"Temos como ambição vencer a Taça de Portugal"

ANTEVISÃO

Dar uma "imagem à Benfica" e vencer é o que o treinador Bruno Lage pretende para o encontro frente ao Pevidém, neste sábado, 19 de outubro, às 20h15, no Estádio Comendador Joaquim de Almeida Freitas, referente à 3.ª eliminatória da Taça de Portugal.

Bruno Lage ambiciona entrar no novo ciclo competitivo, após os compromissos das seleções nacionais, com um triunfo, apelando ao foco dos seus atletas, os quais pretende ver a atuar frente ao Pevidém com determinação para deixarem uma imagem "à Benfica". "Queremos jogar bem, queremos criar mais oportunidades de golo e queremos marcar mais golos", referiu. "Temos como ambição vencer a Taça de Portugal", vincou o técnico na conferência de Imprensa realizada no Benfica Campus, nesta sexta-feira, 18 de outubro.

O que sabe deste adversário? Que tipo de jogo espera amanhã [sábado, 19 de outubro] em Moreira de Cónegos?

Preparámos este jogo como preparámos os dois últimos, quer com o Nacional, quer com o Atlético [de Madrid]. Tivemos este período de tempo em que pudemos, mesmo com poucos jogadores, olhar um pouco para nós e trabalhar um bocadinho algumas dinâmicas que podíamos trabalhar. Depois, nos últimos três dias, já com o plantel, preparar um jogo que vai ser típico de Taça [de Portugal]. Uma equipa, a meu ver, muito bem organizada e trabalhada, com boas dinâmicas, jogadores interessantes, em particular as movimentações do Araki e do Pedrinho, são dois jogadores que dão dinâmica à equipa. Como tal, esperamos um jogo de Taça [de Portugal], mas a forma como o preparámos, como disse, foi à semelhança de como preparámos os dois últimos. A maneira como treinámos ontem [quinta-feira] e hoje [sexta-feira], com todo o grupo, deixa-nos realmente confiantes em fazer um bom jogo, vencer, dar continuidade ao que temos vindo a fazer no último mês, e seguir numa competição que temos como ambição vencer.

Há dias soube-se que o Benfica está a ser acusado de corrupção desportiva e fraude fiscal. Enquanto treinador, como viu tudo isto? Que impacto tem em si? O Presidente Rui Costa falou consigo ou com a equipa para vos tranquilizar?

O Presidente [Rui Costa] fala connosco sobre as questões do dia a dia da equipa, isso é que é o mais importante. Eu, como treinador, tenho duas obrigações: preparar a equipa da melhor forma, e que amanhã [sábado] a equipa entre em campo a dar a imagem à Benfica que nós queremos. As outras coisas... Eu entendo as vossas [jornalistas] questões, mas a minha preocupação e responsabilidade é o que a equipa vai fazendo, preparar a equipa e amanhã [sábado] apresentar uma boa imagem em campo.

Preocupa-o que esta questão possa ter até impacto desportivo na equipa, e que possam surgir sanções a nível desportivo para o Benfica?

É como disse anteriormente: entendo as questões, e são questões de olhar para trás. Eu não gosto muito de olhar para trás. No que me tenho de focar enquanto treinador é na imagem que a equipa tem de apresentar amanhã [sábado], esse é o facto mais importante. Compreendo as vossas questões, mas só consigo fazer uma coisa de cada vez, e neste momento o meu foco é na preparação da equipa, e de amanhã [sábado], uma vez mais, a equipa dar uma imagem à Benfica.

Andreas Schjelderup está nomeado para Golden Boy 2024. Vem agora de dois bons jogos pela seleção Sub-21 da Noruega, marcou três golos, mas não tem tido muitos minutos na equipa do Benfica. É visto como um jogador muito promissor, foi um atleta que custou muito dinheiro ao Benfica. É muito jovem, é verdade, mas o que é que lhe falta para se afirmar na equipa A do Benfica?

Muito dinheiro devem ter custado quase todos, por isso, nesse patamar, está em igualdade com todos os colegas. Aquilo que tem faltado ao Andreas [Schjelderup], assim como aos colegas que não têm jogado tanto, é oportunidade. Entrámos na situação com a época a andar, tivemos de resolver e preparar uma equipa para jogar um ciclo. Não fizemos muitas alterações na equipa, porque o objetivo, naquele momento, era o de vencer jogos e ir preparando a equipa para ter um rendimento que eu acho que podia ter. Ainda estamos nesse processo. O mais importante é que estamos satisfeitos com o trabalho que os jogadores vão desenvolvendo, e, a cada momento, assim que tiverem uma oportunidade, eles poderem corresponder. Não lhe quero estar a enganar, podemos depois confirmar essa informação, até porque foi um dos meus adjuntos que me disse, e eu fiquei na dúvida, já há algum tempo, acho que o Andreas estreia-se para o Campeonato no Estádio da Luz connosco, por isso é tudo uma questão de se prepararem no treino, e, quando surgir a oportunidade de jogar, eles apresentarem rendimento. Temos estado satisfeitos com a equipa que tem jogado, temos estado muito satisfeitos com os jogadores que têm entrado e ajudado a equipa a atingir as boas exibições, a marcar golos, a continuar com o registo que pretendemos ter durante os 90 minutos, por isso é ele e todos os outros continuarem focados e preparados para, a cada oportunidade, poderem corresponder.

