"Criámos as situações para ganhar e somos justos vencedores"

PÓS-JOGO

Enaltecendo a capacidade dos jogadores para a reviravolta operada frente ao Farense, no jogo dos oitavos de final da Taça de Portugal, Bruno Lage fez a análise à vitória do Benfica, por 1-3, na noite desta terça-feira, 14 de janeiro, no Estádio de São Luís.

Na zona de entrevistas rápidas, em declarações à RTP e à Sport TV, o treinador falou dos ajustes efetuados ao intervalo para a boa entrada na 2.ª parte, que conduziu ao triunfo e consequente passagem aos quartos de final.

"O Farense meteu-se em vantagem e a equipa tentou reagir. Faltou-nos uma circulação de bola mais rápida e chegámos ao intervalo com a intenção de criar boas oportunidades de golo. Falámos ao intervalo, fizemos alguns ajustes, mas o ajuste mais importante que tivemos de fazer foi a adaptação ao campo. Acho que temos uma entrada muito boa no jogo [na 2.ª parte] e praticamente em 10, 12, 15 minutos virámos o jogo para 1-3. De 1-0 para 1-3. Por isso, quando olho para o jogo, aquilo que é justo dizer é que fomos um justo vencedor por aquilo que fizemos nos 90 minutos", analisou o técnico encarnado.

Questionado sobre o bom momento de Schjelderup – marcou na final da Taça da Liga e anotou o golo do empate diante do Farense –, Bruno Lage assumiu que o atacante norueguês foi lançado "no momento certo".

"O que eu sei é que o Andreas [Schjelderup] começou a jogar connosco. Ele está no Benfica há algum tempo, começou a jogar connosco. E aquilo que eu sinto é que o lançámos no momento certo. Começámos quando chegámos em setembro; o Aktürkoğlu fez seis ou sete jogos e fantásticas exibições, e, agora, temos uma alternativa muito válida, que é o Andreas [Schjelderup]. Tenho dois jogadores com golo, que sabem jogar entre linhas, para a mesma posição, sou um treinador feliz. É isso que eu quero nas diversas posições", explicou, numa ideia também refletida na conferência de Imprensa.

ESPÍRITO DE CONQUISTA ENALTECIDO

"Acima de tudo enaltecer o espírito dos jogadores, espírito de conquista, porque não são todas as equipas que, após aquilo que nós fizemos há três noites, de conquistar um título, vêm com a determinação com que nós viemos. Sofremos mais um golo de bola parada, um momento que temos de rever, porque já é o segundo, mas quando olho para o jogo, aquilo que importa referir é que tenho a certeza de que somos justos vencedores. Fizemos alguns ajustes na 2.ª parte, tentar procurar colocar o Zeki [Amdouni] mais próximo do Arthur [Cabral], o Schjelderup e Fredrik [Aursnes] virem para zonas mais interiores, e também conversar com os jogadores para eles entenderem melhor como se joga neste campo, sem a largura a que nós estamos habituados. E acho que foi isso que nós fizemos. Na 1.ª parte, tentámos sempre fazer aquilo que é a nossa dinâmica ofensiva, mas com pouco espaço, e o Farense, do início com a linha de cinco, bloqueou-nos sempre os espaços que nós somos fortes a atacar. Aquilo que de melhor fizemos na 2.ª parte foi perceber como fazer os nossos movimentos, mas em zonas do campo diferentes, e conseguimos encontrar esses espaços, conseguimos criar as situações para vencer e somos uns justos vencedores."

MENTALIDADE DE CAMPEÃO NA EQUIPA

"[Conversa com Arthur Cabral ao intervalo e com Otamendi no final] Vou começar por aí. É a mentalidade de campeão que eu quero na equipa. Mentalidade de campeão. Não é de vencedor, é de campeão. E a mentalidade de campeão é aquilo que nos leva à excelência. É o estar pronto para jogar, para render, para estar sempre disponível para jogar, porque é isso que nós temos de criar, e são os mais velhos... e o Nico [Otamendi] tem esse carisma, tem essa mentalidade e tem de ajudar os mais novos a terem essa mentalidade. Estamos no bom caminho para a ter, temos uma equipa com um espírito, como disse, uma mentalidade muito boa, mas temos de atingir um nível de excelência que nos permita ficar ainda mais realizados. Sobre a conversa, não posso dizer as palavras que disse, pelo menos no túnel, mas foi ser assertivo – as alterações táticas já expliquei –, e dizer-lhes o seguinte: 'Só uma equipa de vencedores, é que dois dias após o título tem uma eliminatória que também nos pode dar outro título.' É verdade que ainda temos de jogar a próxima eliminatória com o vencedor do Braga-Lusitano de Évora, depois meias-finais e depois uma final, mas é um título importante, e vencer dá-nos essa possibilidade de seguir em frente para conquistar o título que o Benfica já não vence há algum tempo."

OPÇÕES ALARGADAS

"[Competitividade interna] Eu entendo a sua pergunta, eu acho que todos eles vão dando passinhos à frente. Não vou fugir à pergunta. Mas veja também o outro lado da questão que é, como treinador, tenho o Aktür [Aktürkoğlu], que chegou e em três meses fez seis, sete golos, e o Andreas [Schjelderup] está neste momento com um mês e tem dois golos e foi muito importante nos últimos tempos. É isso que nós pretendemos. Agora, todos eles estarem em forma ao mesmo tempo não vai acontecer. O que é que vai acontecer? Eu – você está a puxar para mim, eu também estou a puxar para mim... É eu ter a capacidade, a todo momento, de escolher aqueles que em melhor forma estão para jogar. O António [Silva] tem dado passos em frente muito bons sempre que foi chamado, assim como o Tomás [Araújo] deu passos em frente a jogar a lateral-direito, e fez dois jogos muito bons, o Andreas [Schjelderup] está a corresponder. Em suma, é aquilo que eu quero. O Barreiro voltou a fazer um grande jogo nesta noite, é aquilo que eu quero. Ser exigente com eles e eles sentirem que, quando estão num bom momento, eu estou a olhar para eles e dou-lhes a oportunidade de jogar."

SUBSTITUIÇÃO DE DI MARÍA

"Ainda nada posso dizer, só aquilo que o jogador me disse quando o chamei junto à linha, sentiu um pequeno desconforto e fizemos a alteração de imediato."

O DESAFIO DA SUPERAÇÃO

"[Como resgatar Renato Sanches?] É a mentalidade de campeão, é a mentalidade de superação. O desafio é sempre este na nossa profissão, não olhar muito para aquilo que é o momento negativo e pensar já na recuperação, e como disse na anterior, ele sabe que tem treinador, uma equipa técnica e um grupo de trabalho que o vai recolher da melhor maneira."