"Foi um sonho, sem dúvida"

Inês Viana coloca um ponto final na sua carreira de basquetebolista aos 30 anos. Orgulhosa do seu percurso profissional, e grata ao Sport Lisboa e Benfica e à sua equipa por lhe proporcionarem um desfecho "feliz", a internacional portuguesa despede-se das quadras "da melhor maneira".

Regressou ao Clube em 2023/24, após uma passagem pela Luz em 2016/17, mas uma lesão afastou-a da quadra durante grande parte da época e impediu-a de dar o seu contributo ao coletivo. Mesmo fora do campo, esteve sempre presente e viu a equipa regressar aos tão ambicionados títulos. Nessa temporada, recorde-se, as águias ergueram os troféus da Liga Betclic Feminina, da Taça de Portugal e da Taça Vítor Hugo.

Depois da tempestade, veio a bonança. Renovou contrato com o Clube até 2025, com a esperança de que esta fosse "uma época de sonho". E foi! Inês Viana despede-se do basquetebol como campeã nacional ao serviço do Sport Lisboa e Benfica, tendo também feito parte da conquista da Supertaça e da Taça Vitor Hugo.

"Foi um sonho! Um sonho, sem dúvida nenhuma", enfatizou a internacional portuguesa em entrevista à BTV, na qual fez o balanço da sua carreira e das duas temporadas de águia ao peito, destacando o apoio do Benfica e da equipa na sua recuperação e no sucesso desportivo.

TERMINAR A CARREIRA

"Não é fácil... não é fácil. Mas foram muitas lesões. Esta última época foi muito difícil, o meu corpo já me pedia algum descanso. Ponderei muito, e tem de ser, chegou ao fim. Chegou ao fim da melhor maneira, portanto, só posso estar contente."

OLHAR PARA TRÁS

"Com muito orgulho. Não foi fácil. Tive muitas lesões ao longo da carreira, lesões graves que me fizeram ficar parada durante bastante tempo, mas passei por elas e acho que isto acabou por me moldar um bocadinho como jogadora e como pessoa. A minha força de superação, a minha resiliência... Fico muito contente, e estou muito contente pelo que fiz até agora."

PAPEL DO BASQUETEBOL NA VIDA

"Eu acho que – e já disse isto mais do que uma vez – a pessoa que eu sou deve-se ao basquetebol. Desde muito cedo que jogo, desde muito cedo que sou praticamente profissional, e acho que 90% dos meus valores decorrem do basquetebol. É um desporto coletivo, ensina-nos tanta coisa sobre a vida, e ensinou-me tanta coisa sobre a vida, que eu acho que, como pessoa, sou muito pelo que o basquetebol me deu."

PASSAGEM PELO BENFICA

"Fui muito feliz no Benfica. A primeira época [2016/17] já foi há algum tempo. Foi numa época em que o Clube estava realmente a evidenciar-se na Liga e a crescer. Mas nestas duas últimas épocas [2023/24 e 2024/25] – tirando a parte da lesão – acabei por ser muito feliz. Foram 2 Campeonatos. É o que nós todos queremos, acabar a época e levarmos a taça connosco."

UNIÃO FEZ A DIFERENÇA

"Fantástica, fantástica! Depois de tantas adversidades, tanto no ano passado como neste ano, acho que a nossa ligação fora de campo acabou por fazer a diferença toda. Nós fomos uma família, e isso viu-se no final."

GRATA AO BENFICA E AO COLETIVO

"Sem muitas papas na língua, foi um inferno. Esta última lesão foi grave, com muitas complicações. Só tenho de agradecer ao Benfica, porque eu sei e tenho plena noção de que se não estivesse num clube como o Benfica, com as condições que o Benfica tem e me deu, se calhar neste momento não tinha feito mais uma época, não andava a correr. Portanto, estou mesmo muito grata ao Benfica, às condições médicas que o Benfica teve, que me deu e que me continua a dar. E ainda mais grata à minha equipa, porque elas foram espetaculares. Nunca me deixaram um segundo e a verdade é que elas estiveram sempre à minha espera. Esta última época também foi muito por causa disso."

MOMENTOS ALTOS DA CARREIRA

"Esta última participação no EuroBasket acabou por acabar em grande, acabou por ser mesmo a cereja no topo do bolo. Acho que desde miúda, não só eu... todas as jogadoras de basquetebol querem acabar na Seleção. E fazer parte de um momento tão bom, histórico, foi espetacular. Depois, acho que... sempre que voltava de lesões graves, os primeiros jogos logo a seguir foram espetaculares. E este, no Benfica, não foi diferente."

SELEÇÃO E CLUBE

"Representar a Seleção é um orgulho. É o culminar do trabalho, todo o trabalho árduo que nós fazemos durante a época, quando estamos nos clubes. A verdade é que sem os clubes não haveria Seleção. Portanto, eu, durante o ano, trabalho muito, e trabalhei muito, para poder nos verões representar as seleções, como é óbvio. A diferença está aí. Estão as melhores jogadoras do nosso país ali. Somos uma família, é fantástico."

O QUE FICA E O QUE SE SEGUE

"Fica tudo. A verdade é esta, fica tudo. Fico muito feliz por ter acabado da maneira como acabei, mas fico muito triste por já ter acabado. Como é óbvio, sonhava aos 40 [anos] ainda estar a jogar, e os meus filhos verem-me a jogar. Não foi possível, mas fica todo o orgulho e fica toda a gratidão pelo que o basquetebol me deu. Daqui para a frente, quem sabe, podem ver-me aí noutro papel. Não como jogadora, mas se calhar como treinadora, quem sabe?"

AGRADECER À EQUIPA E AOS ADEPTOS

"Para a minha equipa, só tenho mesmo de agradecer. De agradecer mesmo, do fundo do coração, a união, a força que me deram, que nunca me deixaram. Isto foi tudo um bocadinho por elas também. Quanto aos Benfiquistas, é agradecer igualmente por todas as palavras de apoio, por lá terem estado sempre, e porque são fantásticos. Este título também é deles. Estes últimos títulos conquistados também são deles, porque o Benfica é isto. É um clube de pessoas, e é isto que nos faz tão grandes."