Sortes distintas nas bolas paradas

RESUMO DO JOGO

Neste domingo, 7 de setembro, no Estádio António Coimbra da Mota, a equipa feminina de futebol do Benfica perdeu a Supertaça frente à congénere do Torreense, por 1-2.

Reunindo-se nas imediações do recinto por volta das 15h00, os Benfiquistas receberam o Vermelhão às 15h40 com calorosos aplausos e gritos de incentivo. "SLB, Glorioso, SLB", bradava-se a plenos pulmões.

Os adeptos das águias, que já coloriam as bancadas amarelas e azuis do Estádio António Coimbra da Mota de encarnado, voltaram a expressar intensamente o seu apoio nos momentos das entradas das guarda-redes e das jogadoras de campo no relvado para o período de aquecimento, às 16h30, bem como quando as mesmas recolheram aos balneários, cerca de meia-hora depois.

Já quando os coletivos reentraram em campo para principiar o duelo, os Benfiquistas fizeram questão de se levantarem dos seus lugares para transmitirem a sua força uma derradeira vez antes do apito inicial.

Escutou-se o hino nacional, tiraram-se as fotografias das equipas iniciais – nas quais o Benfica homenageou Andreia Norton e Ana Borges, atletas que se lesionaram recentemente, com uma camisola de cada uma das jogadoras –, reuniram-se as formações para os respetivos gritos de guerra e cumpriu-se um minuto de silêncio em memória das vítimas da tragédia do Elevador da Glória. Tudo a postos para o pontapé de saída, num belo ambiente proporcionado pelos adeptos de ambos os lados.

Para o primeiro jogo oficial da época 2025/26 em Portugal, que assinalou a estreia de Ivan Baptista no comando técnico das benfiquistas, o treinador apostou num onze inicial composto por Lena Pauels, Marit Lund, Beatriz Cameirão, Nycole Raysla, Lúcia Alves, Carole Costa, Diana Silva, Catarina Amado, Diana Gomes, Anna Gasper e Chandra Davidson. Diana Silva e Diana Gomes debutaram igualmente pelo Clube.

Logo no primeiro ataque do encontro (1'), as águias abriram o ativo. À entrada da área, sobre a direita, Lúcia Alves picou adiante para Nycole Raysla, que descobriu Diana Silva ao segundo poste. Em cima da linha de golo, a internacional portuguesa encostou para o 1-0 (estreia abrilhantada com um tento), levando os Benfiquistas a colocarem-se novamente de pé, agitando os cachecóis em festejos efusivos.

Lúcia Alves e Diana Silva quase voltaram a fazer estragos aos 7', mas, desta feita, Janny Belem saiu rapidamente da baliza e desarmou o reforço, isolado em boa posição.

O primeiro disparo do Torreense surgiu aos 11', quando Diana Ramos encheu o pé à entrada da área para defesa apertada de Lena Pauels, junto ao chão.

No canto consequente, a defesa encarnada ainda resolveu à primeira, mas, na segunda vaga, Jesi Rossman cruzou para cabeceamento certeiro de Gerda Konst (1-1, aos 12').

A formação de Torres Vedras voltou à carga com mais tiros de meia distância: aos 20', Janaina Weimer atirou ao lado à entrada da área e, aos 24', Gerda Konst disparou por cima da trave, de posição longínqua.

No minuto 30, num livre em posição lateral, à direita, Marit Lund efetuou um perigoso cruzamento puxado à baliza, que Janny Belem, em esforço, desviou para canto.

A guarda-redes voltou a ser chamada a intervir quatro minutos depois, segurando, a dois tempos, uma tentativa de Anna Gasper, de fora da área.

Numa partida em que as bolas paradas foram frequentemente sinónimos de ameaças, o Torrense deu a volta ao marcador, aos 36', num livre à esquerda da área, em cima da linha. Paloma Lemos atirou em arco à baliza, Lena Pauels defendeu com dificuldade e Jesi Rossman empurrou para dentro na recarga (1-2).

Já à passagem dos 44', numa receita já testada, Marit Lund voltou a cobrar um livre no flanco direito diretamente na direção da baliza, acertando na trave da mesma.

No minuto seguinte, num belo entendimento coletivo, o Benfica conseguiu mesmo abanar as redes, através de um remate eficaz de Lúcia Alves em resposta a cruzamento de Marit Lund. Porém, após uma longa interrupção para escutar o VAR – ao longo da qual se gritou alternadamente "Benfica", de uma bancada para a outra –, Catarina Campos anulou o golo por fora de jogo de Diana Silva no início da jogada.

Até ao final da 1.ª parte, Paloma Lemos ainda tentou a sua sorte de longe, para recolha tranquila de Lena Pauels (45'+5').

A primeira ocasião da etapa complementar pertenceu às águias, por intermédio de um remate de Beatriz Cameirão, à entrada da área, para uma grande estirada de Janny Belem (50').

Aos 57', Ivan Baptista promoveu as entradas de Caroline Møller – estreia com o Manto Sagrado – e Cristina Prieto para os lugares de Catarina Amado e Chandra Davidson.

