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Judo
Com 17 anos, com tudo a correr-lhe bem, Rodrigo Lopes partiu o pescoço num combate e miraculosamente sobreviveu. À lesão e à descrença. Contra as previsões dos médicos, voltou ao judo, e há quase cinco anos representa o Benfica e corre atrás do sonho dos Jogos Olímpicos.
29 novembro 2023, 11h35
Rodrigo Lopes
Sem se aperceber do risco que correu, ainda faria e venceria a luta seguinte, com a incrível autorização médica. Esse dia, no entanto, acabaria com o seu internamento imediato, assim que o médico das urgências percebeu a gravidade da situação. Mais tarde, diria a Rodrigo Lopes que escapara com vida devido à sua musculatura, que manteve, em equilíbrio precário, o osso do pescoço que lhe permitia manter a respiração.
De acordo com o especialista, Rodrigo Lopes contraiu a lesão do enforcado e que, cientificamente, se tornava difícil explicar a sua sobrevivência, e ainda mais depois de ter voltado a lutar e a não ser imediatamente imobilizado. A sua vida e a sua carreira estiveram por um fio, mas menos de um ano depois, ao contrário do prognóstico inicial, voltou aos treinos e à sua carreira. Com medo, mas tornando-o uma fonte inesgotável de alimentação do seu sonho.
"Foi amor à primeira vista. Encantei-me por Lisboa antes mesmo de assinar pelo Benfica. Estive na cidade cerca de um mês, e cheguei a casa e disse: é aqui que eu quero viver"
Rodrigo Lopes
Está no seu quinto ano de permanência no Benfica. O que é que mais retém da sua experiência em Lisboa e no Clube?
Foi amor à primeira vista. Encantei-me por Lisboa antes mesmo de assinar pelo Benfica. Estive na cidade cerca de um mês, e cheguei a casa e disse: é aqui que eu quero viver. Quando não tinha treino, ia passear para a Baixa, e a cada lugar que visitava, ficava encantando. Mesmo hoje, quando não estou muito cansado da competição e das viagens, vou muito para a Baixa da cidade, ver os miradouros.
É a zona da cidade que mais o fascina, a Baixa de Lisboa?
Sem dúvida, é muito bonita e traz-me sensações muito positivas, por mais vezes que a visite, eu desfruto sempre, é uma espécie de reencontro, é o lugar onde coloco a minha cabeça no lugar e onde me sinto mais próximo de casa.
Quando fala de casa, fala do Rio de Janeiro. Não tem saudades?
Tenho muitas saudades, mesmo. Neste momento, no Rio de Janeiro, as pessoas vão às 3 da manhã para a praia, porque está muito calor. O verão de Portugal faz-me lembrar o Brasil, mas agora as diferenças são maiores.
O que é que sente quando os seus amigos lhe dizem que estão 45 graus às 3 da manhã?
É a saudade da família, dos amigos, mas também saudades do local, de Copacabana. Com a diferença horária, muitas vezes, à hora a que eu saio para treinar, os meus amigos estão todos na praia. À pergunta sobre o que estamos a fazer, eu digo que vou treinar, e eles dizem que estão na piscina.
"Numa competição de Sub-21, ganhei duas lutas, e na terceira dei uma projeção e bati com a cabeça. O juiz não viu, eu, sem saber muito bem onde estava, continuei e ganhei a luta"
RISCO DE VIDA
Olhemos agora para a sua carreira, que foi interrompida quando tinha 17 anos e era um dos judocas mais promissores do Brasil...
Estava no melhor ano da minha carreira, naquela altura. Fui convocado para uma seletiva para os Jogos Olímpicos de 2016, já tinha sido campeão sul-americano e três vezes campeão nacional. Uma semana antes dessa seletiva, numa competição de Sub-21, ganhei duas lutas, e na terceira, dei uma projeção e bati com a cabeça. O juiz não viu, eu, sem saber muito bem onde estava, continuei e ganhei a luta.
Mas a lesão era grave?
Bati de cabeça, desmaiei, as pessoas alertaram para isso, mas continuei a lutar porque ninguém imaginava o que tinha acontecido. Saí da luta, estava com o pescoço um pouco travado, não conseguia mexer, mas a médica da competição disse que estava tudo bem, que podia ser um torcicolo, e eu continuei a lutar. Porque eu tinha a competição mais importante da minha carreira uma semana depois e, se dissesse que estava lesionado, não iria à seletiva. O meu treinador disse para eu fazer o aquecimento, puxou por mim, pela gola do meu quimono, e aí deixei de sentir o meu corpo. A seguir, antes de ir para o hotel, ainda fui comer no McDonald’s, e só no hotel é que me apercebi de que não me conseguia deitar. O meu pai recomendou que fôssemos ao médico, porque no dia seguinte tinha de voar para casa.
