Futsal Feminino

13 setembro 2024, 11h58

Janice

Janice

É o regresso de uma nova temporada do Protagonista, programa de entrevistas a atletas de elite do Benfica, na BTV. E o começo de uma nova série não poderia ser mais retumbante, com Janice, melhor jogadora do ano em futsal e melhor marcadora. Nesta entrevista, reconhece que não sentiu ter realizado a sua melhor temporada, mas, depois de umas férias muito viajadas, a pivô do Benfica confessa que está pronta para uma nova temporada, onde o objetivo é conquistar tudo. E no sábado, 14 de setembro, há já uma Supertaça para vencer.

PELA MADEIRA ADENTRO

"Aproveitei estas férias para viajar. Fui à Madeira, onde tenho amigos, e estive lá quatro dias, muito bem passados. Aproveitei para descansar, conhecer a ilha, depois de uma época muito desgastante e em que não atingi o meu máximo potencial. Trouxe boas recordações, as pessoas são muito amáveis, muito simples, e há muitos Benfiquistas no Funchal. É realmente incrível a grandeza do Benfica, e durante as minhas férias pude comprovar isso, mais uma vez."

PEGAR DE PUNTA

"Viajei bastante nestas férias. Foram umas férias transatlânticas e vários continentes. Estive no México, em Punta Cana, e, por incrível que pareça, também há Benfiquistas ali. Mas vi muita miséria, pessoas que vivem com muitas dificuldades, mas que não nos faltam com um sorriso, uma palavra amiga. Sou uma pessoa muito sensível a isso, porque não me esqueço das minhas origens, de onde venho e como cheguei a uma situação de algum privilégio. É o que o Benfica nos dá, essa sensação de realização na vida. E isso dá-nos outra perspetiva em relação às pessoas que passam dificuldades. No México, vi as duas realidades. O luxo, que está acessível aos turistas e a pessoas bem-sucedidas, e a pobreza, que é maioritária."

Janice

CABO VERMELHO

"Também fui a Cabo Verde, porque era algo que tinha em mente, há muito tempo, por causa da minha avó, que era cabo-verdiana. Ela dizia-me que tinha de visitar a sua terra, as suas origens, e eu queria cumprir esse desejo dela. Adorei. Estive na ilha do Sal, fui muito bem recebida, tratada como uma rainha. Assim que cheguei, ainda no aeroporto fui reconhecida como a Janice do Benfica. A minha visita não foi anunciada, mas rapidamente me tornei a atração dos muitos, muitos, Benfiquistas que queriam falar comigo, tirar fotos. Através da Fundação Benfica, que tem realizado um trabalho incrível e que acedeu a este meu desejo de ir a Cabo Verde e disponibilizou material do Clube para distribuir pelos mais jovens. Coisas simples, mas que, para quem tem pouco, significam muito. Estive num pavilhão local, muito degradado, mas que está fechado ao público para não se deteriorar ainda mais, e entreguei cachecóis e mais algum material a alguns jovens, e vi a felicidade deles. São pessoas que vivem com pouco e são felizes. Têm sempre um sorriso para nos dar. Foram momentos de muita ternura, de cumplicidade e em que partilhei o meu benfiquismo com muitas pessoas, que me conheciam da equipa de futsal. Conhecem os atletas, seguem todas as equipas do Benfica, não é só o futebol. Não estava nada à espera disso, mas foi reconfortante. Sim, creio que poderiam mudar o nome para Cabo Vermelho, já que os Benfiquistas são a larga maioria dos adeptos."

O PESO DA DERROTA

"Nunca estamos preparadas para a derrota, e muito menos na nossa equipa, que vai acumulando títulos. O que aconteceu na época passada, com a derrota com o Novasemente, para a Taça da Liga, foi algo que custou muito a digerir. Ainda por cima porque, logo a seguir, ganharam-nos, de novo, e na Luz, na nossa fortaleza. Foi uma aprendizagem, mas, durante um mês, pensámos muito naquilo que tinha acontecido. No jogo da Taça da Liga, falhámos muitos golos, acabámos por nos enervar, a bola a não entrar, e depois, nos penáltis, aconteceu o que ninguém esperava. Depois, no jogo da Luz, ainda foi mais inexplicável. Tínhamos uma vantagem de 2 golos nos minutos finais e, de repente, perdemos o jogo. Foi duro, mas também foi um alerta. Afinal, não somos invencíveis e, no futuro, teremos de estar preparadas para estes momentos, porque eles podem acontecer. Mas foi muito duro. Somos uma equipa que só se realiza na vitória."

