"Quero ajudar a equipa a conseguir mais títulos"

ENTREVISTA BTV

Basquetebolista emblemático do Benfica, Betinho Gomes renovou o seu vínculo contratual com o Clube por mais uma temporada.

O extremo de 40 anos avança para a 10.ª época de águia ao peito, e, em entrevista à BTV, apontou à conquista do pentacampeonato.

Considerado o jogador mais valioso no período compreendido entre 2010 e 2020, Betinho totaliza 4612 pontos e está perto de atingir os 400 jogos pelo Glorioso (tem 396), tendo contribuído para a conquista de 16 títulos e troféus: 7 Campeonatos Nacionais, 2 Taças de Portugal, 3 Supertaças, 3 Taças Hugo dos Santos e 1 Troféu António Pratas.

Da vinda de Cabo Verde para Portugal, à importância da família, o extremo também descodificou os segredos para a sua longevidade desportiva bem-sucedida.

SIGNIFICADO DE RENOVAR

"Acredito que qualquer atleta que joga no Benfica tem como objetivo renovar sempre com o Clube, jogar mais épocas pelo Benfica, de forma a poder dar mais títulos ao Clube, ao Museu, e eu não sou diferente. Renovei porque quero estar aqui mais um ano, de forma a poder ajudar a equipa a conseguir mais títulos."

HISTÓRIA DE ÁGUIA AO PEITO

"[396 jogos pelo Benfica] Eu acho que é algo muito especial, significa que o Clube me vê como um atleta que é uma referência, porque acho que é importante que um clube tão grande como o Benfica tenha referências. E, o meu objetivo, claro, é ter mais jogos, de forma a poder representar o Benfica da melhor maneira possível."

A CONQUISTA MAIS ESPECIAL

"São tantos [troféus], mas o primeiro troféu é sempre especial. Jogo basquetebol há muitos anos, e lá fora, em Espanha e em Itália nunca fui campeão. Em Espanha, fui 2 vezes vice-campeão. Então, o meu primeiro título como campeão foi aqui no Benfica. Portanto, há sempre um valor muito especial. Ainda por cima foi no Dragão, em 2011, o que torna o título ainda mais especial."

MENTALIDADE DE CAMPEÃO DETERMINANTE PARA A LONGEVIDADE

"Acredito que para além de manter uma boa forma física, de cuidar bem do corpo, a mentalidade de campeão que eu adquiri aqui no Benfica ao longo dos anos me motiva de alguma maneira a querer dar sempre mais e a querer ser campeão pelo Benfica a cada ano."

EXPERIÊNCIA É CHAVE

"De certa forma, vais adquirindo experiência, o que ajuda a saber o que fazer sempre para conseguir manter uma forma boa para dar o máximo em campo."

OS MAIORES OBSTÁCULOS

"Não tive muitos obstáculos. Em termos de lesões, nunca tive uma lesão grave que me impedisse de estar fora do campo mais do que uma/duas semanas. Acredito que o maior obstáculo foi o facto de ter vindo muito cedo para Portugal, com 17 anos, e estar longe da minha família, com quem sempre tive contacto. Estar em Portugal sozinho foi complicado. Tive a sorte de conhecer a minha mulher, Sofia Ramalho Gomes, que também jogou aqui no Benfica. Conheci-a em Espanha, onde tínhamos a nossa própria família, o que ajudou a atenuar a falta da família de Cabo Verde."

AS RAÍZES CABO-VERDIANAS

"Em Cabo Verde, temos uma frase que usamos muito, escrita nas camisolas, que é 'Cabo Verde no stress' [Cabo Verde sem stress], e toda a gente que me conhece bem, sabe que sou uma pessoa muito tranquila, muito calma. De alguma forma, consigo passar essa calma e tranquilidade para o campo. Quem já me viu jogar, nos momentos de jogo de muita confusão, de muito stress... acabo por manter-me sempre calmo. Acredito que isso, de alguma forma, ajudou-me a ter a carreira que tive até agora."

O ADEUS À SELEÇÃO

"Tudo tem um fim. Foi um orgulho enorme poder representar Cabo Verde, o país onde nasci. Mas, tal como disse, a minha intenção é representar o Benfica por muitos anos. E a única forma de o conseguir é ter algum descanso durante o verão, ou durante a época. Por esse motivo, achei que era importante colocar um ponto final na seleção, infelizmente, mas tinha de ser. Como disse, há um final para tudo."

O ÍDOLO

"O Michael Jordan foi o responsável por ter começado a jogar basquetebol, como para muitos jogadores. A primeira vez que o vi a fazer aqueles movimentos espetaculares fez-me querer ser como ele. Trabalhei muito para ser como ele, se bem que é impossível [risos]. Nunca iria ser como o Michael Jordan, acho que ninguém vai conseguir, mas, só o facto de ter trabalhado muito para chegar ao nível dele, ajudou-me a chegar a um nível que me fez ter esta carreira."

O PAPEL DA FAMÍLIA

"Passo muitas horas no pavilhão, a cuidar do meu corpo. A Sofia também trabalha na equipa feminina [de basquetebol do Benfica] como team manager. Passa muitas horas no pavilhão. Quando saímos daqui, é mesmo para ter tempo com os nossos filhos, dedicar-lhes mais tempo e desligar um pouco do basquetebol. Estou sempre ligado à família, aos amigos e aos familiares que estão no Norte."

A CONSISTÊNCIA PARA OS ÊXITOS

"Não é fácil, mas felizmente os treinadores fazem uma boa gestão pela forma como montaram a equipa, com bom equilíbrio entre a malta jovem e a malta mais velha e com experiência. E, com isso, conseguir fazer uma boa gestão da carga durante a pré-época e durante a temporada faz com que cheguemos aos pontos altos da competição numa boa forma física para podermos ser competitivos, e ganhámos o tetracampeonato assim."

O PAPEL NO BALNEÁRIO

"Eu não sou um líder vocal, por assim dizer. Não sou muito de falar no balneário. Eu tento liderar pelo meu exemplo, tento agir da melhor forma possível, respeitando toda a gente, e acredito que desta forma consigo influenciar os jovens a ter um comportamento mais adequado num clube tão grande como o Benfica, e, aos americanos que chegam e não conhecem o Benfica, tentamos falar com eles e mostrar-lhes o que é o Benfica. Tentar incutir-lhes a mentalidade ganhadora do Benfica."

META PARA 2025/26

"[O que seria uma boa época?] Eu acredito que seria o pentacampeonato. O Presidente Rui Costa fez um discurso num dos nossos treinos e disse que no Benfica não há créditos. Acredito que essa deve ser a mentalidade dos jogadores, pensar sempre em querer mais, em ganhar mais, e vai ser com essa mentalidade que vamos encarar a temporada e tentar dar o pentacampeonato aos Benfiquistas."

MENSAGEM PARA OS BENFIQUISTAS

"Que nos apoiem sempre, não só nos bons momentos, mas também nos maus momentos, que vamos tê-los de certeza. Nesses momentos, contamos com o apoio deles, e a única forma de poder retribuir-lhes é oferecendo-lhes o pentacampeonato."