Vinte anos de Mística à beira do Minho

REPORTAGEM BTV

Bem no Norte de Portugal, junto ao rio Minho e à fronteira com Espanha, encontra-se Vila Nova de Cerveira, uma terra tranquila, raiana e de pequena dimensão, onde o benfiquismo se faz notar com força! A mais de 400 quilómetros do Estádio da Luz, é a Casa Benfica que mantém acesa a chama do Clube na região. Há já duas décadas – recentemente celebradas – que dinamiza a paixão encarnada na vila.

Em 3 de junho de 2005, a Casa Benfica Vila Nova de Cerveira dava os primeiros passos. Como tantas outras, nasceu da vontade de um grupo de amigos que, ao verem outras embaixadas florescer, quiseram criar um espaço local onde se respirasse benfiquismo. Passado este tempo, celebram-se duas décadas de um percurso feito de altos e baixos, mas sempre sustentado pelo amor ao Clube.

"É uma responsabilidade. No fim, somos os representantes de uma comunidade de Benfiquistas, que olha para nós para ver o que fazemos, ou não fazemos. É muito difícil estar à frente de uma Casa tão pequena, com tão poucos sócios, onde a participação depende muitas vezes dos resultados do Benfica", admitiu Rui Ribeiro, fundador e presidente da Mesa da Assembleia Geral da Casa, no programa Pelas Casas do Benfica, da BTV.

Apesar das dificuldades, a chama nunca afrouxou. "Felizmente, conseguimos mantê-la [à Casa]. Muitas vezes, do nosso próprio bolso... Mas o amor é grande. É um grande orgulho, hoje, ver a Casa aqui, ver as pessoas do Benfica. Espero que a malta mais nova continue o trabalho dos mais velhotes, como eu, e que continuem com força", acrescentou.

A embaixada n.º 192 é atualmente a Casa mais a norte no país – uma localização que não esmorece a intensidade com que se vive o Clube em Vila Nova de Cerveira.

"É verdade que as Casas com mais distância têm uma intensidade diferente na sua paixão. A Mística tem uma intensidade maior. É uma Casa muito unida, de gente muito unida", reforçou Jorge Jacinto, diretor das Casas Benfica.

E há boas notícias no horizonte: em breve, os adeptos vão poder usufruir de um espaço renovado e mais à imagem do Benfica.

"Vamos finalmente trazer a nova imagem das Casas Benfica. Vai acontecer muito em breve, porque vamos remodelar novamente a Casa Benfica Viana do Castelo. As obras já vão começar na Casa Benfica Barcelos, e nesta levada vamos ter aqui a Casa Benfica Vila Nova de Cerveira com esta imagem da uniformização das Casas Benfica. Até porque estes Benfiquistas – como todos – merecem um carinho diferente, um carinho especial", concluiu.

Na comemoração dos 20 anos da Casa Benfica Vila Nova de Cerveira também marcou presença o vice-presidente do Clube Domingos Almeida Lima, que ressaltou o facto de esta embaixada continuar ativa.

"O Minho é uma zona de muito benfiquismo, é uma zona de gente muito benfiquista, e no meu mandato já teve 5 Casas abertas. Infelizmente, por causa da pandemia e outros motivos, houve 3 que fecharam. Em boa hora, esta Casa de Vila Nova de Cerveira renasceu das cinzas, porque foram anos muito difíceis. Graças à equipa dirigente e graças aos seus fundadores, renasceu e está a trabalhar de uma forma pujante. Isso é muito importante", salientou.

A localização raiana da vila é, para o vice-presidente do Benfica, uma mais-valia: permite também aos "vizinhos espanhóis" sentirem de perto o espírito Benfiquista.

"É salutar. E é, de certa maneira, confortante estarmos aqui hoje a comemorar os 20 anos da Casa num ambiente de tantos Benfiquistas. Cerveira tem à volta de mil habitantes, e esta sala está cheia", expressou.

Neste percurso de alguma longevidade, mas com muito para andar, Pedro Soares, elemento da Direção, destacou "a fundação da Casa e a paixão dos sócios fundadores".

"Infelizmente, 3 deles já não estão entre nós. Mas a paixão daquela gente, a abnegação, a vontade, o querer... Passados estes 20 anos, olharmos para o Alto Minho e dizermos que não há uma Casa acima de nós... Temos Viana do Castelo, a sede do distrito, e temos Cerveira. Essa gente mereceu, e continua a merecer, uma homenagem da minha parte. Pela vontade, a perseverança, o querer, e tudo aquilo que faz de nós Benfiquistas, que é essa coragem e essa crença de acreditarmos sempre que somos capazes de fazer mais e somos capazes de fazer melhor", explicou.

João Araújo, sócio-fundador da Casa, não esconde o orgulho. "Somos a única Casa que existe a nível de distrito. Temos vaidade nisso. Somos Benfiquistas, orgulhamo-nos daquilo que somos e da nossa Casa. Não é grande, mas é nossa", asseverou.

Se restassem dúvidas, o presidente da embaixada, João Pereira, dissipou-as: "O Minho é o benfiquismo!"

"Nós temos muito adepto no Minho. O Minho é Benfica. Embora estejamos perto de outras coisas, nós somos Benfiquistas, e os Benfiquistas juntam-se, também, para comemorar as alegrias, não é? É o convivo com os sócios. Ganham-se amizades que ficam para a vida. E cada vez mais pessoas aderem, cada vez temos mais gente", destacou.

Feita a retrospetiva a estas duas décadas de existência, o dia foi de festa. Celebraram-se 20 anos de resiliência, de um espaço em que tudo se vive com intensidade e de um ponto de encontro onde amigos se tornam família, unidos pelo sentimento maior que é ser Benfica. E o futuro? O desejo está traçado: ampliar a Casa. Um objetivo que o presidente, João Pereira, antevê como próximo de se concretizar.