Sub-19 com jogadores Sub-18. Achámos que era o melhor contexto competitivo e, se calhar, ninguém acreditava que íamos lutar até ao final pelo título. Estivemos perto, mas, infelizmente, não conseguimos ser eficazes nos últimos dois jogos."

BASES SÓLIDAS PARA O FUTURO

"Somos muito exigentes connosco e é-nos exigido isso. Já estamos a trabalhar no que podemos melhorar para o próximo ano. A transição dos escalões mais jovens para o Estádio Universitário de Lisboa será um passo importante e estruturante para a formação, tal como a melhoria de condições e oferta nos Centros de Formação e Treino. No Benfica Campus tivemos ajustes de uma ou outra equipa técnica para criar contextos de excelência, nunca esquecendo o sentimento de Clube, a competência, o rigor e a ambição de formar melhores jogadores e ganhar mais títulos."