A primeira pedra de um futuro em grande

REPORTAGEM

O programa da BTV Pelas Casas do Benfica esteve em Alcains, na festa do 20.º aniversário da embaixada benfiquista local, e pôde testemunhar o entusiasmo com que os presentes receberam a notícia das obras que vão transformar a Casa n.º 206 numa das maiores do mundo.

Aos 20 anos, a Casa Benfica Alcains vive o fulgor próprio dessa idade, sob a batuta de um homem especial. José Bemposta é filho da terra, foi um dos que, em 2005, fundaram a 206.ª embaixada do Clube. Depois emigrou, levando o seu benfiquismo para a Suíça (até a bandeira do país é vermelha e branca!), onde se envolveu com a Casa Benfica Genève, chegando a vice-presidente. De volta a Portugal, assumiu a presidência da CB Alcains, a qual tem dinamizado com a experiência que trouxe de terras helvéticas.

"Deixei a Suíça no mês de julho e, quando regressei a Alcains, senti que ainda poderia ser útil a esta Casa. É verdade que é uma Casa que faz 20 anos hoje. E, se faz 20 anos hoje, é graças a este pessoal todo que está aqui. Estamos aqui com uma festa forte, uma festa que, graças a Deus... Eu tenho essa sorte, já em Genève era igual. O pessoal segue-me, eu não posso defraudar. Eu levo o Benfica muito a sério, e hoje é realmente uma resposta à nossa Direção, tanta afluência, porque temos uma sala bem recheada. E é realmente um dia histórico, graças a este pessoal", contou o carismático dirigente.

Sobre as origens da aniversariante, recuou no tempo: "Esta bela embaixada começou com o amor ao Benfica. Antigamente, veja que nós estamos longe de Lisboa, havia uma série de malta que fazia aqui as festas do Benfica quando era campeão ou ganhava a Taça, ou um troféu similar. A gente festejava aqui nesta terra. E então, graças a esses festejos, começámos a pensar que era possível fazer uma Casa do Benfica. A prova de que acreditámos é que hoje estamos aqui, mas isso só é possível graças a esta gente toda que cá está", recordou Bemposta.

A festa não seria nas instalações da Casa, era preciso um espaço que tivesse capacidade para acolher as mais de 250 pessoas esperadas. Muitas delas nem de Alcains eram, chegando de outras partes do país e mesmo do estrangeiro, arrastadas pela capacidade de mobilização de Bemposta, que já fazia festas desta magnitude na Suíça, mas que não esperava ver tanta gente na sua pacata vila.

E é justamente a questão da dimensão do espaço que vai ser retocada. Jorge Jacinto, o diretor do departamento das Casas, tomou o microfone e deu a boa nova: "Tirem, por favor, fotografias às atuais instalações. Porque nós vamos partir as paredes todas. Muito em breve, a Casa do Benfica em Alcains será a maior Casa do Benfica em área no mundo inteiro!" E, pronto, já não se falou de outra coisa.

José Bemposta explicou que não havia petróleo, mas revelou como é que a sua Casa consegue financiar-se. "Vamos aos Calema, no Estádio da Luz. Temos já 60 pessoas inscritas. E porquê? Porque a única maneira de fazer receitas para a nossa Casa é fazer as excursões, divulgar a nossa marca e mostrar a este magnífico povo que a Direção está atenta. Por isso, eu faço aqui um apelo ao microfone da BTV: venham às excursões!"

Jorge Jacinto teve oportunidade de levantar uma ponta do véu do que está em marcha. "O projeto vai ser muito interessante. Hoje a Casa do Benfica é dona de um piso num centro comercial, no centro da vila. E nós vamos partir as paredes todas e vamos juntar as lojas todas. E vai-se fazer com certeza aqui um espaço muito bonito", prometeu.

Cirandando pelas mesas, a repórter da BTV pôde comprovar o entusiasmo com que as pessoas receberam a notícia, dando mais animação – e era difícil – a uma festa que contou com atuações dos Anjos da Noite, uma banda formada por lusófonos residentes na Suíça, e de um grupo de concertinas.

Presente na celebração estava também um rosto conhecido da BTV, o comentador António Bernardo. António nem é de Alcains, mas é um exemplo da tal capacidade de mobilização do presidente da Casa, explicando como ali foi parar.