Falou que o seu foco está em preparar a equipa da melhor forma, não só para este jogo, para qualquer jogo que surja. O facto de haver uma questão com potenciais consequências graves para aquilo que é a instituição Benfica dificulta de certa forma essa preparação? Causa a necessidade de ter de blindar o grupo pelo facto de o Benfica poder ficar suspenso das competições caso fique provado alguma coisa?

Pois, é isso que você tocou. Caso fique provado alguma coisa... Há um processo que vai ter de correr, porque está a decorrer, por isso, como não sou nem advogado, nem juiz... Aquilo que eu sou é treinador, e o meu foco é preparar a equipa. A melhor maneira de nós focarmos os jogadores ou de blindar é eles terem-nos, a mim e à minha equipa técnica, como exemplos. Por isso, tudo aquilo que falamos, entre nós, é sobre as questões do treino, do jogo, qual o caminho que a equipa pode ter, que tipo de dinâmicas pode ter, conhecer os jogadores melhor, pois temos jogadores interessantes que podem jogar em mais do que uma posição. Vocês [jornalistas] tiveram oportunidade de verificar isso ao longo do último mês. Depois é a forma como preparámos o jogo de amanhã [sábado], semelhante ao do Nacional e semelhante ao do Atlético [de Madrid]. Os jogadores olhando para nós nesse sentido, é o melhor exemplo para manter a equipa focada em dar uma imagem à Benfica amanhã [sábado].

Disse que a equipa ainda está num processo de evolução e de crescimento desde que chegou. O próprio Kökcü, na seleção, disse que a equipa tem apresentado bons resultados e exibições, mas que ainda pode fazer melhores desempenhos. O que quer que a equipa faça para chegar a esse patamar ainda mais elevado, até atendendo ao ciclo de sete jogos que aí vêm, alguns mais difíceis, de Liga dos Campeões, e até um clássico com o FC Porto?

É sempre importante os jogadores terem essa ideia, porque isso revela a ambição que queremos, nós, enquanto equipa técnica, e eles, enquanto jogadores. É basicamente aquilo que se faz numa pré-época, consolidar processos, ter dinâmicas sólidas, relações entre eles dentro do campo. Isso faz-se com tempo. Ao fim e ao cabo, é entendermos, a cada momento, a equipa. Como é que a equipa pode jogar, em que sistemas pode jogar, que jogadores é que nos podem oferecer determinadas soluções em determinadas posições. Esse é um ponto. E também preparar a equipa para jogar contra diferentes sistemas. A equipa tem dado esses passos seguros, agora é ter tempo para consolidar. Vamos aproveitando todo o tempo que temos para trabalhar as nossas dinâmicas e perceber qual a melhor forma em que a nossa equipa pode jogar contra determinados sistemas. Amanhã [sábado], temos mais um desafio muito interessante. O nosso adversário joga numa linha de cinco, com dois médios, com o Pedrinho, com movimentos interiores, ao vir baixar para ligar ao médio, a fazer de terceiro médio. Isso é um teste muito interessante, é um desafio para percebermos como é que a equipa pode corresponder, porque, no futuro, vamos, seguramente, encontrar equipas com esse sistema.

Renato Sanches já está em condições de poder jogar? Outra pergunta: depois de ter levado a equipa à meia-final da Taça de Portugal em 2018/19 e de a ter qualificado para a final em 2019/20 (mas não esteve nessa final), esta competição é, de alguma forma, mais especial para si?

Sobre o Renato [Sanches], ele já treinou ontem [quinta-feira] e hoje [sexta-feira] com a equipa, e o mais importante é ter o jogador no campo e sentir que ele está feliz em voltar a treinar com a equipa, mas vamos fazer as coisas com calma para não darmos passos atrás. O Renato percebe muito bem o trabalho que está a ser feito com ele, e o que pretendemos é que ele regresse à competição na plenitude das suas capacidades e competências, e que possa ajudar a equipa. Sobre a competição: é um facto, entramos amanhã [sábado] numa caminhada de sete jogos e a nossa ambição é voltar a colocar o Benfica na final e vencer, se possível, que é a nossa ambição, a 27.ª Taça de Portugal.

O adiamento do jogo com o Nacional deixou o Benfica a oito pontos da liderança da Liga, ainda que com um jogo a menos. Esse facto deixa o Benfica mais pressionado para este ciclo de sete jogos e que termina precisamente com um clássico com o FC Porto?

Nós estamos sempre pressionados, porque não temos margem para errar. A nossa determinação tem de ser igual, isso vê-se nos pequenos hábitos. E os pequenos hábitos veem-se naquilo que fizemos nestas duas semanas. Nós tivemos um dia de descanso após a viagem ao Nacional, fizemos três treinos e fizemos um jogo de preparação frente ao 1.º de Dezembro para preparar a equipa para o contexto do desafio da Taça de Portugal. Depois, nesta semana, como disse, preparámos o jogo da mesma forma como preparámos o jogo com o Nacional e com o Atlético [de Madrid]. E esses pequenos hábitos é que nos levam a encarar as coisas desta maneira: preparar a equipa, jogar bem, queremos criar mais oportunidades de golo, queremos marcar mais golos. Isso vai-se fazendo diariamente. Para já, o foco é amanhã [sábado], iniciar com uma vitória, depois mais três dias para preparar outro jogo que queremos vencer, e jogo a jogo vamos com esta mentalidade. Mas a mentalidade não se muda de um dia para o outro, ganha-se diariamente nos pequenos hábitos de trabalho, de treino, e do foco daquilo que é o mais importante para a equipa de futebol: a concentração máxima no treino e no jogo.