Futebol

18 setembro 2025, 18h06

José Mourinho e Presidente

José Mourinho com o Presidente Rui Costa

APRESENTAÇÃO

Rui Costa, Presidente do Sport Lisboa e Benfica, considerou, na apresentação de José Mourinho, que o técnico é "a pessoa certa no momento certo", sublinhando que corresponde ao perfil pretendido: "Um treinador ganhador."

No Benfica Campus, na abertura da conferência de imprensa de apresentação de José Mourinho, Rui Costa enalteceu a "honra" de poder contar com "um dos treinadores mais conceituados a nível mundial", desejando que "seja tão feliz" no Benfica como "tem sido em todas as outras casas" por onde passou.

"Como foi falado a seguir ao jogo da Liga dos Campeões, nesta semana, era nosso desejo que, no próximo jogo – neste caso no sábado [20 de setembro], na Vila das Aves –, já tivéssemos treinador. É neste sentido que aqui estamos a apresentar o novo treinador do Benfica: míster José Mourinho. É, para nós, um grande orgulho e uma grande honra fazer voltar a uma casa que bem conhece – curiosamente 25 anos depois – um dos treinadores mais conceituados a nível mundial, e que vem ao encontro daquilo que também vos disse depois do jogo [com o Qarabag], quando me perguntaram o perfil do treinador. Pretendíamos que fosse um treinador ganhador, que tivesse um currículo ganhador, e dificilmente encontraríamos um currículo mais vasto do que aquele que temos aqui hoje à disposição do Benfica. Portanto, míster, as maiores felicidades neste seu prosseguimento de carreira. Que seja tão feliz nesta casa como tem sido em todas as outras, e que tenha a capacidade, obviamente, de poder fazer o trabalho que tem desenvolvido ao longo de toda a sua história futebolística. É uma honra, um privilégio e um orgulho, neste momento, para nós, ter José Mourinho como treinador do Benfica. Felicidades!", disse o Presidente.

CONFERÊNCIA DE IMPRENSA

O quão fácil ou difícil foi – já se falou aqui um bocadinho do contrato – contratar José Mourinho, o treinador com mais currículo que alguma vez trabalhou em Portugal?

Fácil nunca é contratar um treinador desta envergadura, mas foi para mim um privilégio enorme perceber de imediato que o míster Mourinho tinha essa vontade também de poder vir treinar o Benfica. Isso deu ainda mais força, a mim e à minha equipa, para acharmos que estávamos com a pessoa certa no momento certo. Ficámos muito honrados, de facto, ao perceber que um treinador com este prestígio queria treinar este clube. Isso facilitou, evidentemente, a escolha e a decisão final, e acabou por ser um processo também mais rápido. Havia a vontade do Benfica e houve uma imediata vontade do míster José Mourinho de treinar este clube e, portanto, também por esse facto, conseguimos estar hoje aqui de forma a que o míster já dê o treino da tarde.

Sente que esta contratação – já disse que o seu pensamento, nesta altura, de facto, é servir o Benfica – acaba por ser um trunfo eleitoral?

Trunfo eleitoral? Tenho ouvido muito isso do trunfo eleitoral... Eu estou aqui, hoje, enquanto Presidente do Benfica. E, portanto, enquanto Presidente do Benfica, estou a escolher um treinador para o futuro do Sport Lisboa e Benfica. Já o disse nas respostas às perguntas que me foram feitas a seguir ao jogo com o Qarabag, quando já se sentia, ou já se ouvia da vossa parte, que José Mourinho podia ser um nome a vir para o Benfica. Faz-me um bocadinho de confusão que se use esses termos... Aliás, o míster José Mourinho até já explicou como é que foi feito o contrato. Mas, independentemente de como está feito o contrato, ou não, a minha responsabilidade enquanto Presidente do Benfica é assegurar aquilo que nós entendemos que seja o melhor para o futuro do Clube em qualquer circunstância. A irresponsabilidade seria, porque o Benfica está a um mês das eleições, acabar de despedir um treinador, ficar sem treinador até às eleições... Era isso que significava não estar a pensar em eleições? E, portanto, não consigo entender a razão daquilo que se tem dito. José Mourinho é treinador do Benfica porque é o José Mourinho, porque é um treinador que nós consideramos que tem todos os pergaminhos para estar à frente de uma equipa e de um clube da dimensão que nós somos. Essa foi a única visão que nós podíamos ter neste momento porque considerávamos que tínhamos de alterar a equipa técnica. Nunca na vida não me preocuparia em escolher um treinador que fosse capaz, ou que nós entendêssemos que seja capaz e que tenha o espírito necessário para treinar um clube desta dimensão. Seria uma irresponsabilidade da minha parte enquanto Presidente, e não enquanto candidato. Eu estou aqui hoje como Presidente do Sport Lisboa e Benfica.

