Basquetebol

11 abril 2020, 09h38

Betinho

Betinho

Betinho, basquetebolista do SL Benfica, estava numa das melhores fases da época antes da pandemia.

Na segunda parte da entrevista ao jornal O Benfica, o extremo elogia as condições do Clube e deixa uma mensagem de confiança para o futuro.

Neste regresso ao Benfica, afirmou que aqui não há outra opção: é para ganhar. Para um desportista ambicioso como Betinho, é estimulante saber que a fasquia é alta?

Eu sempre fui um vencedor. Na Formação ganhei tudo o que havia para ganhar, desde prémios individuais a coletivos, por isso sempre tive e vou ter este espírito de vencedor.

Betinho

"Sempre tive espírito de vencedor"

Quais as grandes diferenças que encontrou na estrutura cinco anos depois da sua primeira passagem?

Além das demasiadas entrevistas [risos], coisa de que não sou muito fã… Fora de brincadeiras, encontrei um clube que coloca o bem-estar do atleta em primeiro lugar, quer fisicamente, quer psicologicamente, fazendo uma avaliação física ao pormenor de modo a prevenir lesões e a melhorar o controlo sobre a alimentação.

Em termos pessoais, estava a atravessar um bom período aquando desta interrupção devido ao novo coronavírus. Como analisa o seu desempenho globalmente?

Eu sou um jogador que depende muito do físico para estar a um bom nível, os meus piores jogos foram sempre a seguir a lesões. Quando estou em boa forma acabo sempre por ajudar melhor a equipa tanto no aspeto ofensivo como no defensivo. É claro que esta paragem me preocupa um pouco, porque é muito difícil ou até mesmo impossível que dê para conseguir manter a forma física. Vai ser uma questão de paciência para voltar ao nível que tinha antes.

Betinho

Algumas das suas jogadas desta época na FIBA Europe Cup foram sendo destacadas nas redes sociais. Um dos seus movimentos característicos é ter a capacidade de ir com a bola em progressão ao longo do campo quase todo e concluir depois junto ao cesto. Aos 35 anos, qual o segredo para ter ainda essa força explosiva?

O contra-ataque sempre foi um dos meus pontos fortes. O facto de ser um jogador atlético permite ser determinante nesse aspeto, é por isso que agora procuro treinar sempre a minha explosividade de forma a não perder essa característica. E o segredo é simples, muito trabalho e boa recuperação a seguir aos treinos.

Acredita que o talento não é tudo, que é preciso muito trabalho para chegar ao topo e nele permanecer?

Durante a minha carreira já tive muitos companheiros que tinham mais talento do que eu, mas o facto de não serem trabalhadores, de não darem importância à força física fez com que acabassem por não triunfar, por isso digo sempre que só o talento não chega. Eu nunca fui o melhor a lançar, a driblar ou a passar a bola, mas sempre fui o mais trabalhador. Acredito que o sucesso vem daí.

Betinho

"O segredo é simples, muito trabalho e uma boa recuperação!"

O que falta ao basquetebol nacional para ser mais competitivo?

Não se pode falar de uma coisa em específico, mas tem um pouco a ver com a capacidade financeira das equipas, de forma a trazer jogadores estrangeiros de melhor qualidade. Há três ou quatro equipas que conseguem fazer isso e o resto não. Tendo jogadores estrangeiros fortes na equipa, obriga a que os atletas nacionais sejam mais competitivos nos treinos, o que vai depois ter influência nos jogos. Pode até não ser por aí, mas é o que eu penso depois de muitos anos lá fora.

No Benfica, há uma proximidade entre os jogadores e os adeptos no final dos jogos. É importante sentir esse carinho e estabelecer essa ligação?

Sim! É muito importante, principalmente um certo grupo de adeptos, que apesar de serem poucos estão sempre lá a apoiar nos bons e nos maus momentos e merecem ser reconhecidos por isso.

Houve já alguns jogos desta época em que o apoio das bancadas fez a diferença, por exemplo, na reviravolta fantástica em casa diante do Galitos no dia do 116.º aniversário do Clube. Há que ter também adeptos mais ativos durante os jogos para transformar o ambiente vivido num Pavilhão?

Quantos mais adeptos, maior a motivação dos atletas e o apoio deles acaba sempre por fazer muita diferença nos jogos. Pode haver momentos em que a equipa possa estar um pouco adormecida e é preciso que os adeptos façam a parte deles e motivem a equipa, como aconteceu frente ao Galitos.

Adeptos nos pavilhoes

"Quanto mais adeptos, maior a motivação dos atletas"

É atualmente o jogador com mais pontos, ressaltos, valorização e tempo de jogo do plantel. Sente que tem um peso importante para a equipa?

Todos temos um peso importante na equipa, quer joguemos cinco ou 30 minutos. Apenas aproveito bem as situações que a equipa cria para marcar, ressaltar ou defender.

Face à situação que vivemos, ainda não se sabe o que vai acontecer em relação ao quadro competitivo desta época. Reconhece que, nesta altura, mais importante que o regresso dos treinos e dos jogos é a questão de saúde que deve ser prioritária?

Há uma frase que se usa sempre, "a saúde em primeiro lugar". Por mais saudades que tenha de treinar e de jogar, há que respeitar as regras de forma a que isto passe rápido e possamos voltar a fazer o que mais gostamos.

Betinho

Quer deixar uma mensagem nesta altura mais difícil?

Sejamos pacientes e respeitemos as normas, fiquem em casa e aproveitem os momentos com a família. Muitas vezes queixamo-nos de não ter tempo para a família, por isso aproveitem agora. Quando dermos por nós este mau momento já terá passado e poderemos voltar ao Estádio e aos Pavilhões para desfrutar das vitórias.

Leia esta entrevista na íntegra na edição de 10 de abril do jornal O Benfica.

Fotos: Arquivo / SL Benfica 

Última atualização: 21 de março de 2024

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