Essa decisão de ir para o hospital salvou-lhe a vida?
Quando cheguei ao hospital e comecei a contar o sucedido ao médico, ele não queria acreditar. Percebeu o que se estava a passar e pediu logo uma cama de internamento para mim. Aí, comecei a ficar assustado. Comecei a fazer os exames, tive de ficar na posição de zero graus, só comia por uma palhinha ou por uma sonda, sem me mexer, durante quatro dias.
O que é que lhe disse o médico quando percebeu o que tinha realmente acontecido?
Nunca mais esquecerei a frase dele: "Fico feliz e triste por você. Feliz porque você está vivo, e triste porque não vai poder voltar ao judo." Tinha partido o pescoço, durante todo aquele tempo tinha corrido risco de vida, e só não morri porque sou um atleta. Eu tinha tido a lesão do enforcado, tinha partido aquele osso do pescoço sem o qual a pessoa deixa de respirar. Mas, como sou atleta, a minha musculatura salvou-me, porque conseguiu manter o osso no lugar. Mas, mesmo assim, uma explicação pouco científica, porque ele disse que nunca tinha visto nada assim.
SEQUELAS PARA A VIDA
Mesmo assim, alguns meses depois, voltou ao judo. Como é que isso foi possível?
Porque adoro o judo e desde criança tinha definido esse objetivo de ter uma carreira na modalidade. Claro que fiquei com sequelas do acidente, em situações de maior stress, ou depois de viagens muito longas, fico com o pescoço muito duro, tenho dores, especialmente depois dos treinos e da competição. Mas a competição é pior, porque eu fico muito tenso, a minha musculatura do pescoço dá-me logo o aviso.
Quanto tempo é que demorou até regressar aos treinos?
Andei sete meses com colar cervical, não podia treinar muito. Fui correndo, fazendo pernas no ginásio, mas não podia arriscar mais do que isso.
E, quando voltou a treinar, não sentiu medo?
Ainda hoje tenho medo. Mas a minha paixão e o desejo que tenho de fazer carreira são maiores que o meu medo. E relembro o que se passou, não como sinal de fraqueza, mas como sinal de força. Sinto-me feliz por ter tido uma nova oportunidade de construir a minha carreira.
"No Brasil, toda a gente conhece o Benfica. O que eu não conhecia era o ambiente aqui no Clube, que é maravilhoso, nem as condições que o Clube oferece aos seus atletas"
"JOÃO NEVES É UMA INSPIRAÇÃO"
Quando chegou ao Benfica, houve alguma coisa que o tenha surpreendido?
Na verdade, surpreendido, não. Confirmei aquilo que sabia, que se trata de um clube enorme, que adoro representar. No Brasil, eu cheguei a jogar futebol, gosto muito de futebol, sou torcedor do Vasco da Gama. O meu jogador preferido era o Ronaldinho Gaúcho. Por isso, conhecia o Benfica. No Brasil, toda a gente conhece o Benfica. O que eu não conhecia era o ambiente aqui no Clube, que é maravilhoso, nem as condições que o Clube oferece aos seus atletas. Isso é muito difícil de encontrar noutro clube.
Gostando de futebol, tem algum jogador preferido na equipa do Benfica?
O meu jogador preferido é o David Neres, muito imprevisível, é um jogador com todas as características que distinguem o futebol brasileiro. E gosto do João Neves, um jogador jovem que é uma inspiração para todos os atletas do Benfica, seja qual for a modalidade.
No próximo ano vão disputar-se os Jogos Olímpicos em Paris. É a sua grande oportunidade?
É o meu sonho. Desde criança que sonho com isso, e, depois da minha lesão, foi isso que me fez voltar. Estive nos Jogos Olímpicos de Tóquio, integrado na seleção de Portugal, mas, como não consegui os mínimos, não pude competir. Foi uma experiência incrível, mas nos dias dos combates era difícil não ir para o tatâmi.
Se os Jogos fossem hoje, estaria qualificado?
Sim, com os pontos que acumulei no Open da Austrália, com a medalha de bronze, fiquei em posição de qualificação. Mas vou ter de continuar a fazer pontos, até junho de 2024, quando termina o período de qualificação.
Estando em Paris, acredita que aí tudo é possível?
Claro que sim. Vão estar os melhores atletas do mundo, e eu já ganhei combates a todos eles. O primeiro passo é estar lá. Chegando a Paris, é para competir, ganhar combates, e tudo será possível.
Artigo publicado na edição de 24 de novembro do jornal O Benfica
Texto: José Marinho
Fotos: Arquivo / SL Benfica
Última atualização: 21 de março de 2024