Presidente Rui Costa

Tendo em conta que estamos muito perto de umas eleições e que já houve candidatos que manifestaram essa não intenção de ter José Mourinho como treinador... Eu gostava de perguntar se houve alguma exigência por parte de José Mourinho ou por parte do Benfica para deixar alguma cláusula, alguma situação que garanta essa situação de o próximo presidente do Benfica não querer o José Mourinho como treinador. E depois perguntar se alguma vez equacionou ter um treinador interino até às eleições.

Essa parte do contrato o míster até acabou por explicar como é que ele foi realizado. Aproveito também o momento para agradecer ao míster, até porque não são cláusulas tão vulgares quanto isso, o facto de perceber o momento do Benfica e de se inserir no momento do Benfica desta forma. Portanto, há uma cláusula no final da temporada que deixa a possibilidade de quem estiver a liderar o Clube de tomar a decisão de se continuar, ou não continuar, com o treinador. Há que referir também – e em termos daquilo que foi a pergunta anterior: nós estamos a contratar para o Benfica um treinador que não é indiferente a nível mundial. Eu acho que deixa poucas dúvidas também que a decisão de trazer José Mourinho para o Benfica também visa defender toda a gente. Estamos a falar de um dos nomes mais conceituados na história do futebol mundial, enquanto treinador. Não estamos a apresentar um treinador qualquer, e um treinador que possa condicionar dessa forma o futuro do Benfica. Essa é uma premissa, assegurar o futuro do Benfica com um ótimo treinador, um treinador de excelência. E foi aquilo que tentámos fazer.

Pergunto-lhe que envolvimento nesta contratação teve o diretor-geral para o futebol profissional, Mário Branco, visto que já trabalhou com José Mourinho. Houve já o anúncio da primeira iniciativa de campanha eleitoral por parte da sua candidatura. Os timings de anúncio do novo treinador com a primeira iniciativa têm alguma ligação?

Vou responder a essa pergunta porque é direta e tem que ver com a apresentação que estamos aqui a fazer hoje. Estou aqui enquanto Presidente do Benfica, não enquanto candidato às próximas eleições do Benfica. Mas, ainda assim, só esclarecer essa parte: a minha ida a Paredes já estava estipulada bem antes até do jogo do Qarabag. Se tivesse alguma intenção de juntar uma coisa com a outra, se calhar até nem seria a melhor semana para isso e, portanto, uma coisa não tem nada que ver com a outra, rigorosamente nada. Aconteceu o que aconteceu na terça-feira, nós na terça-feira à noite tivemos de tomar uma decisão. Ontem [quarta-feira], entrámos em contacto com o míster José Mourinho, para hoje o podermos ter aqui, já para dar o treino, indo ao encontro daquilo que eu pedi e desejei, que neste próximo jogo já tivéssemos um novo treinador à frente da equipa. Em relação a Mário Branco e a toda a estrutura: as decisões e as responsabilidades são minhas, mas toda a estrutura que está comigo no futebol participa em todas essas decisões também, e é por isso que cá estão. É uma vantagem inequívoca que o míster e o diretor-geral já tenham trabalhado juntos. É uma vantagem, sim, mas eu acho que, muito honestamente e muito sinceramente, pensar em José Mourinho, não é obrigatoriamente necessário que haja uma pessoa que já tivesse trabalhado com ele. Estamos a falar, repito, de um dos treinadores mais conceituados a nível mundial, e, portanto, a escolha não é assim tão difícil quanto isso.

Presidente Rui Costa

Trabalhou durante os últimos quatro anos com Jorge Jesus, Nélson Veríssimo, Roger Schmidt, Bruno Lage, e disse no final da última temporada que Bruno Lage era o menos culpado daquilo que aconteceu. O que é certo é que, a pouco mais de um mês de eleições, troca então de treinador e chega José Mourinho. Pergunto-lhe se, afinal, estas trocas de treinadores não são colocar demasiada responsabilidade nos treinadores? Colocando-se na pele de adepto, pensaria que a culpa era só dos treinadores, ou pensaria que a culpa está mais acima?

