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Futebol
07 fevereiro 2024, 17h24
Roger Schmidt
Ouvir o treinador na antevisão do duelo no Minho com os vizelenses é vital para o entendimento daquelas que são as opções em torno de uma equipa com uma filosofia de ataque, em que o "equilíbrio" é indispensável. Foi nesse contexto que Roger Schmidt, além de abordar o confronto dos quartos da Taça de Portugal, explanou a sua conceção sobre alguns dos pressupostos decorrentes do futebol praticado pelas águias.
Foi o caso das escolhas dos laterais, o papel desempenhado por estes, e os elogios que deixou a qualquer uma das opções que possui para os postos. Mas o técnico não se ficou por aqui e até lembrou o "profissionalismo" com que o Benfica abordou a janela de transferências em janeiro.
O que pensa desta equipa do Vizela? O que espera deste encontro dos quartos de final da Taça de Portugal?
Sobram oito equipas nesta competição, e, quando jogamos contra uma equipa nos quartos de final, significa que venceram todos os seus jogos até então. Penso que a Taça é sempre uma competição especial, nada tem a ver com a Liga. Se [as equipas] estão nesta fase, nas últimas oito equipas, é porque já mostraram qualidade, mas também mentalidade. É porque levam muito a sério esta competição, tal como nós. Esperamos um jogo duro, difícil, nunca é fácil jogar em Vizela. Estamos preparados para fazer um jogo de topo, o nosso objetivo é seguir para a meia-final. Espero um jogo duro.
O Vizela é o último classificado da Liga Betclic. Depois do que aconteceu em Leiria com o Estoril [na Taça da Liga], vai desconfiado para este jogo da Taça de Portugal? São precisas muitas cautelas?
Não tivemos excesso de confiança na Taça da Liga. Criámos tantas oportunidades para marcar, como já disse várias vezes, e não teve nada a ver com o subestimar o adversário. Não me lembro de termos subestimado qualquer oponente no ano e meio em que estou no Benfica. A minha equipa encara o adversário sempre de forma muito séria, na preparação, e é essa a nossa tarefa para amanhã [quinta-feira, 8 de fevereiro]. Por isso, como disse no início, não penso na Liga quando olho para este jogo. Vejo que são os quartos de final da Taça de Portugal, todas as equipas que ainda estão na competição investiram imenso para chegar a esta fase da competição e dão tudo. Nos 90 ou 120 minutos vão dar tudo, e nós também. Estamos prontos a lutar para ir à meia-final, não esperamos um jogo fácil, estamos completamente comprometidos para aceitar a história do jogo e no final queremos vencê-lo.
"A Taça é sempre uma competição especial, nada tem a ver com a Liga. [...] Esperamos um jogo duro, difícil, nunca é fácil jogar em Vizela"
Roger Schmidt
Nos próximos dias, o Benfica vai jogar duas vezes no Minho, frente ao Vizela e ao Vitória SC. Pensa fazer algumas alterações na equipa, tendo em conta o pouco tempo de recuperação entre os dois jogos?
Ajustar a estratégia para cada jogo é algo que fazemos sempre. Não temos muito tempo para os preparar, mas temos de nos habituar a isso, porque o calendário, com a Liga Europa, assim o obriga. E esperamos que possamos ter esta cadência de jogos durante o maior tempo possível. Fazemos tudo de forma muito profissional e o método de recuperação dos jogadores é claro. Sabemos que, em algum ponto, temos de fazer descansar alguns jogadores que estejam a jogar mais, mas não é algo especial. É algo que temos de fazer sempre. Sabemos bem quem precisa de descanso ou não. Estamos habituados a isso.
Disse, depois da partida com o Gil Vicente [20.ª jornada da Liga Betclic, a 4 de fevereiro], que decidiu dar algum descanso a Kökcü, num jogo em que gostou de ver Florentino. Está a considerar jogar com três jogadores no meio-campo, ou pensa em colocar Kökcü noutra posição, por exemplo?
Penso sempre na melhor abordagem para o jogo seguinte, especialmente nestes tempos em que temos tantos jogos consecutivos. Com apenas dois ou três dias entre jogos, temos de pensar em tudo. No fim de semana passado demos, especialmente, algum descanso ao João Mário e ao Orkun [Kökcü], também para partilhar a carga entre todos os jogadores, e para dar a outros a oportunidade de ficarem em boa forma. Precisamos de todo o plantel. Para amanhã [quinta-feira, 8 de fevereiro], é o mesmo. Eles descansaram, estão frescos. Mudar o sistema... não o mudei muito no Benfica, porque acho que o nosso tipo de futebol é melhor nesta formação. Mudámos uma vez, quando tivemos problemas com os laterais, mas jogamos sempre de forma similar, com dois médios-centro. O João Mário, o Orkun [Kökcü] e o Fredrik [Aursnes] são jogadores que podem jogar no centro do meio-campo, mas claro que também podem jogar mais no meio, meio-esquerdo, ou meio-direito. São jogadores flexíveis. Pode ser sempre uma opção eles jogarem nestas posições. Como o faremos amanhã [quinta-feira, 8 de fevereiro]? Vamos ver. Estou contente por termos opções, por termos construído opções e por termos jogadores a regressarem de lesões e os novos jogadores mais integrados com os outros. Agora, temos sempre a oportunidade de ajustar um pouco para o jogo que se segue.
