Detalhes decidem a Supertaça

RESUMO DO JOGO

As equipas femininas de futsal do Benfica e do Nun'Álvares discutiram a entrega da Supertaça 2025 nesta quarta-feira, 3 de setembro, no Multiusos de Gondomar. Num jogo em que criaram várias oportunidades, mas em que foram condicionadas por decisões de arbitragem, as águias perderam, por 3-2, no prolongamento.

Para a primeira partida decisiva da época, Paulo Roxo lançou para a quadra um cinco inicial experiente, composto por Ana Catarina, Inês Fernandes, Janice, Fifó e Raquel Santos.

O Benfica foi a primeira equipa a criar perigo, com um remate de Raquel Santos, mas o destino, caprichoso, sorriu ao Nun'Álvares. No minuto 3, num lance controverso, Ana Catarina viu vermelho direto – confirmado pela equipa de arbitragem após recurso ao suporte de vídeo – por falta numa disputa de bola com Camila Silva, que, de livre, abriu o marcador: 1-0.

As águias responderam de imediato e Maria Pereira esteve perto do empate, mas, aí, Júlia Melz começou a interpretar o seu papel de muralha. No ataque seguinte, Jana atirou ao lado (4'), e, na resposta, Inês Matos (6') obrigou a guarda-redes brasileira do Nun'Álvares a uma defesa apertada, antes de esta voltar a travar as intenções de Raquel Santos (7').

Empurrado pela urgência do golo, o Benfica intensificou a pressão. Aos 10', Fifó ameaçou, no entanto a bola saiu a rasar o poste. As águias dispuseram de uma grande ocasião aos 11', mas a guarda-redes Júlia Melz brilhou outra vez, antecipando-se a Inês Matos à entrada da área.

O Nun'Álvares viu os postes travarem-lhe os intentos em três momentos. Aos 12', Lídia Moreira atirou de longe, à barra; aos 13', a guarda-redes adversária fez o esférico esbarrar no ferro encarnado e, no seguimento da jogada, na cara de Alexandra Melo, foi Ana Azevedo quem acertou na moldura da baliza.

No sítio certo, à hora certa, Janice igualou aos 14'! Inês Fernandes bateu o canto, Maria Pereira fez a receção e tentou o remate, mas o esférico acabou por encontrar o pé de Janice, que, em frente à baliza, encostou para o 1-1.

Dois minutos volvidos (16'), a reviravolta! Júlia Melz repôs a bola, mas Fifó intercetou, combinou rápido com Maria Pereira, e esta, com a baliza à mercê, não perdoou: 1-2. Até ao intervalo, o marcador não se alterou.

O 2.º tempo trouxe novo sopro de incerteza. Aos 24', Camila Silva rasgou caminho, ultrapassou as adversárias e entregou a bola a Lídia Moreira, que, com a baliza desprotegida, repôs a igualdade (2-2).

Nas bancadas, o apoio dos Benfiquistas fez-se sentir com mais intensidade, empurrando a equipa para a frente. E as oportunidades sucederam-se. Aos 26', Janice rematou forte, primeiro contra Júlia Melz, e, na recarga, ao lado. Dois minutos depois (28'), foi a vez de Inês Matos tentar a sorte, mas a guarda-redes do Nun'Álvares esticou-se e desviou a bola com o pé.

O perigo rondava ambas as balizas, e aos 29', Alexandra Melo brilhou com defesas cruciais. A remate de Júlia Melz e num cruzamento venenoso de Ana Pires, que quase encontrou caminho para dentro da baliza, a guardiã encarnada impôs-se. Logo a seguir (30'), a jovem negou o golo a Ana Azevedo.

Com o tempo a esgotar-se, o jogo pintou-se com contornos mais emocionais, com muita disputa na quadra, mas algum descontrolo nas ações.

Aos 36', Lídia Moreira apareceu duas vezes com perigo, mas encontrou sempre pela frente Alexandra Melo, que, firme, segurou o empate e travou o golo adversário. No minuto 40, com a tensão no máximo, a guarda-redes do Benfica foi perentória, ao manter o 2-2 até ao fim do tempo regulamentar, limpando as investidas do Nun'Álvares.

Como tem sido apanágio nos duelos entre Benfica e Nun'Álvares, o equilíbrio foi a nota dominante. O prolongamento, porém, teve um único dono: o Benfica!

As encarnadas carregaram com tudo, mas do outro lado erguia-se Júlia Melz. A guardiã negou o golo a Raquel Santos, Janice e Maria Pereira, em sequência frenética de remates aos 43'. Dois minutos depois (45'), cortou o remate de Bruna Carolina, mantendo o jogo vivo.

Na 2.ª metade do prolongamento, o Benfica continuou a pressionar, mas Júlia Melz não dava tréguas. Aos 48', esticou-se ao máximo e impediu o golo de Maria Pereira. O Nun'Álvares ainda respondeu com perigo e, aos 49', Dinha atirou à trave.

No mesmo minuto, o momento decisivo chegou: Ana Azevedo rubricou o 3-2. O lance do golo ainda foi analisado pelo VAR – devido a uma falta de Dinha sobre Raquel Santos no início da jogada –, mas a decisão manteve-se.

Assim, num jogo em que criou várias oportunidades, e que fica marcado por dois momentos controversos (expulsão de Ana Catarina e validação do golo decisivo), o Benfica perdeu, por 3-2.

DECLARAÇÕES

Paulo Roxo (treinador do Benfica): "Acho que [as atletas] fizeram tudo aquilo que estava planeado, mas na 2.ª parte a arbitragem colocou-nos muito cedo com cinco faltas e isso condicionou todo o jogo. A partir desse momento, criam-se dúvidas. Quero dizer que fomos a melhor equipa no jogo. Não tenho dúvidas disso, tivemos oportunidades claras para o matar, não matámos. Culpa minha. Prometo que vamos trabalhar para conseguir títulos e conseguir vitórias. [Expulsão de Ana Catarina e golo decisivo do Nun'Álvares] Condicionou. Eu não vou falar da arbitragem. Acho que não foi [falta para cartão vermelho]. Estava de frente. Condicionou, perdemos uma das líderes dentro de campo. Faz parte. Acho que a arbitragem também tem de fazer uma reflexão naquilo que foi o jogo. Não quero tirar mérito do Nun'Álvares, foram vencedores, e, quando são vencedores, não tem de se discutir. Parabéns a eles. Ainda há muito pela frente."

Inês Fernandes (capitã do Benfica): "Acho que se tivéssemos tido mais eficácia... As oportunidades mais claras, no prolongamento, e até depois do 2-1, são nossas. Mas foi um jogo repartido. Da nossa parte, acho que defensivamente cumprimos quase tudo, exceto na subida do guarda-redes. Tivemos algumas dificuldades, e depois elas aproveitaram termos chegado muito cedo às 5 faltas na 2.ª parte. Ofensivamente, mesmo tendo criado algumas oportunidades, a maioria das oportunidades que criámos não foram em jogo jogado por si, mas foram numa recuperação de bola nossa, ou na segunda linha, às vezes na primeira linha. Acho que nos faltou um bocadinho, quando já estávamos em vantagem, ter a bola, valorizar a bola e não nos querermos despachar muito dela. Nesse aspeto, pelo menos do nosso lado, teríamos de ter mais qualidade para ter a bola e para pautarmos o ritmo do jogo. Perdemos um bocadinho nessa parte."