Acabou de dizer se a culpa é dos treinadores, ou não é dos treinadores, quando eu disse que o treinador era o menos culpado... A bota não bate com a perdigota nessa análise. Ainda assim, eu nunca deixei de assumir as minhas responsabilidades. O primeiro responsável serei sempre eu, independentemente de o treinador ter sucesso ou não ter sucesso, porque quem escolhe o treinador sou eu e, portanto, a primeira responsabilidade é sempre minha. Eu estou grato aos treinadores que trabalharam no Benfica durante o meu mandato, durante estes quatro anos, mas é a vida do futebol. Nós, infelizmente, sobretudo em países como os nossos, em países latinos, em países onde o futebol é vivido com esta intensidade, nem sempre se consegue fazer projetos a longo prazo, ou ter treinadores a longo prazo. Tivemos Roger Schmidt, que foi o meu primeiro treinador de início de época, que acabou por ser campeão, ganhar a Supertaça no ano seguinte, e depois acabou por não ter o sucesso que todos esperávamos e que desejávamos que ele tivesse. Bruno Lage entrou já com a época começada. Como disse também na terça-feira, procuro dar esta continuidade aos treinadores, até chegar ao momento em que entendemos que alguma coisa não está a funcionar e temos de mudar. Infelizmente, e digo-o muito honestamente, faz parte da vida do futebol. Com certeza, Rui Costa ou o Benfica não são os únicos a terem de tomar decisões de mudar de treinador no início, no meio ou no fim da época. Neste momento é José Mourinho que vai estar ao serviço da equipa e, naturalmente, espero e desejo, como o míster também acabou de dizer, que se chegue a um momento em que tenha de haver uma renovação do contrato e não uma rescisão do contrato. Esse é o objetivo, sempre que se senta alguém ao lado de um presidente para trabalhar numa equipa de futebol. Mas, infelizmente, nem sempre é possível, são coisas inevitáveis no futebol, são coisas que, infelizmente, fazem parte do futebol.

José Mourinho e Rui Costa

Disse que José Mourinho é o treinador com o maior currículo a nível mundial a chegar ao futebol português. Dada a altura que vivemos, e até o próprio projeto que anunciou há uns tempos em relação à renovação do Estádio, a contratação de José Mourinho também surge para colocar o Benfica num patamar ainda mais elevado? Existem perspetivas a longo prazo de que o Benfica possa chegar a esse patamar?

Nós queremos sempre que o Clube evolua em todas as áreas, como é natural. A vinda de José Mourinho não tem que ver com um projeto para o Estádio. Tem que ver com a dimensão do clube que nós somos, e queremos treinadores, jogadores e crescer ao nível daquilo que é a dimensão do Clube. Como disse anteriormente, estamos muito orgulhosos desta contratação também por isso. Estamos a falar de um treinador... O míster já explicou até um pouco isso – apesar de lhe quererem partir a carreira em duas partes, José Mourinho é dos melhores treinadores do mundo e com melhor imagem a nível mundial. É óbvio que isso tem a sua importância também pela dimensão que o Clube tem. E, já agora, referir também uma coisa que foi muito questionada aqui na conferência de imprensa, sobre a questão se era o melhor contexto para o míster vir para o Benfica, um pouco derivado daquilo que são as eleições daqui a um mês. Até a decisão do míster José Mourinho, com a dimensão que tem, mostra a capacidade que tem para afrontar um momento como este. Portanto, até para o Benfica, esta decisão também engloba esta parte: ter um treinador que, pela dimensão que tem, pela experiência que tem, se pode alhear de tudo aquilo que se vai viver neste próximo mês e focar-se naquilo que são os objetivos do Clube, que até agora estão intactos: conquistar tudo a nível nacional e fazer a prova europeia que nós pretendemos fazer. Todas estas vertentes tiveram importância na escolha do próximo treinador. E quando se fala de trazer o José Mourinho, se é cartada, se não é cartada... O risco grande da época era trazer um treinador sem esta experiência, sem esta capacidade, sem esta qualidade, que chegasse ao Benfica num período como este, que está a ser como está a ser, e que não tivesse a bagagem suficiente para se conseguir alhear de uma situação destas, e deixarmos uma época por perdida quando ela ainda está no começo e quando todos os objetivos ainda estão intactos. Portanto, tudo isto foi fundamental também para a escolha e para percebermos qual era o perfil que nós queríamos como treinador. E neste caso só me resta agradecer a uma pessoa desta dimensão, que aceita este desafio, porque está preparado para ele, porque tem as condições todas para ele e que vai unicamente focar-se naquilo que são os objetivos do Clube em termos desportivos, em termos daquilo que é a equipa de futebol e treinar a equipa de futebol ao nível que ele sempre treinou na vida. Portanto, o resto serão outros quinhentos, e será nossa missão também proteger a equipa ao máximo daquilo que será o ambiente das eleições.

Texto: Redação
Fotos: Tânia Paulo / SL Benfica
Última atualização: 18 de setembro de 2025

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