"Estou contente por termos opções, por termos construído opções e por termos jogadores a regressarem de lesões e os novos jogadores mais integrados com os outros"
Morato vai continuar na equipa para manter um certo equilíbrio, ou já sente que Álvaro Carreras é um jogador que pode conferir mais intensidade e capacidade de pressão?
É verdade, precisamos sempre de um bom equilíbrio na equipa. No nosso estilo de futebol, tentamos ser ativos em campo, proativos com a bola, mas também sem a bola nos momentos de pressão, em pressão alta. Temos uma situação, neste ano, diferente da que tivemos no ano passado. Temos diferentes tipos de jogadores, claro que tentamos ajustar um pouco o tipo de atletas em certas posições. Os nossos laterais são jogadores muito importantes para nós em posse de bola, no último terço do terreno, em termos ofensivos. Criámos neste ano, mas também no ano passado, muitas oportunidades de golo utilizando os nossos laterais. Por isso, precisamos deles no ataque, porque não usamos extremos clássicos. Temos jogadores mais interiores no meio-campo ofensivo, significa que temos de utilizar os laterais nos momentos de ataque. Mas os nossos laterais são também muito importantes para as situações em que o adversário tem a bola. Quando queremos jogar em pressão alta, queremos também que os laterais defendam mais à frente, que controlem o espaço nas costas dos jogadores mais atacantes. Portanto, o perfil é ter laterais ofensivos, mas também com muita bravura a defender e no posicionamento tático, porque temos de ter cuidado com os contra-ataques. A tarefa, para os laterais, é muito complexa. Temos jogadores que têm desempenhado estas posições de formas diferentes. Morato, para mim, é uma grande surpresa, tem estado muito bem como lateral, porque ele, se olharem, tem perfil mais de defesa-central do que de lateral. Mas é um jogador de futebol muito bom e nas últimas semanas teve um desenvolvimento de topo. Foi crucial para nós termos encontrado esta solução. Com Morato como lateral pudemos jogar com uma linha de quatro defesas, porque precisámos de Fredrik [Aursnes] como lateral-direito. O desenvolvimento de Morato foi muito importante para nós, é agora um jogador que tem alguma experiência nesta posição [lateral-esquerdo]. O Fredrik [Aursnes] é um jogador diferente do Alex Bah, isso é claro. Fredrik, como lateral-direito, joga mais como um médio, é mais um médio nesta posição. Mas essa é também uma grande vantagem, pois é muito bom com a bola, muito estratégico, e encontrou a sua forma de estar envolvido nos momentos de ataque. Alex Bah é físico e direto, capaz de defender à frente e ganhar a bola. Álvaro Carreras é um jogador novo no Benfica, mas tem estado bem, por isso dei-lhe minutos no domingo [frente ao Gil Vicente]. Penso que também é um jogador diferente, mas todos estes jogadores têm de respeitar este perfil, o que significa ter muitas tarefas no ataque e na defesa. Por isso, têm de se ajustar, e quanto mais o fizerem, mais jogam. Estou feliz, porque tenho diferentes opções para poder utilizar nos jogos que aí vêm nas próximas semanas.
"Morato, para mim, é uma grande surpresa, tem estado muito bem como lateral. É um jogador de futebol muito bom e nas últimas semanas teve um desenvolvimento de topo. Foi crucial"
Neste ano, o Benfica fez o maior investimento de sempre no mercado de inverno. Sente mais pressão para ganhar títulos nesta temporada?
A pressão está sempre presente no futebol, especialmente quando se está num clube como o Benfica. Contratámos quatro jogadores e saíram cinco, na janela de transferências de inverno. No verão passado e no anterior, e, também, no último inverno [2023], foram transferidos atletas de grande qualidade. Isso faz parte da vida do Benfica, que vende jogadores por muito dinheiro. A filosofia do Clube passa por fazer grandes vendas para equilibrar o orçamento, mas temos de ter cautelas, porque temos grandes ambições e temos de ter uma equipa capaz de disputar troféus. Tentar ter o melhor plantel possível é uma missão crucial para nós. Se vendemos jogadores como Gonçalo Ramos e Enzo Fernández, ou, no verão anterior, o Darwin Nuñez, temos de investir e contratar reforços. É preciso equilíbrio e vender mais do que comprar, e acho que fomos inteligentes no mercado. As contratações que fizemos são a pensar no futuro. Se observarmos o valor da equipa, de cada jogador, vemos que há muito potencial para crescer, criar valor e, quem sabe, fazer outra grande venda. Temos muitos jovens com esse potencial, isso é ótimo para um clube como o Benfica. Penso que o investimento foi positivo, o equilíbrio do orçamento é muito bom, e não tem nada a ver com pressão, mas, sim, com profissionalismo.