A internacional espanhola ficou perto de marcar seis minutos depois (63'), mas o seu chapéu saiu com força excessiva. Ainda no mesmo minuto, Carolina Tristão, média de 16 anos da formação do Benfica, debutou na equipa principal encarnada, rendendo Beatriz Cameirão.

No 66.º minuto, Janny Belem voltou a brilhar ao travar um disparo de Cristina Prieto à porta da pequena área, com tremendos reflexos.

Volvidos cinco minutos (71'), na cobrança de mais um livre, desta feita no semicírculo da área, Marit Lund errou o alvo por muito pouco.

Salomé Prat também cumpriu o seu primeiro jogo de águia ao peito, ao substituir Lúcia Alves, aos 77'.

De seguida, naquela que foi a única oportunidade do Torreense na 2.ª metade, Daniuska Rodriguez, de fora da área, atirou ligeiramente ao lado do poste (79').

Ainda assim, era o coletivo vermelho e branco que mais pressionava, tendo, logo depois (80'), Cristina Prieto disparado para fora, a partir de posição exterior.

Já aos 86', num livre em posição frontal, Anna Gasper não acertou na baliza.

No último minuto do tempo regulamentar, Diana Gomes, servida por um cruzamento de Marit Lund num canto curto, cabeceou em balão à trave, confirmando uma tarde em que a sorte não esteve do lado do Benfica nas bolas paradas.

No tempo de compensação, Catarina Campos foi ao monitor do VAR rever um lance de possível penálti para as águias, aos 90'+2', mas considerou que Caroline Møller cometeu falta ofensiva sobre Carolina Correia.

Cristina Prieto ainda ficou perto de emendar um cruzamento de Anna Gasper, aos 90'+10', que sobrou para Janny Belem, a qual segurou o esférico e a vitória da sua equipa.

Num gesto de fair-play, as comandadas de Ivan Baptista fizeram a guarda de honra ao Torreense, após receberem as medalhas de vencidas, e assistiram à entrega do troféu, aplaudindo as adversárias.

As atletas agradeceram ainda aos Benfiquistas pelo apoio, os quais as saudaram de volta, seguindo-se momentos de convívio entre ambos.

O Benfica volta a entrar em ação às 11h00 de domingo, 14 de setembro, com uma receção ao Racing Power, no Benfica Campus (Campo n.º 1), referente à jornada inaugural da Liga BPI.

DECLARAÇÕES

Ivan Baptista (treinador do Benfica): "Começámos bem, acho que a equipa entrou muito ligada no jogo, o golo apareceu bastante cedo. Tivemos oportunidades para dilatar o resultado, para ficarmos com um resultado tranquilo. Não o conseguimos, depois, com algumas carambolas, com bolas longas, com lançamentos, cantos, livres, o Torreense acabou por conseguir ver-se na frente do marcador. E com mérito, porque foi melhor do que nós nesse momento do jogo, dos esquemas táticos e das bolas paradas, onde temos a nossa responsabilidade, temos de ser melhores. Fora isso, acho que o Benfica procurou impor o seu jogo, procurou tentar ser protagonista, procurou não ser figurante e procurou, acima de tudo, promover o futebol feminino. Hoje não conseguimos sair daqui com o objetivo que queríamos, que era a vitória. Certos do ponto em que estamos a nível do projeto, são sete semanas de trabalho. Acho que para o tempo de trabalho que temos juntos, são sete semanas com algumas jogadoras, muitas chegaram há uma semana, outras chegaram há duas, três. Tendo em conta tudo isso, acho que já se viu muito daquilo que o Benfica e do que esta equipa feminina quer trazer para o jogo e quer praticar. Por isso, muita confiança naquilo que é o futuro. Certos também que saímos daqui tristes por não termos conquistado um troféu, que era um dos objetivos também da época. [Critina Prieto de início no banco de suplentes] É uma opção técnica. Eu, para justificar a Prieto, tinha de justificar todas as outras que não iniciaram, todas as outras que não foram convocadas. Respeitamos muito aquelas que iniciam e todas as que não iniciam, mas também é preciso ter noção de que nem todas chegaram na mesma altura da pré-época. A Prieto teve uma época desgastante na época passada, foi à final do Europeu, chegou mais tarde à equipa. Ainda assim, acho que quando entrou acrescentou muito. E é um bocadinho isto, as estratégias passam por aí também e foi uma opção técnica. [Peso da derrota na Supertaça no resto da época] Certamente o terá hoje. Amanhã temos de limpar a cabeça porque daqui a uma semana temos um jogo da 1.ª jornada já com o Racing Power e temos de entrar da melhor maneira na Liga. Por isso hoje, certamente, tem o seu peso. Não queríamos sair daqui com uma derrota, saímos daqui com o resultado que não queríamos. Ninguém sai daqui feliz, por isso o peso que tem, tem de ser hoje. Temos de olhar para aquilo quando podemos evoluir, que é certo que ainda podemos evoluir, mas a partir de amanhã o foco já tem de estar no Campeonato."