"É um privilégio de uma situação inesperada. Eu andava em turismo aqui pela região e, como conheço o Bemposta, falei com ele nesta semana, a dizer que vinha cá para cima, e ele disse que era coincidente com a festa da Casa do Benfica, para vir cá jantar, passar por aqui. E eu vim com a família", contou, feliz por ali estar.

Igualmente satisfeito estava Paulo Monteiro – um homem que, por ser delegado das Casas Benfica da Beira Baixa e presidente da CB Belmonte, está habituado a este tipo de festas –, mostrando-se surpreendido com a afluência. "Sim, é verdade que fiquei surpreso. Não tem sido muito hábito, nestes últimos tempos, termos um aglomerado de sócios nesta Casa magnífica em Alcains. E o que é muito importante, não só para Alcains, mas também para a nossa região, pois é motivador para que as outras Casas também possam acreditar que é possível fazer este tipo de encontros", comentou.

E regozijou-se com a nova vida desta Casa. "É sempre possível renascer. Desde que haja gente como aqui o nosso amigo Bemposta, que veio com a vontade de fazer renascer uma Casa que tinha o seu trabalho, tem estado sempre ativa, mas ele agora está com outro projeto e, pelo que sei, vai ser um projeto muito interessante para a nossa região e para as Casas do Benfica da Beira Baixa", comentou o "vizinho" beirão de Belmonte.

"Tudo é possível, basta nós esperarmos", resumiu Jorge Jacinto, empolgado com os novos dias que esperam esta Casa de Alcains.

REPORTAGEM – 2.ª PARTE

MÍSTICA, TRADIÇÃO E UNIÃO NA LIGA DAS MALTAS

Em plena vila de Alcains, no coração do distrito de Castelo Branco, a Casa do Benfica é muito mais do que uma simples embaixada de um clube desportivo. É um ponto de encontro, um espaço de convívio intergeracional, e um verdadeiro símbolo da identidade local. Numa visita especial, o programa Pelas Casas do Benfica, da BTV, acompanhou o ambiente fervoroso desta Casa, onde se vive o Benfica com alma… e onde todos os caminhos levam à célebre Liga das Maltas – um torneio de futsal que une várias gerações.

Logo à chegada, é impossível não sentir a energia e a hospitalidade dos anfitriões. A Casa Benfica Alcains é composta por vários espaços funcionais: loja, sala de jogos, bar, terraço, escritório e sala de troféus. Cada recanto conta uma história, cada parede guarda uma memória.

Na sala dos troféus brilha a Liga das Maltas, o evento anual que marca o calendário da Casa.

"É uma sala de muitos troféus aqui, onde está a Liga das Maltas. Digamos que aqui estão os troféus mais valiosos da história da Casa Benfica Alcains", afirmou, com orgulho, o presidente da CB Alcains, José Bemposta.

A promessa é de muita festa, jogos tradicionais e animação para todas as idades. Entre os destaques está o popular Jogo do Prego, um desafio de destreza em que os participantes tentam cravar um prego num tronco de madeira com o menor número possível de marteladas. Já no exterior, o Torneio da Malha, jogado sobre o alcatrão, reúne gerações num espírito competitivo saudável, onde a camaradagem está sempre em primeiro plano.

Quem acompanha de perto a importância da Casa do Benfica na vida da vila é Milena Santos, presidente da Junta de Freguesia de Alcains. A ligação entre a Casa e a comunidade local tem sido uma constante: "Está a ser muito interessante. Eles têm atividades sempre em colaboração também com a Junta de Freguesia, e é um trabalho glorioso, podemos assim dizer. Portanto, eles têm tido sempre um trabalho constante em prol dos alcainenses e dos Benfiquistas."

Para Milena Santos, a Liga das Maltas é o exemplo mais expressivo dessa ligação entre o Clube e a população: "Nós temos muitos adeptos benfiquistas na nossa vila e, portanto, todo este trabalho que eles fazem neste momento, como a Liga das Maltas, é um trabalho intergeracional. Portanto, é um trabalho fantástico em que eles vão juntar pais e filhos a jogar. Só isso já é um fator muito, muito positivo para a Casa do Benfica. É fazer esta ligação entre pais e filhos."

Mais do que um espaço desportivo, a Casa do Benfica em Alcains assume-se assim como um verdadeiro motor de coesão social e cultural. Um lugar onde as tradições ganham vida e onde a paixão pelo Benfica é apenas o ponto de partida para algo muito maior: o fortalecimento dos laços comunitários.