Janice

JOGADORA DO ANO

"Evidentemente que fico satisfeita por receber essas distinções. E comecei agora o novo ano da mesma forma que terminei o anterior. Fui eleita a melhor jogadora e melhor marcadora da Supertaça Ibérica, como já tinha sido a melhor jogadora e melhor marcadora da liga portuguesa. Mas, em boa verdade, se fosse eu a escolher a melhor jogadora do ano, entregaria essa distinção à Maria Pereira. Fez uma grande temporada, evoluiu imenso, foi determinante em muitos momentos da temporada. Para mim, foi a jogadora do ano, claramente, do futsal nacional. Tem uma qualidade incrível, tem uma energia e uma força que nos contagiam a todas. E, honestamente, acho que não estive ao meu melhor nível na época passada. Especialmente entre dezembro e fevereiro, tive ali uma quebra, que é natural em todas as jogadoras. Sinto que me faltava alguma explosão. Não foi a minha melhor época, e, sinceramente, penso que a Maria Pereira esteve num nível acima do meu. Fez uma grande temporada e está a jogar um futsal de um nível muito alto."

SUPERTAÇA IBÉRICA

"Foi uma vitória importante, porque essa conquista escapou-nos na época passada. E é sempre importante começar a ganhar, porque esse é o nosso ADN. Ganhar e ganhar. E é importante, também, para a afirmação internacional da equipa e do Clube, no futsal europeu. Depois da vitória na Champions, na época passada, ganhar a Supertaça Ibérica frente às melhores equipas espanholas, cheias de internacionais por Espanha, que nós encontramos nos jogos das seleções, dá-nos um alento especial para a temporada. Foram dois jogos muito exigentes e serviram para percebermos em que nível é que já estamos. E saímos da competição muito animadas, muito motivadas para a temporada."

Janice

COMPETITIVIDADE DA LIGA

"Temos clubes a reforçar muito as suas equipas. Vai ser cada vez mais difícil manter o nosso padrão de vitórias. Temos o Porto Salvo, que subiu de divisão e se reforçou bastante, com três jogadoras de muita qualidade e que já jogaram no Benfica. Vai ser uma equipa difícil de bater. O Novasemente também continua a investir, manteve a base da época passada e reforçou-se com duas jogadoras do Nun'Álvares e, portanto, vai estar ainda mais forte. E, claro, o Nun'Álvares, que tem sido o nosso maior rival nos últimos anos e continua com o seu projeto de quebrar a hegemonia do Benfica. Vai ser um campeonato muito disputado, e isso é muito positivo para todas as equipas e para o futsal português. E isso nota-se, pelo interesse que o futsal feminino está a suscitar, com as transmissões dos jogos e os pavilhões cada vez mais cheios. Será uma época longa e difícil."

MUNDIAL À PORTA

"Ainda teremos de superar a fase de apuramento, em março, mas acredito que estaremos no Mundial. Por ser o primeiro, é muito importante para todas nós, que lutamos por isso há anos. E, no Benfica, temos a Inês Fernandes, a Sara Ferreira e a Ana Catarina, que lutam por isto há muito mais tempo. Será também uma oportunidade para elas, que merecem. Não está nada fechado, e todas nós temos esse objetivo de estar neste marco importante da história do futsal feminino em todo o mundo. É mais um estímulo para as jogadoras e mais um sinal de que estamos no rumo certo, de equivaler ainda mais o futsal feminino ao masculino. Haverá sempre diferenças, claro, mas é importante que se reconheça o feminino, tanto como se reconhece o masculino. E acredito que ainda será no nosso tempo que teremos uma Champions de clubes no futsal feminino. Nós merecemos, e clubes como o Benfica, que têm apostado na modalidade e são exemplares no apoio que nos dão, também merecem."

Artigo publicado na edição de 13 de setembro do jornal O Benfica

Texto: José Marinho
Fotos: Arquivo / SL Benfica
Última atualização: 17 de setembro de 2024

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